segunda-feira, 10 de março de 2025

O que Israel quer na Síria, e por quê?

Na noite de segunda-feira (03/03), uma bandeira israelense foi hasteada no sul da Síria. Isso é algo incomum, para dizer o mínimo. Embora durante décadas tenha havido nos bastidores uma distensão desconfortável entre o regime agora deposto do ditador Bashar al-Assad e o governo de Israel, as hostilidades ainda prevalecem entre as duas nações.

Logo após a bandeira israelense ser hasteada em uma rotatória em Sweida, uma província no sul da Síria que abriga grande parte da minoria drusa da Síria, alguns moradores a retiraram e a queimaram.

O hasteamento e a queima da bandeira ocorreram após outro incidente preocupante no fim de semana, quando ocorreu um tiroteio em Jaramana, um subúrbio de maioria drusa na capital, Damasco, entre moradores e as novas forças de segurança sírias. Os relatos, porém, eram confusos. Estaria a comunidade drusa sob ataque do novo governo ou seria este um confronto não relacionado à política?

"Houve todo tipo de rumor", afirmou à DW um morador de Jaramana, que pediu para não ser identificado devido à vulnerabilidade da situação. "Algumas pessoas disseram que os drusos que estavam lutando contra as forças de segurança tinham conexão com os drusos de Israel e foram secretamente financiados por eles para causar problemas aqui."

A comunidade drusa é uma pequena seita religiosa do Oriente Médio caracterizada por um sistema eclético de doutrinas. Estima-se que 150.000 drusos tenham cidadania israelense e vivam no país. Eles servem regularmente no Exército e são tidos como sendo de uma lealdade feroz ao Estado de Israel.

Na Síria, os cerca de 700.000 drusos constituem uma das maiores comunidades minoritárias do país. Eles vêm pressionando o novo governo sírio a defender os direitos das minorias.

"Outros, incluindo muitos de organizações da sociedade civil, culparam as autoridades religiosas [drusas] porque elas estão dando essa cartada  [com Israel] para que possam ter mais poder dentro do novo governo", continuou a fonte.

No domingo, em reação ao tiroteio em Jaramana, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse que seu Exército estava preparado para defender a minoria drusa da Síria de qualquer perigo representado pelo novo governo interino do país. "Se o regime prejudicar os drusos, será prejudicado por nós", proclamou Netanyahu.

Isso ocorre apesar do fato de que o governo interino sírio ter pregado abertamente a unidade nacional. Os governantes dizem que todas as minorias étnicas ou religiosas da Síria, incluindo os curdoscristãos, drusos e alauítas, devem estar envolvidas na administração do país.

A Síria e atualmente liderada pela Organização para a Libertação do Levante (Hayat Tahrir al-Sham, ou HTS), a milícia rebelde que liderou a ofensiva que derrubou o regime autoritário de Assad.

Embora existam diferentes facções e opiniões dentro da comunidade drusa da Síria, observadores dizem que a maioria rejeita a "proteção" de Israel.

<><> Por que Israel "defende" os drusos?

Israel há muito pratica o que se tornou conhecido como sua "doutrina da periferia", na qual busca alianças com minorias não muçulmanas, como os drusos, assim como países da região para reforçar sua própria segurança, explicou Trita Parsi, vice-presidente executiva do Instituto Quincy para o Estadismo Responsável, sediado em Washington, em postagem no X.

A população síria de cerca de 25 milhões de pessoas é amplamente diversa, com múltiplas etnias e religiões, algumas das quais ainda estão divididas em razão dos anos de ditadura e guerra civil. Diferentes interesses estrangeiros também promovem essas divisões para avançar suas próprias agendas, disse Andreas Krieg, professor sênior da Escola de Estudos de Segurança do King's College London, à DW.

"Vimos os russos empurrando narrativas contra o HTS, tentando 'proteger' os cristãos no Natal. Vimos os iranianos dizendo que são os 'protetores dos xiitas' na Síria. Israel faz a mesma coisa ao dizer que estamos aqui para 'defender' os drusos", ressaltou o analista.

A última coisa que Israel quer é "um governo inclusivo na Síria que possa potencialmente estabilizar o país a ponto de ter capacidade de lutar contra Israel", afirmou Krieg.

<><> Invasão israelense?

Especialistas dizem que as declarações divisivas em torno da defesa de minorias também se relacionam com a outra parte da estratégia israelense na Síria, que envolve tropas em solo.

Desde o início de dezembro, quando o regime de Assad foi deposto, Israel tem lançado ataques aéreos regulares contra o território sírio. De acordo com o grupo de monitoramento Armed Conflict Location and Event Data, (Acled), Israel conduziu mais ataques aéreos contra a Síria em dezembro de 2024, após a queda do regime de Assad, do que durante todo o ano de 2023 e "destruiu entre 70% e 80% das capacidades militares estratégicas do antigo regime nas primeiras 48 horas", relataram os pesquisadores do Acled.

