China
aplica em Javier Milei as lições que aprendeu com Jair Bolsonaro, analisa mídia
Desde
o começo de sua campanha eleitoral, Javier Milei criticou a China abertamente.
No começo de sua gestão, Pequim mandou um recado através de sua chancelaria
dizendo que relações hostis não seria bom para ambos os países, mas depois
"se calou", pois sabia que não era necessário emitir outras
declarações.
De
acordo com a percepção do colunista Igor Patrick da Folha de S.Paulo, o governo
chinês aplicou com a Argentina as lições que aprendeu com Jair Bolsonaro.
Assim
como Milei, o ex-presidente brasileiro teceu diversas críticas contra a China,
chegou a visitar Taiwan quando ainda era candidato e com a explosão da COVID-19
culpou publicamente a China pelo vírus.
Depois
de eleito, o comércio com os chineses cresceu. Bolsonaro esteve em Pequim em
2019 e lá trocou afagos com Xi Jinping, chegando a presenteá-lo com uma camisa
do Flamengo.
Assim
também se trilha a caminhada de Milei com o gigante asiático. Quando eleito, o
presidente argentino logo foi a Washington para reuniões. Fã declarado de
Donald Trump, chegou a ir ao país apenas para participar de um evento com o
ex-presidente.
Depois,
fez questão de viajar até Ushuaia apenas para cumprimentar a general Laura
Richardson, chefe do Comando Sul dos Estados Unidos que volta e meia circula
pela América Latina alertando sobre os "riscos de se fazer negócios com os
chineses", relembrou o colunista.
No
entanto, após todos esses movimentos, Milei começou a desacelerar.
"Ciente
de que a Argentina dependia da China e dos seus contratos de swap cambial para
continuar honrando pendências com o FMI, [Milei] reduziu a retórica estridente.
Chegou a agradecer Xi Jinping pelas felicitações pós-vitória, publicando na
rede social X que expressava 'sinceros desejos de bem-estar ao povo
chinês'", escreve Igor Patrick.
Ao
mesmo tempo, o colunista cita que a aproximação com os norte-americanos quase
não gerou proveitos para Buenos Aires.
"Em
Washington, sobrou entusiasmo, nunca traduzido em nada concreto. Aos poucos, o
apoio foi murchando. Conforme percebia que a Argentina não era [e nem será]
prioridade da política externa americana, Milei lentamente mudou o tom com os
chineses."
Recentemente,
Milei disse que a China "é um parceiro comercial muito interessante porque
não pede nada. A única coisa que pedem é que não os incomodem," disse o
presidente, confirmando que vai visitar Pequim em janeiro para um encontro da
Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC).
Do
lado chinês, o colunista diz que, "nos dois casos, com Bolsonaro e Milei,
os chineses deixaram o tempo mostrar que a dependência econômica da China às
vezes pode ser tão grande que presidente nenhum abala a relação. A menos,
claro, aos dispostos a sacrificar uma fatia grande do PIB".
Para
Milei, talvez sobre o amargor de esperar de Washington uma boia de salvação que
nunca veio. Aconteceu com ele, com Mauricio Macri, com o ex-presidente do
Equador, Guillermo Lasso e com o próprio Bolsonaro, todos crentes de que
poderiam convencer os EUA a verem a América Latina como mais do que mero
quintal, complementou o colunista.
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Malvinas: pacto com
Reino Unido revela 'síndrome de Estocolmo' do governo argentino, diz analista
O
acordo alcançado entre o Reino Unido e a Argentina para permitir a exploração
pesqueira das ilhas Malvinas, ocupadas pelos britânicos, constitui um ato
absurdo com graves consequências para a nação sul-americana, disse à Sputnik o
ex-secretário das Malvinas, Antártica e Atlântico Sul, o sociólogo Daniel
Filmus.
"A
estratégia implementada pelo governo de Javier Milei é a estratégia da síndrome
de Estocolmo: tratá-los bem para que simpatizem e nos devolvam as ilhas",
afirmou Filmus, que também já foi ministro da Ciência e Tecnologia.
Na
sequência da decisão do Reino Unido de devolver o território de Chagos às ilhas
Maurício, com exceção de uma base militar que o país britânico partilha com os
Estados Unidos na ilha de Diego Garcia, Filmus considerou pertinente o elogio
da ministra das Relações Exteriores, Diana Mondino, ao feito alcançado pela
ex-colônia britânica.
O
antigo funcionário observou, no entanto, que as ilhas Maurício agiram de forma
contrária às orientações seguidas pelo governo argentino, que levou o assunto a
todos os órgãos judiciais e internacionais.
"Eles
confiaram no caso argentino", disse o ex-secretário das Malvinas, que
ocupou o mesmo cargo entre 2019 e 2021, e também entre 2014 e 2015, durante o
governo de Cristina Kirchner (2007–2015).
