sábado, 8 de março de 2025

Como a alimentação ajuda no sistema imunológico, segundo a medicina

Nosso organismo funciona como uma máquina, em que cada peça precisa de outra para fazer a sua parte corretamente. Quando se fala de sistema imunológico, a alimentação é uma das peças que precisam trabalhar em conjunto para o sucesso do mecanismo. 

“A alimentação tem impacto direto na imunidade porque é dela que nosso corpo tira a energia e todas as vitaminas e minerais que são necessários para que as peças do organismo funcionem”, explica Gabriela Cilla, nutricionista clínica, funcional e esportiva. 

Segundo a profissional de saúde, a explicação médica para essa relação é que os alimentos são 100% responsáveis pela diminuição dos radicais livres no organismo. 

Radicais livres são moléculas instáveis liberadas pelo metabolismo do corpo que, se liberadas em grande quantidade, podem causar morte celular – como células do sistema imune, por exemplo – e doenças degenerativas. Segundo Cilla, esses radicais são criados em diferentes situações, como no excesso de exercícios físicos de grande intensidade e duração, estresse, exposição ao sol em demasiado, fumar ou ingerir alimentos com muita fritura e refinados

“A alimentação atua na diminuição desses radicais livres, neutralizando essas moléculas e melhorando a adaptação do organismo às condições externas”, diz a nutricionista. “Em relação à imunidade, o sucesso do sistema imune está na capacidade dele de se adaptar a qualquer patógeno externo que encontrar. Se ele não se adapta, temos infecções constantes.”

·        Quais alimentos fortalecem o sistema imunológico?

A partir desse mecanismo do corpo, a nutricionista explica que nenhum alimento é totalmente responsável por melhorar ou piorar qualquer aspecto do organismo. “A questão é o processo como um todo. Todo alimento pode trazer benefícios e malefícios, por isso, é importante consumir todos os grupos alimentares, de forma diversificada e equilibrada”, afirma. 

Como exemplo de alimentos que podem ajudar a imunidade, Cilla menciona os verdes escuros, como brócolis ou espinafre, que têm grande quantidade de fibras e protegem o intestino. Outros são o abacate, peixes ricos em ômega 3 e cúrcuma, que atuam como antioxidantes na neutralização dos radicais livres, e grãos integrais (arroz, aveia, trigo) que são ricos em vitaminas e minerais necessários para o funcionamento celular. 

Entretanto, a profissional de saúde recomenda consultar um nutricionista antes de incluir esses alimentos em sua dieta diária. “A cúrcuma, por exemplo, em teoria poderia ser consumida todos os dias. Mas ela é ácida, então, pessoas propensas à gastrite ou com maior sensibilidade estomacal e intestinal podem ter desconfortos se consumirem muito”, exemplifica. 

Por isso, é sempre importante procurar atendimento médico caso queira adequar a sua alimentação e melhorar seu sistema imunológico. 

 

¨      Hambúrguer de coco babaçu: como parte do produto usada para ração virou alimento humano

Já pensou em comer um hambúrguer de coco babaçu? O produto comercializado pelas quebradeiras de coco na Amazônia maranhense usa uma parte do alimento que era aproveitada apenas para ração animal.

A proteína é feita a partir da farinha da amêndoa do babaçu, que também pode ser ingrediente também para fazer biscoitos, pães, bolos, mingaus e sorvetes.

O coco babaçu nasce da palmeira que leva o mesmo nome, nativa da Amazônia. O fruto é extraído da floresta e seu principal produto é o óleo, que pode ser usado para produção de alimentos e cosméticos.

Antes da pesquisa desenvolvida pelas mulheres das comunidades tradicionais em parceria com cientistas, o bagaço da amêndoa era considerado um resíduo da extração do óleo.

"Sabíamos que [a amêndoa] ainda tinha bastante conteúdo de lipídios, carboidratos, podendo ser utilizada como um tipo de farinha por meio de bom tratamento e processamento. A ideia era reaproveitar 100% do produto e obtivemos êxito", explicou o professor Harvey Villa, que participou do estudo.

O uso do babaçu também teve como objetivo gerar renda para as comunidades tradicionais, com uma produção de baixo impacto ambiental, disse a pesquisadora Guilhermina Cayres, líder do estudo.

"Aprendemos a assar e torrar o bagaço no forno para atingir o ponto certo e transformá-lo em farinha da amêndoa, um produto que substitui o coco ralado em todas as formulações, dá muito mais crocância e tem melhor aceitação pelos consumidores", relata Rosângela Lica, da Cooperativa Mista da Agricultura Familiar e do Extrativismo do Babaçu (Coomavi).

O produto é voltado para consumidores específicos, como aqueles com restrição ao glúten ou à lactose, explica Cayres.

A pesquisa foi desenvolvida com a colaboração de um grande grupo: mulheres da Coomavi, da Associação Clube de Mães Quilombolas Lar de Maria e da Associação de Quebradeiras de Coco de Chapadinha do Assentamento Canto do Ferreira.

Também fizeram parte dos estudos pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e da Universidade Federal do Ceará (UFC), em parceria com a Rede ILPF e financiamento da Agência Alemã de Cooperação Internacional (GIZ) no Brasil.

·        O que vai na receita

Para ficar parecido com a carne de hambúrguer, os cientistas acrescentaram a casca da banana junto à amêndoa, para dar estrutura, sabor e maciez ao fritar.

Além disso, também é usada a farinha de arroz. Ela dá liga aos temperos e ajuda a melhorar a vida útil (que pode chegar a 6 meses para o hambúrguer congelado) e a qualidade nutricional, que contém 13,17% de proteína.

O hambúrguer foi saboreado por alunos do curso de gastronomia do Instituto Estadual do Maranhão (Iema). Só depois que eles aprovaram o produto, o alimento passou a ser comercializado nas feiras.

¨      Pirarucu na lata: peixe em conserva é desenvolvido por pesquisadores da Embrapa

Mais um peixe vai entrar na turma dos enlatados, agora, diretamente da Amazônia: o pirarucu. O peixe em conserva foi desenvolvido por pesquisadores da Embrapa Amazônia Oriental e da Embrapa Agroindústria de Alimentos.

Pronto para o mercado, o produto aguarda por alguma empresa se interessar pela comercialização e, então, fará concorrência para o atum e a sardinha, junto de outros peixes, como o salmão, que já existe enlatado nas prateleiras dos supermercados.

🐟 Como é o pirarucu: ele é peixe amazônico de água doce e é carnívoro, se alimenta, entre outras coisas, de peixes, répteis e até mesmo aves aquáticas. O animal pode atingir, em condições naturais, até três metros de comprimento e ultrapassar os 200 kg.

😋 O pirarucu enlatado promete ser gostoso: pelo menos foi o que os participantes das degustações e testes sensoriais consideraram - de acordo com os pesquisadores, também é nutritivo, com baixo teor de gorduras e não tem espinhas.

Além disso, esse tipo de conserva é considerado mais prático, por ser semipronto e por dispensar a cadeia de refrigeração no armazenamento, na distribuição e na comercialização.

Um dos problemas ainda enfrentados no setor é a dificuldade de estocagem e resfriamento (para a comercialização do peixe fresco), além da busca por novos mercados que possam eliminar os atravessadores, garantindo preços mais justos às comunidades e valorização da preservação dos recursos naturais da Amazônia.

🎣 Pesca ou criação: a pesquisa mostra que os peixes de criação, ou seja, que se desenvolveram em tanques ou em ambientes controlados, se destacaram em sabor e textura na comparação dos de pesca, que foram coletados nos rios amazônicos.

🥫Como é preparado o pirarucu enlatado da Embrapa: os filés de pirarucu são higienizados, imersos em uma salmoura, drenados, cortados e colocados nas latas. Por fim, é adicionada uma cobertura à base de salmoura.

👅 Tudo se aproveita - até a língua: nenhuma parte do pirarucu é jogada fora na piscicultura. A carne da espécie tem um aproveitamento maior de 50% da carcaça, pele, escamas, além da língua, e com altos valores de mercado agregados.

O couro, por exemplo, pode virar bolsa, e seus resíduos são processados para a alimentação animal.

🌳 Preservação da Amazônia: há 20 anos, o pirarucu corria risco de extinção por causa da pesca predatória. No decorrer desse período, planos de manejo se consolidaram, revertendo esse quadro.

Atualmente, há dezenas de comunidades na Amazônia brasileira com seus estoques do peixe renovados, organização comunitária e conquistas econômicas, ainda que de forma tímida, afirma Ana Cláudia Torres Gonçalves, coordenadora do Programa de Manejo de Pesca do Instituto Mamirauá (AM).

 

Fonte:National Geographic Brasil/ g1

 

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