Esta semana, Israel realizou novos ataques aéreos contra o que diz serem alvos militares sírios.

Israel também moveu suas tropas para uma zona neutra monitorada pela ONU, estabelecida entre os dois países, para garantir que ambos cumprissem um tratado de separação de 1974.

Tel Aviv disse que isso era necessário para garantir a segurança enquanto não houvesse um governo sírio verdadeiro. Desde então, autoridades israelenses passaram a afirmar que suas tropas permanecerão na região de forma mais permanente.

A Força das Nações Unidas de Observação da Separação, ou Undof, encarregada de monitorar a zona neutra, expressou preocupação. "Desde 07 de dezembro, a Undof observou um aumento significativo na movimentação das Forças de Defesa de Israel dentro da área de separação e ao longo da linha de cessar-fogo", afirmou, em nota. "A Undof informou seus colegas israelenses que essas ações constituem uma violação."

Imagens de satélite de janeiro analisadas pelas emissoras BBC e Al Jazeera confirmaram uma presença israelense mais permanente na Síria. Declarações de moradores locais nessas áreas coletadas pelo veículo de comunicação Syria Direct sugerem que o Exército israelense estaria assumindo o controle do território. Novas estradas e edifícios foram construídos, fazendeiros foram impedidos de cuidar de suas fazendas; oliveiras, casas e bombas de água foram destruídas e moradores locais foram detidos pelas forças israelenses.

À medida que a situação se deteriora, os moradores disseram à Syria Direct que o Exército israelense se ofereceu para fornecer água, alimentos, energia e até empregos nas Colinas de Golã ocupadas.

<><> Contra o direito internacional

Em discurso no último domingo, Netanyahu foi ainda mais longe e exigiu "a desmilitarização completa do sul da Síria".

"Israel violou gravemente o direito internacional não apenas capturando terras sírias e as mantendo ilegalmente", explica o especialista Krieg, sediado em Londres, "mas também usando força militar dentro da Síria contra alvos que não representam uma ameaça direta a Israel neste momento.

sso pode ter resultados positivos a curto prazo, mas não levará à segurança a longo prazo, disse o estrategista militar à DW. "Israel se vê ainda cercado por inimigos", explicou Krieg. "Nas mentes deles, desde 1948, quando Israel foi criado, eles têm travado uma guerra contra todos os seus vizinhos. Então não há confiança [e] em vez de se envolver com a nova liderança [da Síria], Israel está novamente apostando no confronto."

Em situações semelhantes em países vizinhos, o confronto eventualmente levou à formação de grupos de resistência que então colocaram Israel ainda mais em perigo, Krieg apontou.

Os primeiros relatos já surgiram de um pequeno grupo no sul da Síria, que se autodenomina "Frente de Resistência Islâmica na Síria - Grande Poder" que quer lutar contra soldados israelenses atualmente em seu país.

¨      Revolta em Israel após admissão de falhas  no ataque do Hamas

O relatório das Forças de Defesa de Israel (IDF) sobre os ataques do Hamas em 7 de outubro de 2023 no sul de Israel foi de leitura difícil para a maioria dos israelenses. As conclusões do documento não eram totalmente novas, mas acrescentaram mais uma camada após algumas semanas emocionantes, em que mais de 30 reféns foram devolvidos vivos, mas outros oito voltaram para casa em caixões.

E, embora a primeira fase do acordo de cessar-fogo e libertação de reféns tenha chegado ao fim, a próxima fase permanece uma incógnita: 59 soldados e civis sequestrados permanecem em Gaza, dos quais acredita-se que 24 estejam vivos.

Após a publicação do relatório, o jornal israelense Yedioth Ahronoth publicou a manchete “A cegueira, o fracasso, as perguntas”. A manchete do Israel Hayom, um diário gratuito de direita, foi “Um desastre gestado por anos”, referindo-se a uma das principais conclusões do relatório: que a comunidade de inteligência de Israel subestimou enormemente o Hamas por muitos anos.

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Em 2007, depois de vencer as eleições, o grupo militante e movimento nacional palestino assumiram o controle de Gaza da Autoridade Palestina, governada pelo Fatah. Em resposta, Israel reforçou ainda mais sua vigilância das fronteiras aéreas, terrestres e marítimas, controlando o movimento de pessoas e mercadorias para dentro e fora do território. Tanto Israel quanto o Hamas travaram várias guerras nos últimos anos.

<><> Fracasso das IDF “deixou marcas profundas”

Em 7 de outubro de 2023, militantes liderados pelo Hamas lançaram um ataque em grande escala no sul de Israel, matando 1.200 e tomando como reféns outros 251, de acordo com dados israelenses. O ataque desencadeou uma guerra de 15 meses, na qual grande parte do território foi arrasado, e mais de 48 mil palestinos foram mortos, de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza.

Para alguns, o último relatório abrangente sobre o trabalho dos diferentes ramos militares chega tarde demais; para outros, há poucas novidades a relatar. Em muitos israelenses, o fracasso das IDF em proteger seus cidadãos deixou marcas profundas. Nos últimos meses os militares forneceram aos residentes de vários kibutzim próximos a Gaza relatórios minuto a minuto dos acontecimentos em suas comunidades.

 “A importância do relatório é, antes de tudo, para os sobreviventes, as famílias dos soldados e civis que foram mortos, as famílias dos que foram sequestrados e as comunidades”, diz Ofer Shelah, pesquisador do Instituto de Estudos de Segurança Nacional (INSS) e ex-membro do Knesset, o parlamento de Israel.

“Acho que isso foi importante para restabelecer a confiança entre essas comunidades, o público israelense em geral e o Exército; para que o Exército encare os sobreviventes de frente, conte-lhes o que aconteceu e seja franco a respeito”, resume Shelah.

No entanto ainda restam muitas dúvidas sobre o decorrer dos acontecimentos dentro das Forças Armadas e suas várias ramificações, e em relação aos escalões políticos. Tamir Hayman, diretor do INSS e ex-chefe da Diretoria de Inteligência Militar, também ecoa essa afirmação.

“Em todo inquérito militar, três perguntas precisam ser respondidas: o que aconteceu, por que e como melhorar”, disse Hayman durante um programa na emissora de TV israelense Canal 12. “Esses inquéritos nos dão muitas informações sobre o que aconteceu, mas ainda não encontrei respostas para por que aconteceu.”

<><> Conceitos errôneos sobre o Hamas

A investigação concluiu que a avaliação do Hamas durante muitos anos não foi contestada e que não houve discussão sobre a questão “e se estivermos errados?”

De acordo com Amos Harel, escrevendo no jornal Ha’aretz, “a comunidade de inteligência, com a IDF e o serviço de segurança Shin Bet na vanguarda, não acreditava que o Hamas fosse capaz de montar um ataque coordenado em mais de 100 pontos de passagem, que superaria com sucesso a Divisão de Gaza e assumiria o controle de grande parte do território pelo qual a divisão era responsável”.

A investigação também criticou o fato de líderes políticos e serviços de informação optarem por uma política de “gerenciamento de conflito” em relação ao Hamas, e terem feito uma avaliação incorreta de suas capacidades e intenções.

“Gaza foi apresentada como uma ‘ameaça secundária’ em comparação com o Hezbollah e o Irã”, escreveu Yossi Yeshuoshua, correspondente de assuntos militares do Yedioth Ahronoth. “Toda a liderança israelense – do governo aos setores de inteligência – tornou-se viciada em inteligência produzida por tecnologia avançada e sofisticada, criando complacência e arrogância entre quem deveria estar constantemente olhando por cima do ombro. Nós gritamos ‘ciber’ e adormecemos ao volante, enquanto o Hamas preparava uma invasão de estilo medieval.”

<><> Ataque longamente preparado

Com base em documentos encontrados em Gaza e em interrogatórios de militantes de alta patente do Hamas capturados durante a guerra, o relatório constatou que o grupo começou a discutir um ataque em grande escala após a guerra de 2014 em Gaza.

O plano, que mais tarde ficou conhecido como “Muro de Jericó”, foi desenvolvido principalmente pelo líder morto do Hamas Yahya Sinvar, considerado um dos principais planejadores do 7 de Outubro, desde que se tornou chefe do Hamas em Gaza em 2017. Ele incluiu um ataque surpresa à Divisão de Gaza das IDF estacionada ao redor da Faixa de Gaza e a tomada de reféns. De acordo com a investigação, o Hamas considerou realizar o plano de ataque já em maio de 2021, quando Israel e o Hamas travaram uma guerra de 11 dias em Gaza. Na época, a inteligência militar israelense não tinha conhecimento do plano, afirma o relatório.

O documento mostra que a guerra de maio de 2021, também conhecida em Israel como “Operação Guardião dos Muros”, foi um ponto de virada. As IDF concluíram publicamente na época que o Hamas havia sofrido um duro golpe, com a destruição de grande parte de seus túneis – apelidados de “metrô” pelo Exército –, e que a barreira subterrânea construída por Israel havia havia reduzido a infiltração a um mínimo. Os líderes israelenses pareciam acreditar que o Hamas queria se concentrar no desenvolvimento econômico e manter a tranquilidade, acima de tudo.