Por
outro lado, é grave a posição adotada pela administração Milei, com o anúncio
de um pacto que permite ao Reino Unido a exploração pesqueira das ilhas
Malvinas, afirma Filmus.
O
acordo, assinado entre a chanceler argentina e seu homólogo britânico, David
Lammy, também retoma um serviço aéreo semanal da cidade brasileira de São Paulo
para o arquipélago, com escala mensal na província argentina de Córdoba.
O
entendimento inclui a continuação da terceira fase de identificação dos
ex-combatentes argentinos enterrados no cemitério de Darwin.
O
ex-secretário destacou que "não há história no mundo de um país que não
permita a identificação dos mortos em combate, e isso [a Guerra das Malvinas]
aconteceu há mais de 40 anos".
"Também
é ultrajante colocar a questão humanitária e a questão das pescas no mesmo
comunicado conjunto, como se lhes deixássemos os voos e lhes passássemos a
questão das pescas, e eles depois permitissem a identificação dos
ex-soldados", criticou.
A
declaração é muito grave, segundo ele, pois tem as mesmas características
desfavoráveis para a Argentina que a assinada em 2018 pelo governo de Mauricio
Macri, que governou de 2015 a 2019.
O
governo de Alberto Fernández (2019–2023) suspendeu o acordo de pesca
semelhante, assinado em 13 de setembro de 2016 pelo então vice-chanceler de
Macri, Carlos Foradori, e pelo seu homólogo britânico, Alan Duncan.
Esse
acordo "apenas fez com que a Argentina fornecesse informações aos
britânicos, e eles não nos permitiram acessar as Malvinas para obter nossas
informações", revelou Filmus.
"Quando
acessamos os documentos, vimos que eram todos de mão única: podiam embarcar nos
navios argentinos que faziam pesquisas, e nós não podíamos embarcar nos navios
britânicos que estavam na zona de exclusão que estabeleceram em torno das
Malvinas", explicou.
O
ex-secretário das Malvinas acrescentou que representa "uma gravidade
incomum" que o Executivo de Milei autorize um serviço aéreo semanal do
Brasil com escala na Argentina.
"Para
nós devem ser voos domésticos e devem ser feitos pela companhia aérea de
bandeira argentina, mas querem que eu saia de São Paulo para vender e comprar
mercadorias, que é justamente o que não podemos evitar", questionou
Filmus.
O
novo acordo que o Reino Unido assinou com a atual administração, ao qual até a
própria vice-presidente argentina, Victoria Villarruel, se opôs, significa que
o país europeu continuará a usurpar o território, alertou o ex-ministro.
"Em
algum momento, os ingleses estiveram perto de pensar na alternativa argentina,
porque seria um avanço. A Argentina já tinha seus voos para as Malvinas antes
da guerra [1982] e foi quem viajou para lá, quem construiu o aeroporto que
tinham, quem trazia o combustível e a correspondência", lembrou o
sociólogo. "Não podemos favorecer que também tirem os recursos naturais
que pertencem a 45 milhões de argentinos", concluiu.
As
ilhas Malvinas estão ocupadas pelo Reino Unido desde 1833. Buenos Aires e
Londres mantêm desde então uma disputa pela soberania do arquipélago, que
inclui também as ilhas Geórgia e as ilhas Sandwich do Sul, que deram origem, em
abril de 1982, à junta militar do general Leopoldo Galtieri (1981–1982).
Galtieri
governou o país e tentou recuperar o arquipélago através de uma ofensiva contra
o Reino Unido de Margaret Thatcher (1979–1990), que terminou com a derrota do
país sul-americano e com quase mil mortes entre os dois lados apenas durante o
conflito armado.
Os
dois países retomaram as relações diplomáticas em fevereiro de 1990, durante a
gestão do então presidente argentino Carlos Menem (1989–1999).
<><> 'Gesto de audácia diplomática?': Milei é
acusado de plágio após discurso na Assembleia Geral da ONU
o
presidente argentino, Javier Milei, discursou na 79ª Assembleia Geral da
Organização das Nações Unidas (ONU), onde criticou a Agenda 2030 e acusou a ONU
de "impor uma agenda ideológica" entre os seus membros. Agora, a
mídia argentina noticia que o presidente teria plagiado o seu discurso.
Plágio,
homenagem ou gesto de audácia diplomática? Talvez tenham sido as três coisas
juntas: Javier Milei usou em seu primeiro discurso perante a Assembleia Geral
da Organização das Nações Unidas (ONU) uma frase que parece extraída, quase
literalmente, do roteiro da lendária série The West Wing, que esteve em alta
entre 1999 e 2006", lê-se em uma publicação que se tornou viral nas redes
sociais do jornal argentino La Nacion.
