Como é o júri popular dos acusados de
executar assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes
"O dia que
esperávamos há 6 anos está com data marcada", diz o Instituto Marielle
Franco, criado em homenagem à vereadora carioca morta a tiros no Centro do Rio
em 2018, ao lado do motorista Anderson Gomes, que também foi alvejado e
faleceu.
O aguardado dia é esta
quarta-feira, 30 de outubro, quando começa o julgamento dos acusados de serem
os autores dos assassinatos, Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz.
Eles já confessaram o
crime e fizeram delações premiadas.
Em março, a Polícia
Federal apontou como mandantes do assassinato os irmãos Domingos Brazão,
conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio (TCE); e Chiquinho Brazão,
deputado federal (sem partido-RJ). Em sua delação, Ronnie Lessa os apontou como
mandantes.
Os irmãos estão presos
desde então e são réus em uma ação penal no Supremo Tribunal Federal (STF), já
que Chiquinho Brazão é parlamentar e tem foro privilegiado. Os dois negam
reiteradamente envolvimento com as mortes.
O julgamento de Lessa
e Queiroz acontecerá por meio de júri popular, quando pessoas comuns decidem em
conjunto sobre o caso. Foram selecionadas 21 pessoas que poderão participar —
sete delas serão sorteadas para de fato compor o júri.
O julgamento, que será
transmitido pelo canal no Youtube do Tribunal de Justiça do Rio, deve durar
pelo menos dois dias.
Os réus, que estão
presos, participarão por videoconferência. Lessa está no Complexo Penitenciário
de Tremembé, no Estado de São Paulo, e Élcio, no Complexo da Papuda, no
Distrito Federal.
Em entrevista à CNN
Brasil, os advogados de Lessa e Queiroz disseram acreditar que o julgamento
será rápido.
"Não tem muito o
que discutir", disse à CNN Saulo Carvalho, advogado de Lessa.
"O que vamos
argumentar é por uma condenação justa, visto que o caso foi todo solucionado
com base na colaboração dele."
O Ministério Público
do Rio de Janeiro (MPRJ) anunciou que vai pedir pena de 84 anos de prisão para
cada réu — o número é a soma da pena máxima dos crimes pelos quais ambos estão
sendo acusados, que são duplo homicídio triplamente qualificado; uma tentativa
de homicídio; e receptação do carro usado no dia do crime.
A acusação do MPRJ
levará ao tribunal como testemunha a jornalista Fernanda Chaves, que era
assessora de Marielle Franco e estava no carro que foi alvejado, sobrevivendo.
Durante o julgamento,
as testemunhas não podem se comunicar e dormem nas dependências do Tribunal de
Justiça do Rio.
De acordo com
Christiano Fragoso, professor do departamento de Direito Penal da Universidade
do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), pelas regras brasileiras os membros do júri
não podem conversar entre si e combinar decisões — diferente dos países
anglo-saxões, como é comum ver nos filmes americanos, onde os jurados discutem
entre si antes de anunciar uma decisão.
Fragoso explica que,
após a exposição de argumentos e de depoimentos de testemunhas, ao fim do
julgamento os membros do júri popular devem decidir pela condenação ou
absolvição do réu para cada crime que ele é acusado.
Depois, é um juiz que
decide qual vai ser a pena — quantos anos e qual regime, entre outros.
Mas os jurados não se
colocam apenas no fim do julgamento.
"Ele pode fazer
pergunta para uma testemunha [durante o julgamento]; ele pode pedir
esclarecimentos sobre algum ponto do processo... É raro, mas ele pode. Tem que
fazer com muito cuidado, porque o jurado que vai fazer essa pergunta não pode
dar a entender em que sentido ele vai votar", aponta Fragoso, que é doutor
em Direito Penal pela UERJ.
O júri popular é
previsto na Constituição para crimes dolosos contra a vida. O dolo significa a
intenção de atingir um resultado — nesse caso, a morte de alguém — ou a
aceitação de que uma determinada ação possa acabar levando à morte de alguém.
O Código Penal define
quais crimes contra a vida devem ser avaliados pelo júri popular: homicídio;
feminicídio; induzimento, instigação ou auxilio ao suicídio ou à automutilação;
infanticídio; e aborto.
O Código de Processo
Penal, por sua vez, prevê que uma decisão do júri popular pode ser questionada
em recurso.
