Desbloqueio do X no Brasil é destaque no
NYT, que trata caso como derrota para Elon Musk
A decisão do ministro
Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou nesta
terça-feira, 8, o desbloqueio imediato do X (antigo Twitter) em até 24 horas
foi destaque no The New York Times, que classificou o caso como uma derrota para
o bilionário Elon Musk.
"A aparente
resolução para a batalha que durou meses representou uma derrota para Musk, que
se posicionou como um defensor contundente da liberdade de expressão. Sua
empresa perdeu um mês de negócios em um de seus maiores mercados, permitindo
que rivais ganhassem espaço lá, apenas para acabar exatamente onde
começou", diz a reportagem assinada por Jack Nicas, o correspondente do
NYT no Brasil, e Ana Ionova.
Segundo o jornal
americano, o caso mostra que governos nacionais ainda têm vantagens na luta de
poder contra grandes empresas de tecnologia.
Por outro lado, a
reportagem avalia que o caso pode ser também considerado uma vitória "de
relações públicas" para o bilionário e seus apoiadores.
"Enfrentar o
Supremo Tribunal do Brasil — que agiu agressivamente para censurar certas vozes
nas redes sociais — atraiu elogios generalizados para o bilionário
empreendedor, vindos de pessoas preocupadas com governos restringindo o que
pode ser dito online".
O NYT destacou que o
Brasil é "um dos mercados internacionais mais importantes do X", com
uma estimativa de 20 milhões de usuários, e que boa parte migrou para outras
plataformas semelhantes, como o BlueSky (criada por um dos cofundadores do X,
Jack Dorsey) e o Threads (plataforma da Meta, de Mark Zuckerberg).
De acordo com dados da
Similarweb, empresa de inteligência de dados citada pelo jornal americano, o
número de usuários do Bluesky pulou para 6,8 milhões diários, enquanto o do
Threads chegou a 3,6 milhões. O número de brasileiros no X, por sua vez, despencou
80%
A rede social estava
suspensa no Brasil desde 30 de agosto por determinação de Moraes, após o
empresário sul-africano fechar o escritório no País alegando censura por parte
do magistrado, além de se recusar a manter um representante que pudesse
responder pela plataforma perante a Justiça. O ministro do STF também multou a
empresa em R$ 18 milhões, alegando descumprimento de decisão que obrigava a
retirada do ar de perfis que compartilhavam fake news e atacavam instituições
democráticas.
Pressionada pelo
bloqueio, a plataforma recuou e nomeou a advogada Rachel de Oliveira Villa Nova
Conceição como representante legal no Brasil. A indicação só foi aceita após a
comprovação do vínculo por meio de documentos como procuração societária e registro
emitido pela Junta Comercial de São Paulo.
O X também foi multado
por descumprir decisões do STF para suspender perfis e por burlar a decisão que
tirou o aplicativo do ar. A empresa recorreu a IPs dinâmicos, o que permitiu
que o aplicativo voltasse a funcionar temporariamente para alguns usuários
brasileiros. Ao todo, a plataforma precisou desembolsar R$ 28,6 milhões para
cobrir as multas. O pagamento atrasou a decisão sobre o retorno da rede social.
Em sua decisão, Moraes
destacou que o "retorno das atividades da X BRASIL INTERNET LTDA. em
território nacional foi condicionado, unicamente, ao cumprimento integral da
legislação brasileira e da absoluta observância às decisões do Poder
Judiciário, em respeito à soberania nacional".
<><> Quando
o X voltará a funcionar?
A decisão será enviada
à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), que encaminhará o ofício de
liberação para as operadoras de internet. Apesar de o prazo dado pelo ministro
ser de 24 horas, o processo pode demorar mais do que isso, já que a volta fica
a cargo das empresas provedoras.
¨ Interlocutores de Moraes avaliam que Elon Musk aprendeu que o
Brasil não é uma “republiqueta de bananas”
Interlocutores do
ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), avaliam que o
bilionário Elon Musk, dono da rede social X, aprendeu que o Brasil “não é uma
republiqueta de bananas” após o bloqueio da plataforma no país, informa o jornalista
Valdo Cruz. A rede social ficou quase 40 dias bloqueada após descumprir uma
série de determinações judiciais.
A avaliação é de que a
decisão de desbloquear o X foi rápida, já que não tinha mais motivo para manter
o site bloqueado após o cumprimento de todas as exigências. Dentro do STF, os
ministros destacavam que a rede social não estava banida, e sim suspensa até
que Musk cumprisse as determinações legais. Após tentar o enfrentamento, o
bilionário entendeu que precisava seguir os passos legais para voltar a operar
no país.
Sobre um eventual novo
ato de rebeldia por parte de Elon Musk, o entendimento é de que novas multas
devem ser aplicadas e, caso não sejam pagas, o X pode voltar a ser bloqueado.
"Simples assim: aplica-se a lei”, dizem os interlocutores de Moraes. A rede
social deve continuar sendo monitorada pela Polícia Federal, e o segundo
turno das eleições será o primeiro grande teste após o bloqueio.
<><>
X diz que continuará defendendo liberdade de expressão dentro dos limites da
lei após liberação no Brasil
A divisão de relações
globais do X disse na noite desta terça-feira que a rede social "está
orgulhosa de retornar ao Brasil" e que continuará defendendo a liberdade
de expressão, dentro dos limites da lei, em todos os locais que opera.
"O X tem orgulho
de estar de volta ao Brasil. Proporcionar a dezenas de milhões de brasileiros
acesso à nossa plataforma indispensável foi prioridade durante todo este
processo", publicou a página Global Affairs, do X, na própria rede social.
"Continuaremos a
defender a liberdade de expressão, dentro dos limites da lei, em todos os
lugares onde operamos", acrescentou.
Os comentários foram
feito após a determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF)
Alexandre de Moraes de liberar a plataforma no Brasil, mais cedo nesta
terça-feira, após a empresa pagar multas e adotar medidas exigidas pela Justiça
brasileira.
<><>
Lindbergh: 'decisão do STF sobre o X mostra que o Brasil é soberano'
O deputado federal
Lindbergh Farias (PT-RJ) destacou nesta terça-feira (8) a importância das
investigações do Supremo Tribunal Federal sobre o funcionamento do X no Brasil.
O ministro do STF Alexandre de Moraes determinou o desbloqueio da rede social.
"Alexandre de
Moraes acaba de mandar desbloquear o X. A decisão veio após o parecer da PGR
sobre o pagamento de multas. Brasil soberano! Aqui tem lei", escreveu o
parlamentar na rede social.
A decisão foi
anunciada após a empresa pagar multa de R$ 28,6 milhões. O STF determinou a
suspensão porque o bilionário Elon Musk, dono da rede social, anunciou o
fechamento da sede da empresa no Brasil e não cumpriu a determinação de retirar
do ar perfis de investigados pela Corte pela publicação de mensagens
consideradas antidemocráticas.
Em 30 de agosto,
Moraes retirou o X do ar após a empresa fechar seu escritório do Brasil e
deixar de ter um representante legal no país, condição obrigatória para o
funcionamento da rede social.
¨ STF vai pautar regulação das redes após 2º turno da eleição
Ministros do Supremo
Tribunal Federal (STF) e do Tribunal
Superior Eleitoral (TSE) pretendem iniciar, após o segundo turno das eleições,
a discussão de regras para a atuação das redes sociais no Brasil. Sob reserva, magistrados argumentam não ser possível seguir
sem regulação até o pleito de 2026, sobretudo ante a dificuldade do Congresso
Nacional em avançar numa legislação sobre o tema.
Na avaliação de
ministros ouvidos pela coluna, o processo que levou ao bloqueio do X abre espaço para a discussão. O ponto mais polêmico a ser
analisado deverá ser a responsabilização das plataformas e provedores de internet pelos
conteúdos publicados.
O especialista em
propriedade intelectual Ticiano Gadelha explicou que cinco pontos sobre o caso
da rede social de Elon Musk podem ser levados em consideração no debate.
O advogado cita a
implementação de regras mais rígidas de moderação e de políticas de combate ao
discurso de ódio, desinformação e violação de direitos autorais; transparência
dos algoritmos para maior clareza sobre promoção de conteúdos; introdução de ferramentas
para identificar e remover violações de direitos autorais; simplificação do
processo de denúncia; e sistema integrado de colaboração com a Justiça.
Ex-ministro do
STF Marco Aurélio Mello é
contrário à medida. “Vejo em tudo o ferimento do Estado de Direito. A liberdade
de expressão é a medula da República. Regulamentação de rede é, sob minha
óptica, impensável. Implica intervenção do Estado em ambiente que pressupõe
liberdade”, disse o ministro à coluna.
A implementação de
regras para as redes sociais chegou a ser discutida pelo Congresso no PL das
Fake News, em 2023. Mas a forte resistência dos parlamentares, principalmente
na bancada bolsonarista, fez com o projeto de regulação das redes sociais
sequer chegar ao plenário.
¨ Em decisão, Moraes admite que eleições pesaram na suspensão do X
O ministro do Supremo
Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes citou
as eleições municipais de 2024 na decisão proferida nesta terça-feira (8/10 na
qual o magistrado ordenou o desbloqueio imediato do X no Brasil.
Na decisão, Moraes
admitiu que as eleições municipais pesaram na suspensão da rede social
determinada por ele monocraticamente em 30 de agosto e posteriormente
referendada pela Primeira Turma do Supremo.
O ministro afirmou que
o X foi suspenso em meio à tentativa da plataforma de não se submeter ao
ordenamento jurídico para instituir um ambiente de terra sem lei nas redes,
“inclusive durante as eleições municipais”.
Moraes dise ainda que
a rede social foi instrumentalizada por meio da atuação de grupos extremistas
com massiva divulgação de discursos antidemocráticos, “inclusive no período que
antecede as eleições municipais”.
“Em decisão de
30/8/2024, referendada por unanimidade pela PRIMEIRA TURMA DO STF em 3/9/2024,
presentes os requisitos legais necessários, fumus boni iuris, consistente nos
reiterados, conscientes e voluntários descumprimentos das ordens judiciais e
inadimplemento das multas diárias aplicadas, além da tentativa de não se
submeter ao ordenamento jurídico e Poder Judiciário brasileiros, para instituir
um ambiente de total impunidade e terra sem lei nas redes sociais brasileiras,
inclusive durante as eleições municipais de 2024 , bem como o periculum in mora
consistente na manutenção e ampliação da instrumentalização da X BRASIL
INTERNET LTDA., por meio da atuação de grupos extremistas e milícias digitais
nas redes sociais, com massiva divulgação de discursos nazistas, racistas,
fascistas, de ódio, antidemocráticos, inclusive no período que antecede as
eleições municipais de 2024, foi determinada A SUSPENSÃO IMEDIATA, COMPLETA E
INTEGRAL DO FUNCIONAMENTO DO X BRASIL INTERNET LTDA em território nacional, até
que todas as ordens judiciais proferidas nos presentes autos fossem cumpridas,
as multas devidamente pagas e fosse indicado, em juízo, a pessoa física ou
jurídica representante em território nacional”, escreveu Moraes na decisão.
Fonte: Agencia Estado/Reuters/Brasil 247/Metrópoles
Nenhum comentário:
Postar um comentário