segunda-feira, 10 de março de 2025

Milei diz que Mercosul só enriqueceu indústrias brasileiras

O presidente da Argentina, Javier Milei, voltou a ameaçar retirar o país do Mercosul, ao afirmar, neste sábado, que o bloco econômico beneficiou apenas os industriais brasileiros e prejudicou a economia argentina.

Durante a abertura do Congresso argentino em 2025, Milei sugeriu que o país poderia abandonar o Mercosul para fechar um acordo comercial direto com os Estados Unidos.

"A única coisa que o Mercosul conseguiu, desde sua criação, foi enriquecer os grandes industriais brasileiros às custas do empobrecimento dos argentinos", disparou. "Para aproveitar a oportunidade de um acordo comercial com os EUA, precisamos estar dispostos a flexibilizar ou, até mesmo, sair do Mercosul", acrescentou o presidente.

A declaração marca mais um episódio de tensão dentro do bloco econômico, que reúne Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Bolívia. Em janeiro, Milei já havia declarado que a saída do Mercosul era uma possibilidade, caso isso facilitasse um tratado de livre-comércio com Washington.

A Argentina é um dos pilares do Mercosul e seu eventual rompimento com o bloco pode provocar grandes impactos econômicos.

O cientista político Maurício Santoro, especialista em relações internacionais, destaca que a parceria entre Brasil e Argentina é essencial para o comércio da região.

"O comércio bilateral entre os dois países foi de US$ 27 bilhões em 2024. O Brasil é o maior mercado para as exportações argentinas, e a Argentina, o terceiro maior destino das exportações brasileiras. Sem o Mercosul, esse comércio passaria a enfrentar tarifas e barreiras, encarecendo os produtos e pressionando ainda mais a inflação, que já é um problema grave em ambos os países", explica Santoro.

Além disso, o Mercosul não se limita a um acordo de livre-comércio: trata-se de uma união aduaneira, com regras comuns para importação de produtos de fora do bloco e negociações comerciais conjuntas, como as que ocorrem com a União Europeia. A saída da Argentina poderia reduzir o peso do Mercosul nas negociações globais e enfraquecer sua capacidade de atrair investimentos estrangeiros.

·        Alinhamento

Milei reforçou sua intenção de estreitar laços com os Estados Unidos, principalmente com o governo de Donald Trump, e mencionou que Elon Musk, dono da Tesla, da SpaceX e integrante do governo do republicano, tem adotado medidas inspiradas em sua política de desregulamentação.

Segundo Milei, Musk está liderando o Departamento de Eficiência Governamental (DOGE) nos EUA com uma abordagem similar à "motosserra", símbolo de sua estratégia para reduzir o tamanho do Estado argentino. "Os olhos do mundo estão voltados para a Argentina. Em alguns casos, estão até aplicando o que fizemos, como Elon Musk nos EUA. Desta vez, estamos na vanguarda do mundo", declarou o presidente argentino.

O Mercosul, criado em 1991, tem enfrentado desafios internos e externos, incluindo a resistência de países europeus, como a França, à ratificação do acordo de livre-comércio com a União Europeia. A possível saída da Argentina adicionaria mais instabilidade ao bloco, que já encara dificuldades para modernizar suas regras comerciais.

Para Santoro, embora o Mercosul ainda desempenhe um papel estratégico, algumas de suas políticas podem ser vistas como ultrapassadas. "O bloco nasceu em um contexto de forte protecionismo no Brasil e na Argentina. Hoje, há críticas sobre sua rigidez e falta de novos acordos comerciais", avalia o especialista.

A saída da Argentina poderia obrigar o Mercosul a se reformular, buscando acordos mais flexíveis e uma maior abertura comercial.

No entanto, caso a Argentina deixe o bloco sem um acordo bilateral com o Brasil, as consequências podem incluir maior inflação e dificuldades para exportadores e investidores.

Em seu discurso no Congresso, Milei também anunciou que a Argentina está perto de fechar um novo acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), que incluiria um empréstimo para eliminar os controles cambiais ainda este ano. Ele garantiu que o pagamento da dívida será feito por meio de um ajuste fiscal ainda mais rigoroso, com cortes nos gastos públicos.

Apesar de o presidente afirmar que seu programa econômico é "o mais bem-sucedido da história", sua política de austeridade já resultou no aumento da pobreza e do desemprego no país. A inflação caiu rapidamente, mas às custas de uma contração severa da economia e um impacto social significativo.

¨      “Não tinha arma na cabeça de ninguém”, diz Javier Milei sobre fim da memecoin LIBRA

Rompendo o silêncio após dias do colapso da memecoin $LIBRA, na qual ajudou a promover em sua conta no X, Javier Milei voltou a falar sobre o assunto em uma entrevista pública.

De acordo com ele, o caso está nas mãos da justiça, fato que ele mesmo confirmou, após pedir uma investigação total sobre o golpe.

Não durando nem 1 dia, a memecoin Libra arrasou as finanças de todos os seus investidores, que acreditaram que ela poderia ter o mesmo sucesso que a $TRUMP. Contudo, sem liquidez, o caso segue sob investigação por um possível rug pull.

·        “Ninguém foi obrigado e entrou quem quis”, veja o que disse Javier Milei sobre o colapso da memecoin Libra

Javier Milei participou de uma entrevista com o jornalista Luis Majul, do La Nacion, no último domingo (2). De acordo com ele, muita fofoca sobre o tema ocorreu no mundo, o que ele não gostou.

 “Minha impressão, minha opinião, parece um conjunto de fofocas de salão de beleza de pessoas despeitadas.”

Seguindo em sua explicação, Milei declarou que é um problema de terceiros com terceiros, ou seja, ele não tem relação nenhuma com o caso.

Ele ainda declarou que todos os investidores que entraram no golpe sob investigação o fizeram por sua própria conta e risco. Além disso, ele declarou que não havia armas apontadas para a cabeça de ninguém, se eximindo mais uma vez de qualquer culpa com o caso.

“Vamos à substância: um problema entre terceiros não é um problema meu, isso está claro. Não é um problema meu nem dos meus funcionários, ou seja, é um problema de terceiros com terceiros, como no caso ocorrido. Na verdade, a própria nota está cheia de condicionais, tomam cuidado para não afirmar nada concretamente, porque no fim das contas, não passa de fofocas de salão.

Dito isso, esse é um assunto que está na justiça, e cabe a ela provar os fatos. Eu não vou me envolver em fofocas de salão. São pessoas despeitadas, que talvez quisessem certas reuniões e não conseguiram. O que posso dizer? A verdade é essa. É um problema entre terceiros, que não tem nada a ver com meu governo.”

·         “Você é um economista e apoiou a criptomoeda, mas depois chamou de casino, não é estranho?”

O jornalista Luis ainda comparou a experiência de Javier Milei na economia com o apoio ao golpe, o que ele disse haver uma contradição.

“Não soa um pouco contraditório que o senhor, um economista experiente, tenha apoiado algo, depois tenha recuado e, finalmente, dito que isso se parece com um cassino? Se o apoio foi altruísta no início, mas depois foi comparado a um cassino, há uma contradição aí.”

Ao responder, Milei concordou que havia um ponto a ser esclarecido, mas partiu do ponto que ele não entende muito de criptomoedas.

“Meu foco é macroeconomia, crescimento com e sem dinheiro. Sei como fazer uma economia crescer e como reduzir a inflação, que é o que estou cumprindo agora.

Agora, quando se trata de finanças, eu compreendo o assunto, mas todo o universo das criptomoedas e dos tokens é um instrumento altamente sofisticado. Então, o primeiro ponto é que ninguém sabe tudo sobre tudo, cada um tem sua especialização. Essa é a realidade.”

Ele ainda tentou explicar o caso dizendo que os traders do mercado operam volatilidade, não importa se há valor ou não. Assim, ele disse que a empresa Alpargatas com ações listadas na bolsa de valores da Argentina foi negociada por anos, mesmo com a empresa já quebrada.

Milei disse ainda que o caso está nas mãos da justiça e que vai processar os jornalistas que mentiram sobre seu envolvimento com o caso no futuro.

 

¨      Presidente do Uruguai defende Mercosul após ameaça de Milei

"O que mais precisamos fortalecer formalmente e levar em conta é avançar, claro, sem que o Mercosul seja um obstáculo; então, como sempre, desde que o Mercosul nasceu, é uma tarefa diária tentar nos alinhar o máximo possível", disse Orsi.

O presidente afirmou que, embora haja vozes questionando o bloco, no que pareceu ser uma referência velada ao seu homólogo argentino, foi um desafio que os membros articularam "muito bem", mencionando a recente transferência de poder da presidência do bloco do Uruguai para a Argentina.

