Sem foco: capacidade humana de manter a
atenção caiu de 2 minutos e meio para 47 segundos
Com a constante
avalanche de informações, multitarefas e redes sociais, manter o foco se tornou
algo relativamente desafiador. De acordo com uma pesquisa realizada pela
psicóloga americana, Gloria Janet Mark, o tempo que as pessoas permanecem em
uma única tela antes de alternar para outra diminuiu de 2,5 minutos para 47
segundos nas últimas duas décadas.
Em um estudo que usou
tecnologia de captura de tela para analisar o tempo de tela de dispositivos
móveis, pesquisadores da Pennsylvania State University e da Stanford University
descobriram que o número médio de vezes que os participantes interagiram com
seus telefones foi 228. Além do mais, em média, cada sessão durou apenas 10
segundos.
• O que é um período de atenção?
De acordo com a
Columbia University, em termos gerais, atenção é direcionar a consciência. Só
podemos reter uma quantidade limitada de informações em nossa consciência de
uma vez, então isso envolve focar um recurso cognitivo limitado em um estímulo
ou estímulos específicos enquanto desligamos outros.
“Atenção é um conceito
multifacetado, mas quando falamos sobre um período de atenção, geralmente
estamos nos referindo a ‘atenção sustentada’ ou ‘atenção-perseverança’. Esse é
o período de tempo em que podemos direcionar nossa consciência para um determinado
estímulo - uma tarefa, um objeto, uma ideia ou até mesmo uma pessoa - sem
perder o foco”, explica o artigo da Universidade.
Daniel Sandy, Educador
Físico do Trabalho e CEO da Pausa Ativa Ocupacional, destaca a importância de
administrar a atenção como um recurso limitado para garantir tanto o bem-estar
quanto a produtividade no ambiente de trabalho e na vida pessoal.
“Esse é um recurso
limitado e sua gestão eficaz é crucial para garantir o bom desempenho e o
bem-estar. O ser humano tende a pensar que os problemas com concentração estão
relacionados somente a aquele momento em específico, mas, diversos aspectos da
vida impactam na falta de foco”, diz Daniel.
• Distrações constantes prejudicam
capacidade de atenção
O especialista afirma
que distrações constantes, como notificações de smartphones, e-mails, conversas
paralelas e preocupações pessoais, podem prejudicar a capacidade de atenção e
comprometer a realização de tarefas importantes.
Além disso, a saúde e
o estilo de vida também podem ser fatores contribuintes. O excesso de estresse,
fadiga e a falta de sono são alguns dos motivos que levam a escassez de
concentração, assim como a falta de aptidão cardiorrespiratória, como analisa
Sandy.
“Existem estudos que
já realizaram atividades cognitivas consecutivas para analisar o desempenho dos
participantes. Ficou claro que 30 minutos são suficientes para levar a queda de
atenção. A aptidão cardiorrespiratória também impacta, já que ela, em um bom
estado, é capaz de filtrar distrações”, destaca.
• Estratégias de recuperação
Mesmo com a existência
de diversas distrações e fatores de bem-estar impactando o foco, é possível
recuperá-lo por meio de estratégias específicas. Dentre elas, o especialista
ressalta a importância da organização do espaço e na distribuição eficaz de
atividades.
"Agendas blocadas
por demandas, ambientes organizados e a comunicação eficaz das necessidades de
concentração são práticas que podem favorecer uma prática mais produtiva e
focada. É preciso lembrar, ainda, de beber água regularmente e se manter alimentado",
ressalta.
Outra estratégia
eficiente para otimizar a produtividade é a implementação de pausas ativas
durante a jornada. Estudos mostram que sessões de trabalho mais curtas,
seguidas por breves intervalos, são mais eficazes para manter níveis elevados
de atenção e evitar a fadiga mental.
“As pausas ativas, que
envolvem movimentos físicos e respiratórios, podem promover um reset positivo
no sistema cognitivo, contribuindo para a renovação da energia e a melhoria do
desempenho”, conclui.
• Fomo, jomo e fobo: o que significa cada
termo relacionado ao uso excessivo de redes sociais?
O impacto das redes
sociais na nossa saúde mental e comportamento cotidiano é inegável.
Recentemente, o anúncio de suspensão da plataforma X (antigo Twitter), provocou
uma forte reação entre os usuários da rede social.
Termos como
"fomo", "jomo" e "fobo" foram criados para
refletir as complexidades das emoções e escolhas que estar conectado 24h por
dia pode trazer para as nossas vidas.
Em entrevista ao Terra
Você, a médica psiquiatra, Cíntia Braga, conta como esses fenômenos afetam o
nosso bem-estar emocional e oferece estratégias para manter um equilíbrio
saudável no uso das redes sociais.
FOMO
O FOMO (medo de estar
perdendo/deixando passar as coisas, em tradução livre), geralmente relacionado
a notícias e acontecimentos online, é um fenômeno que se iniciou com o advento
da internet e, principalmente, das redes sociais.
A médica explica que a
pessoa acometida por ele pode apresentar sintomas como ansiedade, inquietação,
insônia, procrastinação e deixar relações sociais e afetivas de lado para
acompanhar o que se desenrola nas redes.
JOMO
Em contrapartida, o
conceito de JOMO (a alegria de deixar passar, também em tradução livre), surge
como uma reação que muitas pessoas desenvolveram à necessidade de estarem
conectadas e atentas a tudo 100% do tempo.
“Algumas pessoas
sentem como se passassem por uma verdadeira libertação de uma prisão à qual ela
mesma se prendeu. Esse afastamento faz-se necessário quando a pessoa não dá
conta de controlar o tempo que entrega para as redes ou quando esse tempo traz
malefícios ao seu funcionamento”, explica a especialista.
FOBO
Já o FOBO (medo de
opções melhores, em tradução livre) pode levar a uma paralisia de escolha e a
sentimentos de insatisfação. A médica cita como exemplo pessoas que passam
horas escolhendo filmes em streamings ou lugares para onde ir, e acabam
desistindo por medo de não escolher a melhor opção.
“Uma estratégia
interessante é entender que quando optamos por uma coisa, necessariamente
deixamos de ter outra. Parece meio óbvio, mas isso é justamente uma das causas
que nos leva a ter dificuldade de escolher - não queremos perder nada. Ponderar
sobre as opções é muito importante”, enfatiza a médica.
Pensar que todas as
escolhas terão consequências boas ou não tão boas e pesar qual resultado será
mais favorável e desejado, também é uma opção.
“Em relação à escolha
de coisas, por exemplo, uma boa ideia é fazer listas - e tê-las à mão - de indicações, de desejos, de necessidades.
Dessa forma, podemos nos orientar melhor para escolher o que faz mais sentido e
não ficamos perdidos no meio da miríade de opções”, recomenda.
A médica destaca que
não é fácil encontrar um equilíbrio nas relações com a vida online. Entretanto,
o limite do uso das redes é algo controlável pelo indivíduo, mesmo que gere
desconforto ou algum esforço. “É ilusão e ingenuidade achar que vai obter algum
resultado diferente fazendo sempre a mesma coisa”, conclui.
• 'Apneia de tela': computador ou celular
podem ser os culpados por você estar respirando errado
Passamos cada vez mais
tempo em frente ao celular ou computador. Seja respondendo e-mails ou até
navegando nas redes sociais, a interação é constante. E o corpo humano tem
reagido a esse hábito. Uma das maneiras é pela respiração, conforme percebeu
Linda Stone, ex-executiva da Microsoft.
Em entrevista à rede
de rádio estadunidense NPR, Linda contou que passou a reparar que sua
respiração mudava à medida que recebia e-mails. Ela inspirava em antecipação,
mas não expelia o ar dos pulmões corretamente, enquanto seu correio eletrônico
não parava de aumentar.
Linda decidiu então
fazer um experimento. Chamou dezenas de amigos e colegas e mediu a oxigenação
deles enquanto exerciam sua função. No experimento, cerca de 80% das pessoas
também apresentavam uma espécie de respiração rasa, na medida em que olhavam para
a tela.
Dentre os 20% que não
demonstraram alterações estavam um músico, um ex-piloto do exército, dançarinos
e uma pessoa que fazia triatlo. São grupos geralmente acostumados a respirar
corretamente, enquanto exercem suas funções físicas.
Especialistas apontam
que a posição em que ficamos quando interagimos com as telas não favorece a
respiração. O formato de curva que o corpo faz impossibilita movimentos
compridos de respiração. As respirações mais curtas podem causar alertas de
estresse no cérebro.
Já respirar
corretamente, por outro lado, ajuda a reduzir o nível de estresse e melhora a
concentração. Nosso corpo já pode estar acostumado ao jeito incorreto de
respirar. Por isso, é tão importante prestar atenção na em cada inspiração durante
o uso de aparelhos eletrônicos.
Além disso, é
importante tirar pausas para espairecer e praticar exercícios de respiração
diariamente. Segundo especialistas, uma boa maneira de entender como devemos
respirar é olhando para cachorros e bebês, que respiram profunda e lentamente.
Fonte: Redação Terra
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