Eleições 2024: o buraco é mais fundo do que
parece
“E, para investigar
aquilo que respeita a esta ciência [política] com a mesma liberdade de ânimo
que é costume nas coisas matemáticas, procurei escrupulosamente não rir, não
chorar nem detestar as ações humanas, mas entendê-las”, Baruch de Espinoza,
filósofo racionalista
A derrota sofrida pela
esquerda nessas eleições fez todos pensarem. O que aconteceu? O PT conquistou
248 prefeituras. Mais do que as 182 de 2020, mas muito longe das 624 de 2012.
No outro extremo, o PL venceu em 512 municípios. Além disso, houve um avanço
significativo do PSD de Gilberto Kassab e outros partidos que, apesar de serem
classificados como “centrão”, pressionam o governo e a realidade à direita. O
PSOL perdeu 8 vereadores e a única capital que governava, ficando em terceiro
lugar em Belém. Boulos chegou ao 2º turno em São Paulo, mas não sem antes
passar por um angustiante empate triplo no 1º turno, onde o fascista Marçal foi
o fator imponderável e uma enorme frente antiesquerda se formou ao redor de
Ricardo Nunes, que do alto de toda sua mediocridade foi eleito neste domingo,
em margem de votos semelhante à de seu padrinho Bruno Covas. Há muitos outros
dados e, de qualquer ângulo que se analise, a derrota foi grande. O 1º turno,
com algumas importantes exceções, revelou uma conjuntura pior do que há dois
anos.
Diante de tudo isso,
abriu-se na esquerda brasileira um debate sobre o balanço das eleições.
Deixemos de lado as avaliações autoindulgentes que afirmam que houve um avanço
da esquerda simplesmente porque o PT ampliou o número de prefeituras. São
cidades menores, em geral fora do eixo que define a dinâmica geral da política
brasileira. Dialoguemos com aqueles que aceitam que houve uma derrota. A
questão é: por quê?
As derrotas
desorientam, são mais difíceis de serem assimiladas e, portanto, explicadas.
Uma parte importante da esquerda se apega exclusivamente a elementos endógenos,
se conecta a uma ilusão infantil de que poderíamos ter evitado tudo. Bastava
seguir as ideias corretas de um ou outro setor, aplicar esta ou aquela tática.
Ou, quem sabe, a culpa foi do candidato? No twitter, o meme do humorista Daniel
Duncan resume bem: “calma gente, falem devagar, não to conseguindo anotar tudo
que a esquerda precisa fazer para ganhar as eleições”.
No polo oposto estão
os que querem interditar qualquer debate, como se toda e qualquer crítica
tivesse como consequência prática o fortalecimento da extrema-direita. Nos
parece que é preciso evitar os dois erros e analisar os fatores exógenos, que
independem das escolhas táticas da esquerda e também os endógenos, sempre
lembrando que existem várias esquerdas, com atuações diferentes e alcances
muito diferentes também. Vejamos.
• O cenário internacional
A derrota brasileira
não é um raio em céu azul. Ela acontece num contexto. Vivemos uma situação
mundial de avanço da extrema-direita. Na Europa, as forças do atraso seguem sua
marcha rumo à conquista de vários governos importantes. Já têm a Itália, a Hungria
e mais recentemente conquistaram a Áustria. O Chega em Portugal e o Vox na
Espanha ameaçam a Península Ibérica. A AfD avança do leste para o oeste da
Alemanha. Na França, conseguiu-se evitar uma vitória imediata de Le Pen, mas a
situação segue tão ruim que Macron deu um golpe de direita, roubou da Nova
Frente Popular a prerrogativa de formação de governo e nada aconteceu. Nos EUA,
Trump avança perigosamente sobre os estados-pêndulo.
Na América Latina, foi
possível evitar um golpe na Bolívia, mas não uma divisão autofágica no interior
da esquerda. Milei segue firme em sua ofensiva na Argentina e não está dado que
a resistência que surgiu lá até agora seja capaz de frear seu ímpeto destruidor.
