7 destaques do
discurso de Trump no Congresso
O presidente dos Estados Unidos, Donald
Trump, fez um discurso na noite de terça-feira (04/03) em uma sessão
conjunta do Congresso pela primeira vez desde que voltou ao poder, no qual
delineou sua visão para seu segundo mandato. "O sonho americano é
imparável", disse Trump no mais longo discurso presidencial já registrado
no Congresso, com uma hora e 40 minutos. Ele foi vaiado pelos democratas e
aplaudido pelos republicanos presentes. Em seis semanas de governo, o
presidente republicano agiu para cortar empregos entre os servidores
públicos, reprimir a imigração, impor tarifas aos maiores parceiros
comerciais dos EUA e colocar a aliança transatlântica em
xeque por causa da guerra na Ucrânia.
<><> Confira
abaixo alguns dos principais pontos do discurso de Trump no Congresso.
1. Guerra comercial
e ameaça ao Brasil
Trump falou sobre a
guerra comercial que ele iniciou esta semana, incluindo tarifas de 25% sobre o México e o
Canadá.
Na quarta-feira (5/3), porém, o governo americano recuou
parcialmente e
ofereceu isenção, por um mês, para empresas automotivas que importem ou
exportem do Canadá e do México. O presidente também impôs tarifas de 10% sobre
as importações chinesas. Após dias de turbulência nos mercados, que receberam
mal as medidas, Trump minimizou as potenciais consequências econômicas da
guerra comercial. No momento em que ele tocou no assunto, Trump foi menos
aplaudido no Congresso. Muitos republicanos permaneceram sentados — um sinal de
que as tarifas de Trump dividiram o partido. "As tarifas são sobre tornar
a América rica novamente e tornar a América grande novamente", disse
Trump. "E está acontecendo. E vai acontecer bem rápido. Haverá uma pequena
perturbação, mas estamos bem com isso. Não será muito." Trump fez uma
menção ao Brasil: "Em média, a União Europeia, China, Brasil, Índia,
México, Canadá e inúmeras outras nações nos cobram tarifas muito mais altas do
que cobramos deles, o que é extremamente injusto". Trump disse que tarifas
recíprocas aos parceiros comerciais dos EUA entrarão em vigor em 2 de abril. "No
dia 2 de abril, entram em vigor tarifas recíprocas, e qualquer tarifa que nos
impuserem, nós também imporemos a eles... qualquer imposto que nos cobrarem,
nós os taxaremos. Se usarem barreiras não monetárias para nos manter fora de
seus mercados, então usaremos barreiras não monetárias para mantê-los fora do
nosso mercado".
2. "Vamos
tomar a Groenlândia de um jeito ou outro"
Trump disse no
discurso: "Esta noite também tenho uma mensagem para o povo incrível da
Groenlândia. Apoiamos fortemente o seu direito de determinar seu futuro. E se
escolherem fazer isso, nós os receberemos nos Estados Unidos", disse
Trump, em um aceno aos 56 mil habitantes do país, a maioria do povo Inuit. A
ilha, a maior do mundo, é um território autônomo da Dinamarca. Em outras
ocasiões, Trump havia dito que a Dinamarca deve desistir de interferir no
território para, em suas palavras, "proteger o mundo livre". Ele
voltou a falar sobre o assunto no discurso no Congresso. "Precisamos da
Groenlândia para a segurança nacional e até mesmo para a segurança
internacional. Estamos trabalhando com todos os envolvidos para tentar obtê-la.
Realmente precisamos dela para a segurança global e acho que vamos obtê-la.
Vamos obtê-la de um jeito ou de outro", disse ele no Capitólio.m"Nós
os manteremos seguros. E os faremos ricos." A Groenlândia é de importância
estratégica para os EUA, pois fica na rota mais curta para a Europa. Além
disso, contém reservas significativas de minerais e petróleo.
3. Uma "carta
importante" de Zelensky
Trump disse que
recebeu uma "carta importante" do líder da Ucrânia no início do dia,
que parecia corresponder ao que Volodymyr Zelensky postou publicamente nas
redes sociais. O presidente da Ucrânia disse que estava pronto para trabalhar
sob a "forte liderança" de Trump para acabar com a guerra e "ir
à mesa de negociações o mais rápido possível para trazer uma paz duradoura mais
perto". "Agradeço que ele tenha enviado esta carta", disse Trump
aos parlamentares americanos. Zelensky aceitou os termos americanos um dia
depois de Trump suspender toda a ajuda militar ao sitiado aliado dos EUA. Isso
ocorreu após uma reunião acalorada na Casa Branca na semana passada, quando os
dois líderes discutiram diante das câmeras de TV, antes de cancelar os planos
de assinar um acordo de minérios que permitiria aos EUA lucrar com uma parceria
econômica envolvendo os recursos naturais da Ucrânia. Analistas diziam que
Trump esperava anunciar durante seu discurso ao Congresso que o acordo havia
sido finalmente fechado. Mas isso não aconteceu.
4. Obrigado a Elon
Musk
Trump fez uma
menção especial ao bilionário Elon Musk, que estava assistindo da galeria, no
início de seu discurso. Musk lidera a força-tarefa do recém-criado Departamento
de Eficiência Governamental (Doge, na sigla em inglês) que demitiu dezenas de
milhares de servidores públicos e cortou bilhões de dólares em ajuda externa e
em programas em todo o governo federal. O empresário da SpaceX e da Tesla,
vestindo um terno escuro com uma gravata azul, levantou-se para receber
aplausos da plateia de parlamentares. "Obrigado, Elon", disse o
presidente. "Ele está trabalhando muito duro. Ele não precisava
disso." Trump continuou listando alguns exemplos de gastos desnecessários
que ele disse terem sido eliminados pela iniciativa de corte de custos de Musk,
provocando risos dos republicanos. "Oito milhões de dólares para promover
LGBTQI+ na nação africana de Lesoto, da qual ninguém nunca ouviu falar",
disse Trump. Os parlamentares democratas seguraram cartazes dizendo "Musk
rouba" e "mentira". O Doge afirma já ter economizado US$ 105
bilhões, mas esse número não pode ser verificado de forma independente. Dados
foram publicados mostrando economias de US$ 18,6 bilhões, mas erros contábeis
foram relatados por veículos de imprensa dos EUA que analisaram os números.
5. Democratas vaiam
Trump
Nos primeiros cinco
minutos do discurso, o deputado democrata Al Green, do Texas, foi escoltado
para fora da Câmara após se recusar a cumprir as exigências do presidente da
Câmara de parar de importunar o presidente, tomando seu assento. Enquanto Trump
falava, outros democratas seguravam cartazes dizendo "Isso é
mentira". Com os republicanos no controle da Casa Branca, Câmara dos
Representantes e Senado, os democratas ainda não têm uma liderança clara no
partido para tentar conter a onda de medidas do governo Trump. Muitas mulheres
democratas chegaram à Câmara vestindo terninhos rosa em protesto. Dezenas de
seu partido — algumas delas usando as palavras "Resista" impressas
nas costas de suas camisas — deixaram a Câmara durante o discurso do
presidente. "Não há absolutamente nada que eu possa dizer para fazê-los
felizes", disse Trump, aparentemente feliz com o rancor dos democratas. A
liderança democrata escolheu Elissa Slotkin — senadora de primeiro mandato do
Michigan, Estado em que a vitória eleitoral de Trump foi relativamente apertada
— para entregar a resposta oficial do partido às políticas do governo. Ela
acusou Trump de uma "doação sem precedentes para seus amigos
bilionários" e alertou que "ele poderia nos levar direto para uma
recessão".
6. Combate à
imigração e homenagem
Durante o discurso,
Trump anunciou que renomeou um refúgio de vida selvagem do Texas em homenagem a
uma garota de Houston que foi supostamente morta por imigrantes indocumentados.
Jocelyn Nungaray, de 12 anos, foi encontrada morta em junho de 2024 após ser
dada como desaparecida. Alexis Nungaray, sua mãe, foi convidada pela
primeira-dama Melania Trump a assistir ao discurso do presidente. Na sua posse,
em janeiro, Trump prometeu que seu governo começaria a deportar "milhões e
milhões" de imigrantes com antecedentes criminais. O número de migrantes
cruzando ilegalmente a fronteira sul caiu no mês passado para o menor nível em
pelo menos 25 anos. Mas o presidente republicano teria ficado frustrado com o
ritmo das remoções, que até agora não conseguiram superar os números de deportados
durante o último ano de seu antecessor, Joe Biden.
7. Trump culpa
Biden pelos preços dos ovos
O aumento do custo
dos ovos tem sido manchete nas últimas semanas nos EUA. E Trump — que prometeu
aos eleitores que acabaria com a inflação — deixou claro quem ele considerava
responsável. "Como vocês sabem, herdamos, da última administração, uma
catástrofe econômica e um pesadelo de inflação", disse Trump. "Joe
Biden, especialmente, deixou o preço dos ovos sair do controle — e estamos
trabalhando duro para baixá-lo novamente." Os preços dos ovos dispararam
sob Biden, pois seu governo ordenou que milhões de aves fossem abatidas no ano
passado em meio a um surto de gripe aviária. Os preços continuaram subindo no
começo da presidência de Trump. A inflação anual subiu ligeiramente para 3% no
mês passado, mas bem abaixo do pico de 9,1% em 2022. Apenas um em cada três
americanos aprova a forma como Trump lida com o custo de vida, de acordo com
uma pesquisa da Reuters/Ipsos divulgada na terça-feira.
¨ Checagem:
as mentiras de Trump em discurso ao Congresso
O presidente dos Estados
Unidos, Donald Trump, fez na noite de terça-feira (04/03) seu primeiro pronunciamento ao Congresso americano desde que assumiu o segundo mandato, congratulando-se com
realizações do seu governo nos últimos 43 dias. "Estamos só
começando", anunciou.
Mas várias afirmações
incluíam exageros ou dados completamente falsos em temas como ajuda financeira
à Ucrânia, clima, imigração e até a história do Canal do Panamá. A DW e a
agência AP verificaram algumas das afirmações.
<><> EUA
forneceram mais ajuda à Ucrânia do que os europeus?
>>>> Afirmação:
"Gastamos talvez 350
bilhões de dólares. [...] E eles [os europeus] gastaram US$ 100 bilhões [...]
Biden aprovou mais dinheiro para essa luta do que a Europa gastou", disse
o republicano Trump, fazendo referência ao seu antecessor imediato na
presidência, o democrata Joe Biden.
>>>> Verificação de fatos da DW: Falso.
Donald Trump tem feito essa
afirmação repetidamente desde fevereiro, mas nunca forneceu nenhuma prova. As
fontes disponíveis publicamente relatam números bem diferentes: De acordo com o
Instituto Kiel para a Economia Mundial (IfW), um think tank alemão que monitora
os gastos ocidentais com a Ucrânia, a ajuda financeira dos EUA aos ucranianos
de fevereiro de 2022 até 31 de dezembro de 2024 somou 114 bilhões de dólares.
Em contrapartida, a Europa
(incluindo a Turquia) direcionou nesse mesmo período 132 bilhões de dólares.
Portanto a proporção de ajuda à Ucrânia entre os EUA e a Europa é completamente
diferente do que Trump está retratando. Os números estão disponíveis no Ukraine Support Tracker, que o
IfW disponibiliza na internet para divulgar a ajuda militar, financeira e
humanitária para a Ucrânia.
O IfW leva em conta
apenas o apoio fornecido diretamente, portanto seus números diferem de
outras pesquisas, em que outros gastos são registrados, como o
reabastecimento dos estoques de armas dos EUA após entregas à Ucrânia.
Mas dados do próprio governo
dos EUA sobre a ajuda à Ucrânia tampouco coincidem com os números de Trump. De
acordo com o Ukraine Oversight Working Group de Washington, a contribuição
americana para a ajuda à Ucrânia totalizou 203 bilhões de dólares.
"Desde a invasão em
ampla escala da Rússia na Ucrânia, em fevereiro de 2022, o Congresso aprovou ou
disponibilizou quase 183 bilhões para a Operação Atlantic Resolve e a resposta
mais ampla da Ucrânia. Além disso, os Estados Unidos forneceram 20 bilhões de
dólares em empréstimos sob a iniciativa de aceleração de receita extraordinária
das nações do G7”. O Departamento de Defesa dos EUA também informa o mesmo
valor, de cerca de US$ 183 bilhões.
A questão de quanto cada
país gastou com a Ucrânia depende também de quais serviços estão incluídos. Com
base no cálculo padronizado do Ukraine Support Tracker, as nações da Europa,
incluindo as instituições da União Europeia, forneceram muito mais ajuda à
Ucrânia do que os EUA.
<><> Acordo
Climático de Paris custou trilhões de dólares para os EUA?
>>>> Afirmação:
"Eu retirei [os EUA] do injusto Acordo
Climático de Paris, que nos custou trilhões de dólares, que outros países não
pagaram", disse Trump no pronunciamento.
>>>> Verificação de fato da DW: Falso.
O Acordo Climático de Paris
entrou em vigor em novembro de 2016. Seu principal objetivo é garantir que a
temperatura média global não aumente mais de 2°C, ou, de preferência, apenas
1,5°C, em comparação com os níveis pré-industriais. De cinco em cinco
anos, cada país decide o que quer fazer para reduzir as emissões de gases de efeito
estufa. Se essas metas não são atingidas, não há punição: os compromissos são
voluntários.
É verdade que a luta contra
as mudanças climáticas custa muito dinheiro. Não apenas para as tecnologias que
reduzem as emissões de gases de efeito estufa: também são necessários
fundos financeiros para o mundo se adaptar às consequências das mudanças
climáticas e para lidar com ondas de calor mais extremas, secas mais frequentes
ou furacões mais devastadores. De acordo com o pacto, os países mais ricos são
particularmente solicitados a apoiar financeiramente outros mais afetados pelas
mudanças climáticas, mas que têm menos recursos à disposição.
Por exemplo, há o Fundo
Verde para o Clima (GCF), formulado antes do Acordo Climático de Paris. Em
2014, o então presidente dos EUA, Barack Obama, anunciou que queria direcionar
3 bilhões de dólares ao GCF. Em 2023, a então vice-presidente dos EUA, Kamala
Harris, prometeu ao GCF mais 3 bilhões de dólares. Naquela época, 2 bilhões de
dólares do valor prometido por Obama haviam sido efetivamente pagos.
Entretanto, as cartas de
intenção e promessas não se traduzem necessariamente em pagamentos. Os fundos
devem ser aprovados pelo Congresso dos EUA. Até o fim de 2024, de acordo
com o GCF, a segunda carta de intenção dos EUA não havia sido convertida em
pagamentos.
No início de sua
presidência, em 2021, Joe Biden anunciou que investiria 11,4 bilhões de dólares
anualmente em projetos climáticos em todo o mundo até 2024, não incluindo
apenas o GCF. De acordo com o Departamento de Estado dos EUA, o país gastou 1,5
bilhão de dólares nesses projetos em 2021. Esse valor subiu para 5,8 bilhões de
dólares em 2022 e 9,5 bilhões de dólares em 2023. Para 2024 Biden havia
prometido 11 bilhões.
Dessa forma, nesses anos
todos, o valor total gasto pelos EUA em programas internacionais de proteção
climática somou efetivamente 27,5 bilhões de dólares. Mesmo se fossem incluindo
números de outros anos, os EUA nunca chegariam perto
dos "trilhões" que afirma Trump.
<><> 38 mil
americanos morreram durante a construção do Canal do Panamá?
>>>> Afirmação:
"O Canal do Panamá foi
construído pelos americanos para os americanos, não para os outros. Mas outros
poderiam usá-lo. Mas foi construído a um custo enorme em sangue e riqueza
americanos; 38 mil trabalhadores morreram na construção do Canal do Panamá
[...] Nós o demos ao Panamá e vamos pegá-lo de volta", disse Trump. O
Canal passou para o controle dos panamenhos em 1999.
>>>> Verificação de fatos da DW: Falso.
Em primeiro lugar, a
transferência do controle Canal do Panamá não foi um presente dos EUA para o
Panamá, como Trump tem afirmado repetidamente, mas o resultado de longas
negociações. A transferência foi baseada em dois acordos: o Tratado do Canal do
Panamá, estipulando que o controle dos EUA terminaria em 31 de dezembro de
1999, e o Tratado de Neutralidade, segundo qual "após o término do Tratado
do Canal do Panamá, somente a República do Panamá poderá operar o canal".
Com relação à declaração de
Trump de que o canal foi construído por americanos, 38 mil dos quais teriam
morrido no processo: os números reais são bem menores, especialmente para
a fase de construção que envolveu diretamente os EUA, entre 1904 e 1914.
As condições de trabalho
durante a construção do Canal do Panamá, que foi iniciada pelos franceses entre
1881 e 1889, eram extremamente difíceis para os padrões atuais. A carga de
trabalho, mas também doenças, provocaram muitas mortes nos canteiros de obras.
O site da Autoridade do
Canal do Panamá informa, porém, que os mortos somaram mais de 25 mil nas
duas fases da construção: a primeira dirigida pelos franceses, e a
segunda, pelos americanos. Mais de 20 mil desse total de mortos foi registrado
na fase francesa, que terminou em 1889.
Os americanos assumiram a
construção em 1904. De acordo com registros hospitalares, 5.609 operários
morreram de doenças e acidentes durante o período americano, quando havia mais
de 55 mil empregados. A maioria esmagadora dessas mortes, segundo
historiadores, foi de cidadãos de países do Caribe, e não americanos. "O
número de americanos brancos que morreram foi cerca de 350", apontou o
historiador David McCullough, num livro sobre a construção do canal.
<><> Números
sobre imigração
>>>> Afirmação:
"Nos últimos quatro
anos, 21 milhões de pessoas entraram nos Estados Unidos. Muitas delas eram
assassinos, traficantes de pessoas, membros de gangues", disse Trump, que
fez do combate à imigração irregular uma das suas principais bandeiras de
campanha.
>>>> Verificação de fatos da agência de
notícias AP: Falso
O número, que Trump cita
regularmente, é altamente inflado. A Alfândega e a Proteção de Fronteiras dos
EUA registraram mais de 10,8 milhões de prisões por travessias ilegais a partir
do México de janeiro de 2021 até dezembro de 2024.
Mas isso são prisões, não
pessoas. Sob restrições de asilo durante a pandemia de pandemia de covid-19,
muitos atravessaram mais de uma vez até conseguir, pois não havia consequências
legais para quem fosse mandado de volta ao México. Portanto, o número de
indivíduos é menor do que o de detenções.
Também não há indicações de
que outros países estejam enviando seus criminosos ou portadores
de doenças mentais através da fronteira, apesar das alegações de Trump.
Fonte: BBC News/DW Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário