Mais de 600 vírus vivem nas escovas de
dentes e no chuveiro, sugere estudo
Milhares de bactérias
vivem no banheiro e, ao pensarmos nisso, é fácil imaginar que a maior
concentração desses microrganismos esteja no vaso sanitário. Mas um novo estudo
mostrou que outros itens comuns do banheiro também podem ser “lares” de
diversos vírus. De acordo com pesquisadores da Universidade Northwestern, em
Evanston, Illinois, Estados Unidos, mais de 600 vírus podem viver nas escovas
de dentes usadas e nos chuveiros.
O trabalho foi
publicado nesta quarta-feira (9) na revista científica Frontiers in
Microbiomes. Porém, apesar de a descoberta soar ameaçadora, os pesquisadores
afirmam que esses vírus não são capazes de prejudicar os seres humanos. Isso
porque eles são vírus chamados “bacteriófagos“, ou seja, infectam e se replicam
dentro de bactérias.
“O número de vírus que
encontramos é absolutamente selvagem”, afirma Erica M. Hartmann, pesquisadora
da Northwestern, que liderou o estudo, em comunicado à imprensa. “Encontramos
muitos vírus sobre os quais sabemos muito pouco e muitos outros que nunca vimos
antes. É incrível quanta biodiversidade inexplorada está ao nosso redor. E você
nem precisa ir muito longe para encontrá-la; está bem debaixo do nosso nariz.”
O novo estudo é um
desdobramento de pesquisas anteriores, nas quais Hartmann e seus colegas da
Universidade do Colorado, nos EUA, caracterizaram bactérias vivendo em escovas
de dentes e chuveiros. Nesses estudos prévios, os pesquisadores pediram que as
pessoas enviassem escovas de dentes e cotonetes usados com amostras coletadas
de seus chuveiros.
Após caracterizar
bactérias, Hartmann então usou sequenciamento de DNA para examinar os vírus que
viviam nessas mesmas amostras. Com isso, ela encontrou mais de 600 vírus
diferentes — e nenhuma amostra era igual à outra, o que mostra que existe uma
vasta diversidade de microrganismos vivendo em ambientes como um banheiro.
“Não vimos basicamente
nenhuma sobreposição nos tipos de vírus entre chuveiros e escovas de dente”,
diz Hartmann. “Também vimos muito pouca sobreposição entre quaisquer duas
amostras. Cada chuveiro e cada escova de dente são como sua própria pequena
ilha. Isso apenas ressalta a incrível diversidade de vírus que existem por aí.”
• Vírus encontrados nas escovas de dente e
chuveiro são perigosos?
Os bacteriófagos não
oferecem riscos à saúde dos humanos, já que infectam apenas bactérias. Pouco se
sabe ainda sobre esse tipo de vírus, mas, recentemente, os bacteriófagos têm
chamado a atenção de pesquisadores por seu uso potencial no tratamento de
infecções bacterianas resistentes a antibióticos.
Além disso, os
pesquisadores do atual estudo também descobriram que em muitas amostras havia a
presença de micobacteriófagos, um tipo de vírus que infecta micobactérias,
causadoras de doenças como lepra, tuberculose e infecções pulmonares crônicas.
Na visão de Hartmann,
essa descoberta sugere que, futuramente, os pesquisadores poderão aproveitar os
micobacteriófagos encontrados nas amostras para tratar essas e outras
infecções.
“Poderíamos imaginar
pegar esses micobacteriófagos e usá-los como uma forma de limpar patógenos do
seu sistema de encanamento”, sugere a pesquisadora. “Queremos olhar para todas
as funções que esses vírus podem ter e descobrir como podemos usá-los”, acrescenta.
Além disso, a
pesquisadora fala que não há motivo para as pessoas se preocuparem com os
microrganismos que vivem nos banheiros. Para não correr riscos, basta manter a
limpeza adequada do chuveiro, lavando-os com água ou sabão, ou vinagre com
bicarbonato de sódio, para remover o acúmulo de cálcio. Outra recomendação
importante é substituir regularmente a escova de dentes.
