sexta-feira, 11 de outubro de 2024

Sem foco: capacidade humana de manter a atenção caiu de 2 minutos e meio para 47 segundos

Com a constante avalanche de informações, multitarefas e redes sociais, manter o foco se tornou algo relativamente desafiador. De acordo com uma pesquisa realizada pela psicóloga americana, Gloria Janet Mark, o tempo que as pessoas permanecem em uma única tela antes de alternar para outra diminuiu de 2,5 minutos para 47 segundos nas últimas duas décadas.

Em um estudo que usou tecnologia de captura de tela para analisar o tempo de tela de dispositivos móveis, pesquisadores da Pennsylvania State University e da Stanford University descobriram que o número médio de vezes que os participantes interagiram com seus telefones foi 228. Além do mais, em média, cada sessão durou apenas 10 segundos.

•        O que é um período de atenção?

De acordo com a Columbia University, em termos gerais, atenção é direcionar a consciência. Só podemos reter uma quantidade limitada de informações em nossa consciência de uma vez, então isso envolve focar um recurso cognitivo limitado em um estímulo ou estímulos específicos enquanto desligamos outros.

“Atenção é um conceito multifacetado, mas quando falamos sobre um período de atenção, geralmente estamos nos referindo a ‘atenção sustentada’ ou ‘atenção-perseverança’. Esse é o período de tempo em que podemos direcionar nossa consciência para um determinado estímulo - uma tarefa, um objeto, uma ideia ou até mesmo uma pessoa - sem perder o foco”, explica o artigo da Universidade.

Daniel Sandy, Educador Físico do Trabalho e CEO da Pausa Ativa Ocupacional, destaca a importância de administrar a atenção como um recurso limitado para garantir tanto o bem-estar quanto a produtividade no ambiente de trabalho e na vida pessoal.

“Esse é um recurso limitado e sua gestão eficaz é crucial para garantir o bom desempenho e o bem-estar. O ser humano tende a pensar que os problemas com concentração estão relacionados somente a aquele momento em específico, mas, diversos aspectos da vida impactam na falta de foco”, diz Daniel.

•        Distrações constantes prejudicam capacidade de atenção

O especialista afirma que distrações constantes, como notificações de smartphones, e-mails, conversas paralelas e preocupações pessoais, podem prejudicar a capacidade de atenção e comprometer a realização de tarefas importantes.

Além disso, a saúde e o estilo de vida também podem ser fatores contribuintes. O excesso de estresse, fadiga e a falta de sono são alguns dos motivos que levam a escassez de concentração, assim como a falta de aptidão cardiorrespiratória, como analisa Sandy.

“Existem estudos que já realizaram atividades cognitivas consecutivas para analisar o desempenho dos participantes. Ficou claro que 30 minutos são suficientes para levar a queda de atenção. A aptidão cardiorrespiratória também impacta, já que ela, em um bom estado, é capaz de filtrar distrações”, destaca.

•        Estratégias de recuperação

Mesmo com a existência de diversas distrações e fatores de bem-estar impactando o foco, é possível recuperá-lo por meio de estratégias específicas. Dentre elas, o especialista ressalta a importância da organização do espaço e na distribuição eficaz de atividades.

"Agendas blocadas por demandas, ambientes organizados e a comunicação eficaz das necessidades de concentração são práticas que podem favorecer uma prática mais produtiva e focada. É preciso lembrar, ainda, de beber água regularmente e se manter alimentado", ressalta.

Outra estratégia eficiente para otimizar a produtividade é a implementação de pausas ativas durante a jornada. Estudos mostram que sessões de trabalho mais curtas, seguidas por breves intervalos, são mais eficazes para manter níveis elevados de atenção e evitar a fadiga mental.

“As pausas ativas, que envolvem movimentos físicos e respiratórios, podem promover um reset positivo no sistema cognitivo, contribuindo para a renovação da energia e a melhoria do desempenho”, conclui.

 

•        Fomo, jomo e fobo: o que significa cada termo relacionado ao uso excessivo de redes sociais?

O impacto das redes sociais na nossa saúde mental e comportamento cotidiano é inegável. Recentemente, o anúncio de suspensão da plataforma X (antigo Twitter), provocou uma forte reação entre os usuários da rede social.

Termos como "fomo", "jomo" e "fobo" foram criados para refletir as complexidades das emoções e escolhas que estar conectado 24h por dia pode trazer para as nossas vidas.

