Mantenha
os mosquitos afastados com dicas simples, respaldadas pela ciência
Em países
tropicais, como o Brasil, quase sempre faz calor e em períodos
úmidos, a situação fica ainda mais propícia para o aparecimento de todo tipo de mosquito – inclusive os
que transmitem doenças como dengue, febre amarela, entre
outras.
Alguns
com zumbidos característicos e picadas que causam coceira, os mosquitos
são uma das desvantagens mais temidas do clima quente que muitos
lugares estão enfrentando cada vez mais.
As
picadas de mosquito geralmente são um mero incômodo, mas alguns destes
insetos podem transmitir doenças que podem ser mortais,
como malária, Zika ou dengue. Ocasionalmente, as
picadas também podem causar sintomas mais graves, como inflamação, urticária ou
náusea.
Para
piorar a situação, algumas espécies de mosquitos estão se deslocando para
novos territórios como consequência da mudança climática e de outras
atividades humanas, o que torna ainda mais importante estar atento às suas
interações com esses insetos.
Felizmente,
os pesquisadores fizeram grandes avanços na compreensão do que atrai
certas espécies de mosquitos para os seres humanos e o que é
melhor fazer para repeli-los. Confira aqui algumas dicas práticas
para evitar picadas de mosquito, seja em casa ou na rua.
- Conheça o seu
inimigo
Para
evitar ou ao menos limitar as picadas de mosquito, vale a pena entender um
pouco sobre esses insetos sugadores de sangue e por que alguns
deles procuram os seres humanos em primeiro lugar.
“Existem
cerca de 3500 espécies de mosquitos, mas apenas algumas
são um problema significativo para os seres humanos”, escreve Dina
Fonseca, professora e ecologista molecular da Universidade Rutgers, em New
Jersey (Estados Unidos), que estuda carrapatos e mosquitos. “Diferentes
espécies de mosquitos têm preferências diferentes por grupos de
espécies, como mamíferos, répteis e aves.” Alguns até se alimentam do
sangue de sanguessugas, acrescenta ela.
Os mosquitos
que evoluíram para se alimentar de seres humanos podem sentir o calor
do nosso corpo e o dióxido de carbono que exalamos e selecionar os
hospedeiros preferidos com base no odor corporal.
Se você
é uma daquelas pessoas que os mosquitos sempre parecem te ter como alvo,
você não está louco – alguns humanos simplesmente “cheiram melhor” aos
mosquitos e os atraem do que outros – – não quer dizer que a pessoa
cheire mal, mas só que o seu odor é mais atraente para alguns mosquitos. Vale a
pena tomar precauções extras se você acha que tem a distinção especial de ser o
prato favorito de um mosquito.
- Use os
repelentes corretos
No que
diz respeito aos repelentes químicos para serem usados sobre a pele, há
alguns tipos mais eficazes contra os mosquitos, como os que contém
uma substância química chamada DEET (N-Dietil-meta-toluamida)
ou a icaridina, ambos indicados para repelir inclusive o Aedes aegypti (mosquito
transmissor da dengue e outras doenças) pela Anvisa – Agência Nacional de
Vigilância Sanitária no Brasil.
O DEET é
tradicional e conhecido por repelir uma série de insetos,
inclusive mosquitos, carrapatos, pulgas e
sanguessugas. “O DEET é muito indicado porque funciona cobrindo a maior parte
dos receptores de odor, tornando o mosquito ‘cego para o odor’ — além
disso, os efeitos duram”, afirma Fonseca. A duração da proteção depende da
concentração de DEET no repelente; essa informação está no rótulo do produto.
Já
os repelentes com icaridina como o principal princípio ativo
são os mais indicados para repelir os mosquito transmissor
da dengue, zika e chikungunya. A icaridina deriva da
pimenta e tem duração de cerca de dez horas, então pode ser aplicada uma
vez ao dia. Em estudos feitos até pela Universidade Estadual Paulista (Unesp)
de Botucatu, a substância a 25% apresentou-se como o repelente mais
eficiente.
Tanto a
icaridina quanto o DEET são seguros para uso em crianças e adultos, desde que
seja aplicado de acordo com as instruções do produto. Nunca inale ou
engula repelentes, pois o produto químico pode ser mortal se ingerido.
Os repelentes
com IR3535 possuem uma eficácia por menos tempo (cerca de duas a
quatro horas), mas também repelem diversos tipos de insetos e são os
únicos no Brasil autorizados para o uso em crianças pequenas de seis
meses a dois anos, como afirma a Agência Brasil.
Outros
repelentes comuns ou caseiros, como óleo de eucalipto-limão ou citronela,
também podem ser eficazes em alguns casos – porém não é eficaz para evitar
picadas do Aedes aegypti. No entanto, cada repelente interage com seu odor
corporal de forma diferente, portanto, vale a pena experimentar um pouco com os
produtos para encontrar o que funciona melhor para você.
- Escolha o
momento certo
Sua
exposição aos mosquitos depende da hora
do dia e da estação, portanto, vale a pena saber quando as espécies em sua
região são mais ativas entrando em contato com o programa local de
controle de mosquitos.
“Os
mosquitos são normalmente ativos durante o crepúsculo e o amanhecer, embora
isso varie de acordo com a espécie e a área onde você mora, portanto, evitar
ficar do lado de fora durante esses períodos ajudará a reduzir as picadas
de mosquito”, escreveu Silvie Huijben, professora associada da Universidade
Estadual do Arizona (Estados Unidos), especializada em biologia evolutiva de
mosquitos e seus patógenos, em um e-mail.
- Use roupas de
cores claras
A
escolha das peças do seu guarda-roupa também pode diminuir o número de
picadas. Roupas brancas ou em
tons claros, como calças cáqui, podem ajudar a afastar os insetos,
especialmente se você cobrir o máximo possível de sua pele.
Enquanto
isso, os mosquitos são mais atraídos por cores mais escuras,
como preto, azul-marinho ou vermelho, em comparação com tons mais
claros. Os cientistas propuseram vários motivos para essa preferência; os
mosquitos podem associar essas cores a seus ambientes escuros e sombrios
preferidos, e o vermelho, em particular, é a cor que seus olhos percebem em
todos os tons de pele humana.
- Montar uma tela
ou rede de proteção
As telas
em janelas e portas ou redes de tecido (também conhecidas popularmente
como “mosquiteiras”) também são uma parte essencial do kit de ferramentas
para evitar mosquitos. Essas telas ou
redes podem ser tratadas com inseticida para repelir ainda mais os
insetos e elas podem resistir a várias lavagens, diz Fonseca, assim como as
roupas tratadas com repelente.
Você
pode instalar telas anti-mosquitos nas janelas da sua casa ou
apartamento, evitando além de mosquitos, também moscas e qualquer outro
inseto voador (inclusive baratas-voadoras).
Se você
estiver acampando, também é possível instalar uma rede
mosquiteira ao redor de sua barraca e é comum também ver esse tipo de
rede ao redor de camas de crianças pequenas e bebês, para protegê-los de
possíveis picadas.
- Defenda seu
território
Não
basta proteger seu corpo dos insetos, é preciso também evitar que os mosquitos se
multipliquem perto
de você. Qualquer tipo de água parada pode criar um boom na população
de mosquitos, portanto, evite deixar a água parada por longos períodos em seu
quintal ou jardim.
“Locais
comuns de reprodução de mosquitos em quintais são bandejas de vasos de
flores, baldes ou barris com água de chuva, brinquedos que coletam água da
chuva ou de irrigação, pneus de carro descartados
e piscinas para cães ou crianças”, diz Huijben. "Mas
os mosquitos podem se reproduzir em qualquer lugar, tendo sido encontrados
até mesmo em vasos sanitários descartados!
“Às
vezes, não é possível se livrar dessas fontes de água”, acrescenta. “Nesses
casos, é possível protegê-las com telas, cobri-las ou, se necessário,
adicionar controle biológico de larvas, como mosquito dunk ou pedaços de
mosquito.”
- Viagem de
maneira inteligente
Antes
de sair para as férias para locais quentes, consulte os sites
dos órgãos responsáveis das cidades ou do país (no Brasil, sempre consulte a
Anvisa e o site do Ministério da Saúde) para obter orientações específicas
para evitar picadas de mosquito e doenças transmitidas por insetos.
Após
retornar da viagem, você deve tomar cuidado extra para evitar o
contato com mosquitos. Caso você contraia uma doença infecciosa em outra
cidade ou no exterior – mesmo que não apresente sintomas – os mosquitos em
sua área local poderão transmiti-la se o picarem.
O
Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos recomenda que “se
você tiver sintomas após uma viagem, incluindo febre, dor de cabeça, dores
musculares e nas articulações e erupções cutâneas, consulte seu médico
imediatamente e compartilhe seu histórico de viagem”.
Quaisquer
que sejam seus planos para os próximos meses, não deixe de incorporar uma
estratégia para reduzir seu contato com mosquitos. Esses insetos são abundantes
e altamente adaptáveis, mas, com a abordagem correta, você pode permanecer
livre de picadas ou, pelo menos, ser menos atingido por eles.
Fonte:
National Geographic Brasil
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