O relatório rebate que, na verdade, o Hamas se sentiu encorajado pelo resultado da guerra de 2021, pois conseguiu obter apoio na região sem que as IDF lançassem uma grande operação terrestre.

O relatório também renovou os pedidos de uma comissão de inquérito para investigar o papel da liderança política de Israel. “O público israelense não consegue garantir que os políticos pagarão um preço, e é por isso que quer uma comissão de inquérito”, explica Ofer Shelah.

Numa pesquisa de opinião publicada em 28 de fevereiro, perguntou-se se a investigação militar era suficiente ou se deveria haver uma comissão de inquérito estatal ou política. Apenas 6% consideraram o inquérito militar suficiente, enquanto 58% gostariam de ver uma comissão de inquérito estatal.

Enquanto o chefe do Estado-Maior das IDF, Herzi Halevi, tenha se demitido devido às falhas do 7 de Outubro e deixe o cargo nesta quarta-feira (05/03), o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, não aceita a responsabilidade e tem adiado uma investigação ampla até depois da guerra.

¨      Hamas afirma que Trump incentiva Israel a cessar fogo

Através de um comunicado difundido nesta quinta-feira (06/03), o grupo de resistência palestino Hamas acusou o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a promover uma campanha contra Gaza e contra o próprio Hamas, cujo objetivo seria “encorajar Israel a apertar o cerco e manter o povo palestino à mercê da fome”.

A declaração acontece horas depois de uma coletiva, na qual Trump disse que o Hamas enfrentaria “um inferno” se não libertasse imediatamente todos os reféns mantidos no enclave. As palavras do mandatário estadounidense foram ditas logo após uma reunião em Washington, nesta quarta-feira (05/03), com oito israelenses que estiveram presos em Gaza e foram libertados.

Desde sábado (01/03), Israel e os Estados Unidos têm insistido na proposta de estender a primeira fase do cessar-fogo por 50 dias. Nesse período, o Hamas libertaria todos os reféns em dois lotes, sem que Israel garantisse um cessar-fogo permanente.

Por sua parte, o Hamas insiste em que Israel negocie a segunda fase do acordo, que previa a libertação dos últimos reféns dentro de um acordo que garanta o fim da guerra a partir da retirada completa do exército israelense do território palestino.

Segundo Abdel Latif Al-Qanoua, um dos porta-vozes do Hamas, “a melhor maneira de libertar os prisioneiros israelenses restantes é passarmos para a segunda fase do cessar-fogo e forçar Israel a aderir a um acordo no qual tenha que ceder às condições dos mediadores”.

<><> ‘O Hamas cumpriu sua parte’

Outro porta-voz do Hamas, Hazem Qassem, disse à agência de notícias turca Anadolu que as ameaças de Trump “complicam as questões relacionadas ao acordo de cessar-fogo e encorajam (Israel) a se abster de implementar seus termos”.

Qassem também enfatizou que “o Hamas implementou todas as suas obrigações sob a fase um, enquanto Israel está evitando entrar na fase dois. A administração dos Estados Unidos é obrigada a pressionar os ocupantes a negociar a fase dois”.

O representante do Hamas também considera que Israel já descumpriu diversas vezes o cessar-fogo, através de ataques, restrições à entrada de ajuda humanitária e atrasos à libertação de prisioneiros.

<><> Entrada de ajuda humanitária foi novamente bloqueada

No último domingo (02/03), Israel iniciou um bloqueo da ajuda humanitária enviada à Faixa de Gaza. A medida, segundo o governo do premiê Benjamin Netanyahu, seria mantida até o Hamas aceitar uma extensão da fase um do cessar-fogo, com a libertação de todos os 59 reféns que ainda estão em poder do grupo palestino.

O bloqueio à ajuda humanitária pode ampliar a situação de necessidade vivida pela população local. Segundo informe da organização Human Righs Watch, não só os alimentos estão se tornando escassos como também o combustível disponível para poder realizar atividades básicas.

A entidade publicou mensagens em suas redes sociais denunciando essa situação, a qual considera como uma “flagrante violação do direito internacional humanitário”.

Diante dessa situação, o Conselho de Segurança das Nações Unidas realizou uma reunião de emergência, na qual alguns membros defenderam a proposta de uma resolução para obrigar Israel a permitir imediatamente a entrada de alimentos, combustíveis e outros suprimentos.

Além disso, cinco membros do Conselho (Dinamarca, Eslovênia, França, Grécia e Reino Unido) solicitaram a Israel que aceite negociar a segunda fase do cessar-fogo e a considerar a condição de retirar suas tropas do território da Faixa de Gaza.

 

Fonte: DW Brasil/Opera Mundi/Al Jazeera

 

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