Milei diz que
Mercosul só enriqueceu indústrias brasileiras
O
presidente da Argentina, Javier Milei, voltou a ameaçar retirar
o país do Mercosul, ao afirmar, neste sábado, que o bloco econômico beneficiou
apenas os industriais brasileiros e prejudicou a economia argentina.
Durante
a abertura do Congresso argentino em 2025, Milei sugeriu que o país poderia
abandonar o Mercosul para fechar um acordo comercial direto com os Estados
Unidos.
"A
única coisa que o Mercosul conseguiu, desde sua criação, foi enriquecer os
grandes industriais brasileiros às custas do empobrecimento dos
argentinos", disparou. "Para aproveitar a oportunidade de um acordo
comercial com os EUA, precisamos estar dispostos a flexibilizar ou, até mesmo,
sair do Mercosul", acrescentou o presidente.
A
declaração marca mais um episódio de tensão dentro do bloco econômico, que
reúne Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Bolívia. Em janeiro, Milei já
havia declarado que a saída do Mercosul era uma possibilidade, caso isso
facilitasse um tratado de livre-comércio com Washington.
A
Argentina é um dos pilares do Mercosul e seu eventual rompimento com o bloco
pode provocar grandes impactos econômicos.
O
cientista político Maurício Santoro, especialista em relações internacionais,
destaca que a parceria entre Brasil e Argentina é essencial para o comércio da
região.
"O
comércio bilateral entre os dois países foi de US$ 27 bilhões em 2024. O Brasil
é o maior mercado para as exportações argentinas, e a Argentina, o terceiro
maior destino das exportações brasileiras. Sem o Mercosul, esse comércio
passaria a enfrentar tarifas e barreiras, encarecendo os produtos e pressionando
ainda mais a inflação, que já é um problema grave em ambos os países",
explica Santoro.
Além
disso, o Mercosul não se limita a um acordo de livre-comércio: trata-se de uma
união aduaneira, com regras comuns para importação de produtos de fora do bloco
e negociações comerciais conjuntas, como as que ocorrem com a União Europeia. A
saída da Argentina poderia reduzir o peso do Mercosul nas negociações globais e
enfraquecer sua capacidade de atrair investimentos estrangeiros.
·
Alinhamento
Milei
reforçou sua intenção de estreitar laços com os Estados Unidos, principalmente
com o governo de Donald Trump, e mencionou que Elon Musk, dono da Tesla, da
SpaceX e integrante do governo do republicano, tem adotado medidas inspiradas
em sua política de desregulamentação.
Segundo
Milei, Musk está liderando o Departamento de Eficiência Governamental (DOGE)
nos EUA com uma abordagem similar à "motosserra", símbolo de sua
estratégia para reduzir o tamanho do Estado argentino. "Os olhos do mundo
estão voltados para a Argentina. Em alguns casos, estão até aplicando o que
fizemos, como Elon Musk nos EUA. Desta vez, estamos na vanguarda do
mundo", declarou o presidente argentino.
O
Mercosul, criado em 1991, tem enfrentado desafios internos e externos,
incluindo a resistência de países europeus, como a França, à ratificação do
acordo de livre-comércio com a União Europeia. A possível saída da Argentina
adicionaria mais instabilidade ao bloco, que já encara dificuldades para
modernizar suas regras comerciais.
Para
Santoro, embora o Mercosul ainda desempenhe um papel estratégico, algumas de
suas políticas podem ser vistas como ultrapassadas. "O bloco nasceu em um
contexto de forte protecionismo no Brasil e na Argentina. Hoje, há críticas
sobre sua rigidez e falta de novos acordos comerciais", avalia o
especialista.
A
saída da Argentina poderia obrigar o Mercosul a se reformular, buscando acordos
mais flexíveis e uma maior abertura comercial.
No
entanto, caso a Argentina deixe o bloco sem um acordo bilateral com o Brasil,
as consequências podem incluir maior inflação e dificuldades para exportadores
e investidores.
Em
seu discurso no Congresso, Milei também anunciou que a Argentina está perto de
fechar um novo acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), que incluiria
um empréstimo para eliminar os controles cambiais ainda este ano. Ele garantiu
que o pagamento da dívida será feito por meio de um ajuste fiscal ainda mais
rigoroso, com cortes nos gastos públicos.
Apesar
de o presidente afirmar que seu programa econômico é "o mais bem-sucedido
da história", sua política de austeridade já resultou no aumento da
pobreza e do desemprego no país. A inflação caiu rapidamente, mas às custas de
uma contração severa da economia e um impacto social significativo.
