terça-feira, 8 de outubro de 2024

China aplica em Javier Milei as lições que aprendeu com Jair Bolsonaro, analisa mídia

Desde o começo de sua campanha eleitoral, Javier Milei criticou a China abertamente. No começo de sua gestão, Pequim mandou um recado através de sua chancelaria dizendo que relações hostis não seria bom para ambos os países, mas depois "se calou", pois sabia que não era necessário emitir outras declarações.

De acordo com a percepção do colunista Igor Patrick da Folha de S.Paulo, o governo chinês aplicou com a Argentina as lições que aprendeu com Jair Bolsonaro.

Assim como Milei, o ex-presidente brasileiro teceu diversas críticas contra a China, chegou a visitar Taiwan quando ainda era candidato e com a explosão da COVID-19 culpou publicamente a China pelo vírus.

Depois de eleito, o comércio com os chineses cresceu. Bolsonaro esteve em Pequim em 2019 e lá trocou afagos com Xi Jinping, chegando a presenteá-lo com uma camisa do Flamengo.

Assim também se trilha a caminhada de Milei com o gigante asiático. Quando eleito, o presidente argentino logo foi a Washington para reuniões. Fã declarado de Donald Trump, chegou a ir ao país apenas para participar de um evento com o ex-presidente.

Depois, fez questão de viajar até Ushuaia apenas para cumprimentar a general Laura Richardson, chefe do Comando Sul dos Estados Unidos que volta e meia circula pela América Latina alertando sobre os "riscos de se fazer negócios com os chineses", relembrou o colunista.

No entanto, após todos esses movimentos, Milei começou a desacelerar.

"Ciente de que a Argentina dependia da China e dos seus contratos de swap cambial para continuar honrando pendências com o FMI, [Milei] reduziu a retórica estridente. Chegou a agradecer Xi Jinping pelas felicitações pós-vitória, publicando na rede social X que expressava 'sinceros desejos de bem-estar ao povo chinês'", escreve Igor Patrick.

Ao mesmo tempo, o colunista cita que a aproximação com os norte-americanos quase não gerou proveitos para Buenos Aires.

"Em Washington, sobrou entusiasmo, nunca traduzido em nada concreto. Aos poucos, o apoio foi murchando. Conforme percebia que a Argentina não era [e nem será] prioridade da política externa americana, Milei lentamente mudou o tom com os chineses."

Recentemente, Milei disse que a China "é um parceiro comercial muito interessante porque não pede nada. A única coisa que pedem é que não os incomodem," disse o presidente, confirmando que vai visitar Pequim em janeiro para um encontro da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC).

Do lado chinês, o colunista diz que, "nos dois casos, com Bolsonaro e Milei, os chineses deixaram o tempo mostrar que a dependência econômica da China às vezes pode ser tão grande que presidente nenhum abala a relação. A menos, claro, aos dispostos a sacrificar uma fatia grande do PIB".

Para Milei, talvez sobre o amargor de esperar de Washington uma boia de salvação que nunca veio. Aconteceu com ele, com Mauricio Macri, com o ex-presidente do Equador, Guillermo Lasso e com o próprio Bolsonaro, todos crentes de que poderiam convencer os EUA a verem a América Latina como mais do que mero quintal, complementou o colunista.

 

¨      Malvinas: pacto com Reino Unido revela 'síndrome de Estocolmo' do governo argentino, diz analista

O acordo alcançado entre o Reino Unido e a Argentina para permitir a exploração pesqueira das ilhas Malvinas, ocupadas pelos britânicos, constitui um ato absurdo com graves consequências para a nação sul-americana, disse à Sputnik o ex-secretário das Malvinas, Antártica e Atlântico Sul, o sociólogo Daniel Filmus.

"A estratégia implementada pelo governo de Javier Milei é a estratégia da síndrome de Estocolmo: tratá-los bem para que simpatizem e nos devolvam as ilhas", afirmou Filmus, que também já foi ministro da Ciência e Tecnologia.

Na sequência da decisão do Reino Unido de devolver o território de Chagos às ilhas Maurício, com exceção de uma base militar que o país britânico partilha com os Estados Unidos na ilha de Diego Garcia, Filmus considerou pertinente o elogio da ministra das Relações Exteriores, Diana Mondino, ao feito alcançado pela ex-colônia britânica.

O antigo funcionário observou, no entanto, que as ilhas Maurício agiram de forma contrária às orientações seguidas pelo governo argentino, que levou o assunto a todos os órgãos judiciais e internacionais.

"Eles confiaram no caso argentino", disse o ex-secretário das Malvinas, que ocupou o mesmo cargo entre 2019 e 2021, e também entre 2014 e 2015, durante o governo de Cristina Kirchner (2007–2015).

Por outro lado, é grave a posição adotada pela administração Milei, com o anúncio de um pacto que permite ao Reino Unido a exploração pesqueira das ilhas Malvinas, afirma Filmus.

O acordo, assinado entre a chanceler argentina e seu homólogo britânico, David Lammy, também retoma um serviço aéreo semanal da cidade brasileira de São Paulo para o arquipélago, com escala mensal na província argentina de Córdoba.

O entendimento inclui a continuação da terceira fase de identificação dos ex-combatentes argentinos enterrados no cemitério de Darwin.

O ex-secretário destacou que "não há história no mundo de um país que não permita a identificação dos mortos em combate, e isso [a Guerra das Malvinas] aconteceu há mais de 40 anos".

"Também é ultrajante colocar a questão humanitária e a questão das pescas no mesmo comunicado conjunto, como se lhes deixássemos os voos e lhes passássemos a questão das pescas, e eles depois permitissem a identificação dos ex-soldados", criticou.

A declaração é muito grave, segundo ele, pois tem as mesmas características desfavoráveis ​​para a Argentina que a assinada em 2018 pelo governo de Mauricio Macri, que governou de 2015 a 2019.

O governo de Alberto Fernández (2019–2023) suspendeu o acordo de pesca semelhante, assinado em 13 de setembro de 2016 pelo então vice-chanceler de Macri, Carlos Foradori, e pelo seu homólogo britânico, Alan Duncan.

Esse acordo "apenas fez com que a Argentina fornecesse informações aos britânicos, e eles não nos permitiram acessar as Malvinas para obter nossas informações", revelou Filmus.

"Quando acessamos os documentos, vimos que eram todos de mão única: podiam embarcar nos navios argentinos que faziam pesquisas, e nós não podíamos embarcar nos navios britânicos que estavam na zona de exclusão que estabeleceram em torno das Malvinas", explicou.

O ex-secretário das Malvinas acrescentou que representa "uma gravidade incomum" que o Executivo de Milei autorize um serviço aéreo semanal do Brasil com escala na Argentina.

"Para nós devem ser voos domésticos e devem ser feitos pela companhia aérea de bandeira argentina, mas querem que eu saia de São Paulo para vender e comprar mercadorias, que é justamente o que não podemos evitar", questionou Filmus.

O novo acordo que o Reino Unido assinou com a atual administração, ao qual até a própria vice-presidente argentina, Victoria Villarruel, se opôs, significa que o país europeu continuará a usurpar o território, alertou o ex-ministro.

"Em algum momento, os ingleses estiveram perto de pensar na alternativa argentina, porque seria um avanço. A Argentina já tinha seus voos para as Malvinas antes da guerra [1982] e foi quem viajou para lá, quem construiu o aeroporto que tinham, quem trazia o combustível e a correspondência", lembrou o sociólogo. "Não podemos favorecer que também tirem os recursos naturais que pertencem a 45 milhões de argentinos", concluiu.

As ilhas Malvinas estão ocupadas pelo Reino Unido desde 1833. Buenos Aires e Londres mantêm desde então uma disputa pela soberania do arquipélago, que inclui também as ilhas Geórgia e as ilhas Sandwich do Sul, que deram origem, em abril de 1982, à junta militar do general Leopoldo Galtieri (1981–1982).

Galtieri governou o país e tentou recuperar o arquipélago através de uma ofensiva contra o Reino Unido de Margaret Thatcher (1979–1990), que terminou com a derrota do país sul-americano e com quase mil mortes entre os dois lados apenas durante o conflito armado.

Os dois países retomaram as relações diplomáticas em fevereiro de 1990, durante a gestão do então presidente argentino Carlos Menem (1989–1999).

<><> 'Gesto de audácia diplomática?': Milei é acusado de plágio após discurso na Assembleia Geral da ONU

o presidente argentino, Javier Milei, discursou na 79ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), onde criticou a Agenda 2030 e acusou a ONU de "impor uma agenda ideológica" entre os seus membros. Agora, a mídia argentina noticia que o presidente teria plagiado o seu discurso.

Plágio, homenagem ou gesto de audácia diplomática? Talvez tenham sido as três coisas juntas: Javier Milei usou em seu primeiro discurso perante a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) uma frase que parece extraída, quase literalmente, do roteiro da lendária série The West Wing, que esteve em alta entre 1999 e 2006", lê-se em uma publicação que se tornou viral nas redes sociais do jornal argentino La Nacion.

O vídeo – editado pelo programa Odisea Argentina – mostra paralelamente um fragmento do discurso de Milei e uma cena da série americana The West Wing: Nos Bastidores do Poder, onde o ator Martin Sheen, que interpreta o presidente dos Estados Unidos, faz um monólogo ao seu gabinete.

"Acreditamos na liberdade de culto para todos. E como nestes tempos o que acontece num país impacta rapidamente outros, acreditamos que todos os povos devem viver livres da tirania e da opressão", foram as primeiras palavras do discurso.

A parte supostamente usada pelo presidente argentino corresponde ao capítulo 15 da quarta temporada da série. Além disso, foram encontradas semelhanças entre as palavras de Martin Sheen e o final do discurso de Milei, especificamente a análise anarco-capitalista do suposto "socialismo" da ONU e do "crime contra a humanidade" que, na opinião do presidente argentino, podem ser representadas pelas quarentenas, emergência sanitária durante a pandemia da Covid-19.

Esta não é a primeira vez que o presidente argentino é acusado de plágio. Por exemplo, no livro "O Louco, a vida desconhecida de Javier Milei e sua irrupção na política argentina", o autor, o jornalista e acadêmico Juan Luis González mostrou que em Javier Milei, em seu livro "Pandemonics" copiou trechos de obras do professor de física espanhol Antonio Guirao Piñera e de seu homólogo mexicano, Salvador Uribarri.

No mesmo livro, Milei teria plagiado a atual subdiretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Gita Gopinath.

Da mesma forma, em suas colunas para o jornal econômico El Cronista, Milei apresentou como sendo de sua autoria parágrafos inteiros preparados por seus economistas favoritos, como Henry Hazlitt, Ludwig Von Mises, Friedrich Hayek e Murray Rothbard verificou o portal Chequeado.

¨      Sucateando o Estado, Milei decide fechar Casa da Moeda argentina

Logo após anunciar o encerramento de uma empresa ferroviária administrada pelo Estado, com a demissão de quase 1400 trabalhadores, o governo de Javier Milei prepara um decreto para encerrar as atividades de outros cinco órgãos públicos, incluindo a Casa da Moeda.

Tal sinalização foi feita pelo ministro da Desregulamentação e Transformação do Estado, Federico Sturzenegger, a jornalistas credenciados na Casa Rosada, segundo o site argentino Pagina12.

Nesse sentido, o líder libertário destacou que as funções exercidas pela Casa da Moeda, que depende do Ministério da Economia, serão colocadas em licitação com empresas privadas, e o governo também analisa a “importação das notas”.

O porta-voz presidencial, Manuel Adorni, confirmou o encerramento da organização na sua conta X, mas poucos minutos depois apagou a publicação.

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A justificativa do governo Milei em fechar organizações estatais está no objetivo de “eliminar despesas desnecessárias” – no caso da empresa Trenes Argentinos Capital Humano, seu fechamento foi ordenado por ser “uma empresa ferroviária que não operava trens”.

A decisão de Milei também envolveu a dissolução do Instituto Argentino de Transportes (IAT). E tudo indica que o destino dos trabalhadores da Casa da Moeda argentina será o mesmo dos outros servidores públicos: a demissão.

Em atividade desde 1875, a Casa da Moeda é responsável pela cunhagem do peso argentino, além de atuar na produção de selos postais, selos fiscais, e na fabricação de instrumentos de controle, documentos de segurança, design e desenvolvimento de software e processos de digitalização.

 

¨      Edmundo González diz que vai retornar à Venezuela em janeiro para 'tomar posse'

O ex-candidato presidencial venezuelano Edmundo González disse nesta sexta-feira (4) que pretendia retornar a Caracas em 10 de janeiro para tomar posse como "presidente eleito".

Em seu primeiro discurso público desde que chegou à Espanha após buscar asilo político, González disse ao público que era presidente eleito e que sua estadia era  temporária.

"Voltarei à Venezuela o mais rápido possível, quando restaurarmos a democracia em nosso país […] vou tomar posse como presidente eleito no dia 10 de janeiro", disse ele a repórteres, segundo a Reuters.

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, foi declarado vencedor da eleição no país pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE). O resultado foi referendado pelo Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) venezuelano. Mas González e outros opositores se recusaram a aceitar a decisão, afirmando que ele é quem teria vencido o pleito.

González foi para a Espanha em 9 de setembro, uma semana depois que as autoridades venezuelanas emitiram um mandado de prisão contra ele, acusando-o de conspiração e outros crimes.

 

Fonte: Sputnik Brasil/Jornal GGN

 

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