Compostagem no Brasil: com quantos
baldinhos se faz uma revolução?
Imagina um país que
produz 77,1 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos por ano, dos
quais, 45,3% são formados por resíduos orgânicos, sendo que desse total, menos
de 1% é reciclado. Essa foi a realidade
brasileira em 2022, segundo o Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2023,
elaborado pela Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente (Abrema). Até
o fim do ano uma nova edição deverá ser lançada, sem que especialistas no tema
tenham perspectivas de mudança radical nesse cenário, ainda que algumas ações
governamentais estejam em curso. Com muito espaço para crescer, gerando
benefícios socioambientais e econômicos, boas notícias vêm de movimentos de
empreendedores que estão tentando ocupar lacunas deixadas pela ineficiência do
poder público em relação à compostagem, como apresentamos nesta reportagem.
• Negócios pioneiros em compostagem fazem
a diferença pelo Brasil afora
Há nove anos o Ciclo
Orgânico vem se fortalecendo como negócio pioneiro em compostagem de resíduos
orgânicos domiciliares no Brasil e inspirando novos empreendedores. Alguns
deles, ouvidos pela reportagem, confirmaram suas motivações pelo exemplo de
inovação dessa empresa carioca, a primeira com esse perfil criada no país. Com
uma carteira de mais de 4 mil clientes e mesmo tendo foco no segmento
residencial, esse empreendimento já atende 140 empresas.
Seus planos são de
continuar crescendo e gerando mais impactos socioambientais positivos no Rio,
com resultados expressos, por exemplo, em seu balanço de 2023, quando coletou
1.465 toneladas de resíduos orgânicos que se transformaram na produção de 879 toneladas
de composto orgânico evitando, assim, as emissões de 1.128 toneladas de CO2eq.
A gerente de
atendimento, Camilla Campos, recorda que a história de sucesso da empresa
começou com uma experiência do seu fundador, o engenheiro ambiental Lucas
Chiabi, que durante o tempo de faculdade fazia compostagem para um pequeno
grupo de amigos. A participação em uma premiação, da qual foi vencedor,
garantiu a compra do primeiro triciclo e a transformação do projeto
experimental em um negócio que já presta
serviços em mais de 25 bairros e envolve uma equipe de cerca de 40 pessoas. Na
sua infraestrutura de atuação, além de uma base na Zona Sul e dois pontos de
apoio, nas Zonas Norte e Oeste do Rio, a empresa conta com um sítio na Baixada
Fluminense.
Apesar dos inúmeros
benefícios socioambientais e também econômicos de negócios com esse perfil,
Camilla argumenta que ainda existem obstáculos a superar nesse segmento. “As
barreiras envolvem a falta de informação de grande parte da sociedade e também
alguns conflitos de opinião, já que têm pessoas que dizem que não gostariam de
pagar para jogar o lixo fora”, observa. Mas ao mesmo tempo, pondera que tem
havido espaço para mais sensibilização de alguns segmentos sociais preocupados
em reduzir sua pegada ecológica e que enxergam nesse tipo de empreendimento uma
forma de contribuição nesse sentido.
Camilla considera que
esse tipo de negócio representa “a empresa do futuro”. E ela não está sozinha
nessa percepção. “Demos um curso recentemente para 20 pessoas que querem seguir
esse mesmo percurso”, afirma. E acrescenta que essas são pessoas que, assim
como os integrantes da equipe do Ciclo Orgânico, estão preocupadas com o
agravamento da crise climática e sabem que podem se somar como parte das
soluções representadas pela compostagem. Com formação em filosofia, sua chegada
à empresa, em 2021, também se deu pelo propósito de trabalhar em algum negócio
que gerasse impacto socioambiental positivo.
O movimento do chamado
consumo consciente também impulsiona negócios com o perfil da empresa carioca,
segundo Camilla. Como exemplo, ela conta que participa de um grupo de estudo e
produção de cerâmica, onde os oito participantes já aderiram ao projeto de
compostagem pelo desejo de exercerem cidadania ao assumirem a
co-responsabilidade quanto ao destino final dos resíduos orgânicos que
produzem.
