Paulo
Henrique Arantes: Bolsonaro e a glória de um covarde
“A
Glória de um Covarde” é o nome de um filme de John Huston, de 1951. Excelente e
polêmico, por sinal. Durante a Guerra Civil Americana, o soldado Henry Fleming
(Audie Murphy) sente medo, esconde-se do combate. A vergonha lhe consome. Sua
glória não será vencer o medo e heroicamente confrontar o inimigo, mas
reconhecer sua limitação humana, assumir sua fragilidade para empunhar uma
arma, matar ou morrer.
Medo
não é sinônimo de covardia, e assumi-lo pode até ser considerado sinal de
coragem. Covarde é quem subjuga os desfavorecidos, quem se vale de condição
efemeramente superior para humilhar. Usar o poder econômico para realizar um
desejo, em prejuízo de alguém, é um ato de extrema covardia. Fugir de
responsabilidades, negar o factual quando este lhe é desfavorável e jogar a
própria culpa sobre outra pessoa também são atitudes covardes. O covarde mente
e ameaça.
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Agora
réu, o covarde Jair Bolsonaro não viverá dias de glória doravante, pois não tem
a coragem de Henry Fleming para assumir suas fraquezas e erros, tampouco para
reconhecer-se abalado pelo medo. Não se aborda neste espaço as filigranas
judiciais da ação penal que alcançou o ex-presidente, mas a dimensão humana
dele diante da iminência de ser condenado.
Os
guias básicos de psiquiatria relacionam as características da pessoa covarde,
quatro das quais seguem abaixo: Fuga diante do perigo – Tendência a evitar
confrontos ou situações desafiadoras. Bolsonaro vai fugir? Lembre-se de que ele
já fugiu uma vez e um dos seus filhos encontra-se escafedido.
Hesitação
constante – Dificuldade em tomar decisões, especialmente sob pressão, o que
normalmente resulta na decisão errada, como convocar atos públicos para bradar
impropérios ou se fazer presente na sessão inaugural de julgamento da denúncia.
Busca
por justificativas – Uso de desculpas, não raro esfarrapadas, para evitar
responsabilidades, como “eu estava nos Estados Unidos” ou “eu não sou coveiro”.
Falta
de comprometimento – Medo de assumir riscos ou consequências de ações, problema
que se resolve delegando o serviço sujo a terceiros, como Mauro Cid.
Há
exatamente um ano, esta coluna trouxe uma singela descrição da pessoa covarde.
O momento justifica a reprodução de trechos daquelas mal traçadas. A seguir.
O
covarde, explicam psicólogos ouvidos pela coluna, não admite suas reais
intenções e atitudes - por exemplo, quando trama golpes de Estado, ameaça
descumprir ordens judiciais e mesmo assim afirma jogar “dentro das quatro
linhas da Constituição”. O medo excessivo que caracteriza o covarde leva-o não
raro ao desespero, fazendo-o usar sua influência para prejudicar terceiros,
atribuindo-lhes culpa por atos dele próprio, o covarde.
Conforme
nos ensina a Psicologia da Covardia, o covarde não assume responsabilidades nem
desafios. Além disso, a covardia reflete-se em falta de assertividade e
incapacidade de expressar ideias com clareza.
Enquanto
o covarde não se aceitar como tal, não se curará, advertem os especialistas.
Vencer o problema requer ajuda profissional, no caso, de um psicólogo da
covardia. O tratamento inclui procedimentos que buscam desenvolver empatia no
covarde, tarefa que parece bem difícil, entendendo-se empatia como a capacidade
de se colocar no lugar do outro - aquele que é diferente de nós -, compreender
seus sentimentos, perspectivas e necessidades. O empático no Poder atende aos
vulneráveis, às minorias. O covarde nem olha para eles.
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Jair Messias Bolsonaro é réu! Por Luís Filipe
Chateaubriand
Não tem
choro nem vela.
Jair
Messias Bolsonaro é réu!
Deve-se
dizer que o ex-presidente da República teve o que merecia, pois tentativa de
golpe de Estado é algo gravíssimo, inconcebível, uma total incompatibilidade
com a democracia.
Querer
matar Luiz Inácio Lula da Silva, Geraldo Alckmin e Alexandre de Moraes, é
golpe!
Incitar
manifestações como as de 08 de janeiro de 2023, é golpe!
Convocar
os comandantes de Exército, Aeronáutica e Marinha para a insurreição
institucional, é golpe!
Aliás,
destaque-se a coragem do general Freire Gomes, então comandante do Exército,
que descartou o atentado ao Estado de Direito e ainda ameaçou o mancebo com a
possibilidade de voz de prisão.
A
notícia, para os bolsonaristas de plantão, é péssima, mas verdadeira.
Jair
Messias Bolsonaro já está condenado.
