sexta-feira, 11 de outubro de 2024

Mais de 600 vírus vivem nas escovas de dentes e no chuveiro, sugere estudo

Milhares de bactérias vivem no banheiro e, ao pensarmos nisso, é fácil imaginar que a maior concentração desses microrganismos esteja no vaso sanitário. Mas um novo estudo mostrou que outros itens comuns do banheiro também podem ser “lares” de diversos vírus. De acordo com pesquisadores da Universidade Northwestern, em Evanston, Illinois, Estados Unidos, mais de 600 vírus podem viver nas escovas de dentes usadas e nos chuveiros.

O trabalho foi publicado nesta quarta-feira (9) na revista científica Frontiers in Microbiomes. Porém, apesar de a descoberta soar ameaçadora, os pesquisadores afirmam que esses vírus não são capazes de prejudicar os seres humanos. Isso porque eles são vírus chamados “bacteriófagos“, ou seja, infectam e se replicam dentro de bactérias.

“O número de vírus que encontramos é absolutamente selvagem”, afirma Erica M. Hartmann, pesquisadora da Northwestern, que liderou o estudo, em comunicado à imprensa. “Encontramos muitos vírus sobre os quais sabemos muito pouco e muitos outros que nunca vimos antes. É incrível quanta biodiversidade inexplorada está ao nosso redor. E você nem precisa ir muito longe para encontrá-la; está bem debaixo do nosso nariz.”

O novo estudo é um desdobramento de pesquisas anteriores, nas quais Hartmann e seus colegas da Universidade do Colorado, nos EUA, caracterizaram bactérias vivendo em escovas de dentes e chuveiros. Nesses estudos prévios, os pesquisadores pediram que as pessoas enviassem escovas de dentes e cotonetes usados com amostras coletadas de seus chuveiros.

Após caracterizar bactérias, Hartmann então usou sequenciamento de DNA para examinar os vírus que viviam nessas mesmas amostras. Com isso, ela encontrou mais de 600 vírus diferentes — e nenhuma amostra era igual à outra, o que mostra que existe uma vasta diversidade de microrganismos vivendo em ambientes como um banheiro.

“Não vimos basicamente nenhuma sobreposição nos tipos de vírus entre chuveiros e escovas de dente”, diz Hartmann. “Também vimos muito pouca sobreposição entre quaisquer duas amostras. Cada chuveiro e cada escova de dente são como sua própria pequena ilha. Isso apenas ressalta a incrível diversidade de vírus que existem por aí.”

•        Vírus encontrados nas escovas de dente e chuveiro são perigosos?

Os bacteriófagos não oferecem riscos à saúde dos humanos, já que infectam apenas bactérias. Pouco se sabe ainda sobre esse tipo de vírus, mas, recentemente, os bacteriófagos têm chamado a atenção de pesquisadores por seu uso potencial no tratamento de infecções bacterianas resistentes a antibióticos.

Além disso, os pesquisadores do atual estudo também descobriram que em muitas amostras havia a presença de micobacteriófagos, um tipo de vírus que infecta micobactérias, causadoras de doenças como lepra, tuberculose e infecções pulmonares crônicas.

Na visão de Hartmann, essa descoberta sugere que, futuramente, os pesquisadores poderão aproveitar os micobacteriófagos encontrados nas amostras para tratar essas e outras infecções.

“Poderíamos imaginar pegar esses micobacteriófagos e usá-los como uma forma de limpar patógenos do seu sistema de encanamento”, sugere a pesquisadora. “Queremos olhar para todas as funções que esses vírus podem ter e descobrir como podemos usá-los”, acrescenta.

Além disso, a pesquisadora fala que não há motivo para as pessoas se preocuparem com os microrganismos que vivem nos banheiros. Para não correr riscos, basta manter a limpeza adequada do chuveiro, lavando-os com água ou sabão, ou vinagre com bicarbonato de sódio, para remover o acúmulo de cálcio. Outra recomendação importante é substituir regularmente a escova de dentes.

