quarta-feira, 26 de março de 2025

Mantenha os mosquitos afastados com dicas simples, respaldadas pela ciência

Em países tropicais, como o Brasil, quase sempre faz calor e em períodos úmidos, a situação fica ainda mais propícia para o aparecimento de todo tipo de mosquito – inclusive os que transmitem doenças como dengue,  febre amarela, entre outras.

Alguns com zumbidos característicos e picadas que causam coceira, os mosquitos são uma das desvantagens mais temidas do clima quente que muitos lugares estão enfrentando cada vez mais.

As picadas de mosquito geralmente são um mero incômodo, mas alguns destes insetos podem transmitir doenças que podem ser mortais, como malária, Zika ou dengue. Ocasionalmente, as picadas também podem causar sintomas mais graves, como inflamação, urticária ou náusea.

Para piorar a situação, algumas espécies de mosquitos estão se deslocando para novos territórios como consequência da mudança climática e de outras atividades humanas, o que torna ainda mais importante estar atento às suas interações com esses insetos.

Felizmente, os pesquisadores fizeram grandes avanços na compreensão do que atrai certas espécies de mosquitos para os seres humanos e o que é melhor fazer para repeli-los. Confira aqui algumas dicas práticas para evitar picadas de mosquito, seja em casa ou na rua.

  • Conheça o seu inimigo

Para evitar ou ao menos limitar as picadas de mosquito, vale a pena entender um pouco sobre esses insetos sugadores de sangue e por que alguns deles procuram os seres humanos em primeiro lugar.

“Existem cerca de 3500 espécies de mosquitos, mas apenas algumas são um problema significativo para os seres humanos”, escreve Dina Fonseca, professora e ecologista molecular da Universidade Rutgers, em New Jersey (Estados Unidos), que estuda carrapatos e mosquitos. “Diferentes espécies de mosquitos têm preferências diferentes por grupos de espécies, como mamíferos, répteis e aves.” Alguns até se alimentam do sangue de sanguessugas, acrescenta ela.

Os mosquitos que evoluíram para se alimentar de seres humanos podem sentir o calor do nosso corpo e o dióxido de carbono que exalamos e selecionar os hospedeiros preferidos com base no odor corporal.

Se você é uma daquelas pessoas que os mosquitos sempre parecem te ter como alvo, você não está louco – alguns humanos simplesmente “cheiram melhor” aos mosquitos e os atraem do que outros – – não quer dizer que a pessoa cheire mal, mas só que o seu odor é mais atraente para alguns mosquitos. Vale a pena tomar precauções extras se você acha que tem a distinção especial de ser o prato favorito de um mosquito.

  • Use os repelentes corretos

No que diz respeito aos repelentes químicos para serem usados sobre a pele, há alguns tipos mais eficazes contra os mosquitos, como os que contém uma substância química chamada DEET (N-Dietil-meta-toluamida) ou a icaridina, ambos indicados para repelir inclusive o Aedes aegypti (mosquito transmissor da dengue e outras doenças) pela Anvisa – Agência Nacional de Vigilância Sanitária no Brasil.

O DEET é tradicional e conhecido por repelir uma série de insetos, inclusive mosquitos, carrapatos, pulgas e sanguessugas. “O DEET é muito indicado porque funciona cobrindo a maior parte dos receptores de odor, tornando o mosquito ‘cego para o odor’ — além disso, os efeitos duram”, afirma Fonseca. A duração da proteção depende da concentração de DEET no repelente; essa informação está no rótulo do produto.

Já os repelentes com icaridina como o principal princípio ativo são os mais indicados para repelir os mosquito transmissor da dengue, zika e chikungunya. A icaridina deriva da pimenta e tem duração de cerca de dez horas, então pode ser aplicada uma vez ao dia. Em estudos feitos até pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Botucatu, a substância a 25% apresentou-se como o repelente mais eficiente. 

Tanto a icaridina quanto o DEET são seguros para uso em crianças e adultos, desde que seja aplicado de acordo com as instruções do produto. Nunca inale ou engula repelentes, pois o produto químico pode ser mortal se ingerido. 

Os repelentes com IR3535 possuem uma eficácia por menos tempo (cerca de duas a quatro horas), mas também repelem diversos tipos de insetos e são os únicos no Brasil autorizados para o uso em crianças pequenas de seis meses a dois anos, como afirma a Agência Brasil. 