O
raciocínio é elementar: se não tivesse culpa, o Supremo Tribunal Federal não
acataria a denúncia da Procuradoria-Geral da República.
Se
acatou, é porque aquiesceu.
O
julgamento que virá se objetiva apenas a estipular qual pena Jair Messias
Bolsonaro e seus asseclas deverão cumprir.
Assim,
Jair Messias Bolsonaro tem decretada sua morte política, indubitavelmente.
Resta
saber quem herdará o espólio da extrema direita, mas já se tem uma ideia
razoável do que irá acontecer.
Não é
mesmo, governador Tarcísio de Freitas?
Uma
coisa é certa: aliviados, serenos e de alma lavada, milhões de brasileiros
esperam o desfecho da comédia pastelão – comédia esta que custou, e vem
custando, muito caro ao país, desde que uma facada mentirosa foi pretensamente
proferida.
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"Bolsonaro não tem saída": pegará até 35 anos
de cadeia, dizem advogados de acusados de tentativa de golpe
A
Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu nesta quarta-feira
(26) acolher a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Jair
Bolsonaro (PL) e outras sete pessoas acusadas de compor o núcleo central da
tentativa de golpe de Estado observada após as eleições presidenciais de 2022.
Advogados de investigados, segundo Malu Gaspar, do jornal O Globo, já fazem cálculos
sobre o tamanho da pena que poderá ser imposta a Bolsonaro.
Quatro
advogados de réus com menor participação nos eventos de 8 de janeiro avaliam,
sob reserva, que Bolsonaro pode ser condenado a uma pena que varia entre 25 e
35 anos de prisão. O motivo principal seria a sua posição de comando em uma
suposta organização criminosa que teria articulado uma ofensiva contra a
democracia para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e
do vice Geraldo Alckmin (PSB).
A
avaliação tem como base comparativa o julgamento do primeiro condenado pelo STF
pelos ataques às sedes dos Três Poderes, em setembro de 2023. Na ocasião, Aécio
Lúcio Costa Pereira, ex-funcionário da Sabesp, recebeu uma sentença de 17 anos
de prisão. Ele foi flagrado dentro do Congresso com uma camiseta pedindo
"intervenção militar já" e gravou vídeos exaltando a invasão. Sua
condenação incluiu crimes como golpe de Estado e abolição violenta do Estado
Democrático de Direito.
“Se o
povo que estava lá invadindo os prédios públicos no 8 de Janeiro pegou pena
elevada, imagina quem teve protagonismo na trama golpista. É provável que quem
for condenado agora pegue uma pena ainda mais elevada”, disse um dos advogados.
Outro defensor destacou que “o papel de liderança em uma organização sempre
agrava a pena”, apontando que “Bolsonaro não tem saída”.
A
denúncia da PGR, assinada pelo procurador-geral Paulo Gonet, inclui acusações
de golpe de Estado, organização criminosa armada, tentativa de abolição
violenta do Estado Democrático de Direito, dano qualificado e deterioração de
patrimônio tombado. Somadas, essas infrações podem resultar em até 43 anos de
reclusão.
De
acordo com Gonet, Bolsonaro e figuras de seu núcleo próximo — como os
ex-ministros Anderson Torres, Paulo Sérgio Nogueira e Walter Braga Netto, além
do deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) e do ex-comandante da Marinha
Almir Garnier — compunham o “núcleo crucial da organização criminosa”. A
denúncia afirma que “deles partiram as principais decisões e ações de impacto
social” relacionadas à intentona golpista.
Chama
atenção o fato de que a denúncia da PGR foi mais dura que o relatório final da
Polícia Federal apresentado em novembro de 2024. A PF não imputou diretamente a
Bolsonaro os crimes ligados à depredação das sedes dos Três Poderes. Já Gonet
sustenta que a destruição de patrimônio público, além de outras ações violentas
contra a ordem democrática, foram fruto direto da atuação da organização
supostamente liderada pelo ex-presidente.
“A
responsabilidade pelos atos lesivos à ordem democrática recai sobre organização
criminosa liderada por Jair Messias Bolsonaro, baseada em projeto autoritário
de poder”, escreveu o chefe do Ministério Público Federal. Gonet também
destacou que a organização era “enraizada na própria estrutura do Estado e com
forte influência de setores militares”, operando em estrutura hierarquizada e
com divisão clara de tarefas entre os integrantes.
O
julgamento do mérito das acusações pela Primeira Turma do STF deverá ocorrer
apenas no segundo semestre de 2025.
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Réu por tentar golpe, Bolsonaro fala em "atentado
jurídico à democracia"
O
ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) reagiu com ataques à decisão unânime da
Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), que nesta quarta-feira (26)
aceitou denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) e o transformou em
réu por crimes ligados a uma suposta tentativa de golpe de Estado. Em
publicação feita na rede social X, de acordo com o Metrópoles, Bolsonaro acusou o
Judiciário de agir com parcialidade e afirmou que o julgamento representa “uma
espécie de atentado jurídico à democracia”.
