terça-feira, 11 de março de 2025

À beira da prisão, Bolsonaro comete novo crime e pede intervenção dos EUA no Brasil contra a China

Demonstrando total desespero em ser preso e reforçando uma narrativa conspiratória, o ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta sexta-feira (7) que o Brasil teria assinado um acordo com a China para a construção de bombas atômicas. Durante conversa com jornalistas no Aeroporto de Brasília, ele revelou ter levado a suposta informação “em primeira mão” à equipe do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e sugeriu que apenas uma intervenção estrangeira poderia impedir a parceria com Pequim.

A informação disseminada por Bolsonaro é falsa. Não há qualquer evidência de que Brasil e China tenham assinado um tratado desse tipo. O ex-presidente, no entanto, usou a alegação infundada para justificar sua defesa de uma interferência dos Estados Unidos na política brasileira.

“37 acordos assinados com a China. Entregando o Brasil para a China. 37 acordos assinados no final do ano passado por ocasião do G20 aqui no Brasil, entre eles um acordo de energia nuclear, material que a China não tem e vai ter em abundância agora e se aplica para muita coisa aí. Não é pelas energias, agricultura e medicina, é em construção de bombas atômicas. Podem ficar tranquilos, já passei para a equipe do Trump isso aí, passei em primeira mão lá atrás”, declarou Bolsonaro.

Em seguida, ele defendeu explicitamente uma intervenção estrangeira para alterar os rumos do Brasil. “Eles [o governo dos EUA] têm uma preocupação com o Brasil, eles não querem que o Brasil se consolide com uma nova Venezuela e nós sabemos que o problema do Brasil não vai ser resolvido internamente, tem que ser resolvido com apoio de fora”, afirmou.

A declaração de Bolsonaro pode configurar crime contra a soberania nacional, uma vez que ele pede explicitamente interferência de outro país nos assuntos internos do Brasil. Segundo o artigo 8º da Lei de Segurança Nacional, “atuar com o objetivo de submeter o país, no todo ou em parte, ao domínio ou influência de outro país” pode resultar em pena de reclusão de até oito anos.

A insistência de Bolsonaro em disseminar informações falsas e em pedir apoio externo contra um governo democraticamente eleito reforça o papel de Bolsonaro como agente desestabilizador da política nacional.

 

¨      Carluxo pede socorro: o irmão foi abandonado e o pai está na fila. Por Moisés Mendes

É mais do que uma queixa o grito de Carlos Bolsonaro em defesa de Eduardo, diante do silêncio de figuras que deveriam apoiar o irmão nos ataques a Alexandre de Moraes. É um pedido de socorro. Dudu foi abandonado pela turma.

Muitos são os alvos do que Carluxo publicou esses dias nas redes sociais, quando cobrou, ao falar do risco de Eduardo perder o passaporte: “Onde andam os candidatos da “união da direita”, inquestionáveis e absolutos, mesmo com Jair Bolsonaro despontando mais uma vez?”

A união da direita está entre aspas, sugerindo uma ironia com o conjunto de nomes que se apresentam como possíveis sucessores de Bolsonaro, incluindo Tarcísio de Freitas, Caiado, Zema, Eduardo Leite e todos os que detêm liderança ou algum mandato.

Carluxo sabe onde eles andam e por que estão quietos. Porque não é da natureza do bolsonarismo, muito menos o disfarçado e dissimulado, salvar bolsonaristas em situações difíceis. E porque Eduardo pode ter passado dos limites.

São dois os ataques recentes com afrontas diretas do irmão ao ministro Alexandre de Moraes. O deputado disse em vídeo: “Tem que cortar minha língua, Alexandre de Moraes, para poder fazer eu parar. E você, a história vai demonstrar, vai cair e não vai demorar muito’.

Logo depois, escreveu nas redes sociais: “Alexandre de Moraes, iremos punir você. Acredite, você irá pagar por toda a maldade que cometeu, custe o que custar".

São duas ameaças em uma semana. Carluxo não pode esperar que gente com ambições eleitorais, com a pretensão de ter alcance fora do cercado da extrema direita, vá endossar o que Dudu disse. Até porque não é hora de ir para o confronto aberto com Moraes e o STF.

Eduardo joga pesado por se sentir ameaçado de perder o passaporte, sob a acusação de que conspira contra o próprio país ao atiçar parlamentares americanos trumpistas contra o Supremo e Moraes.

Mesmo que não pareça, ainda há resquícios de racionalidade no bolsonarismo. Tanto que, no dia do anúncio de Caiado, avisando que Gusttavo Lima pode ser seu vice numa chapa à presidência, o sertanejo apareceu ao lado do véio de Havan.

O mais ativo militante da extrema direita no meio empresarial começa a voltar à ribalta, de novo de verde periquito, mas não ao lado de Bolsonaro. O catarinense, com dois inquéritos por golpismo, tocados por Moraes, corteja o cantor que se aliou a um dos desafetos de Bolsonaro na extrema direita.

O véio da Havan avisa à sua turma que está saltando fora do suporte a Bolsonaro e buscando alternativas, mesmo que seja ao lado do goiano que Bolsonaro detesta. E assim o bolsonarismo vai se reacomodando e sobrevivendo, já sem tanto apego a Bolsonaro.

Quem tomba aos pés de um fascista sabe que não será carregado nos ombros de ninguém e que ficará pelo caminho. Abandonam e são abandonados. Bolsonaro abandona Mauro Cid, que abandona os generais, que abandonam Bolsonaro e Mauro Cid, que em pouco tempo se sentirão abandonados por todos do entorno de Tarcísio.

A transição para o bolsonarismo sem Bolsonaro está sendo feita sem sutilezas. Começam a ser produzidas pesquisas que finalmente apresentam Tarcísio como protagonista, menos de um mês depois de o representante do extremismo moderado aparecer mal em amostragens do verão.

Por que, pesquisadores, Tarcísio melhorou sua performance? Pode ser porque é a hora de apostar tudo no sujeito. Outros nomes do segundo e do terceiro times, como são o próprio Caiado, como são Zema e Ratinho, não funcionam.

As pesquisas passarão a se dedicar a Tarcísio, com o suporte de Globo, Folha e Estadão, como único nome capaz de enfrentar Lula. Enquanto isso, fracionada, dispersa, sem que Bolsonaro atue como força agregadora, a direita com tribuna vai se auto devorando.

O apelo de Carluxo é muito mais um recado do próprio Bolsonaro, para que continuem tentando salvá-lo. Mas o que o filho chama de ‘união da direita’ nunca salvou feridos com poucas ou nenhuma chance de sobrevivência e só finge tentar salvar os manés do 8 de janeiro.

 

¨      STF recebeu defesas de 26 dos 34 denunciados por trama golpista

O Supremo Tribunal Federal (STF) recebeu na sexta-feira (7) a manifestação das defesas de 26 dos 34 denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) no inquérito sobre a acusação da trama golpista ocorrida durante o governo de Jair Bolsonaro.

O prazo para a maioria dos acusados entregar a defesa escrita terminou ontem (6). As demais manifestações foram recebidas hoje.

O prazo de 15 dias para as manifestações começou a contar nos dias 19 e 20 de fevereiro, quando os acusados foram notificados sobre a denúncia.

Nas defesas enviadas ao STF, os denunciados negam participação na tentativa de golpe, afirmam que não tiveram acesso total às provas da investigação, pedem a substituição do relator do caso, ministro Alexandre de Moraes, e o julgamento pelo plenário, e não pela Primeira Turma do Supremo e contestam a legalidade da delação de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro.

O STF já recebeu as defesas dos seguintes acusados:

·        Jair Bolsonaro (ex-presidente da República)

·        general Braga Netto (ex-ministro da Casa Civil e vice na chapa de Bolsonaro em 2022);

·        Mauro Cid (delator e ex-ajudante de ordens de Bolsonaro);

·        Paulo Sérgio Nogueira (general do Exército e ex-ministro da Defesa); 

·        general Heleno (ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional);

·        Alexandre Ramagem (ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência – Abin);

·        Anderson Torres (ex-ministro da Justiça do governo Bolsonaro)

·        Wladmir Matos Soares (agente da Polícia Federal);

·        Silvinei Vasques (ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal);

·        Marília Alencar (ex-subsecretária de Inteligência na gestão de Anderson Torres);

militares do Exército (Bernardo Romão, Ronald Ferreira, Cleverson Ney Magalhães, Márcio Nunes de Resende Júnior, Nilton Diniz, Rodrigo Bezerra, Rafael Martins, Fabrício Moreira de Bastos, Giancarlo Gomes Rodrigues, Mário Fernandes, Guilherme Marques Almeida, Estevam Theófilo, Sergio Cavaliere e Hélio Ferreira). 

O empresário Paulo Figueiredo foi intimado a apresentar defesa por meio de edital. Ele mora nos Estados Unidos e é neto do general João Baptista Figueiredo, último presidente da ditadura militar.

Os advogados do ex-assessor dos Assuntos Internacionais do governo Bolsonaro, Filipe Martins, entraram com um recurso para solicitar mais prazo para entregar a defesa.

<><> Julgamento

Após a entrega de todas as defesas, o julgamento da denúncia vai ser marcado pelo STF.

O processo será julgado pela Primeira Turma do Supremo. O colegiado é composto pelo relator da denúncia, Alexandre de Moraes, e os ministros Flávio Dino, Cristiano Zanin, Cármen Lúcia e Luiz Fux.

Pelo regimento interno da Corte, cabe às duas turmas do tribunal julgar ações penais. Como o relator faz parte da Primeira Turma, a acusação será julgada pelo colegiado.

Se maioria dos ministros aceitar a denúncia, Bolsonaro e os outros acusados viram réus e passam a responder a uma ação penal no STF.

A data do julgamento ainda não foi definida. Considerando os trâmites legais, o caso pode ser julgado ainda neste primeiro semestre de 2025. 

¨      De minuta a plano de assassinato: as omissões e contradições das defesas dos acusados de golpe

As defesas prévias apresentadas ao Supremo Tribunal Federal (STF) no caso da suposta trama golpista de 2022 evitam esclarecer pontos cruciais dos episódios que resultaram na denúncia de 34 pessoas pela Procuradoria-Geral da República (PGR). Conforme reportado pela Folha de S. Paulo, as peças protocoladas desde o último dia 6 se concentram em questionar a legalidade do processo e a imparcialidade do ministro Alexandre de Moraes, mas não dissipam dúvidas sobre os fatos narrados na investigação.

Principal alvo da denúncia, Jair Bolsonaro (PL) sustenta que não há provas contundentes de seu envolvimento direto nos atos de 8 de janeiro de 2023, tampouco na elaboração de um suposto plano para assassinar autoridades. No entanto, sobre a chamada "minuta do golpe", sua defesa adota uma abordagem ambígua. A existência do documento não é negada nem confirmada de forma explícita. Afirma-se apenas que, se houve tal minuta, ela teria sido suavizada por Bolsonaro e nunca assinada, o que, segundo seus advogados, descaracterizaria qualquer ilicitude.

A incerteza sobre o documento se agrava pelo fato de que versões da minuta foram encontradas em locais estratégicos, como a residência do ex-ministro da Justiça Anderson Torres e a sala de Bolsonaro na sede do PL. Além disso, delatores e testemunhas confirmam que o texto foi apresentado a comandantes militares em busca de apoio.

O general da reserva Paulo Sérgio Nogueira, à época ministro da Defesa, é apontado como o responsável por levar a proposta a uma reunião com os chefes das três Forças Armadas em 14 de dezembro de 2022. A defesa do militar admite a ocorrência do encontro, mas alega que a reunião visava apenas evitar uma eventual crise institucional, sem intenção de promover um golpe. No entanto, não explica por que um documento com tais implicações foi discutido entre os comandantes militares.

Outra questão sem resposta diz respeito ao plano batizado de "Punhal Verde Amarelo", que, segundo as investigações da Polícia Federal, previa o assassinato do presidente Lula (PT), do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e de Alexandre de Moraes. O general Mário Fernandes, apontado como articulador do plano, nega que tenha apresentado o projeto a qualquer pessoa. Essa versão, contudo, é contestada por provas que indicam que ele teria exposto a ideia ao tenente-coronel Rafael de Oliveira, a quem caberia operacionalizar o atentado.

A defesa de Fernandes também não esclarece por que o documento relacionado ao plano foi impresso mais de uma vez dentro do Palácio do Planalto, nem qual seria o real propósito de sua elaboração. Já os advogados de Marcelo Câmara, ex-assessor de Bolsonaro e acusado de monitorar os passos de Moraes, argumentam que ele apenas acompanhava informações disponíveis em fontes abertas na internet, o que não configuraria crime. No entanto, o motivo pelo qual essa tarefa foi delegada ao assessor permanece sem explicação.

Por fim, o general Augusto Heleno, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), também se defende alegando falta de provas concretas contra si. Seus advogados tentam relativizar declarações dadas por ele em uma reunião ministerial de julho de 2022, quando afirmou que, caso fosse necessário "virar a mesa", isso deveria ocorrer antes das eleições. Entretanto, a defesa não esclarece em que contexto essas falas foram proferidas nem como poderiam ser interpretadas de forma distinta.

¨      Moraes dá prazo de cinco dias para PGR avaliar argumentos da defesa de Bolsonaro e aliados em caso de tentativa de golpe

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes encaminhou neste sábado (8) à Procuradoria-Geral da República (PGR) as defesas do ex-presidente Jair Bolsonaro e de outros investigados no inquérito que apura uma tentativa de golpe de Estado. A informação foi divulgada pelo jornal Estadão.

Ao todo, a investigação resultou em cinco denúncias contra 34 pessoas, que são acusadas de crimes como tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa. O STF determinou que a PGR avalie os argumentos apresentados pelas defesas e emita um parecer dentro de cinco dias úteis, conforme previsto na Lei 8.038/90. O prazo tem início na segunda-feira (10) e termina na sexta-feira (14).

A entrega das defesas ocorreu após o encerramento do prazo estipulado pelo STF na última quinta-feira (6). Os advogados dos investigados negam qualquer envolvimento de seus clientes no planejamento e na execução de atos preparatórios para um golpe de Estado. Para a elaboração da estratégia jurídica, as defesas organizaram forças-tarefa a fim de analisar os autos e contestar as acusações.

Em entrevista ao Estadão, logo após o procurador-geral da República, Paulo Gonet, apresentar a denúncia ao STF, os advogados de Bolsonaro classificaram a tese da acusação como "sem qualquer sentido". Um dos principais argumentos apresentados é que, caso houvesse a intenção de golpe, o ex-presidente teria utilizado sua prerrogativa para substituir os comandantes das Forças Armadas e garantir apoio militar.

Agora, cabe à PGR analisar os argumentos apresentados e decidir se ratifica a denúncia ou se solicita o arquivamento do caso. O desfecho do processo pode ter impacto significativo na situação jurídica e política do ex-presidente e de seus aliados.

 

Fonte: Brasil 247

 

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