Na Colômbia, um novo ensaio de golpe de Estado contra Gustavo Petro, também com
a participação do judiciário, como foi no Brasil. Em El Salvador, Nayib Bukele
transforma o país em uma distopia político-social que é referência para o todo
o fascismo latino-americano.
A situação de maior
gravidade e urgência internacional, no entanto, segue sendo o genocídio do povo
palestino, que avança numa escala sem precedentes porque dessa vez é um
massacre televisionado, com cobertura em tempo real pelas redes no mundo
inteiro, sem que isso, ao menos até o momento, tenha feito o governo de
Netanyahu parar. Ao contrário, Israel progride para transformar o Líbano numa
nova Gaza.
No Brasil, além da
derrota eleitoral, as queimadas criminosas, o avanço do neopentecostalismo
fundamentalista, das milícias, da precarização da vida, das privatizações, do
clientelismo e da violência política, tudo isso temperado com o cerco e o
boicote ao governo por parte da Faria Lima e da grande imprensa corporativa.
• "Ocupar o espaço
antissistema"?
É fato que existe
cansaço, desgaste ou mesmo ódio ao atual regime político e social? Sim. Na
verdade, o brasileiro médio sempre amaldiçoou o sistema, xingou os políticos e
praguejou “contra tudo o que está aí”. E hoje faz isso mais do que nunca. Mas
há um problema.
Historicamente, essa
rejeição ao “sistema” costumava vir acompanhada de uma visão mais ou menos
progressista sobre as saídas para os problemas. As pessoas xingavam os
políticos exatamente porque achavam que a educação e a saúde deveriam ser
considerados direitos sociais, que os trabalhadores deveriam ser protegidos
frente à ganância dos patrões, que mulheres, negros e LGBT’s deveriam ser
defendidos contra a violência e a injustiça. A Constituição de 1988 é uma
espécie de “fotografia” dessa consciência média que se estabeleceu no Brasil
após o fim da ditadura militar. Foi sobre essa consciência média que se
construiu o PT e mesmo a esquerda mais radical.
Ao contrário, as
visões de mundo que pregavam o fim de quaisquer direitos, o ódio, o fanatismo
religioso e a violência sempre foram vistos como algo fora da curva. Bolsonaro
era uma piada durante os anos 1990 e 2000. Antes dele, Enéas Carneiro ficou
famoso mais por seu bordão característico e seu colorido pessoal do que por
suas ideias, que ninguém conhecia nem entendia direito.
O que temos hoje em
termos de consciência média na base do bolsonarismo, movimento que constitui
cerca de um terço da população? Uma massa política e economicamente
reacionária, com elementos de fanatismo religioso, extremamente misógina e
altamente racista e LGBTfóbica. A defesa da infância, dos direitos
reprodutivos, da natureza, dos direitos trabalhistas, da igualdade e justiça
social, da laicidade do Estado não constitui mais os grandes consensos
nacionais que constituíam há poucos anos. As saídas que predominam são o
empreendedorismo, a mistura de religião com política, o punitivismo, a ditadura
militar, o fechamento do STF, a queima e venda da Amazônia e todo o tipo de
barbaridade que antes não passava de piada de mal gosto.
Ou seja, a primeira
coisa a se estabelecer com firmeza é que não existe um “espaço antissistema”
abstrato, virtualmente “vazio” e que pode ser “preenchido” com este ou aquele
conteúdo, de direita ou de esquerda. O que existe na verdade é um forte deslocamento
da consciência média à direita. Cerca de um terço da população, com mais ou
menos mediações, adotou a posição da guerra civil contra a esquerda, o
“comunismo” e os direitos sociais. E a guerra civil contra o comunismo é
exatamente a essência do fascismo.