¨ “Não tinha
arma na cabeça de ninguém”, diz Javier Milei sobre fim da memecoin LIBRA
Rompendo o
silêncio após dias do colapso da memecoin $LIBRA, na qual ajudou a promover em
sua conta no X, Javier Milei voltou a falar sobre o assunto em uma entrevista pública.
De acordo com
ele, o caso está nas mãos da justiça, fato que ele mesmo confirmou, após pedir
uma investigação total sobre o golpe.
Não durando nem
1 dia, a memecoin Libra arrasou as finanças de todos os seus investidores, que
acreditaram que ela poderia ter o mesmo sucesso que a $TRUMP. Contudo, sem
liquidez, o caso segue sob investigação por um possível rug pull.
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“Ninguém foi obrigado e entrou quem quis”, veja o
que disse Javier Milei sobre o colapso da memecoin Libra
Javier Milei
participou de uma entrevista com o jornalista Luis Majul, do La Nacion, no
último domingo (2). De acordo com ele, muita fofoca sobre o tema ocorreu no
mundo, o que ele não gostou.
“Minha impressão, minha opinião,
parece um conjunto de fofocas de salão de beleza de pessoas despeitadas.”
Seguindo em sua
explicação, Milei declarou que é um problema de terceiros com terceiros, ou
seja, ele não tem relação nenhuma com o caso.
Ele ainda declarou que todos os
investidores que entraram no golpe sob investigação o fizeram por sua própria
conta e risco. Além disso, ele declarou que não havia armas
apontadas para a cabeça de ninguém, se eximindo mais uma vez de qualquer culpa
com o caso.
“Vamos à substância: um problema entre terceiros não é um problema meu,
isso está claro. Não é um problema meu nem dos meus funcionários, ou seja, é um
problema de terceiros com terceiros, como no caso ocorrido. Na verdade, a
própria nota está cheia de condicionais, tomam cuidado para não afirmar nada
concretamente, porque no fim das contas, não passa de fofocas de salão.
Dito isso, esse
é um assunto que está na justiça, e cabe a ela provar os fatos. Eu não vou me
envolver em fofocas de salão. São pessoas despeitadas, que talvez quisessem
certas reuniões e não conseguiram. O que posso dizer? A verdade é essa. É um
problema entre terceiros, que não tem nada a ver com meu governo.”
·
“Você é um
economista e apoiou a criptomoeda, mas depois chamou de casino, não é
estranho?”
O jornalista
Luis ainda comparou a experiência de Javier Milei na economia com o apoio ao
golpe, o que ele disse haver uma contradição.
“Não soa um pouco contraditório que o senhor, um economista experiente,
tenha apoiado algo, depois tenha recuado e, finalmente, dito que isso se parece
com um cassino? Se o apoio foi altruísta no início, mas depois foi comparado a
um cassino, há uma contradição aí.”
Ao responder,
Milei concordou que havia um ponto a ser esclarecido, mas partiu do ponto que
ele não entende muito de criptomoedas.
“Meu foco é macroeconomia, crescimento com e sem dinheiro. Sei como fazer
uma economia crescer e como reduzir a inflação, que é o que estou cumprindo
agora.
Agora, quando se
trata de finanças, eu compreendo o assunto, mas todo o universo das
criptomoedas e dos tokens é um instrumento altamente sofisticado. Então, o
primeiro ponto é que ninguém sabe tudo sobre tudo, cada um tem sua
especialização. Essa é a realidade.”
Ele ainda tentou
explicar o caso dizendo que os traders do mercado operam volatilidade, não
importa se há valor ou não. Assim, ele disse que a empresa Alpargatas com ações
listadas na bolsa de valores da Argentina foi negociada por anos, mesmo com a
empresa já quebrada.
Milei disse
ainda que o caso está nas mãos da justiça e que vai processar os jornalistas
que mentiram sobre seu envolvimento com o caso no futuro.
¨ Presidente do Uruguai defende Mercosul
após ameaça de Milei
"O que mais precisamos fortalecer formalmente e levar em conta é
avançar, claro, sem que o Mercosul seja um obstáculo; então, como sempre, desde
que o Mercosul nasceu, é uma tarefa diária tentar nos alinhar o máximo
possível", disse Orsi.
O presidente afirmou que, embora haja vozes questionando o bloco, no que
pareceu ser uma referência velada ao seu homólogo argentino, foi um desafio que
os membros articularam "muito bem", mencionando a recente
transferência de poder da presidência do bloco do Uruguai para a Argentina.
"Podemos compartilhar algumas objeções, enquanto outras podem ser
mais analíticas", disse o uruguaio.
No último sábado (1º), ao abrir a nova sessão ordinária do Congresso, o
presidente argentino Javier Milei confirmou que buscaria avançar para um acordo
de livre comércio (ALC) com os Estados Unidos, mesmo que isso significasse sair
do Mercosul.
"Para aproveitar esta oportunidade histórica que mais uma vez se
nos apresenta [em referência à assinatura de um acordo com os EUA], temos que
estar dispostos a ser flexíveis, ou mesmo, se necessário, a sair do
Mercosul", disse Milei.
O chefe de Estado argentino, que se alinhou aos Estados Unidos desde o
início de seu governo, e se declarou um fervoroso admirador do presidente
norte-americano Donald Trump, argumentou que o bloco regional, que inclui
Bolívia, Brasil, Paraguai e Uruguai, "só conseguiu enriquecer os grandes
industriais brasileiros às custas do empobrecimento" dos cidadãos de seu
país.
Indústria
argentina propõe fortalecer relação comercial com Brasil e vê acordo entre
Mercosul e UE como oportunidade
A
indústria argentina propôs o fortalecimento da relação comercial com o Brasil e
indicou que o acordo recente feito entre o
Mercosul e a União Europeia (UE) abre uma "possibilidade
concreta" para melhorar o comércio e os investimentos no bloco econômico,
que reúne cinco países sul-americanos.
As
afirmações foram feitas em um relatório divulgado pela União Industrial
Argentina (UIA) na última semana. O documento ainda reforça a importância de
o Mercosul usar do
acordo com a UE para melhorar firmemente sua oferta exportável e sua capacidade
competitiva, bem como a necessidade de o país ter uma "atitude estratégica
em suas relações internacionais".
"A
Argentina mantém vínculos comerciais, tecnológicos e financeiros com uma
variedade de países que exigem uma análise minuciosa de oportunidades e
riscos", diz o documento, indicando, em um outro momento, a importância de
o país fortalecer as relações comerciais com o Brasil por meio do "desenvolvimento
de cadeias de valor regionais e atividades complementares".
O
posicionamento da indústria argentina vem na contramão do que o
presidente, Javier Milei, tem defendido
para o país. No último fim de semana, o chefe de Estado voltou a ameaçar a saída da
Argentina do Mercosul, afirmando que o bloco econômico enriqueceu apenas
os brasileiros.
Essa
não foi a primeira vez que Milei abordou o assunto. O presidente argentino tem
tratado a saída do Mercosul como um passo importante para que a
Argentina consiga fechar um acordo comercial com os Estados Unidos.
"O
primeiro passo nesta trilha é a oportunidade histórica que temos de entrar em
um acordo comercial com os EUA. Para aproveitar esta oportunidade histórica que
nos é apresentada novamente, é necessário estar disposto a flexibilizar ou
mesmo se for o caso sair do Mercosul, que a única coisa que conseguiu desde a
sua criação é enriquecer os grandes industriais brasileiros às custas do
empobrecimento dos argentinos", disse Milei.
Em
janeiro, o presidente argentino já havia afirmado que acredita ser possível avançar em um acordo de
livre-comércio com os Estados Unidos sem perder a
aliança com o Mercosul, mas destacou retiraria o país do bloco, se necessário.
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Elogio ao Brasil
O
relatório da UIA também cita o Brasil como um "exemplo notável" a ser
seguido, dando destaque ao programa do governo federal
Nova Indústria Brasil (NIB).
Lançado
em janeiro de 2024, o programa foi criado como uma forma de tentar aumentar a
capacidade competitiva da indústria brasileira até 2033. Para isso, as medidas
prometem atacar dois problemas do setor: a desindustrialização e o
desenvolvimento de produtos com baixa complexidade tecnológica.
A
ideia, segundo o governo, é que a nova política industrial receba
R$ 300 bilhões em
financiamentos com linhas de crédito específicas para o setor.
No
relatório, a indústria argentina afirma que o programa brasileiro se trata de
um "relançamento da indústria", que inclui incorporar novas agendas
focadas em tecnologia e criar condições para melhorar a competitividade do país
no exterior.
"A
prioridade do governo do Brasil é enfrentar desafios complexos, como as
mudanças climáticas e sociais através do desenvolvimento econômico, onde o
governo marca a necessidade da colaboração interministerial para que o plano
seja executado", diz o documento da UIA.
Fonte: Correio Braziliense/LiveCoins/Sputnik
Brasil/g1
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