O
vídeo – editado pelo programa Odisea Argentina – mostra paralelamente um
fragmento do discurso de Milei e uma cena da série americana The West Wing: Nos
Bastidores do Poder, onde o ator Martin Sheen, que interpreta o presidente dos
Estados Unidos, faz um monólogo ao seu gabinete.
"Acreditamos
na liberdade de culto para todos. E como nestes tempos o que acontece num país
impacta rapidamente outros, acreditamos que todos os povos devem viver livres
da tirania e da opressão", foram as primeiras palavras do discurso.
A
parte supostamente usada pelo presidente argentino corresponde ao capítulo 15
da quarta temporada da série. Além disso, foram encontradas semelhanças entre
as palavras de Martin Sheen e o final do discurso de Milei, especificamente a
análise anarco-capitalista do suposto "socialismo" da ONU e do
"crime contra a humanidade" que, na opinião do presidente argentino,
podem ser representadas pelas quarentenas, emergência sanitária durante a
pandemia da Covid-19.
Esta
não é a primeira vez que o presidente argentino é acusado de plágio. Por
exemplo, no livro "O Louco, a vida desconhecida de Javier Milei e sua
irrupção na política argentina", o autor, o jornalista e acadêmico Juan
Luis González mostrou que em Javier Milei, em seu livro "Pandemonics"
copiou trechos de obras do professor de física espanhol Antonio Guirao Piñera e
de seu homólogo mexicano, Salvador Uribarri.
No
mesmo livro, Milei teria plagiado a atual subdiretora-geral do Fundo Monetário
Internacional (FMI), Gita Gopinath.
Da
mesma forma, em suas colunas para o jornal econômico El Cronista, Milei
apresentou como sendo de sua autoria parágrafos inteiros preparados por seus
economistas favoritos, como Henry Hazlitt, Ludwig Von Mises, Friedrich Hayek e
Murray Rothbard verificou o portal Chequeado.
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Sucateando o Estado,
Milei decide fechar Casa da Moeda argentina
Logo
após anunciar o encerramento de uma empresa ferroviária administrada pelo
Estado, com a demissão de quase 1400 trabalhadores, o governo de Javier Milei
prepara um decreto para encerrar as atividades de outros cinco órgãos públicos,
incluindo a Casa da Moeda.
Tal
sinalização foi feita pelo ministro da Desregulamentação e Transformação do
Estado, Federico Sturzenegger, a jornalistas credenciados na Casa Rosada, segundo o site argentino Pagina12.
Nesse
sentido, o líder libertário destacou que as funções exercidas pela Casa da
Moeda, que depende do Ministério da Economia, serão colocadas em licitação com
empresas privadas, e o governo também analisa a “importação das notas”.
O
porta-voz presidencial, Manuel Adorni, confirmou o encerramento da organização
na sua conta X, mas poucos minutos depois apagou a publicação.
A
justificativa do governo Milei em fechar organizações estatais está no objetivo
de “eliminar despesas desnecessárias” – no caso da empresa Trenes Argentinos
Capital Humano, seu fechamento foi ordenado por ser “uma empresa ferroviária
que não operava trens”.
A
decisão de Milei também envolveu a dissolução do Instituto Argentino de
Transportes (IAT). E tudo indica que o destino dos trabalhadores da Casa da
Moeda argentina será o mesmo dos outros servidores públicos: a demissão.
Em
atividade desde 1875, a Casa da Moeda é responsável pela cunhagem do peso
argentino, além de atuar na produção de selos postais, selos fiscais, e na
fabricação de instrumentos de controle, documentos de segurança, design e
desenvolvimento de software e processos de digitalização.
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Edmundo González diz
que vai retornar à Venezuela em janeiro para 'tomar posse'
O
ex-candidato presidencial venezuelano Edmundo González disse nesta sexta-feira
(4) que pretendia retornar a Caracas em 10 de janeiro para tomar posse como
"presidente eleito".
Em
seu primeiro discurso público desde que chegou à Espanha após buscar asilo
político, González disse ao público que era presidente eleito e que sua estadia
era temporária.
"Voltarei
à Venezuela o mais rápido possível, quando restaurarmos a democracia em nosso
país […] vou tomar posse como presidente eleito no dia 10 de janeiro",
disse ele a repórteres, segundo a Reuters.
O
presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, foi declarado vencedor da eleição no
país pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE). O resultado foi referendado pelo
Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) venezuelano. Mas González e outros opositores
se recusaram a aceitar a decisão, afirmando que ele é quem teria vencido o
pleito.
González
foi para a Espanha em 9 de setembro, uma semana depois que as autoridades
venezuelanas emitiram um mandado de prisão contra ele, acusando-o de
conspiração e outros crimes.
Fonte:
Sputnik Brasil/Jornal GGN
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