Enfim, se quisermos
falar de um “espaço antissistema”, precisamos qualificar esses termos. O
“sistema” que se quer combater é a própria civilização. Para quase metade da
população, o “sistema” não é o policial, o político ou o patrão como sempre
frisaram nossos primos anarquistas, mas o fiscal do Ibama, o sindicalista, o
professor de história, a mulher negra, o cotista, as LGBTs, o assistente
social, o cientista, o padre que distribui quentinhas aos moradores de rua.
Assim, não é possível
“ocupar o espaço antissistema” porque ele não é um espaço vazio a ser ocupado e
preenchido com um conteúdo diferente. Esse “espaço” já está preenchido, já tem
conteúdo, já tem uma localização na luta política entre a civilização e a
barbárie. Ele é o próprio fascismo.
Além disso, não é
verdade que nenhuma força de esquerda tentou ocupar esse “espaço” com um
conteúdo próprio. Nessas eleições, houve sim candidaturas da esquerda radical
antissistema que criticavam “tudo o que está aí”, o “poder”, que defendiam uma
localização de oposição de esquerda ao governo. E qual o seu resultado?
Desprezível. Injustiças do sistema eleitoral que beneficia os grandes partidos?
Esse elemento existe, mas não é absoluto. A profunda decadência e virtual
desaparecimento da esquerda sectária é um fenômeno que já dura vários anos e
vai muito além das barreiras eleitorais. Tem a ver com a inadequação e
descolamento da realidade política nacional e sua completa dissonância
cognitiva.
Isso não significa que
temos de nos comportar como uma esquerda institucional e defensora do que
existe de pior no sistema: a corrupção, os privilégios, os desmandos, o
clientelismo. A crítica ao sistema deve estar presente em nosso discurso, mas
deixando muito claro que somos, ao mesmo tempo, defensores das conquistas
civilizacionais incorporadas com muita luta por esse sistema: os direitos
sociais, os mecanismos de diminuição da desigualdade, a proteção dos mais
vulneráveis, a defesa do meio ambiente, da ciência e da cultura. Temos que
combater o discurso de que esses mecanismos existem para “segurar o trabalhador
embaixo”, como disse Marçal na campanha. Ao contrário, somos a esquerda da
ampliação desses mecanismos e sua incorporação como conquistas civilizacionais
que são.
Além disso, no âmbito
da propaganda, é preciso recolocar a luta pelo socialismo como horizonte. Hoje
o fato é que não só as massas, mas a própria vanguarda das lutas e o ativismo
de esquerda não estão convencidos dessa perspectiva. O socialismo não pode ser
um tema para ser lembrado “nos dias de festa”, como fazia a social-democracia
histórica, mas parte permanente de nossa luta ideológica, formação e
propaganda.
• Os limites do governo Lula e das
alianças com o centrão
Nunca foi tão
importante defender enfaticamente que o governo Lula implemente medidas de
combate à pobreza; defenda as funções sociais do Estado; questione a agenda de
privatizações dos governos estaduais, que, na sua maioria, são de direita;
implemente um giro na política ambiental, com mais regulação, proteção e uma
atualização programática de fundo sobre o papel do Brasil na transição
energética e no combate à crise climática.
Muitos ativistas e
correntes de esquerda se queixam do fato de que algumas ações do governo Lula
acabam fortalecendo a direita, como o arcabouço fiscal, as concessões ao
centrão, o recuo nas pautas ideológicas, certas nomeações e outros. É verdade.
O governo Lula tem vacilado na luta contra a extrema-direita e no simples
cumprimento das promessas de campanha feitas pelo próprio Lula. Seria um
equívoco negar essa realidade.
O problema é que, se
com o governo Lula já é difícil, sem ele é impossível. É isso que está em jogo.
Sem Lula, teria sido impossível vencer a máquina governamental nas eleições de
2022. O voto em Lula não foi um voto programático, na esquerda. Foi um voto
estritamente pessoal. Graças a isso, o monstro foi temporariamente derrotado.
Outra verdade difícil
de engolir: sem a ampla aliança com setores da burguesia que romperam com o law
fare lavajatista e o bolsonarismo, também não haveria vitória em 2022 e
Bolsonaro seria hoje governo. Teria sido melhor? Com certeza, não.
Assim, na luta contra
o fascismo, o governo Lula se mostra um aliado instável e vacilante, mas ao
mesmo tempo imprescindível, absolutamente inescapável, dadas as atuais
condições de temperatura e pressão (nível de consciência, organização e
disposição de luta da classe trabalhadora). O problema é que Lula aposta numa
grande unidade para derrotar a extrema-direita, mas os interlocutores de
direita e de centro não estão dispostos a se comprometer com os pontos mínimos
da agenda que elegeu o presidente. Então temos um paradoxo: a aliança que foi
condição da vitória pode se transformar, no curso do mandato, em preparação da
derrota.
Mas isso não quer
dizer que não há o que fazer. Ao contrário, nunca foi tão importante a luta
política, nunca foi tão importante defender enfaticamente que o governo Lula
implemente medidas de combate à pobreza; defenda as funções sociais do Estado;
questione a agenda de privatizações dos governos estaduais, que, na sua
maioria, são de direita; implemente um giro na política ambiental, com mais
regulação, proteção e uma atualização programática de fundo sobre o papel do
Brasil na transição energética e no combate à crise climática.
É urgente também
superar a separação entre a classe trabalhadora e as pautas erroneamente
chamadas de “identitárias”. O balanço de intelectuais que buscam aprofundar
essa divisão parte de uma incompreensão programática de um dos elementos mais
progressivos da realidade política do século 21. Existem milhares de jovens que
despertaram para a vida política através da agenda antirracista, feminista e
antilgbtfóbica, através de batalhas que apenas parecem “identitárias”, mas que
estão profundamente conectadas à vida da classe trabalhadora. Quem morre pelas
mãos da violência policial nas periferias são trabalhadores; quem paga com a
vida o preconceito contra pessoas trans e LGBT’s são trabalhadores; as mulheres
vítimas do feminicídio e da violência doméstica são, na sua imensa maioria,
trabalhadoras. As demandas da classe não são apenas as da agenda econômica ou
puramente sindical, e desse ponto de vista essa sequer é uma lição nova. Lênin
já apontava, há mais de cem anos, para a importância das batalhas políticas e
para os limites de uma visão puramente econômica das pautas e demandas do povo.
A luta pelo socialismo é uma luta total.
O problema tem sido,
de fato, que o governo tem invariavelmente recuado diante da ofensiva do
centrão, da Faria Lima, da Rede Globo e da própria direita. Mas isso não quer
dizer que o governo não seja um instrumento útil e absolutamente necessário na
atual etapa. Tal é a dialética do processo: um aliado vacilante e instável, mas
o sem o qual a vitória é impossível.
• A derrota de 2024: faltou algo, mas o
que exatamente?
Muitos ativistas e
correntes, na ânsia de praticamente igualar lulismo e bolsonarismo, citam o
fato de que o PT saiu aliado ao PL em 85 cidades no país. Realmente, esse foi
um erro importante do PT e o criticamos desde o início. Desde que começamos a
discutir as eleições de 2024, o PSOL defendeu uma política de unidade da
esquerda em todo o país. Em nossa opinião, o resultado mostra que essa era a
política correta. Os lugares em que a esquerda se saiu melhor foram exatamente
os lugares onde houve uma verdadeira unidade de esquerda e democrática: São
Paulo, Porto Alegre, Fortaleza, Natal. Onde o PT preferiu sair aliado com os
partidos da direita tradicional, o resultado foi muito pior, como em Curitiba,
onde o 2º turno acabou sendo disputado entre dois candidatos bolsonaristas.