Além de recolher os
resíduos orgânicos dos seus clientes, o empreendimento já tem parceria com
algumas empresas e coleta também materiais como cápsulas de café, óleo de
cozinha, esponjas e resíduos eletrônicos que são destinados a projetos de
reciclagem desses parceiros.
• Negócios de impacto socioambiental ainda
sem concorrentes
A experiência de uma
jovem engenheira civil que trocou a profissão pelo envolvimento com um
empreendimento de compostagem começou em 2020, em plena pandemia da Covid-19.
“Achei que seria um tiro no pé, mas foi o contrário”, conta Yasmin Fonseca,
fundadora e gestora da Origem Compostagem, de Cuiabá (MT). “Começamos
timidamente, cumprindo todos os protocolos de segurança, deixando e buscando os
baldinhos na porta dos clientes”. Ela relata que a cidade não tinha nem coleta
seletiva, na época, e que até o ano passado ainda tinha um lixão. “Agora já tem
aterro e ecopontos”, observa.
Quando acabou a
pandemia, o trabalho que inicialmente era direcionado às residências começou a
chamar a atenção de empresas de médio porte e de organizadores de eventos.
Atualmente são 200 clientes cadastrados entre residências e empresas e o
negócio ainda não tem concorrentes na cidade. De fevereiro de 2020 a julho
deste ano, o balanço positivo do empreendimento envolveu a coleta de cerca de
250 toneladas de resíduos orgânicos que foram transformadas em 150 toneladas de
adubo. O trabalho evitou as emissões de 115,5 toneladas de gases de efeito
estufa (GEE).
Em um cenário de
grande dificuldade na gestão pública de resíduos urbanos, o trabalho desse
pequeno negócio foi ficando conhecido na propaganda boca a boca e,
posteriormente, com pequenas campanhas de divulgação em feiras e eventos. Com o
avanço de iniciativas com esse perfil e do envolvimento de muita gente com o
tema, foi criada a Associação Brasileira de Compostagem, em 2022, organização
que reúne mais de 110 iniciativas no Brasil e da qual Yasmin é conselheira
fiscal.
“As pessoas percebem
os impactos positivos dessa iniciativa quando entregam os seus resíduos e
recebem adubo orgânico ou biofertilizante”, observa a empreendedora que também
considera perceptível a compreensão da clientela sobre a importância
socioambiental dessa iniciativa. A empresa também faz doação desses insumos
ecológicos para agricultores da região que podem ser indicados pelos clientes.
Na empresa, todo o
trabalho é feito por três pessoas. A equipe enxuta atua na coleta, no trabalho
no pátio de compostagem e na gestão do empreendimento, essa última atividade
sob a liderança de Yasmin. Mas a expectativa é de ampliar o negócio para coletar
mais resíduos orgânicos e gerar mais empregos. “Esse é um negócio regenerativo
pelo qual o ambiente e todos ganham. Temos espaço para crescer e estamos
confiantes de que esse movimento vai trazer mais frutos no futuro”, observa a
empreendedora.
Em Niterói, Região
Metropolitana do Rio, três engenheiros que se associaram na criação da Roda
Verde Compostagem, em 2019, também estão colhendo resultados positivos com esse
tipo de empreendimento que já tem 300 clientes fixos e o objetivo de crescer mais.
Ainda que a maior parte da demanda envolva residências, o negócio também atende
escolas e empresas. Desde o início, as suas atividades já possibilitaram a
coleta de 447 toneladas de resíduos, o que resultou na produção de mais de 55
toneladas de adubo, além de ter evitado as emissões de mais de 330 toneladas de
CO2 eq. Seus planos são de alcançar 1,3 milhão de toneladas coletadas em cinco
anos. Para atingir essa escala, o processo manual atual terá que ganhar reforço
de mecanização.
O engenheiro civil
Pedro Vasconcelos, um dos sócios, informa que tudo começou com a prestação de
serviços gratuitos entre amigos. Dessa iniciativa e da conversa com pessoas da
área, veio a ideia de transformar a experiência em um empreendimento para ocupar
uma lacuna existente na cidade. Os três fundadores e outros cinco colaboradores
executam as tarefas da empresa e também desejam mais crescimento e geração de
empregos. Ele conta que nesse negócio, o ticket médio é baixo e que os ganhos
são proporcionados pelo volume, embora reconheça como limitação a percepção de
parte da sociedade que ainda considera esse tipo de iniciativa como supérflua,
já que existe companhia de limpeza pública responsável pela coleta do lixo
urbano, ainda que não tenha esse foco em compostagem.
Por esses e outros
obstáculos, muito vinculados à falta de informação sobre o tema, a Roda Verde
tem trabalhado muito em ações de educação ambiental. “A sociedade em sua
maioria está acostumada a destinar o lixo e a não pensar mais sobre isso”,
observa Vasconcelos. Ele acrescenta que as ações educativas realizadas com
estudantes e outros segmentos sociais visa justamente à quebra desse tipo de
postura equivocada, chamando a atenção para a questão dos impactos ambientais
gerados por toda a população e suas consequências para as dinâmicas das
sociedades urbanas. “O grande desafio é gerar mudança de hábitos e contribuir
para que as pessoas se reconectem com a natureza”, opina.
Ele ressalta que,
quando todo o volume de resíduos sólidos urbanos vai para o aterro sanitário
misturado, não se aproveita nada, enquanto a compostagem evita o lançamento de
chorume no ambiente, além de tratar o solo com a reciclagem de nutrientes e
ainda evitar as emissões de GEE, gerar adubo orgânico para a produção de
alimentos, entre tantos outros benefícios que ainda são invisíveis para a
maioria da sociedade. “Ocupamos um antigo terreno baldio e com as nossas
atividades hoje temos árvores e horta, graças ao poder de regeneração do solo
pela compostagem”, exemplifica.
No município de Jaú
(SP), a cerca de 300 quilômetros da capital paulista, o especialista em Meio
Ambiente e Recursos Hídricos, André Cazeiro, fundou a Húmus Compostagem, em
2021, negócio que ainda vem cuidando sozinho, embora os seus planos sejam de
expandir as atividades e contratar equipe. A experiência é reflexo das suas
preocupações pessoais e do seu envolvimento com questões ambientais na cidade,
dentre as quais, o trabalho voluntário de recolhimento de lixo de áreas de
nascentes, matas ciliares e outros ambientes que deveriam ser protegidos na
localidade, mas que comumente sofrem degradação.
“Eu queria mostrar
para a sociedade que temos responsabilidade sobre o lixo que produzimos e que
devemos ser parte das soluções sobre esse e outros temas se queremos fortalecer
os pilares da sustentabilidade. Ainda vivemos em uma cidade que não tem coleta
seletiva e, ao mesmo tempo, eu queria fazer algo que também gerasse renda.
Quando conheci o Ciclo Orgânico entendi o tamanho do problema gerado pelos
resíduos orgânicos e me senti inspirado para fazer algo assim por aqui”, relata
Cazeiro.
Com receio de não ser
bem-sucedido na iniciativa, temendo que as pessoas não estivessem dispostas a
pagar por esse tipo de serviço, ele conta que começou de forma modesta, fazendo
sozinho o trabalho de coleta dos resíduos domiciliares, usando o carro emprestado
pelos pais e realizando a compostagem em um pequeno terreno cedido pela
cunhada. Os arranjos em família permitiram que a ideia ganhasse impulso. Uma
virada de página veio com a demanda de um hospital da cidade, já envolvido com
certificação de práticas ambientais.
Foi assim, que o
negócio saiu de 200 quilos coletados nos dois primeiros meses para 4 toneladas
no terceiro e foi preciso encontrar um lugar mais amplo para dar conta dessa
demanda de compostagem ampliada. Depois de tentativas infrutíferas com a
Prefeitura, o empreendedor conta que conseguiu entrar em contato com a família
do cantor e compositor Nando Reis, que tem uma fazenda com boas práticas
ambientais na cidade. A ideia foi bem recebida, já que a propriedade recebe
visita de escolas e a ideia é promover ações educativas. “A compostagem veio
somar nesse caso”. Essa parceria, por sua vez, possibilitou ampliar a coleta
para 8 toneladas mensais, atendendo cerca de 100 clientes na cidade. Essa
dinâmica permite a produção mensal de cerca de 3 toneladas de adubo e evita as
emissões de mais de 5 toneladas de CO2eq.
“Foi importante fazer
curso com o pessoal do Ciclo Orgânico e saber como eles atuam. A compostagem é
uma prática muito importante que tem grande contribuição a dar ao enfrentamento
da crise climática. Precisamos avançar mais em atividades de educação ambiental
para ampliar a sensibilização pública sobre esse tema-chave”, conclui Cazeiro.
• Desafios e potenciais de políticas
públicas de combate ao desperdício e destinação incorreta
Para Carlos Silva
Filho, presidente honorário da ISWA (International Solid Waste Association),
entre outras funções de consultoria nacionais e internacionais que exerce, “o
desperdício de potencial dos resíduos orgânicos como matéria-prima é um desafio
de proporções gigantescas para o Brasil”, já que representa a maior porcentagem
do lixo urbano e gera altos impactos ambientais, quando poderia gerar grandes
benefícios, sobretudo em cenário de agravamento da crise climática.
Suas observações
encontram ressonância no aumento exponencial das estatísticas das emissões de
metano geradas pelo setor de resíduos sólidos no país, que triplicaram entre
1990 a 2020, passando de 1 milhão de toneladas anuais para 3,1 milhões de
toneladas anuais no começo de cada década do período.
O que acontece com o
setor de resíduos sólidos acompanha a tendência de outros setores econômicos
brasileiros que também emitiram o triplo de metano entre o início das décadas
de 1990 e 2020. Nesse período, as estatísticas foram ampliadas de 30 milhões de
toneladas para 91,2 milhões de toneladas, por ano, segundo o Sistema de
Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG).
O metano é o segundo
maior responsável pelo aquecimento global. O primeiro é o dióxido de carbono
(CO2) e o Brasil é o quinto maior emissor global. Mas as preocupações de
cientistas e ambientalistas se referem ao potencial desse gás de efeito estufa
já que cada molécula de metano aquece o planeta 28 vezes mais do que uma
molécula de CO2 em um horizonte de cem anos.
Tendo em vista o
cenário de agravamento da crise climática, não por acaso, em 2021, durante
a 26ª Conferência do Clima da ONU (COP
26), realizada em Glasgow, 122 países, dentre os quais o Brasil, assumiram o
compromisso de reduzir a emissão de 30% de metano até 2030, por meio do
Compromisso Global do Metano.
Em 2022, foi estimado
pelo Observatório do Clima que o país tinha potencial de reduzir em até 36% as
suas emissões de metano, até o final da década, embora devesse aumentar em 7%
essas emissões, advindas sobretudo da pecuária, caso decisões políticas não
fossem tomadas. Mas esforços globais têm sido empreendidos pelas agências da
Organização das Nações Unidas (ONU) e no Brasil foi lançado também em 2022, o
Programa Nacional de Redução de Metano de Resíduos Orgânicos, batizado de
Metano Zero.
Este ano, o Ministério
de Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) anunciou a criação da Estratégia
Nacional de Resíduos Orgânicos Urbanos, com o intuito de agir contra o
desperdício de alimentos e promover a compostagem de resíduos orgânicos.
Em 2023, um estudo
realizado em parceria entre o MMA e o Instituto Pólis havia sinalizado, por
exemplo, que o potencial dos sistemas de compostagem é de gerar de 3,5 a 11
vezes mais empregos do que o aterramento sanitário por tonelada de resíduos
orgânicos.
Para Silva Filho, como
parte dos gargalos que envolvem a compostagem, a separação de orgânicos se não
ocorrer na fonte torna o seu aproveitamento inviável, além de contaminar
materiais recicláveis quando misturados. “No Brasil ainda falta infraestrutura para
receber e processar os orgânicos”, observa o consultor que também defende
medidas urgentes “para cuidar da Terra”, missão que o Brasil e o mundo “não
podem mais adiar”.
Ele acredita que
soluções futuras poderão ser impulsionadas pela Lei de Incentivo à Reciclagem
que, para garantir a implementação da Política Nacional de Resíduos Sólidos
(PNRS), tem metas para serem implementadas até 2040 e contempla a compostagem.
“A legislação é importante já que funciona como catalisadora para que as
soluções aconteçam. Mas sozinha não muda a realidade”, ressalva.
O especialista opina
que é preciso investir em fiscalização capaz de evitar que grandes geradores
destinem resíduos orgânicos incorretamente e também que se estabeleça quem
vai pagar a conta e como será mantido
esse tipo de custeio em relação à compostagem, entre outras iniciativas.
“No Brasil muito se
discute sobre isso, mas pouco se concretiza. Falta realmente fazer acontecer”,
observa. Para o consultor, embora existam ações pontuais da gestão pública em
relação à compostagem como já acontece em cidades como São Paulo, Brasília e Florianópolis,
ainda “não percebe-se um grande movimento articulado nesse sentido”. Mas
conclui que “ainda dá tempo de estruturá-lo”.
• Maior feira de gestão de resíduos
sólidos da América Latina também aponta dilemas e soluções
Jesus Gomes,
idealizador e CEO da Waste Expo Brasil, destaca que o tema da reciclagem em
geral ainda representa um dos maiores desafios do setor no país. “Por falta de
experiência e de informação, muita gente ainda acaba desperdiçando materiais
que poderiam voltar às cadeias produtivas”, o que gera grandes prejuízos
socioeconômicos, além de impactos ambientais, segundo analisa. Com os resíduos
orgânicos a situação não é diferente. A feira que está na sua décima primeira
edição este ano, sendo realizada em São Paulo, de 22 a 24 de outubro, já se
consolidou como o maior evento dedicado à gestão de resíduos sólidos da América
Latina, reunindo empresas, gestores públicos e privados, além de especialistas
que discutem problemas e apontam soluções, tendo a reciclagem como parte de
seus grandes temas-chave.
Em recente viagem ao
Rio, ele comentou ter ficado impressionado com a quantidade de materiais
recicláveis misturados com resíduos orgânicos em calçadas de bairros da Zona
Sul da cidade, o que na sua opinião, reflete o enorme dilema brasileiro
relacionado à educação da população em todas as camadas sociais. Embora existam
exemplos positivos pontuais, para ele “temos como imenso desafio garantir que
materiais potencialmente recicláveis sejam separados desde a origem pelos
consumidores”.
“Por falta desse tipo
de mobilização, cooperativas e empresas recicladoras trabalham com capacidade
ociosa, enquanto aterros ou lixões estão sendo ocupados”, afirma Gomes. Essa
problemática também já foi apontada por inúmeras fontes ouvidas pelo ((o))eco
em reportagens sobre a crise que afeta a reciclagem de materiais como papéis,
plásticos, vidro e sucata ferrosa.
Nas suas viagens de
estudos e trabalho no exterior, o especialista conta que observa com atenção o
funcionamento da logística reversa sendo parte das dinâmicas cotidianas das
cidades e se revertendo, de fato, em economia circular que envolve diferentes
elos das cadeias de produção e consumo. “Consumo e descarte conscientes
dependem de acesso à informação contínua e políticas de Estado para educar as
pessoas”, opina. E acrescenta que essas iniciativas caminham lado a lado com a
necessidade de leis e incentivos que transformem a reciclagem em atividade
rentável economicamente para todos os segmentos das cadeias envolvidas. “Esse é
um setor que demanda muito trabalho e muito investimento”, reitera.
Um grande baque
histórico sofrido pela indústria da reciclagem no Brasil, lembrado pelo
especialista, se refere à perda de incentivo da chamada Lei do Bem, que
isentava essa cadeia do recolhimento de 10% de PIS-COFINS na aquisição de
insumos, por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), em 2021.
Posteriormente, o setor deixou de ser contemplado com tratamento diferenciado
na Reforma Tributária, o que tem levado muitos empreendimentos à falência ou à
entrada na informalidade, gerando prejuízos generalizados ao país.
Fonte: ((O))eco
Nenhum comentário:
Postar um comentário