O recurso pode apontar
questões jurídicas ou que a decisão dos jurados foi contrária às provas
apresentadas.
"O Tribunal de
Justiça [em caso de recurso à segunda instância] não pode reformar a decisão no
sentido de dizer, por exemplo: o réu foi absolvido pelo júri, mas eu estou
condenando. Ele pode sim determinar que se refaça o julgamento", explica o
professor da UERJ.
Embora não seja comum,
é possível que um júri popular absolva um réu confesso — quando entender, por
exemplo, que ele confessou falsamente um crime por pressão externa ou medo de
retaliação.
Mas, em geral, a
confissão é "muito forte" como prova de um crime, aponta o professor.
"Já se chegou a
dizer que a confissão é a rainha das provas, ela reinaria absoluta diante de
todas as outras provas. Mas a mera confissão não exonera a acusação de
comprovar que um fato aconteceu, que aquela pessoa é culpada", explica.
• Penas para Ronnie Lessa e Élcio de
Queiroz
O MPRJ, que fará o
papel de acusador no julgamento, pediu quase nove décadas de prisão para Ronnie
Lessa e Élcio de Queiroz. Entretanto, por vários motivos, esse não deve ser o
tempo que eles ficarão na cadeia.
Primeiro, porque o
Código Penal estabelece que confessar um crime às autoridades, como fizeram
Lessa e Queiroz, atenua a pena. Segundo Christiano Fragoso, não há um valor ou
fração pré-estabelecidos na lei para qual seria a redução na pena — essa é uma
decisão do juiz.
E o mesmo código
também determina que uma pessoa não pode passar mais de 40 anos na prisão.
Fragoso diz que a
decretação de penas superiores a isso continua sendo importante para o cálculo
de benefícios como a progressão de regime e a liberdade condicional, mesmo que
essa longa pena não vá ser efetivamente cumprida.
Outra possibilidade de
redução de pena é o preso trabalhar, em geral na própria penitenciária — a cada
três dias trabalhados, o detento reduz em um dia sua pena.
Já a progressão do
regime, de fechado para semiaberto por exemplo, Fragoso vê como mais difícil
para crimes hediondos como homicídio, pelo qual Lessa e Queiroz estão
respondendo.
"A quantidade de
pena que você tem que cumprir primeiro, para sair do regime fechado para o
semiaberto, é uma fração alta. Além disso, existem requisitos que são
subjetivos", afirma.
"Por exemplo,
mesmo depois de cumprir uma quantidade de pena, quando é crime com violência ou
grave ameaça, exige-se que passe por uma perícia que diga que cessou a
periculosidade daquela pessoa. Isso é muito difícil conseguir em um caso desse."
• 'Justiça mesmo seria minha mãe estar
aqui'
As famílias de
Marielle e Anderson, além de organizações sociais, estão organizando uma
manifestação em frente ao tribunal no Rio nesta quarta-feira, a partir de 7h da
manhã. O julgamento está previsto para começar às 9h.
"Foram 78 meses e
mais de 2 mil dias em que nos juntamos desde que nos tiraram Marielle e
Anderson. Marchamos, gritamos, nos emocionamos, amarramos lenços e levantamos
placas em busca por justiça. A nossa força nos trouxe até aqui e nesse mês a
justiça, enfim, vai começar a ser feita", escreveu o Instituto Marielle
Franco em seu site.
Luyara Franco, filha
de Marielle que hoje tem 19 anos, disse à revista Marie Claire estar ansiosa
pelo que chamou de "etapa mais importante desde 14 de março de 2018"
— data da morte da vereadora e do motorista.
"Esse julgamento
é importante para garantir a responsabilização dos autores, a reparação para a
família e, principalmente, para evitar que esse episódio se repita. Mas justiça
mesmo seria minha mãe estar aqui", disse Luyara.
Anielle Franco, irmã
de Marielle e ministra da Igualdade Racial, disse à TV Globo que, para além da
dor, o caso motivou a família a abraçar causas maiores, como a violência contra
mulheres, negros, favelados e pessoas LGBTQIAPN+.
"A gente fez do
nosso luto a luta diária. Não somente pela Marielle, mas também pela família do
Anderson, por todas as pessoas que já tombaram no nosso país", disse
Anielle Franco em entrevista ao programa Encontro.
"Agora tem uma
outra batalha, né? Ver as pessoas contando os detalhes de como foi articular e
assassinar uma mulher que tinha sido eleita democraticamente."
Além dos irmãos
Brazão, Rivaldo Barbosa, ex-diretor da Polícia Civil do Rio; e o ex-policial
Ronald Paulo de Alves também respondem à ação penal no STF, acusados de
participar do planejamento dos assassinatos.
Rivaldo Barbosa,
ex-diretor da Polícia Civil do Rio de Janeiro, assumiu o controle do órgão um
dia antes da morte de Marielle.
Ele é suspeito de ter
usado o cargo para proteger os irmãos Brazão e impedir que as investigações
chegassem aos dois.
O ex-policial militar
Ronald Paulo de Alves, conhecido como Major Ronald, é acusado de monitorar
Marielle.
Enquanto isso, corre
na Câmara dos Deputados um processo que pede a cassação do mandato de Chiquinho
Brazão por conta dessas acusações. Após decisão favorável do Conselho de Ética
à perda do mandato, o caso aguarda votação no plenário da casa.
• Entenda todas as etapas do julgamento
Após seis anos e meio
da execução da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, em 14
de março de 2018, os assassinos confessos serão julgados a partir desta
quarta-feira (30).
<><> Como
será o júri?
O julgamento está
previsto para começar às 9h no 4º Tribunal do Júri do Rio, no Centro do Rio.
Estão agendados dois
dias (quarta e quinta) para que sejam ouvidas nove testemunhas. Sete delas
foram indicadas pelo Ministério Público (MPRJ) – incluindo Fernanda Chaves,
assessora de Marielle e sobrevivente do atentado – e duas pela defesa de Lessa.
A defesa de Élcio
Queiroz desistiu de ouvir as testemunhas que tinha solicitado.
Lessa e Queiroz também
serão ouvidos, por videoconferência, dos presídios onde estão: respectivamente
na Penitenciária de Tremembé, no interior de São Paulo, e no Centro de Inclusão
e Reabilitação, em Brasília.
Segundo o TJ, algumas
testemunhas também podem participar de forma virtual.
O júri do caso
(Conselho de Sentença) será formado por 21 pessoas comuns, das quais sete serão
sorteadas na hora. Durante o julgamento, todas ficarão isoladas. Depois,
dormirão nas dependências do Tribunal de Justiça do RJ. Eles é que vão dizer se
Lessa e Élcio são culpados ou inocentes pelo crime.
Após essa decisão, a
juíza Lúcia Glioche começa a definir o tamanho da pena. Ela determina o número
de anos inicial e depois começa a considerar os agravantes (se houve motivo
torpe e sem direito a defesa, por exemplo) e os atenuantes (a delação de ambos,
por exemplo).
Assim, se definirá a
pena dos réus.
<><> A que
crimes respondem os dois?
A dupla é ré por:
• duplo homicídio triplamente qualificado
(motivo torpe, emboscada e recurso que dificultou a defesa da vítima)
• tentativa de homicídio contra Fernanda
Chaves, assessora de Marielle.
• receptação do Cobalt prata, clonado, que
foi usado no crime
<><> Qual
a pena pedida pelo MP?
O Ministério Público
vai pedir ao Conselho de Sentença a pena máxima. De acordo com o Grupo de
Atuação Especializada de Combate ao Crime Organizado (Gaeco/FTMA), os réus
podem pegar até 84 anos de prisão para cada um.
<><> Em
que o acordo de delação beneficia os réus?
No cenário de hoje,
porém, mesmo se condenados à pena máxima e permanecer valendo o acordo de
delação premiada, Élcio Queiroz ficará preso, no máximo, por 12 anos em regime
fechado e Lessa, por 18 anos em regime fechado.
Isso excluindo o tempo
que os dois já estão presos: 5 anos e 7 meses.
Ambos ganharam também
o benefício de deixar os presídios federais de segurança máxima – já foram
transferidos para penitenciárias estaduais.
Lessa conseguiu ainda
ter de volta a casa da família na Zona Oeste do Rio que estavam entre os bens
bloqueados pela Justiça.
O acordo de cada réu,
no entanto, pode ser anulado caso fique comprovada alguma mentira na delação
premiada e que não leve à elucidação de casos.
<><> Por
que há um julgamento no STF e outro no TJ-RJ?
O processo contra
Lessa e Queiroz corre no TJ do Rio, estado onde ocorreram os crimes. O
inquérito que gerou a ação foi aberto logo após o crime.
Quando a Polícia
Federal abriu o inquérito para investigar a morte de Marielle, o processo,
inicialmente, foi aberto no Tribunal de Justiça, mas quando Lessa cita, em
delação, os nomes dos supostos mandantes – os irmãos Chiquinho e Domingos
Brazão –, a investigação passou para o Superior Tribunal de Justiça (STJ), mas
logo depois, o ministro Raul Araújo questionou o Supremo Tribunal Federal (STF)
quem teria competência para atuar no caso. O STF informou que a competência
seria dele porque Chiquinho é deputado federal e tem foro na corte superior.
<><>
Relembre a execução de Marielle e Anderson
Trajeto dos assassinos
de Marielle Franco — Foto: Editoria de arte/g1
Em 14 de maro de 2018,
a vereadora Marielle Franco (PSOL) foi morta a tiros dentro de um carro na Rua
Joaquim Palhares, no bairro do Estácio, na Região Central do Rio, por volta das
21h30.
Além da vereadora, que
levou quatro tiros na cabeça, o motorista do veículo, Anderson Pedro Gomes,
também foi baleado e morreu.
Fernanda Chaves estava
no banco de trás e foi atingida por estilhaços.
Os bandidos – Lessa e
Queiroz – estavam em Cobalt prata e seguiram Marielle desde a Casa das Pretas,
na Lapa, onde ela participara de um evento em uma distância de cerca de 4
quilômetros. A dupla emparelhou ao lado do veículo onde estava a vereadora e dispararou,
fugindo sem levar nada.
Marielle foi atingida
por quatro tiros, sendo três na cabeça e um no pescoço, enquanto, Anderson
levou três tiros nas costas. Fernanda Chaves sobreviveu, sendo atingida apenas
por estilhaços.
A dupla foi presa dois
dias antes de o crime completar 1 ano, em 12 de março de 2019.
Policiais da Divisão
de Homicídios da Polícia Civil e promotores do Ministério Público participaram
da força-tarefa que levou à Operação Lume.
Os dois estavam saindo
de suas casas quando foram presos. Eles não resistiram à prisão e nada disseram
aos policiais.
Ronnie estava em sua
casa no condomínio Vivendas da Barra, na Avenida Lúcio Costa, Barra da Tijuca –
o mesmo onde o ex-presidente Jair Bolsonaro tem residência. Élcio morava na Rua
Eulina Ribeiro, no Engenho de Dentro.
<><> O que
diz a acusação?
O ex-PM Ronnie Lessa é
o autor dos 13 disparos que atingiram o carro onde estavam Marielle, Anderson e
Fernanda Chaves; ele estava no banco de trás do Cobalt que perseguiu o carro da
vereadora.
Ex-PM Élcio Vieira de
Queiroz dirigiu o Cobalt na noite do crime.
<><> Quem
é Ronnie Lessa?
Ronnie Lessa é um
ex-policial militar com atuação no 9º Batalhão (Rocha Miranda). Como PM,
destacou-se por seu envolvimento em operações de repressão ao tráfico de drogas
e foi conhecido por ser um bom atirador. No início dos anos 2000, Lessa foi
cedido à Polícia Civil onde atuou na equipe da extinta Delegacia de Repressão
às Armas e Explosivos (Drae).
Lessa foi afastado da
Polícia Militar em 2009, após sofrer um atentado a bomba que lhe causou sérias
lesões nas pernas – o que levantou hipóteses sobre disputas internas ou
represálias dentro do mundo do crime organizado.
Segundo a polícia,
Lessa se envolveu com atividades ilegais, como extorsão, e com milícias que
atuam na Zona Oeste do Rio.
Mais tarde, segundo a
Polícia Federal, foi integrante de um grupo de matadores – fato que ele sempre
negou. O único homicídio que Lessa admite ter cometido por dinheiro foi a
execução de Marielle Franco.
Lessa ainda responde a
outro processo por homicídio: o assassinato do ex-policial André Henrique da
Silva Souza, o André Zóio, em junho de 2014, na Gardênia Azul, na Zona Oeste da
cidade.
Quem é Élcio Queiroz?
Élcio Vieira de
Queiroz também é um ex-policial militar do Rio, expulso da corporação em 2015
devido ao envolvimento com atividades ilegais, como segurança clandestina em
uma casa de jogos.
Também tinha histórico
de participação em milícias e havia sido alvo da Operação Guilhotina, que
investigava corrupção e desvio de armas dentro das forças de segurança do
estado.
Sua trajetória na PM
incluiu ainda envolvimentos esporádicos em serviços de segurança e uma longa
ligação com Ronnie Lessa, seu parceiro no crime que viria a executar Marielle
Franco e Anderson Gomes.
<<<< O que
os dois disseram em delação?
<><> Veja
alguns pontos ditos por Lessa em delação:
• Motivação do crime: Marielle foi morta
por ser considerada uma "pedra no caminho" de interessados em
consolidar loteamentos irregulares na Zona Oeste do Rio.
• Infiltração: O miliciano Laerte Lima,
infiltrado no PSOL, informou sobre a oposição de Marielle aos loteamentos, o
que levou ao planejamento do crime.
• Mandantes: Lessa apontou os irmãos
Domingos e Chiquinho Brazão como mandantes do assassinato, com o primeiro
passando as instruções diretamente aos executores.
• Recompensa: Em troca da execução, Lessa
e outros envolvidos receberiam terrenos em loteamentos, que poderiam ser
vendidos para lucar até R$ 25 milhões.
• Monitoramento: Lessa e seus comparsas
monitoraram Marielle por três meses, enfrentando dificuldades para executar o
crime devido ao policiamento e à localização dos locais frequentados por ela.
• Execução: Marielle foi seguida até um
bar na Praça da Bandeira antes de ser assassinada em outra área. A execução não
ocorreu próximo à Câmara dos Vereadores por instrução do delegado Rivaldo
Barbosa.
• Dificuldades logísticas: O local de
residência e os ambientes frequentados por Marielle dificultaram a execução,
forçando os criminosos a modificar o plano várias vezes.
• Pós-crime: Após a execução, Lessa foi a
um restaurante assistir a um jogo do Flamengo, tentando manter uma rotina que
não levantasse suspeitas.
<><>
Pontos ditos por Élcio em delação:
• Autor dos disparos: Ronnie Lessa,
policial reformado, foi o responsável por atirar.
• Papel de Élcio: Ele dirigia o carro que
seguiu Marielle na noite do crime.
• Arma utilizada: A arma teria sido
desviada do Bope após um incêndio.
• Intermediário: Edmílson Oliveira da
Silva, o Macalé, teria passado a missão a Lessa.
• Suel: o ex-bombeiro Maxwell Simões
Corrêa, o Suel, fez campanas para vigiar a vereadora e participaria da
emboscada, mas acabou trocado por ele.
• Placa do carro: Lessa adulterou a placa
do veículo usado.
• O trajeto: após matar Marielle, o Cobalt
prata seguiu para Rocha Miranda, onde ficou estacionado
• Destruição: No dia seguinte ao crime,
Lessa, Élcio e Suel foram buscar o carro e deixaram com Edilson Barbosa dos
Santos, o Orelha que desmontou o veículo.
<><>
Expectativa de familiares
A mãe da Marielle
Franco, a advogada Marinete Silva, falou nesta terça-feira, no Encontro Com
Patrícia Poeta, sobre a expectativa pelo julgamento dos ex-policiais militares.
"Não normalizem
isso no nosso país, de uma defensora que ficou 10 anos na Comissão de Direitos
Humanos ser abatida da maneira que foi a minha filha e o Anderson [...] Que
eles sejam condenados sim, que sirvam de exemplo para o nosso país e para o Rio
de Janeiro que tem sofrido bastante em relação à segurança pública",
disse.
Irmã e Marielle e
ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco disse que o julgamento será uma
espécie de batalha para os familiares.
"Pessoas contando
os detalhes de como foi articular e assassinar uma mulher que tinha sido eleita
ali democraticamente. Acho que nunca na nossa cabeça vai caber o entendimento
do real motivo de como as pessoas podem ser tão cruéis e frias. São muitos dias
de lutas e eu acho que a gente também não vai acabar por aqui ainda".
Fonte: BBC News
Brasil/g1
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