“Todos
sabem que o que está em curso é, na verdade, uma espécie de atentado jurídico à
democracia: um julgamento político, conduzido de forma parcial, enviesada e
abertamente injusta por um relator completamente comprometido e suspeito”,
escreveu Bolsonaro, em referência ao ministro Alexandre de Moraes. Ainda
segundo ele, o processo teria como objetivo retirá-lo da disputa eleitoral, ao
custo de uma “vingança pessoal”.
A
manifestação ocorreu logo após a conclusão da votação do colegiado do STF, que
decidiu por 5 votos a 0 tornar réus Bolsonaro e outros sete aliados. Além de
Moraes, votaram a favor da abertura de ação penal os ministros Flávio Dino,
Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin.
A
denúncia da PGR acusa o grupo de formar uma organização criminosa armada e
articular uma trama golpista para manter Bolsonaro no poder mesmo após a
derrota nas eleições de 2022. Os crimes imputados incluem golpe de Estado,
tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, dano qualificado pela
violência, grave ameaça ao patrimônio da União e deterioração de patrimônio
tombado.
O
advogado de Bolsonaro, Celso Vilardi, segundo o jornal O Globo, declarou que vai
provar a inocência do ex-presidente e criticou a condução do julgamento. “Vamos
provar inocência, mas precisamos ter liberdade de defesa. Esperamos ter algo a
plenitude de defesa. O jogo está só começando”, afirmou.
Vilardi
também defendeu a posição do ministro Luiz Fux, que, segundo ele, teve um
“posicionamento absolutamente correto sobre os dois delitos”, ao tratar dos
crimes de tentativa de golpe. Em sua sustentação, o advogado disse que a
acusação da PGR se baseia unicamente na delação do tenente-coronel Mauro Cid,
ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, cuja validade estaria comprometida por
contradições.
“O (ex)
presidente Bolsonaro é o presidente mais investigado da história do país. Não
se achou absolutamente nada”, alegou Vilardi, ao negar qualquer envolvimento do
cliente nos atos golpistas de 8 de janeiro. Para ele, a denúncia ignora a
ausência de “grave ameaça” nos pronunciamentos de Bolsonaro e desconsidera que
a Polícia Federal não apontou a participação direta do ex-mandatário nos
ataques às sedes dos Três Poderes.
O
advogado também criticou o fato de o julgamento ter ocorrido na Primeira Turma
do STF, e não no plenário da Corte.
Durante
a leitura do relatório, o ministro Alexandre de Moraes refutou as principais
alegações das defesas e destacou que a denúncia da PGR narra “manobras
sucessivas e articuladas” para minar os poderes constitucionais e incitar a
violência contra as instituições.
Entre
os argumentos preliminares rejeitados pelo relator estavam a alegação de
“document dump” — excesso de documentos no processo — e “pesca probatória”,
referência a investigações que buscam dados antes de haver indícios sólidos.
Moraes também rechaçou a tentativa de anular a delação de Mauro Cid.
O
procurador-geral da República, Paulo Gonet, reforçou o protagonismo de
Bolsonaro na suposta organização criminosa. “A partir de 2021, o ex-presidente
proferiu discursos em que adotou o tom de ruptura institucional”, afirmou.
Segundo Gonet, o grupo buscava garantir a permanência de Bolsonaro no poder
independentemente do resultado das eleições.
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Em julgamento, Moraes lê mensagem em que Braga Netto
sugere atacar família de militar: “até a máfia tem código de conduta”
Em voto
proferido nesta quarta-feira (26), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo
Tribunal Federal (STF), leu mensagens em que o ex-ministro da Defesa, Walter
Braga Netto, sugere atacar a família do então comandante da Aeronáutica,
Baptista Júnior, por não aderir ao plano golpista. Segundo Moraes, “até a
máfia” tem um código de conduta que preserva familiares, ao contrário da
organização criminosa envolvida na trama golpista.
“Até a
máfia tem um código de conduta de que os familiares são civis. Parece que aqui,
lamentavelmente, nem isso foi seguido”, disse Moraes em seu voto.
Na
mensagem enviada ao coronel reformado do Exército Ailton Barros no dia 15 de
dezembro de 2022, Braga Netto fala em “Infernizar” a vida e a família de
Baptista Júnior. "Senta o pau no Batista Júnior (sic). Povo sofrendo,
arbitrariedades sendo feita (sic) e ele fechado nas mordomias. negociando
favores. Traidor da pátria. Daí para frente. Inferniza a vida dele e da
família", disse.
Fonte:
Brasil 247
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