Mesmo onde o PT “venceu” (por exemplo, no Rio), não foi exatamente uma vitória
sua, mas daqueles que estão apenas tática e provisoriamente aliados ao governo.
Assim, não concordamos
com aqueles que dizem que o grande problema dessas eleições foi o tom moderado
de um ou outro candidato. Evidentemente ocorreram erros, mas eles não são o
fator determinante da nossa defensiva. Quem critica o resultado do Boulos no 1º
turno acaba criticando os melhores resultados da esquerda, quando na verdade já
ficou evidente o erro nos casos em que a esquerda sequer conseguiu se unir ou
optou por nem se apresentar, deixando o espaço da luta política totalmente
vazio numa eleição em que isso foi determinante. Esse foi o grande erro e o
grande problema.
Em São Paulo, o PSOL
avançou em regiões importantes, graças exatamente ao fato de que buscamos
dialogar com as questões reais colocadas pela população: creche, postos de
saúde, escolas, urbanização, cultura negra, violência doméstica etc. Ao mesmo
tempo, não se pode dizer que a campanha não foi politizada. Ninguém é bobo. O
povo entendeu exatamente o que estava em jogo. Em certa medida, foi um
plebiscito entre esquerda e direita. E saímos do primeiro turno com uma derrota
nacional e com um resultado preocupante em São Paulo. Esse é o fato que é
preciso encarar.
Assim, ao criticar as
tentativas de Boulos de dialogar com os sentimentos mais fundamentais da
população, uma parte da esquerda o critica pelos motivos errados. A campanha em
São Paulo enfrentou uma poderosa frente única de direita, que junta toda a mídia
tradicional, o governador Tarcísio e as alas mais radicalizadas da extrema
direita. Nesse contexto, é correto fazer uma campanha que tente “furar a bolha”
do eleitorado que já é de esquerda desde sempre.
• Luta política e ideológica até 2026: o
papel do governo Lula
A principal conclusão
dessas eleições não é, portanto, de que “não ocupamos o espaço antissistema que
era nosso”. A conclusão é muito mais sombria: perdemos a luta política e
ideológica porque as pessoas não concordam com nossas ideias. É preciso, portanto,
além das medidas econômicas e sociais relacionadas ao cumprimento do programa
de 2022, uma forte luta ideológica que tenha o governo à frente.
É preciso não ter
receio. O peso de Lula é tão grande que é capaz de virar ideologicamente o
jogo. Quando Lula faz luta política a fundo, a realidade muda. Foi assim nas
próprias eleições de 2022, mas não só. Lula mostrou sua capacidade de
influenciar o pensamento das grandes massas nos vários episódios envolvendo o
boicote do Banco Central contra a economia brasileira, nas inúmeras vezes que
denunciou o genocídio em Gaza. Mas é preciso e possível muito mais.
É preciso e possível
lutar pela recomposição da nossa capacidade de mobilização. E isso também é uma
escolha política. Qualquer aprovação de pautas progressistas no Congresso
Nacional dependerá muito mais da luta fora do congresso do que dentro. Se está no
nosso horizonte restabelecer direitos sociais perdidos, ampliar o papel social
do Estado, melhorar as condições de vida da população e ter um balanço
categórico para apresentar em 2026, a aposta estratégica do governo precisa
mudar porque nada disso será possível no marco dos acordos com o centrão e dos
limites da Faria Lima. Mas para isso, Lula e o PT precisam ir a campo porque
são eles que têm a maior articulação com os movimentos sociais e compõem a
imensa maioria das forças organizadas da classe trabalhadora.
É preciso fazer a
classe trabalhadora e a esquerda voltarem às ruas, à cena política nacional, se
apresentarem como candidatos à conquista da hegemonia política, ideológica e
social, monopolizada hoje pela extrema-direita.
Fonte: Por Glória
Trogo e Henrique Canary, em Correio da Cidadania
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