Os
micróbios escondidos em nossas escovas de dentes
Quanto você estaria
disposto a pagar por uma escova de dentes? Por incrível que pareça, há alguns
anos a marca Reinast lançou uma opção manual com design inovador e feita de
titânio, que custava cerca de US$ 4.000 (algo como R$ 23 mil).
Nada a ver, é claro, com as escovas de dentes
rudimentares feitas de eucalipto e ramos de oliveira que os babilônios
fabricavam em 3.500 a.C., já preocupados com a saúde de suas bocas.
O modelo de cerdas que usamos hoje foi,
provavelmente, inventado na China durante a Dinastia Tang (618-907). As cerdas
eram, na verdade, pelos duros e ásperos retirados da nuca de um porco e presos
a cabos feitos de osso ou bambu.
O uso de pelo de javali foi adotado até 1938,
quando a multinacional Dupont de Nemours introduziu as cerdas de nylon, que não
só eram mais flexíveis e resistentes, limpavam melhor, secavam mais rápido e
sofriam menos contaminação bacteriana. A escova de dentes média atual contém
cerca de 2.500 cerdas feitas de fibras sintéticas.
·
Abaixe a tampa do vaso sanitário
Escovar os dentes é extremamente benéfico:
reduz o acúmulo de placa bacteriana e mantém a cavidade oral saudável,
prevenindo condições como cáries dentárias, doenças periodontais, lesões
endodônticas, alveolite ou halitose.
Mas, e se a própria escova
estiver contaminada? Afinal,
estamos falando de um ambiente particularmente predisposto a hospedar
microrganismos, pois entra em contato com a boca e a água diariamente.
Na verdade, as escovas de dentes usadas abrigam
comunidades microbianas mistas, que vêm tanto de seres humanos
quanto de todo o resto ao redor de onde são armazenadas - que, geralmente, é o
banheiro, lugar, sem dúvida, cheio de germes.
Uma escova de dentes contaminada pode reter e
transmitir microrganismos patogênicos dos gêneros Streptococcus,
Staphylococcus, Pseudomonas, Poryphromonas, Parvimonas, Candida, Lactobacillus,
Klebsiella, Fusobacterium, Clostridium, Escherichia e Enterococcus.
E isso pode ser prejudicial à saúde bucal e
sistêmica por causar cáries, gengivite e até endocardite infecciosa. O que é um
paradoxo, já que as escovas de dentes foram criadas para manter a boca limpa e
livre de germes.
Elas também podem ser contaminadas,
principalmente, pela má higiene bucal, pelo uso com as mãos sujas ou pela
escolha de um local de armazenamento inadequado.
A presença de enterobactérias e coliformes
fecais em escovas dentárias está associada ao contato com aerossóis gerados
durante a descarga do vaso sanitário. Por esse motivo, é sempre uma boa ideia
manter a tampa do vaso sanitário abaixada.
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Não se deve compartilhar escovas de dentes
Uma escova de dentes limpa também pode ser
contaminada pelo contato direto com outras de membros da família, residência,
colegas de trabalho, ou por colocá-la em recipientes geralmente úmidos na pia
ou nos armários do banheiro.
Além disso, a escovação dentária sem supervisão
em creches, jardins de infância e outras instalações que abrigam crianças
pequenas, onde as escovas de dentes podem ser compartilhadas ou trocadas
involuntariamente, é considerada uma fonte potencial de transmissão de
micróbios entre crianças.
Em geral, não é uma boa ideia compartilhar este
instrumento de higiene oral porque ele pode ser, por exemplo, uma via de
transmissão não convencional da hepatite C ou do herpes simples.
·
Substitua as escovas a cada 3 meses
Mais de 800 tipos de microrganismos, incluindo
fungos, vírus, arqueas, protozoários e bactérias, colonizam a cavidade oral
humana. Embora haja sobreposição considerável em espécies detectadas em todas
as partes da cavidade oral, como certas espécies de Streptococcus, Gemella,
Granulicatella, Neisseria e Prevotella, geralmente há especificidades locais.
Por exemplo, as espécies de Rothia geralmente
colonizam a língua ou as superfícies dos dentes, Simonsiella coloniza apenas o
palato duro, Streptococcus salivarius está presente, principalmente, na língua,
e treponemas, em geral, são restritos ao sulco subgengival. Todos esses
microrganismos podem ficar presos entre as cerdas depois da escovação.
Entre as bactérias orais comuns está o
Streptococcus mutans, que é um componente comum da microbiota oral e um dos
principais constituintes da placa dentária, além de ser a principal causa de
cáries.
Escovas de dentes gastas são menos eficazes na
remoção de placa bacteriana e no controle da gengivite. E mais: diversos
estudos sugerem que essas escovas têm maior probabilidade de abrigar
Streptococcus mutans. Portanto, é aconselhável substituir as escovas a cada
três ou quatro meses, ou com maior frequência se as cerdas estiverem
visivelmente deformadas, emaranhadas ou desfiadas.
Entretanto, mesmo após uma fase de uso de
apenas 24 horas, foi demonstrado que as escovas de dentes estavam amplamente
contaminadas com Streptococcus mutans.
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Enxágue bem a escova e deixe-a secar ao ar
Algumas dicas simples para prevenir ou
dificultar a contaminação microbiana incluem enxaguar bem as escovas após cada
uso para remover qualquer resíduo de pasta de dente e de orgânicos,
armazená-las na vertical e deixá-las secar ao ar. Após o uso, guardar uma
escova de dentes molhada em um recipiente fechado promove mais o crescimento
microbiano do que deixá-la exposta ao ar livre.
Para evitar infecções, é claro, a escovação é
obrigatória. Mas a higiene bucal não será ótima se não nos preocuparmos em
manter nossa escova de dentes ventilada, limpa e descontaminada.
Fonte: g1
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