 

•        Cientistas encontram mais de 700 tipos de bactérias em micro-ondas

Um novo estudo descobriu que um eletrodoméstico bastante comum nas cozinhas de todo o mundo pode ser o habitat de mais de 700 tipos de bactérias: o micro-ondas. A descoberta foi relatada em um estudo publicado na Frontiers in Microbiology na quarta-feira (7) por pesquisadores da Espanha.

Para chegar às conclusões, os cientistas coletaram amostras de micróbios dentro de 30 micro-ondas: dez eram domésticos e cada um deles estava em uma única casa; outros dez eram domésticos, mas estavam em ambientes compartilhados, como escritórios e refeitórios; os últimos dez eram de laboratórios de biologia molecular e microbiologia.

O objetivo por trás do estudo era entender se as comunidades microbianas são influenciadas por interações alimentares e hábitos das pessoas que utilizam o aparelho. Por fim, os pesquisadores usaram dois métodos complementares para classificar a diversidade microbiana: sequenciamento de última geração e cultivo de 101 cepas em cinco meios diferentes.

No total, os pesquisadores encontraram 747 gêneros diferentes de 25 linhagens bacterianas. As linhagens mais frequentemente encontradas foram Firmicutes, Actinobacteria e Proteobacteria.

Além disso, eles descobriram que a composição da comunidade bacteriana era semelhante entre micro-ondas domésticos compartilhados e micro-ondas domésticos de uma única casa, enquanto nos aparelhos de laboratório, a composição era diferente, com uma diversidade maior de bactérias.

Nos micro-ondas domésticos, foram encontrados bactérias dos seguintes gêneros:

•        Acinetobacter;

•        Bhargavaea;

•        Brevibacterium;

•        Brevundimonas;

•        Dermacoccus;

•        Klebsiella;

•        Pantoea;

•        Pseudoxanthomonas;

•        Rhizobium.

Nos micro-ondas compartilhados, foram encontradas bactérias dos seguintes gêneros:

•        Arthrobacter;

•        Enterobacter;

•        Janibacter;

•        Methylobacterium;

•        Neobacillus;

•        Nocardioides;

•        Novosphingobium;

•        Paenibacillus;

•        Peribacillus;

•        Planococcus;

•        Rothia;

•        Sporosarcina;

•        Terribacillus.

Já nos micro-ondas de laboratórios, foram isoladas bactérias Nonomuraea, Delftia, Micrococcus, Deinocococcus, além de um gênero não identificado da linhagem Cyanobacteria. Elas foram encontradas em frequências significativamente maiores do que nos micro-ondas domésticos, segundo o estudo.

<><> Essas bactérias fazem mal à saúde?

Os pesquisadores compararam a diversidade de bactérias encontradas no micro-ondas com aquelas que costumam ser encontradas em superfícies típicas da cozinha, como pia e mesa. Segundo eles, o microbioma encontrado no aparelho eletrodoméstico se assemelhava ao dessas superfícies.

“Algumas espécies de gêneros encontradas em micro-ondas domésticos, como Klebsiella, Enterococcus e Aeromonas, podem representar um risco à saúde humana. No entanto, é importante notar que a população microbiana encontrada em micro-ondas não apresenta um risco único ou aumentado em comparação a outras superfícies comuns de cozinha”, afirma Daniel Torrent, um dos autores do estudo e pesquisador da start-up Darwin Bioprospecting Excellence SL em Paterna, Espanha, em comunicado à imprensa.

<><> Como desinfectar o micro-ondas?

Os pesquisadores sugerem, tanto para o público geral, quanto para pesquisadores e trabalhadores de laboratórios, desinfectar regularmente os micro-ondas com uma solução de alvejante diluída ou spray desinfectante.

“Além disso, é importante limpar as superfícies internas com um pano úmido após cada uso para remover qualquer resíduo e limpar respingos imediatamente para evitar o crescimento de bactérias”, recomendou Torrent.

