Crise no Líbano vira negócio lucrativo para
forças sírias
A jornada para fugir
da incursão de Israel no Líbano é
longa e difícil e, de acordo com aqueles que a fizeram, cada vez mais cara. Em
especial para aqueles que deixam o país em direção à Síria.
Famílias relatam que,
desde que as bombas começaram a cair no sul do Líbano, forças de segurança têm
cobrado propina nos postos de controle entre os países e dentro da Síria,
o que torna a viagem inviável para alguns moradores.
O sírio Khaled Massoud
e sua família levaram sete dias e tiveram que gastar US$ 1,3 mil (R$ 7,1
mil) para chegar no norte da Síria, após fugirem do Líbano em meio
aos bombardeios israelenses. Sua família de seis pessoas, mais a família
de sua filha, estão agora em um campo de refugiados perto da cidade síria de
Idlib, em uma área controlada por forças de oposição ao regime de Bashar
al-Assad.
Massoud é um entre
muitos. Esta semana, o chefe da Agência das Nações Unidas para Refugiados
(Acnur), Filippo Grandi, disse que pelo menos 220 mil pessoas atravessaram do Líbano para a Síria após o início das ações militares israelenses, e que cerca
de 80% delas eram sírias. As autoridades libanesas estimam que até 400 mil
pessoas foram para a Síria.
Segundo o Escritório
das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (ENUCAH), deste
total, cerca de 2,7 mil pessoas já chegaram aos territórios controlados pela
oposição dentro da Síria.
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Escolha é por territórios controlados pela oposição
Para os sírios que
retornam ao seu país, cruzar a fronteira com o Líbano não é uma tarefa simples.
Desde 2011, a Síria é palco de uma guerra civilentre o regime do ditadorBashar al-Assad e as
forças da oposição - entre elas, combatentes curdos e grupos jihadistas.
Qualquer pessoa que
tenha fugido do país durante a guerra é vista como um traidor pelo regime de
Assad. Os homens sírios que retornam podem ser detidos, torturados, recrutados
à força para o exército sírio ou mortos, dizem organizações de direitos humanos,
que documentam regularmente esses casos.
Portanto, para muitos
sírios, seguir em direção às áreas controladas pelos grupos de oposição ao
governo é uma opção mais segura. No país, os grupos rebeldes combatem o regime de Assad, mas também lutam entre si, dividindo a Síria em áreas
controladas por diferentes forças.
Embora os sírios
deslocados usem estradas secundárias para chegar ao norte, ainda há postos de
controle de segurança. E, na maioria deles, há pedidos de dinheiro para poder
passar. É por isso que a viagem custou à família de Massoud 1,3 mil dólares
Para chegar à área
controlada pela oposição ao redor de Idlib, por exemplo, a maioria dos
viajantes precisa passar por três zonas controladas por forças de segurança
diferentes: as do governo sírio, as das forças turcas e as dos combatentes
curdos, antes de finalmente cruzar para o reduto controlado por grupos
jihadistas que formam a oposição armada síria.
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Lucrar com a miséria
"Cada posto de
controle pega o que quer", diz Hadi Othman, um sírio de 20 anos, que
também acabou de fazer a viagem de volta a Idlib. "É mais como um negócio,
e o quanto eles pedem depende do humor deles."
Como Israel continua a
bombardear o sul do Líbano, a fuga de sírios se tornou um negócio lucrativo.
Othman e outros disseram à DW que as pessoas pagam entre 300 e 600 dólares
(entre R$ 1,6 mil e R$ 3,3 mil) para voltar às áreas controladas pela oposição
síria.
Um morador da região
disse à DW que diferentes ramos do Exército do regime de Assad estão
cooperando com outras milícias na região, incluindo os combatentes curdos, para
facilitar esses pagamentos. O morador falou sob anonimato, por medo de represálias.
Ele acredita que a 4ª Divisão Blindada de elite do Exército Sírio, comandada
por Maher Assad, irmão do ditador sírio, também esteja envolvida.
Os sírios que retornam
são levados a uma praça da cidade entre os postos de controle, disse a fonte.
Eles ficam lá até que um grupo maior seja reunido e todos tenham pago centenas
de dólares, e então seguem viagem. Esse é um dos motivos pelos quais a viagem
demora tanto. A fonte acredita que o dinheiro é então compartilhado entre os
vários grupos que supervisionam as estradas. A DW não conseguiu verificar isso
de forma independente.
·
'Notas de dólar ambulantes'
Muitas vezes, os
refugiados sírios são insultados, agredidos ou até mesmo presos, acrescentou a
fonte. No início desta semana, o meio de comunicação sírio independente, Al
Jumhuriya, informou que houve pelo menos 40 prisões em uma estação de ônibus de
Damasco de jovens que retornavam do Líbano.
"As pessoas estão
assustadas, cansadas e procurando um lugar para ficar. Se a guerra no Líbano
não tivesse sido pior do que a situação na Síria, eles teriam ficado lá -
apesar do racismo”, disse a fonte. "Agora eles são vistos como notas de
dólar ambulantes. As pessoas que cobram dinheiro os acusam de serem traidores e
dizem que eles são ricos."
Se os valores médios
que os viajantes dizem estar pagando estiverem corretos, então as várias forças
de segurança podem já ter extorquido mais de um milhão de dólares de sírios que
fugiram do Líbano.
As propinas cobradas
nos postos de controle são exorbitantes para muitos dos sírios, que haviam
fugido para o Líbano devido à guerra civil. Lá, 90% dos sírios vivem na pobreza
e aqueles que ganharam dinheiro - apesar das leis libanesas que dizem que eles
não podem trabalhar legalmente - ganham cerca de 95 dólares (R$ 524) por mês em
empregos informais, de acordo com a ONU.
Othman fugiu de sua
cidade natal, no noroeste da Síria, em 2012, e desde então vivia no
Líbano. "Mas a vida tem sido muito difícil no Líbano”, disse ele à DW.
"O dólar é caro e as condições econômicas eram péssimas. Vivíamos com um
salário mínimo e gastávamos tudo o que ganhávamos."
Na passagem de Aoun
al-Dadat, que liga a cidade de Jarablus, controlada pela oposição, à cidade de
Manbij, controlada pelas forças curdas, Othman diz que a taxa cobrada no posto
de controle era de 10 dólares.
"Mas lá fizemos
um protesto e ninguém pagou", conta ele, explicando como as multidões
enfurecidas protestaram e depois atravessaram as fronteiras sem pagar a taxa.
"Agradecemos a
Deus por termos conseguido voltar para cá”, disse Othman. "Estamos
cansados, mas o importante é que chegamos ao nosso vilarejo e agora ficaremos
em nossa própria casa."
¨ Africanos no Líbano: difícil permanecer, impossível sair
Em meio às ofensivas
militares de Israel, a população do Líbano procura se colocar em segurança como pode. Porém as
chances de ficar para trás são bem maiores entre os empregados domésticos
imigrantes, sobretudo da África. Abandonados por seus patrões libaneses em
plena zona de conflito crescente, uma de suas dificuldades mais graves é
acessar os abrigos de emergência.
"Essa gente não
se importa conosco, para eles nós somos como máquinas de trabalhar. Meus amigos
tiveram barrada a entrada nos abrigos, foram expulsos porque não eram
libaneses", conta a doméstica queniana Regina Blessing Kyalo, que chegou
ao país árabe em 2023. "Estamos presos, não há como sair."
Em Beirute, Mariatu
Tholley, de Serra Leoa, conta que não tem conseguido dormir: "Eles bombardeiam por toda parte à
noite. Este país não é seguro para a gente, agora." Por outro lado, ela
não tem nenhum outro lugar para onde ir.
As autoridades do
Líbano têm sido repetidamente acusadas de discriminar os estrangeiros,
priorizando seus próprios cidadãos. Mathieu Luciano, diretor da Organização
Internacional para Migração (OIM) se mostra preocupado com os milhares de
empregados domésticos, a maioria imigrantes do sexo feminino, que foram
simplesmente "abandonados" por seus empregadores: estes
"enfrentam opções de abrigo limitadas".
<><> "Patrões
fugiram com nossos passaportes"
Quem não consegue
acesso aos abrigos é forçado a dormir pelas ruas ou em parques públicos, a fim
de evitar se tornar vítima dos bombardeios e mísseis. "A
maioria dos quase 900 abrigos coletivos mantidos pelo governo do Líbano está
com a capacidade esgotada", explicou Rula Amin, da Agência das Nações
Unidas para Refugiados (Acnur), numa coletiva de imprensa em Genebra.
Dara Foi'Elle, da Ação
Trabalhadores Migrantes, confirma a extrema seriedade da situação para as
mulheres, em especial, que costumam ser diaristas, pagas por hora. Grande parte
trabalha como empregada residente nas áreas de classe média do sul libanês – justamente
a região que Israel tem bombardeado nas últimas semanas, à procura de agentes
da organização Hezbollah, classificada como terrorista por diversos Estados. A ativista
apela às organizações internacionais para providenciarem abrigos para os
migrantes, a fim de contrapor a política do governo de "priorizar seus
cidadãos nas instalações públicas".
Beirute calcula que
mais de 1,2 milhão de seus habitantes tenham sido forçados a se deslocar
devido à atual escalada de violência. Contudo, não há cifras confiáveis nem
quanto ao número, nem ao modo como os estrangeiros afetados pela crise. Segundo
uma estimativa da OIM feita antes do presente conflito, mais de 175 mil
imigrantes de 98 países vivem no Líbano.
Para piorar a
situação, por falta de documentos, grande parte da mão de obra migrante não é
incluída nas medidas oficiais de remoção. O sistema judicial kafala do Líbano
permite que empregadores e agências de trabalho retenham os passaportes dos
empregados estrangeiros, a fim de evitar que fujam.
"Os patrões estão
segurando os nossos passaportes e documentos de viagem, estão fugindo com
eles", afirma Kyalo, para quem qualquer tentativa de retornar ao Quênia se
tornou uma "missão impossível".
O sistema kafala tem
complicado consideravelmente não só as medidas de remoção, mas também o acesso
a quase todos os serviços públicos eventualmente necessários numa época de
crise. "Sem documentação, muitos trabalhadores imigrantes não conseguem acessar
os cuidados de saúde e os serviços oferecidos pelo governo. É uma violação
crassa dos direitos humanos", critica Foi'Elle.
Há até mesmo alegações
de que imigrantes foram deixados para trás, trancados nas casas em que
trabalhavam, impossibilitados de abandonar os arranha-céus em áreas em que as
Forças de Defesa de Israel (IDF) têm realizado bombardeios estratégicos contra
postos do Hezbollah.
<><> Planos
de evacuação sem ter para onde ir
Alguns governos
estrangeiros, como o de Bangladesh, Quênia e Filipinas, começaram a organizar a
repatriação de seus cidadãos do Líbano, mas o processo global parece lento
perante a urgência da questão. Porém, muitos trabalhadores africanos e
asiáticos nem sequer têm uma embaixada onde solicitar mais informações, ou
obter documentos de emergência para sair do país.
"A falta de
missões diplomáticas no país está piorando a situação. A maioria dos países não
tem embaixadas aqui, só consulados honorários", observa a ativista
Foi'Elle.
Por sua vez, o governo
do Quênia afirma que seus cidadãos no Líbano foram lentos em se registrar para
evacuação, apesar de terem recebido ordens para tal. O Departamento Queniano de
Assuntos da Diáspora afirmava não ter recebido quase nenhum requerimento até 2
de outubro, apesar dos pedidos de ajuda anteriores.
Nos últimos dias,
chegou-se um total de 3.500 cidadãos cadastrados para remoção – apenas um
oitavo das estimativas totais. Segundo Roselyn Njogu, secretária-chefe para
Assuntos de Diáspora, devido à aparente falta de demanda até agora menos de 100
indivíduos foram repatriados, em duas levas. Mas há disposição para
"resgatar quantos quenianos seja, mesmo que sejam 26 mil".
Essa versão contradiz
depoimentos de quenianos que afirmam ter se cadastrado já em julho para o caso
de repatriação, mas não notaram qualquer iniciativa de seu governo para
protegê-los. Regina Kyalo é uma deles: "Eu me registrei cinco meses atrás,
fui uma das primeiras. Não se está fazendo nada, é só falatório."
Por outro lado,
Nairóbi anunciou que encerrará em 12 de outubro o prazo dos registros para
repatriação. Afinal, se os militares israelenses continuarem bombardeando
posições no Líbano, sem cessar-fogo à vista, tudo indica que em breve as
missões de resgate se tornarão impossíveis.
¨ Resolução de 2006 pode ajudar no conflito Israel-Hezbollah?
Muitos políticos e
diplomatas já afirmaram que a única solução para o atual conflito entre o grupo
xiita Hezbollah e Israel que pode trazer paz e segurança tanto para Israel quanto
para o Líbano é uma solução política. Parte dela
poderia muito bem envolver uma resolução acordada pelo Conselho de Segurança
das Nações Unidas há
mais de 18 anos.
"A única saída
para o futuro é um acordo político", afirma a especialista Randa Slim,
do think tank Middle East Institute, com sede em Washington.
"E é justamente isso que a Resolução 1701 – talvez uma 1701 com mais
poderes, mais engajada, com mais mecanismos de aplicação – é", argumentou.
Há também muitas
críticas à Resolução 1701. Mas Slim lembra que, até recentemente, esse texto
havia trazido 17 anos de relativa calma para a área de fronteira entre Líbano e
Israel.
<><> O que
é a Resolução 1701?
A Resolução 1701, unanimemente
aceita pelos membros do Conselho de Segurança da ONU em agosto de 2006, é
amplamente reconhecida por ter encerrado um breve, porém brutal, combate entre
o Hezbollah e os militares israelenses.
O conflito de 2006
começou em meados de julho daquele ano, quando combatentes do Hezbollah
entraram em Israel e sequestraram dois soldados israelenses perto da fronteira.
Outros oito soldados israelenses foram mortos como resultado da operação.
Mesmo antes disso, há
muito tempo havia escaramuças entre os dois lados. Porém, depois do sequestro
dos soldados israelenses pelo Hezbollah em 2006, Israel iniciou uma campanha de
bombardeio aéreo no Líbano, incluindo Beirute. As tropas israelenses também
invadiram o país.
O governo israelense
responsabilizou o governo libanês pelas ações do Hezbollah, mas as autoridades
libanesas disseram que não tinham nada que ver com isso e pediram a intervenção
do Conselho de Segurança da ONU.
Em 11 de agosto de
2006, o Conselho de Segurança da ONU pediu "o fim total das
hostilidades". Tanto o Hezbollah quanto Israel concordaram com um
cessar-fogo dentro das condições da Resolução 1701.
<><> O que
diz a Resolução 1701?
O ponto central da
resolução do Conselho de Segurança da ONU era criar uma situação na qual os
membros do Hezbollah e os militares israelenses não estivessem se encarando em
lados opostos da linha de fronteira.
Ela determinava que os
lados conflitantes deveriam respeitar novas regras numa zona entre o rio Litani
e a assim chamada Linha Azul, uma fronteira provisória traçada pela ONU após os
combates anteriores e a ocupação do sul do Líbano por Israel.
Essa zona deveria ser
controlada exclusivamente pela Força Interina das Nações Unidas no Líbano
(Unifil), juntamente com o Exército libanês.
A Resolução 1701
também especificava que o Estado libanês e seu próprio Exército deveriam ser o
único grupo armado no Líbano e que o Hezbollah deveria se desarmar.
No entanto, a
Resolução 1701 foi aprovada sob um determinado conjunto de normas do Conselho
de Segurança da ONU que significavam que nenhuma dessas novas regras poderia de
fato ser imposta por força militar. A implementação das regras dependia da
cooperação de todos os envolvidos.
<><> A
Resolução 1701 obteve resultados?
Desde então, houve
várias violações da Resolução 1701, com cada um dos lados culpando o outro
pelos problemas.
Em 2010, por exemplo,
um tiroteio começou quando os israelenses cortaram árvores que os libaneses
disseram estar do lado deles da fronteira.
Em 2018, numa reunião
do Conselho de Segurança, Israel acusou o Hezbollah de cavar túneis sob a Linha
Azul, por meio dos quais poderia realizar ataques. Na mesma reunião, o governo
libanês reclamou que Israel violava a Resolução 1701 quase diariamente e que
essas violações, incluindo voos sobre as fronteiras libanesas, somavam cerca de
1.800 incidentes por ano.
Em 2023, o Hezbollah
acusou Israel de tentar anexar mais terras nessa área com a construção de uma
barreira de segurança. Os moradores locais organizaram um protesto, e o
Hezbollah montou uma tenda nas proximidades. Isso foi visto pelo lado
israelense como uma provocação.
Apesar de tudo isso, a
maioria dos observadores diz que, no geral, a Resolução 1701 foi relativamente
eficaz e, até o ano passado, o cessar-fogo imposto por ela foi mantido de um
modo geral.
<><> No
meio da batalha
A Unifil, que tem
cerca de 10 mil soldados, incluindo uma força-tarefa marítima, e que custa
cerca de 500 milhões de dólares por ano, se vê no meio do conflito entre Israel
e Hezbollah, assim como as Forças Armadas libanesas.
A Unifil deve fazer
cumprir as regras da Resolução 1701. Ela também deve manter um canal de
comunicação entre os militares israelenses e libaneses, uma tarefa na qual ela
é bem-sucedida, dizem especialistas. Porém, a Unifil não está encarregada de
desarmar o Hezbollah nem deve se comunicar com o grupo.
A Unifil "tem
sido um instrumento versátil e eficaz de gestão de conflitos, dentro de seus
limites estreitos", escreveu o especialista Thanassis Cambanis, do think
tank Century International, num relatório de 2018. No entanto,
"apesar de seus sucessos, tanto Israel quanto o Hezbollah atacam
rotineiramente em público a legitimidade da Unifil".
Por exemplo, Israel
diz que a Unifil é ineficaz e deveria ser fortalecida para poder desarmar o
Hezbollah, enquanto o Hezbollah diz que a Unifil espiona para Israel.
Quanto aos militares
libaneses, o Exército local não é tão forte quanto o Hezbollah, e os críticos o
acusam de ter apenas uma presença simbólica no sul.
Nesta semana, quando
os combates aumentaram na fronteira, com o Exército israelense tentando entrar
no Líbano, e o Hezbollah tentando impedir a invasão, a Unifil comunicou que
Israel pediu que ela se retirasse de algumas das posições que ocupa na zona que
ela controla.
A Unifil, que agora
está patrulhando uma frente de batalha em vez de uma fronteira, como escreveu o
jornal Washington Post, recusou-se a se mover. Israel afirmou que o
Hezbollah também está usando os soldados da Unifil como escudos humanos.
Fonte: DW Brasil
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