Em entrevista ao Terra Você, a médica psiquiatra, Cíntia Braga, conta como esses fenômenos afetam o nosso bem-estar emocional e oferece estratégias para manter um equilíbrio saudável no uso das redes sociais.

FOMO

O FOMO (medo de estar perdendo/deixando passar as coisas, em tradução livre), geralmente relacionado a notícias e acontecimentos online, é um fenômeno que se iniciou com o advento da internet e, principalmente, das redes sociais.

A médica explica que a pessoa acometida por ele pode apresentar sintomas como ansiedade, inquietação, insônia, procrastinação e deixar relações sociais e afetivas de lado para acompanhar o que se desenrola nas redes.

JOMO

Em contrapartida, o conceito de JOMO (a alegria de deixar passar, também em tradução livre), surge como uma reação que muitas pessoas desenvolveram à necessidade de estarem conectadas e atentas a tudo 100% do tempo.

“Algumas pessoas sentem como se passassem por uma verdadeira libertação de uma prisão à qual ela mesma se prendeu. Esse afastamento faz-se necessário quando a pessoa não dá conta de controlar o tempo que entrega para as redes ou quando esse tempo traz malefícios ao seu funcionamento”, explica a especialista.

FOBO

Já o FOBO (medo de opções melhores, em tradução livre) pode levar a uma paralisia de escolha e a sentimentos de insatisfação. A médica cita como exemplo pessoas que passam horas escolhendo filmes em streamings ou lugares para onde ir, e acabam desistindo por medo de não escolher a melhor opção.

“Uma estratégia interessante é entender que quando optamos por uma coisa, necessariamente deixamos de ter outra. Parece meio óbvio, mas isso é justamente uma das causas que nos leva a ter dificuldade de escolher - não queremos perder nada. Ponderar sobre as opções é muito importante”, enfatiza a médica.

Pensar que todas as escolhas terão consequências boas ou não tão boas e pesar qual resultado será mais favorável e desejado, também é uma opção.

“Em relação à escolha de coisas, por exemplo, uma boa ideia é fazer listas  - e tê-las à mão  - de indicações, de desejos, de necessidades. Dessa forma, podemos nos orientar melhor para escolher o que faz mais sentido e não ficamos perdidos no meio da miríade de opções”, recomenda.

A médica destaca que não é fácil encontrar um equilíbrio nas relações com a vida online. Entretanto, o limite do uso das redes é algo controlável pelo indivíduo, mesmo que gere desconforto ou algum esforço. “É ilusão e ingenuidade achar que vai obter algum resultado diferente fazendo sempre a mesma coisa”, conclui.

 

•        'Apneia de tela': computador ou celular podem ser os culpados por você estar respirando errado

Passamos cada vez mais tempo em frente ao celular ou computador. Seja respondendo e-mails ou até navegando nas redes sociais, a interação é constante. E o corpo humano tem reagido a esse hábito. Uma das maneiras é pela respiração, conforme percebeu Linda Stone, ex-executiva da Microsoft.

Em entrevista à rede de rádio estadunidense NPR, Linda contou que passou a reparar que sua respiração mudava à medida que recebia e-mails. Ela inspirava em antecipação, mas não expelia o ar dos pulmões corretamente, enquanto seu correio eletrônico não parava de aumentar.

Linda decidiu então fazer um experimento. Chamou dezenas de amigos e colegas e mediu a oxigenação deles enquanto exerciam sua função. No experimento, cerca de 80% das pessoas também apresentavam uma espécie de respiração rasa, na medida em que olhavam para a tela. 

Dentre os 20% que não demonstraram alterações estavam um músico, um ex-piloto do exército, dançarinos e uma pessoa que fazia triatlo. São grupos geralmente acostumados a respirar corretamente, enquanto exercem suas funções físicas.

Especialistas apontam que a posição em que ficamos quando interagimos com as telas não favorece a respiração. O formato de curva que o corpo faz impossibilita movimentos compridos de respiração. As respirações mais curtas podem causar alertas de estresse no cérebro.

Já respirar corretamente, por outro lado, ajuda a reduzir o nível de estresse e melhora a concentração. Nosso corpo já pode estar acostumado ao jeito incorreto de respirar. Por isso, é tão importante prestar atenção na em cada inspiração durante o uso de aparelhos eletrônicos.

Além disso, é importante tirar pausas para espairecer e praticar exercícios de respiração diariamente. Segundo especialistas, uma boa maneira de entender como devemos respirar é olhando para cachorros e bebês, que respiram profunda e lentamente.

 

Fonte: Redação Terra Você

 

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