• Cientistas encontram mais de 700 tipos
de bactérias em micro-ondas
Um novo estudo
descobriu que um eletrodoméstico bastante comum nas cozinhas de todo o mundo
pode ser o habitat de mais de 700 tipos de bactérias: o micro-ondas. A
descoberta foi relatada em um estudo publicado na Frontiers in Microbiology na
quarta-feira (7) por pesquisadores da Espanha.
Para chegar às
conclusões, os cientistas coletaram amostras de micróbios dentro de 30
micro-ondas: dez eram domésticos e cada um deles estava em uma única casa;
outros dez eram domésticos, mas estavam em ambientes compartilhados, como
escritórios e refeitórios; os últimos dez eram de laboratórios de biologia
molecular e microbiologia.
O objetivo por trás do
estudo era entender se as comunidades microbianas são influenciadas por
interações alimentares e hábitos das pessoas que utilizam o aparelho. Por fim,
os pesquisadores usaram dois métodos complementares para classificar a
diversidade microbiana: sequenciamento de última geração e cultivo de 101 cepas
em cinco meios diferentes.
No total, os
pesquisadores encontraram 747 gêneros diferentes de 25 linhagens bacterianas.
As linhagens mais frequentemente encontradas foram Firmicutes, Actinobacteria e
Proteobacteria.
Além disso, eles
descobriram que a composição da comunidade bacteriana era semelhante entre
micro-ondas domésticos compartilhados e micro-ondas domésticos de uma única
casa, enquanto nos aparelhos de laboratório, a composição era diferente, com
uma diversidade maior de bactérias.
Nos micro-ondas
domésticos, foram encontrados bactérias dos seguintes gêneros:
• Acinetobacter;
• Bhargavaea;
• Brevibacterium;
• Brevundimonas;
• Dermacoccus;
• Klebsiella;
• Pantoea;
• Pseudoxanthomonas;
• Rhizobium.
Nos micro-ondas
compartilhados, foram encontradas bactérias dos seguintes gêneros:
• Arthrobacter;
• Enterobacter;
• Janibacter;
• Methylobacterium;
• Neobacillus;
• Nocardioides;
• Novosphingobium;
• Paenibacillus;
• Peribacillus;
• Planococcus;
• Rothia;
• Sporosarcina;
• Terribacillus.
Já nos micro-ondas de
laboratórios, foram isoladas bactérias Nonomuraea, Delftia, Micrococcus,
Deinocococcus, além de um gênero não identificado da linhagem Cyanobacteria.
Elas foram encontradas em frequências significativamente maiores do que nos
micro-ondas domésticos, segundo o estudo.
<><> Essas
bactérias fazem mal à saúde?
Os pesquisadores
compararam a diversidade de bactérias encontradas no micro-ondas com aquelas
que costumam ser encontradas em superfícies típicas da cozinha, como pia e
mesa. Segundo eles, o microbioma encontrado no aparelho eletrodoméstico se
assemelhava ao dessas superfícies.
“Algumas espécies de
gêneros encontradas em micro-ondas domésticos, como Klebsiella, Enterococcus e
Aeromonas, podem representar um risco à saúde humana. No entanto, é importante
notar que a população microbiana encontrada em micro-ondas não apresenta um
risco único ou aumentado em comparação a outras superfícies comuns de cozinha”,
afirma Daniel Torrent, um dos autores do estudo e pesquisador da start-up
Darwin Bioprospecting Excellence SL em Paterna, Espanha, em comunicado à
imprensa.
<><> Como
desinfectar o micro-ondas?
Os pesquisadores
sugerem, tanto para o público geral, quanto para pesquisadores e trabalhadores
de laboratórios, desinfectar regularmente os micro-ondas com uma solução de
alvejante diluída ou spray desinfectante.
“Além disso, é
importante limpar as superfícies internas com um pano úmido após cada uso para
remover qualquer resíduo e limpar respingos imediatamente para evitar o
crescimento de bactérias”, recomendou Torrent.
• Existe risco de contaminação cruzada em
eletrodomésticos como Air Fryer? Entenda
As fritadeiras
elétricas, mais conhecidas pelo nome em inglês “Air Fryer“, se popularizaram
por oferecerem maior praticidade no preparo de refeições do dia a dia. Além
disso, são consideradas aliadas de uma alimentação saudável por proporcionar
frituras sem o uso de óleo. Porém, não higienizar corretamente esse
eletrodoméstico pode trazer riscos à saúde, de acordo com especialistas ouvidos
pela CNN.
De acordo com Gerson
Nogueira de Moraes, gastroenterologista do Hospital do Servidor Público
Estadual (HSPE), reutilizar a Air Fryer sem higienizá-la corretamente pode
aumentar o risco de contaminação cruzada dos alimentos. “Essa contaminação
ocorre exatamente pela transferência acidental, direta ou indireta, aos
alimentos, por contaminantes físicos, químicos ou biológicos prejudiciais à
saúde humana”, afirma.
A falta de
higienização adequada de fritadeiras elétricas, e outros eletrodomésticos que
entram em contato com alimentos, pode aumentar o risco de contaminação por
agentes como vírus, bactérias e parasitas. “Esses microrganismos estão
presentes em várias superfícies, inclusive nos próprios alimentos e na pele
humana. Por isso, é importante a higienização correta da Air Fryer e das mãos
de quem manipula o alimento”, enfatiza Moraes.
A contaminação cruzada
leva à intoxicação alimentar, resultante da ingestão de alimentos nos quais
cresceram bactérias ou outros organismos que produziram toxinas prejudiciais à
saúde. Geralmente, os tipos de bactérias que estão envolvidos nesse tipo de contaminação,
segundo o gastroenterologista, são a Salmonella, Shiguella, Escherichia coli,
Clostridium e Staphilococcus.
<><> Quais
são os sinais de intoxicação alimentar?
Os sintomas de
intoxicação alimentar costumam aparecer rapidamente após a ingestão do alimento
contaminado. De acordo com Moraes, os principais sinais de alerta são:
• Febre;
• Calafrios;
• Dor no corpo;
• Náuseas;
• Vômitos;
• Cólicas abdominais;
• Flatulência;
• Diarreia.
<><> Má
higienização também aumenta o risco de contato cruzado com alérgenos
A reutilização da Air
Fryer sem a devida higienização também aumenta o risco de contato com alimentos
alérgenos, ou seja, que causam alergia alimentar. É o que alerta Lucila
Camargo, Coordenadora do Departamento Científico de Alergia Alimentar da
Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI).
A alergia alimentar é
uma resposta exagerada do sistema de defesa do corpo contra proteínas
alimentares. Qualquer alimento pode causar alergia alimentar, sendo os mais
comuns leite, ovo, soja, trigo, frutos do mar, amendoim e castanhas.
De acordo com a
especialista, se algum alimento for preparado na fritadeira elétrica e, logo
depois, uma pessoa com alergia a ele reutilizar o eletrodoméstico sem a devida
higienização, ela pode ter uma reação alérgica, mesmo que a quantidade presente
no cesto seja mínima. Em casos mais graves, essa reação pode oferecer risco à
vida, pois pode levar à anafilaxia, quadro caracterizado pela falta de ar,
fechamento da glote e queda da pressão arterial.
“Uma pequena
quantidade pode provocar reações graves”, alerta Camargo. “A depender do caso,
é necessário carregar a adrenalina autoinjetável para controlar a crise até a
chegada ao pronto-socorro”, explica.
Sintomas leves a
moderados de alergia alimentar podem incluir placas vermelhas que coçam pelo
corpo, inchaço na boca, olhos ou outras partes do corpo, náuseas e vômitos.
<><> Como
fazer a higienização correta da Air Fryer?
A higienização correta
da Air Fryer deve ser feita após cada utilização, com lavagem com água corrente
e sabão ou detergente, conforme orienta Moraes. Na área externa do equipamento,
é possível utilizar um pano úmido para fazer a higienização.
“É importante lembrar
que toda a manipulação de alimentos e utensílios para o seu preparo deve ser
precedida pela higienização adequada das mãos, por meio de lavagem com água
corrente e sabão”, ressalta.
Fonte: CNN Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário