quarta-feira, 4 de junho de 2025


 

Carla Zambelli turbinou uso de dinheiro público do mandato antes de fugir para a Europa

Antes de empreender a fuga para a Europa após ser condenada a prisão e perda do mandato por perseguição armada na véspera da eleição de 2022, Carla Zambelli (PL-SP) turbinou o uso dos recursos públicos que recebe como deputada federal. Entre salário, cota parlamentar e verba de gabinete, a bolsonarista recebeu quase R$ 1 milhão nos cinco primeiros meses de 2025.

Somente de salário, que passou de R$ 44.008,52 em janeiro para atuais R$ 46.366,191, Carla Zambelli embolsou um total de R$ 229.473,284.

A bolsonarista ainda escalou os recursos usados com a verba de gabinete, chegando a R$ 126.182,70 no mês de abril - último período fechado. O limite é de R$ 133.170,54 mensais.

Segundo dados disponíveis no site da Câmara, Carla Zambelli utilizou um total de R$ 479.651,84, o que corresponde a 91,36% da verba de gabinete disponibilizada a ela nos quatro primeiros meses do ano.

A deputada ainda gastou 201.272,99 (78,31%) da cota parlamentar, verba destinada a cada congressista para ser usada em passagens aéreas, promoção e cobertura de custos com a manutenção do escritório de apoio ao mandato.

No total, a deputada consumiu R$ 910.398,114 em recursos públicos apenas em 2025. No entanto, em boa parte do período foi usado pela bolsonarista para se defender dos processos na Justiça. Carla Zambelli ainda afirma que se afastou da Câmara para tratar de uma suposta depressão que teria tido nos últimos meses, antes de se licenciar definitivamente do mandato - antes da cassação - com a fuga para a Europa.

<><> Fuga

Em entrevista à "Rádio Auriverde" nesta terça-feira (2), Carla Zambelli afirmou que já está fora do país "há alguns dias" e que passará a viver na Europa.

"Queria anunciar que estou fora do Brasil já faz alguns dias, eu vim a princípio buscando tratamento médico que eu já fazia aqui e agora eu vou pedir para que eu possa me afastar do cargo. Tem essa possibilidade da constituição, acho que as pessoas conhecem um pouco mais essa possibilidade hoje em dia porque foi o que o Eduardo [Bolsonaro] fez também", declarou.

Nem mesmo os advogados de Carla Zambelli sabiam para qual país a deputada viajou. Depois, a própria parlamentar deu a entender que está em Portugal. Ela teria entrado na Europa utilizando sua cidadania italiana. Não está claro, contudo, se Zambelli, neste momento, está em Portugal, na Itália ou em algum outro país europeu.

"O STF foi meu tiro. O Alexandre de Moraes, o Gilmar Mendes, que foi o relator em outro caso, esses 15 anos de prisão que eles me deram, quando eles acharam que eu iria deixar de frutos e virar cinza, é quando eles menos esperaram... É daqui que vão dar novos frutos, é daqui que vão nascer novas ações e eu vou denunciar, sim, tudo o que está acontecendo. Eu vou procurar as autoridades aqui em Portugal para que a gente possa falar sobre os ministros que têm tirado dinheiro do nosso país e levado para outros países porque não conseguem mais viver como reis nas ruas do Brasil. Estão vivendo em prisão domiciliar. Eu quero expor isso para o mundo", disse, mirando Mendes e Moraes, que teriam empreendimentos em Portugal.

A deputada disse, ainda, que pretende ser um "Eduardo Bolsonaro da Europa", em referência a articulação golpista do filho de Jair Bolsonaro nos EUA. Zambelli afirma vai "denunciar" os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) no exterior.

Fórum tentou contato com Carla Zambelli e com a assessoria da parlamentar para obter mais informações sobre sua saída do Brasil, mas até o momento da publicação desta matéria não houve retorno.

<><> Carla Zambelli condenada

No dia 14 de maio, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) formou unanimidade ao condenar a deputada bolsonarista Carla Zambelli (PL-SP) e o hacker Walter Delgatti pela invasão aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Votaram pela condenação de Carla Zambelli e Walter Delgatti: Alexandre de Moraes (relator), Flávio Dino, Cristiano Zanin, Cármen Lúcia e Luiz Fux.

A condenação de Carla Zambelli deve ser confirmada após os recursos. Em seguida, a Câmara dos Deputados deverá confirmar a decisão do STF e declarar a perda de mandato. Além disso, Zambelli ficará inelegível, isso de acordo com a Lei da Ficha Limpa.

>>> Os ministros propuseram as seguintes penas:

Carla Zambelli: perda do mandato parlamentar (a ser declarada pela Câmara dos Deputados), inelegibilidade e 10 anos de prisão.

Walter Delgatti: 8 anos e 3 meses de prisão em regime inicialmente fechado, além do pagamento de multa. Delgatti já cumpre prisão preventiva. Zambelli e Delgatti também foram condenados ao pagamento de uma indenização de R$ 2 milhões por danos morais e coletivos.

Em seu voto, o ministro Alexandre de Moraes declarou:

"É completamente absurda a atuação vil de uma deputada federal, que exerce mandato em representação do povo brasileiro, e de um indivíduo com conhecimentos técnicos específicos, que causaram relevantes e duradouros danos à credibilidade das instituições, em completa deturpação da expectativa dos cidadãos e violação dos princípios constitucionais consagrados no Brasil.”

<><> Cassada no TRE-SP

No dia 30 de janeiro, por 5 votos a 2, o Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) cassou o mandato da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) por abuso de poder. No entendimento da corte, a parlamentar usou de maneira abusiva os meios de comunicação e montou uma teia de desinformação. Ainda cabe recurso.

Para a maioria dos magistrados do TRE-SP, prevaleceu o entendimento de que Carla Zambelli disseminou informações falsas sobre o processo eleitoral de 2022 e, além disso, a parlamentar montou uma "teia de desinformação". Para tanto, usou as redes sociais e sites para espalhar mentiras.

A Ação de Investigação Eleitoral (Aije) foi movida pela deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP). O julgamento havia sido suspenso em dezembro passado, após a juíza Maria Cláudia Bedotti pedir vistas.

À Fórum, a deputada Sâmia Bomfim comentou a decisão do TRE-SP. “A decisão do TRE-SP é uma vitória para a democracia e um passo fundamental no combate à desinformação propagada pela extrema direita. Zambelli usou seu mandato para espalhar mentiras e minar a confiança no processo eleitoral. Não podemos permitir que figuras públicas utilizem seu poder e prestígio para sabotar a democracia impunemente", disse.

Com a decisão do TRE-SP, Zambelli fica inelegível por oito anos. Por meio de suas redes sociais, ela lamentou a decisão do Tribunal e se diz alvo de "perseguição". "Fica claro que a perseguição política em nosso país, contra os conservadores, é visível como o sol do meio-dia", escreveu a deputada.

A decisão do TRE-SP não tem efeito imediato; portanto, Carla Zambelli continua com o seu mandato.

        Carla Zambelli diz que fará o mesmo papel de Eduardo Bolsonaro na Europa: "o STF foi meu tiro"

Após anunciar que deixou o Brasil há uns dias, após ser condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 10 anos de prisão por perseguição armada às vésperas das eleições de 2022, Carla Zambelli (PL-SP) anunciou que vai "ombrear" com Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que fugiu para os Estados Unidos, de onde lidera uma conspiração contra autoridades brasileiras, em especial ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Zambelli anunciou que fugiu do Brasil em uma entrevista a um canal do Youtube bolsonarista nesta terça-feira (3) e disse que vai procurar Eduardo Bolsonaro para que as pessoas "entendam" o que está acontecendo na Suprema Corte brasileira.

Nem mesmo os advogados de Carla Zambelli sabiam para qual país a deputada viajou. Depois, a própria parlamentar deu a entender que está em Portugal. Ela teria entrado na Europa utilizando sua cidadania italiana. Não está claro, contudo, se Zambelli, neste momento, está em Portugal, na Itália ou em algum outro país europeu.

"O STF foi meu tiro. O Alexandre de Moraes, o Gilmar Mendes, que foi o relator em outro caso, esses 15 anos de prisão que eles me deram, quando eles acharam que eu iria deixar de frutos e virar cinza, é quando eles menos esperaram... É daqui que vão dar novos frutos, é daqui que vão nascer novas ações e eu vou denunciar, sim, tudo o que está acontecendo. Eu vou procurar as autoridades aqui em Portugal para que a gente possa falar sobre os ministros que têm tirado dinheiro do nosso país e levado para outros países porque não conseguem mais viver como reis nas ruas do Brasil. Estão vivendo em prisão domiciliar. Eu quero expor isso para o mundo", disse, mirando Mendes e Moraes, que teriam empreendimentos em Portugal.

Em seguida, instada pelos comentaristas, Carla Zambelli voltou a falar sobre a parceria com Eduardo Bolsonaro.

"Quero ombrear com Eduardo essa luta. Ele tem feito um trabalho maravilhoso. E muita gente perguntou: por que Europa e não EUA? Eu falei o caminho nos EUA já está pautado", afirmou. "Eduardo veio asfaltando esse caminho e é justamente por isso que escolhi a Europa. Precisa ter alguém que fale espanhol, para conversar com a Espanha", ressaltou a deputada, da estadia que teve no país e é fruto ainda hoje de especulações sobre sua vida pregressa.

        Advogado explica o que pode acontecer após "fuga anunciada"

O jurista Roberto Bertholdo esteve no Fórum Onze e Meia desta terça-feira (3) para comentar sobre a fuga da ex-deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), condenada a 10 anos de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF) pela invasão aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e falsidade ideológica. Até o momento, a informação divulgada é que Zambelli está na Europa, mas ainda não há confirmação de em qual país.

De acordo com Bertholdo, a fuga da parlamentar foi uma "fuga anunciada", assim como a de Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está nos Estados Unidos há mais de dois meses, e assim como pode ser a do ex-presidente e réu no STF Jair Bolsonaro (PL). "Será uma fuga em massa", afirma o jurista. Bertholdo ainda lamentou o fato do Supremo não ter apreendido o passaporte de Zambelli, como aconteceu com Bolsonaro, que terá que fugir para alguma Embaixada ou para países de fronteiras.

<><> O que pode acontecer com Zambelli?

Bertholdo também explicou o que pode acontecer com Zambelli, uma vez condenada no Brasil mas com cidadania italiana. O jurista esclarece que será obrigação das autoridades brasileiras do Ministério da Justiça comunicarem às autoridades italianas a decisão judicial tomada contra Zambelli para que possa ser executado um mandado de prisão pendente no Brasil. A partir disso, a Suprema Corte da Itália decide se pedirá ou não a extradição da parlamentar ou até mesmo se permitirá Zambelli cumprir sua pena em território italiano.

O jurista ainda destacou que a própria Zambelli classificou sua ida à Itália como uma fuga. Caso a parlamentar não tivesse confirmado o ato como uma fuga, talvez pudesse ter viajado se não houvesse nenhuma restrição do STF sobre isso. No entanto, como ela antecipou sua fuga, deverá ter alguma ordem do STF pedindo a prisão da ex-deputada e um alerta vermelho para a Interpol. Já a extradição deverá ser partir da Justiça italiana.

Nas redes sociais, o jurista Pedro Serrano discordou da classificação como "fuga" a atitude de Zambelli. Para ele, "não parece haver “fuga” no sentido jurídico por parte de Carla Zambelli" uma vez que seus passaportes não estavam apreendidos. "Óbvio que ela ,demonstrando claramente intenção de se evadir dos efeitos do processo , poderá sofrer em alguma medida cautelares restritivas de sua liberdade , mas de fato se houve equívoco foi do Sistema de Justiça que não reteve seus passaportes quando deveria fazê-lo", opinou o advogado.

        Após Carla Zambelli revelar que saiu do Brasil, defesa deixa o caso

A defesa da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) anunciou que deixou o caso após ela ir embora do Brasil, poucos dias depois de ser condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 10 anos de prisão e à perda do mandato por envolvimento na invasão do sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

O advogado Daniel Bialski afirmou que deixou a defesa da deputada.

“Eu fui apenas comunicado pela deputada que estaria fora do Brasil para dar continuidade a um tratamento de saúde. Todavia, por motivo de foro íntimo, estou deixando a defesa da deputada, como já lhe comuniquei”.

<><> O que aconteceu

        A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) anunciou nesta terça-feira (3/6) que deixou o Brasil. “Eu queria anunciar que estou fora do Brasil. Já faz alguns dias. A princípio, buscando um tratamento médico, é um tratamento que eu já fazia aqui [sem especificar o lugar]. Vou pedir afastamento do cargo”, disse a deputada ao canal AuriVerde, no YouTube.

        A parlamentar disse que vai ficar na Europa por ter cidadania europeia e que vai “denunciar a ditadura” que, segundo ela, o Brasil vive.

        Segundo a deputada, ela vai pedir licença não remunerada, assim como fez o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está nos Estados Unidos.

O advogado informou que detalhes sobre a deputada “devem ser requisitados” à assessoria.

Embora esteja condenada pelo STF, Zambelli poderia viajar para fora do país. O passaporte dela foi liberado pelo Supremo e não há restrições a deslocamentos durante a fase recursal.

<><> Condenação ainda é contestada

Apesar de ter a perda de mandato determinada pelo STF, Zambelli não perdeu o cargo automaticamente. A perda da função de deputada só pode ser concretizada pela Câmara dos Deputados. O que já está valendo é a inelegibilidade da parlamentar por oito anos.

Mesmo condenada, a defesa da deputada entrou com recurso contra a decisão, tomada pela Primeira Turma da Corte. No recurso protocolado, os advogados de Zambelli alegam “cerceamento de defesa”, afirmando que não tiveram acesso completo a provas importantes para o caso, como os cerca de 700 GB de dados armazenados na plataforma “mega.io”.

A defesa pede que o STF reconheça esse ponto, conceda acesso integral aos documentos e, com base nisso, absolva a parlamentar. Foi solicitado, ainda, que sejam afastadas outras consequências da condenação, como a perda de mandato.

 

Fonte: Fórum/Metrópoles


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