Outros repelentes comuns ou caseiros, como óleo de eucalipto-limão ou citronela, também podem ser eficazes em alguns casos – porém não é eficaz para evitar picadas do Aedes aegypti. No entanto, cada repelente interage com seu odor corporal de forma diferente, portanto, vale a pena experimentar um pouco com os produtos para encontrar o que funciona melhor para você.

  • Escolha o momento certo

Sua exposição aos mosquitos depende da hora do dia e da estação, portanto, vale a pena saber quando as espécies em sua região são mais ativas entrando em contato com o programa local de controle de mosquitos.

“Os mosquitos são normalmente ativos durante o crepúsculo e o amanhecer, embora isso varie de acordo com a espécie e a área onde você mora, portanto, evitar ficar do lado de fora durante esses períodos ajudará a reduzir as picadas de mosquito”, escreveu Silvie Huijben, professora associada da Universidade Estadual do Arizona (Estados Unidos), especializada em biologia evolutiva de mosquitos e seus patógenos, em um e-mail.

  • Use roupas de cores claras

A escolha das peças do seu guarda-roupa também pode diminuir o número de picadas. Roupas brancas ou em tons claros, como calças cáqui, podem ajudar a afastar os insetos, especialmente se você cobrir o máximo possível de sua pele.

Enquanto isso, os mosquitos são mais atraídos por cores mais escuras, como preto, azul-marinho ou vermelho, em comparação com tons mais claros. Os cientistas propuseram vários motivos para essa preferência; os mosquitos podem associar essas cores a seus ambientes escuros e sombrios preferidos, e o vermelho, em particular, é a cor que seus olhos percebem em todos os tons de pele humana.

  • Montar uma tela ou rede de proteção

As telas em janelas e portas ou redes de tecido (também conhecidas popularmente como “mosquiteiras”) também são uma parte essencial do kit de ferramentas para evitar mosquitos. Essas telas ou redes podem ser tratadas com inseticida para repelir ainda mais os insetos e elas podem resistir a várias lavagens, diz Fonseca, assim como as roupas tratadas com repelente. 

Você pode instalar telas anti-mosquitos nas janelas da sua casa ou apartamento, evitando além de mosquitos, também moscas e qualquer outro inseto voador (inclusive baratas-voadoras). 

Se você estiver acampando, também é possível instalar uma rede mosquiteira ao redor de sua barraca e é comum também ver esse tipo de rede ao redor de camas de crianças pequenas e bebês, para protegê-los de possíveis picadas.

  • Defenda seu território

Não basta proteger seu corpo dos insetos, é preciso também evitar que os mosquitos se multipliquem perto de você. Qualquer tipo de água parada pode criar um boom na população de mosquitos, portanto, evite deixar a água parada por longos períodos em seu quintal ou jardim.

“Locais comuns de reprodução de mosquitos em quintais são bandejas de vasos de flores, baldes ou barris com água de chuva, brinquedos que coletam água da chuva ou de irrigação, pneus de carro descartados e piscinas para cães ou crianças”, diz Huijben. "Mas os mosquitos podem se reproduzir em qualquer lugar, tendo sido encontrados até mesmo em vasos sanitários descartados!

“Às vezes, não é possível se livrar dessas fontes de água”, acrescenta. “Nesses casos, é possível protegê-las com telas, cobri-las ou, se necessário, adicionar controle biológico de larvas, como mosquito dunk ou pedaços de mosquito.”

  • Viagem de maneira inteligente

Antes de sair para as férias para locais quentes, consulte os sites dos órgãos responsáveis das cidades ou do país (no Brasil, sempre consulte a Anvisa e o site do Ministério da Saúde) para obter orientações específicas para evitar picadas de mosquito e doenças transmitidas por insetos.

Após retornar da viagem, você deve tomar cuidado extra para evitar o contato com mosquitos. Caso você contraia uma doença infecciosa em outra cidade ou no exterior – mesmo que não apresente sintomas – os mosquitos em sua área local poderão transmiti-la se o picarem.

O Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos recomenda que “se você tiver sintomas após uma viagem, incluindo febre, dor de cabeça, dores musculares e nas articulações e erupções cutâneas, consulte seu médico imediatamente e compartilhe seu histórico de viagem”.

Quaisquer que sejam seus planos para os próximos meses, não deixe de incorporar uma estratégia para reduzir seu contato com mosquitos. Esses insetos são abundantes e altamente adaptáveis, mas, com a abordagem correta, você pode permanecer livre de picadas ou, pelo menos, ser menos atingido por eles.

 

Fonte: National Geographic Brasil

 

Nenhum comentário: