quinta-feira, 23 de janeiro de 2025

Elias Tavares: O tabuleiro agora é outro - os desafios de comunicação do governo Lula 3

A comunicação política no Brasil passou por mudanças significativas desde os tempos em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva desfrutava de ampla aprovação popular. Ao deixar o governo em 2010, com uma aprovação histórica de 83% segundo o Datafolha, a estratégia de comunicação era centralizada e eficaz. A Secretaria de Comunicação Social (SECOM) desempenhava um papel essencial ao investir substancialmente em propaganda institucional, direcionando recursos públicos para emissoras de televisão, jornais e revistas. Esse modelo garantiu que programas como o PAC, Minha Casa Minha Vida e o Bolsa Família tivessem grande visibilidade e conquistassem a população.

No entanto, o cenário em 2025, durante o terceiro mandato de Lula, é distinto. O cientista político Elias Tavares observa que a dinâmica da comunicação política foi completamente transformada pela ascensão das redes sociais e da internet. “Anteriormente, a população consumia principalmente televisão, uma mídia linear e controlada. O governo produzia a narrativa, a mídia transmitia e o público absorvia. Hoje, vivemos a era da comunicação descentralizada, onde a narrativa é fragmentada e interativa”, analisa Tavares.

Essa mudança no “tabuleiro” expõe a dificuldade do governo Lula 3 em se adaptar à nova realidade. Programas que tentam resgatar o impacto de iniciativas passadas, como o ‘Pé de Meia’, não conseguem ganhar adesão. Mesmo com tentativas de modernização, o modelo de comunicação permanece enraizado em uma estrutura que não dialoga com as dinâmicas das plataformas digitais.

A rejeição ao governo é crescente. Segundo pesquisa recente do instituto Gerp, 50% da população desaprova a gestão atual, enquanto apenas 38% a aprovam. Esses números refletem não apenas uma insatisfação com os resultados do governo, mas também uma desconexão significativa com o eleitorado.

Recentemente, um vídeo do deputado federal Nikolas Ferreira sobre o Pix viralizou nas redes sociais, alcançando mais de 300 milhões de visualizações. Esse episódio evidenciou a capacidade de atores políticos em utilizar as redes para moldar narrativas e impôs uma derrota simbólica ao governo, que não conseguiu responder com a mesma eficácia.

Em resposta às novas demandas comunicacionais, a SECOM anunciou, em abril de 2024, a contratação de quatro agências de publicidade para gerir as redes sociais do governo federal, com um investimento de R$ 197,7 milhões. Essa medida busca modernizar a comunicação governamental e melhorar a interação com a população nas plataformas digitais.

Uma das alternativas cogitadas pelo governo é a regulamentação das redes sociais, uma pauta que gera debates acalorados. Para Tavares, essa tentativa demonstra mais um esforço para recuperar o controle perdido do que um real entendimento das novas regras do jogo. “O governo não soube se adaptar à nova comunicação. Em vez de aprender a jogar nesse tabuleiro, tenta regular as redes, o que pode ser visto como uma postura defensiva e desatualizada”, pondera.

O cientista político também destaca que o problema é estrutural. “A comunicação política hoje exige agilidade, conexão direta e narrativas que ressoem nas redes. Sem isso, qualquer governo estará destinado a enfrentar crises de imagem e rejeição”, conclui Tavares.

Enquanto isso, o governo Lula enfrenta um dos maiores desafios de sua história: compreender que as estratégias que funcionaram no passado não são suficientes para garantir aprovação e apoio no cenário atual. As peças mudaram, e quem conseguia jogar dama hoje, no mesmo tabuleiro, não sabe jogar xadrez.

Sidônio apresenta ‘cinco mandamentos’ da nova comunicação do governo Lula

O novo ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom), Sidônio Palmeira, apresentou a auxiliares e outros ministros os cinco mandamentos da nova estratégia de comunicação do governo Lula (PT). A estratégia foi apresentada à equipe ministerial em reunião na Granja do Torto na última segunda-feira (20). As informações são do Metrópoles.

Sidônio afirmou aos colegas que 2025 representa o início do “segundo tempo” do governo e que é preciso “olhar adiante” sem esquecer da herança de destruição deixada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Os cinco mandamentos apresentados pelo ministro são:

1.    É preciso “ganhar” o ano de 2025;

2.    Não dar espaço para fake news;

3.    Governo precisa dominar a narrativa;

4.    É necessário olhar para o futuro, mas sem esquecer a “herança da destruição” do governo Bolsonaro;

5.    Aprender a enxergar melhor “no contraste”.

Segundo o ministro, o governo precisa segmentar as informações, e Lula precisa ser o principal motor de conteúdo. Ele fez a mesma apresentação ao secretariado da Secom em reunião na última terça (21). Participaram da agenda o publicitário Rafael Marroquim, marqueteiro da campanha de João Campos (PSB) para a Prefeitura do Recife, e o presidente da EBC, Jean Lima.

¨      "Pix sigiloso, seguro e sem taxa": este deve ser o mote da primeira campanha de Sidônio

O Palácio do Planalto anunciou uma campanha publicitária para combater a desinformação que circulou nas redes sociais sobre uma suposta intenção do governo de taxar o Pix. Segundo informações do Valor Econômico, a campanha terá como slogan “Pix: Seguro, Sigiloso e Sem Taxa” e será veiculada em diferentes plataformas, como TV, rádio, internet e redes sociais, com previsão de estreia ainda nesta quinta-feira (23).

A ação marca a primeira grande iniciativa do novo ministro da Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom), Sidônio Palmeira, que coordenou a formulação da estratégia na última sexta-feira (17). Em reunião com sua equipe no Palácio do Planalto, que contou também com a presença do secretário-geral da Receita, Robinson Barreirinhas, Palmeira enfatizou a importância de restaurar a confiança da população no Pix. “Estão tentando te enganar. O Pix é um patrimônio nacional, seguro e gratuito, e vamos reforçar essa mensagem”, teria dito durante o encontro.

<><> Combate às ‘fake news’ e medidas do governo

A campanha responde a uma onda de notícias falsas gerada por interpretações equivocadas de uma instrução normativa da Receita Federal, que estabelecia fiscalização sobre transações acima de R$ 5 mil. Parlamentares da oposição, incluindo o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), ajudaram a espalhar a desinformação de que o governo pretendia taxar o Pix, o que gerou indignação nas redes sociais.

Diante da repercussão negativa, o governo revogou a norma e editou uma Medida Provisória (MP) para garantir a gratuidade e o sigilo do sistema. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reforçou o compromisso do governo com a proteção do Pix. “Essa MP foi elaborada justamente para pôr um fim às mentiras e reforçar o caráter gratuito do Pix. Ele está protegido por sigilo, assim como qualquer outro meio de pagamento”, declarou Haddad.

A Medida Provisória já está em vigor, mas precisa ser analisada pelo Congresso Nacional em até 120 dias. O texto inclui um artigo que assegura o sigilo do Pix, como parte do esforço do governo para minimizar os danos causados pelas notícias falsas.

<><> Estratégia de comunicação e engajamento popular

Entre as ideias para a campanha, está a participação de figuras públicas alinhadas ao governo, como a atriz Regina Casé e o economista e ex-participante do Big Brother, Gil do Vigor. Além do slogan principal, outras frases foram pensadas para reforçar a mensagem, como “Tentaram te enganar” e “Estão mentindo para você”. O objetivo é reconquistar a confiança da população e proteger o Pix como uma inovação que se tornou essencial para milhões de brasileiros.

¨      Lula reforçará presença na mídia com nova estratégia de Sidônio Palmeira

O novo ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social (Secom) da presidência da República, Sidônio Palmeira, anunciou medidas para fortalecer a publicidade governamental no penúltimo ano do mandato de Lula.

Em reunião ministerial recente, Palmeira destacou a necessidade de otimizar licitações de comunicação e definir prioridades junto aos ministérios, elencando até quatro programas principais por pasta, informou a Folha de São Paulo nesta quarta-feira (22).

Ele também planeja alinhar a linguagem da Esplanada, monitorar ações publicitárias e potencializar a presença do presidente Lula na mídia.

Na reunião, Palmeira também apresentou os "cinco mandamentos" da nova estratégia de comunicação do governo Lula em reunião ministerial na Granja do Torto. Entre os pilares estão: “ganhar” o ano de 2025, combater fake news, dominar a narrativa pública, olhar para o futuro sem esquecer a "herança de destruição" do governo Bolsonaro e explorar melhor os contrastes políticos.

A comunicação do governo foi alvo de críticas recentemente, inclusive de aliados. O presidente Lula decidiu no início deste mês substituir Paulo Pimenta pelo publicitário Sidônio Palmeira no cargo de ministro-chefe da Secom.

¨      Lula deixa PT e aliados apreensivos ao cogitar não disputar reeleição em 2026

Em reunião ministerial na última segunda-feira (20), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que, embora sua intenção seja disputar a reeleição em 2026, não descarta a possibilidade de apoiar um sucessor. A informação foi publicada pelo jornal Valor Econômico. A fala gerou apreensão entre aliados e na cúpula do Partido dos Trabalhadores (PT), que avaliam que a ausência de um plano B sólido pode fragilizar a aliança de centro-esquerda liderada pela sigla.

A preocupação decorre da percepção de que nenhum dos atuais quadros do partido está preparado para assumir o protagonismo eleitoral caso Lula decida não se candidatar. Entre os nomes cogitados estão Fernando Haddad (ministro da Fazenda), Camilo Santana (ministro da Educação) e Rui Costa (ministro da Casa Civil). No entanto, segundo uma importante liderança do PT, “nenhum dos três está pronto” para liderar a sigla na corrida presidencial.

 “Sem Lula na chapa, será muito difícil atrair as forças de centro, mesmo que o governo esteja bem avaliado”, disse ao Valor Econômico uma liderança do Centrão. Essa fonte também avaliou que a presença de Lula como candidato seria “decisiva” para evitar que adversários ganhem força.

Lula também ponderou sobre fatores externos que podem influenciar sua decisão, incluindo sua saúde, ao relembrar episódios recentes, como o incidente com seu avião ao retornar do México e uma queda doméstica que o levou a ser submetido a uma cirurgia. Segundo relatos de dois ministros, o presidente mencionou que sua candidatura dependerá dessas condições e que seria necessário “melhorar as entregas” do governo para garantir força à chapa de 2026.

Ainda segundo o Valor Econômico, Lula citou o caso do ex-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que teria prejudicado a campanha de sua então vice, Kamala Harris, ao adiar a decisão de não concorrer à reeleição. Essa comparação reforçou a preocupação entre petistas com a ausência de um plano B.

Na avaliação de integrantes da cúpula do PT, os possíveis sucessores, como Haddad, Camilo ou Costa, precisam aumentar sua conexão com a população. Uma das críticas a Haddad é que sua comunicação tem sido focada no mercado e não nas demandas populares. “Ele deveria se dirigir mais à população e menos ao mercado”, apontou um dirigente petista.

Apesar das especulações, lideranças do partido enfatizam que Lula deseja concorrer em 2026 e que nenhum quadro do PT tem autorização para se articular como alternativa. “Se a eleição fosse hoje, ninguém além de Lula teria condições de representar o PT”, concluiu um integrante da direção petista.

A fala de Lula ocorre em um contexto de antecipação do debate eleitoral pela oposição. Durante a reunião, transmitida parcialmente ao vivo, o presidente afirmou: “2026 já começou. Só ver o que vocês assistem na internet para ver que já estão em campanha”. Nos trechos reservados, ele cobrou mais entregas e maior divulgação das ações governamentais para preparar terreno, seja para sua própria candidatura ou para a eventual escolha de um sucessor.

¨      Paulo Teixeira: alimento caro é ‘calcanhar de Aquiles’ do governo

O ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, declarou que a inflação dos alimentos é o “calcanhar de Aquiles” do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em entrevista à Revista Fórum, Teixeira destacou a preocupação com o impacto da alta nos preços na popularidade presidencial e apontou que derrotas eleitorais da esquerda na Europa e nos Estados Unidos foram influenciadas por essa questão. As declarações ocorreram após Lula pressionar Teixeira e o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, a apresentar um plano urgente para reduzir o custo dos alimentos no país.

A inflação dos alimentos, que em 2024 representou 33,7% da alta do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), é uma prioridade para o governo. Segundo dados do IBGE, o grupo alimentação e bebidas teve alta de 7,69% no ano, com destaque para as carnes, que subiram expressivos 20,84%, contribuindo com 0,52 ponto percentual da taxa total de 4,83%. O aumento no preço das carnes foi o mais intenso desde 2019, refletindo os impactos do ciclo pecuário, do dólar e de eventos climáticos.

<><> Preocupação e medidas anunciadas

O presidente Lula enfatizou a urgência de medidas: “A população não pode esperar”, teria dito em reuniões internas. Paulo Teixeira, por sua vez, afirmou que o governo já implementa o maior Plano Safra da história, com crédito subsidiado para a produção de alimentos, e que irá buscar mais recursos para assistência técnica e extensão rural. “A agricultura, em função das mudanças climáticas e tecnológicas, requer mais assistência. Muitos agricultores demandam e não têm”, explicou o ministro.

Edegar Pretto, presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), anunciou que a estatal está desenvolvendo um programa para mapear regiões onde a população paga mais caro pelos alimentos. A ideia é intervir e garantir preços mais justos, especialmente nas periferias das grandes cidades. “Queremos levar comida boa, de verdade, a preços mais justos para a população mais carente”, afirmou Pretto, ressaltando que a proposta faz parte do Plano Nacional de Abastecimento Alimentar, lançado em outubro de 2024.

Apesar das iniciativas, não há planos para tabelamento de preços ou controle de exportações. Segundo Pretto, a estratégia é criar incentivos para que pequenos varejistas ofereçam alimentos a preços populares. A medida deve demandar R$ 1,2 bilhão, já parcialmente previsto no orçamento de 2025.

A complexidade do problema se agrava devido à dependência de fatores externos, como a oscilação do dólar e os preços das commodities agrícolas no mercado internacional. Carlos Fávaro, ministro da Agricultura, reforçou que a inflação alimentar também é afetada por questões sazonais e destacou que a colheita de grãos, que começa neste mês, pode aliviar os preços de alguns produtos. No entanto, ele alertou sobre a especulação financeira, citando o impacto do dólar a R$ 6 nos custos de alimentos.

 

Fonte: Jornal GGN/Brasil 247

 

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