"Podemos compartilhar algumas objeções, enquanto outras podem ser mais analíticas", disse o uruguaio.

No último sábado (1º), ao abrir a nova sessão ordinária do Congresso, o presidente argentino Javier Milei confirmou que buscaria avançar para um acordo de livre comércio (ALC) com os Estados Unidos, mesmo que isso significasse sair do Mercosul.

"Para aproveitar esta oportunidade histórica que mais uma vez se nos apresenta [em referência à assinatura de um acordo com os EUA], temos que estar dispostos a ser flexíveis, ou mesmo, se necessário, a sair do Mercosul", disse Milei.

O chefe de Estado argentino, que se alinhou aos Estados Unidos desde o início de seu governo, e se declarou um fervoroso admirador do presidente norte-americano Donald Trump, argumentou que o bloco regional, que inclui Bolívia, Brasil, Paraguai e Uruguai, "só conseguiu enriquecer os grandes industriais brasileiros às custas do empobrecimento" dos cidadãos de seu país. 

Indústria argentina propõe fortalecer relação comercial com Brasil e vê acordo entre Mercosul e UE como oportunidade

A indústria argentina propôs o fortalecimento da relação comercial com o Brasil e indicou que o acordo recente feito entre o Mercosul e a União Europeia (UE) abre uma "possibilidade concreta" para melhorar o comércio e os investimentos no bloco econômico, que reúne cinco países sul-americanos.

As afirmações foram feitas em um relatório divulgado pela União Industrial Argentina (UIA) na última semana. O documento ainda reforça a importância de o Mercosul usar do acordo com a UE para melhorar firmemente sua oferta exportável e sua capacidade competitiva, bem como a necessidade de o país ter uma "atitude estratégica em suas relações internacionais".

"A Argentina mantém vínculos comerciais, tecnológicos e financeiros com uma variedade de países que exigem uma análise minuciosa de oportunidades e riscos", diz o documento, indicando, em um outro momento, a importância de o país fortalecer as relações comerciais com o Brasil por meio do "desenvolvimento de cadeias de valor regionais e atividades complementares".

O posicionamento da indústria argentina vem na contramão do que o presidente, Javier Milei, tem defendido para o país. No último fim de semana, o chefe de Estado voltou a ameaçar a saída da Argentina do Mercosul, afirmando que o bloco econômico enriqueceu apenas os brasileiros.

Essa não foi a primeira vez que Milei abordou o assunto. O presidente argentino tem tratado a saída do Mercosul como um passo importante para que a Argentina consiga fechar um acordo comercial com os Estados Unidos.

"O primeiro passo nesta trilha é a oportunidade histórica que temos de entrar em um acordo comercial com os EUA. Para aproveitar esta oportunidade histórica que nos é apresentada novamente, é necessário estar disposto a flexibilizar ou mesmo se for o caso sair do Mercosul, que a única coisa que conseguiu desde a sua criação é enriquecer os grandes industriais brasileiros às custas do empobrecimento dos argentinos", disse Milei.

Em janeiro, o presidente argentino já havia afirmado que acredita ser possível avançar em um acordo de livre-comércio com os Estados Unidos sem perder a aliança com o Mercosul, mas destacou retiraria o país do bloco, se necessário.

<><> Elogio ao Brasil

O relatório da UIA também cita o Brasil como um "exemplo notável" a ser seguido, dando destaque ao programa do governo federal Nova Indústria Brasil (NIB).

Lançado em janeiro de 2024, o programa foi criado como uma forma de tentar aumentar a capacidade competitiva da indústria brasileira até 2033. Para isso, as medidas prometem atacar dois problemas do setor: a desindustrialização e o desenvolvimento de produtos com baixa complexidade tecnológica.

A ideia, segundo o governo, é que a nova política industrial receba R$ 300 bilhões em financiamentos com linhas de crédito específicas para o setor.

No relatório, a indústria argentina afirma que o programa brasileiro se trata de um "relançamento da indústria", que inclui incorporar novas agendas focadas em tecnologia e criar condições para melhorar a competitividade do país no exterior.

"A prioridade do governo do Brasil é enfrentar desafios complexos, como as mudanças climáticas e sociais através do desenvolvimento econômico, onde o governo marca a necessidade da colaboração interministerial para que o plano seja executado", diz o documento da UIA.

 

Fonte: Correio Braziliense/LiveCoins/Sputnik Brasil/g1

 

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