 

•        Existe risco de contaminação cruzada em eletrodomésticos como Air Fryer? Entenda

As fritadeiras elétricas, mais conhecidas pelo nome em inglês “Air Fryer“, se popularizaram por oferecerem maior praticidade no preparo de refeições do dia a dia. Além disso, são consideradas aliadas de uma alimentação saudável por proporcionar frituras sem o uso de óleo. Porém, não higienizar corretamente esse eletrodoméstico pode trazer riscos à saúde, de acordo com especialistas ouvidos pela CNN.

De acordo com Gerson Nogueira de Moraes, gastroenterologista do Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE), reutilizar a Air Fryer sem higienizá-la corretamente pode aumentar o risco de contaminação cruzada dos alimentos. “Essa contaminação ocorre exatamente pela transferência acidental, direta ou indireta, aos alimentos, por contaminantes físicos, químicos ou biológicos prejudiciais à saúde humana”, afirma.

A falta de higienização adequada de fritadeiras elétricas, e outros eletrodomésticos que entram em contato com alimentos, pode aumentar o risco de contaminação por agentes como vírus, bactérias e parasitas. “Esses microrganismos estão presentes em várias superfícies, inclusive nos próprios alimentos e na pele humana. Por isso, é importante a higienização correta da Air Fryer e das mãos de quem manipula o alimento”, enfatiza Moraes.

A contaminação cruzada leva à intoxicação alimentar, resultante da ingestão de alimentos nos quais cresceram bactérias ou outros organismos que produziram toxinas prejudiciais à saúde. Geralmente, os tipos de bactérias que estão envolvidos nesse tipo de contaminação, segundo o gastroenterologista, são a Salmonella, Shiguella, Escherichia coli, Clostridium e Staphilococcus.

<><> Quais são os sinais de intoxicação alimentar?

Os sintomas de intoxicação alimentar costumam aparecer rapidamente após a ingestão do alimento contaminado. De acordo com Moraes, os principais sinais de alerta são:

•        Febre;

•        Calafrios;

•        Dor no corpo;

•        Náuseas;

•        Vômitos;

•        Cólicas abdominais;

•        Flatulência;

•        Diarreia.

<><> Má higienização também aumenta o risco de contato cruzado com alérgenos

A reutilização da Air Fryer sem a devida higienização também aumenta o risco de contato com alimentos alérgenos, ou seja, que causam alergia alimentar. É o que alerta Lucila Camargo, Coordenadora do Departamento Científico de Alergia Alimentar da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI).

A alergia alimentar é uma resposta exagerada do sistema de defesa do corpo contra proteínas alimentares. Qualquer alimento pode causar alergia alimentar, sendo os mais comuns leite, ovo, soja, trigo, frutos do mar, amendoim e castanhas.

De acordo com a especialista, se algum alimento for preparado na fritadeira elétrica e, logo depois, uma pessoa com alergia a ele reutilizar o eletrodoméstico sem a devida higienização, ela pode ter uma reação alérgica, mesmo que a quantidade presente no cesto seja mínima. Em casos mais graves, essa reação pode oferecer risco à vida, pois pode levar à anafilaxia, quadro caracterizado pela falta de ar, fechamento da glote e queda da pressão arterial.

“Uma pequena quantidade pode provocar reações graves”, alerta Camargo. “A depender do caso, é necessário carregar a adrenalina autoinjetável para controlar a crise até a chegada ao pronto-socorro”, explica.

Sintomas leves a moderados de alergia alimentar podem incluir placas vermelhas que coçam pelo corpo, inchaço na boca, olhos ou outras partes do corpo, náuseas e vômitos.

<><> Como fazer a higienização correta da Air Fryer?

A higienização correta da Air Fryer deve ser feita após cada utilização, com lavagem com água corrente e sabão ou detergente, conforme orienta Moraes. Na área externa do equipamento, é possível utilizar um pano úmido para fazer a higienização.

“É importante lembrar que toda a manipulação de alimentos e utensílios para o seu preparo deve ser precedida pela higienização adequada das mãos, por meio de lavagem com água corrente e sabão”, ressalta.

 

Fonte: CNN Brasil

 

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