terça-feira, 8 de outubro de 2024

Sarampo e ceratite: entenda a relação entre as doenças

O sarampo é uma doença infecciosa viral que pode levar à morte. Sua transmissão ocorre por via aérea, de pessoa para pessoa. Isso pode se dar quando o doente tosse, fala, espirra ou respira próximo a outras pessoas. A forma mais eficiente de conter o sarampo é por meio da vacinação.

Apesar da vacina estar disponível gratuitamente pelo SUS e constar no Calendário Nacional de Vacinação, a redução das incidências da vacinação impactam negativamente na erradicação da doença. Nesse sentido, a situação do sarampo no Brasil é alarmante. Segundo um estudo feito pela Organização Panamericana de Saúde, a OPAS, em 86% das cidades do país o risco da doença é alto.

De acordo com o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, do Instituto Penido Burnier, o sarampo afeta mais crianças, idosos e pessoas imunodeprimidas. "Causado pelo Morbillivírus, o sarampo é altamente contagioso e a única forma de prevenir é ganhar imunidade ativa tomando a vacina", ressalta.

O médico explica que a doença também pode afetar diretamente os olhos. Isso porque nos primeiros meses de vida, o vírus do sarampo pode atingir a córnea do bebê. Esse tecido ocular funciona como uma lente externa e transparente do olho que responde por 60% da refração.

<><> Conheça os sintomas da ceratite

Dessa forma, é importante ter um cuidado especial e estar atento aos olhos do bebê. Em casos em que ocorram  vermelhidão recorrente, desvio da luz pelo aumento de fotofobia e presença de secreção viscosa, é necessário buscar um especialista.

"Estes são os sintomas da ceratite, uma inflamação na córnea que deve ser tratada imediatamente para evitar a formação de cicatrizes que podem comprometer o bom amadurecimento da visão", esclarece o oftalmologista. Isso ocorre porque o sistema ocular não está totalmente formado quando o bebê nasce e qualquer bloqueio nos primeiros anos de vida pode comprometer o desenvolvimento pleno do olho.

<><> Como diagnosticar a ceratite?

O diagnóstico da doença em bebês é feito por meio de uma lâmpada de fenda. Esse equipamento integra uma lâmpada de alta densidade luminosa acoplada a um biomicroscópio, permitindo a checagem de todas as porções externas do olho.

Além disso, o oftalmologista explica que o tratamento geralmente se realiza com corticoide tópico. É importante frisar que o uso do medicamento deve se dar a partir da supervisão e acompanhamento médico. Isso porque, o uso prolongado desse tipo de colírio pode causar glaucoma e a interrupção abrupta de seu uso predispõe à reincidência da inflamação.

<><> Sintomas e transmissão do sarampo

Os sintomas mais recorrentes do sarampo são febre, coriza, tosse, erupções vermelhas na pele e em alguns casos conjuntivite.

>>>>A adoção de algumas medidas pode dificultar a transmissão do vírus. Confira as principais abaixo.

# Cobrir o nariz e a boca quando espirrar ou tossir com um lenço descartável

# Lavar as mãos com frequência com água e sabão

# Evitar tocar a boca e os olhos

# Não compartilhar copos, talheres, fronhas e toalhas

# Manter os ambientes arejados e limpos

# Ficar distante das aglomerações e locais fechados

# Evitar o contato próximo com pessoas doentes

<><> Tratamento e prevenção

A prevenção do sarampo se faz a partir da vacina tríplice viral, que também protege contra rubéola e caxumba. A vacinação é feita em duas doses, sendo a primeira aplicada quando a criança completa um ano de idade, e a segunda três meses depois.

Um adendo importante a respeito da vacinação do sarampo é a respeito das gestantes. Nesses casos, é importante que as mulheres façam um exame de anticorpos para confirmarem se estão imunizadas contra a doença antes de engravidar. Dessa forma, torna-se fundamental confirmar a aplicação das duas doses, já que durante a gravidez a vacina não pode ser aplicada.

"Sem imunização prévia a gestante contaminada transmite o vírus ao feto pela placenta e isso pode causar três doenças no bebê. Uma delas é a encefalite, uma inflamação do encéfalo, frequentemente é fatal. Também pode ocorrer retinite aguda e a catarata congênita, maior causa de perda da visão entre crianças. Por isso, os cuidados preventivos entre mulheres devem ser maiores.", finaliza o oftalmologista.

Além disso, o tratamento de pessoas que já se contaminaram pelo vírus do sarampo objetiva reduzir os desconfortos provocados pela doença. Em casos da manifestação de conjuntivite, também é necessário o acompanhamento médico para diagnóstico e uso correto do colírio com corticoide.

 

•                                         O que é o microRNA, cuja descoberta levou o Prêmio Nobel de Medicina 2024

O Prêmio Nobel de Fisiologia e Medicina de 2024 foi concedido aos cientistas americanos Victor Ambros e Gary Ruvkun pelas pesquisas que eles fizeram sobre microRNA.

Ambros, de 70 anos, é biólogo e professor de Medicina Molecular na Universidade de Massachusetts (EUA).

Ruvkun, de 72 anos, é biólogo molecular e atua como professor de Genética da Escola de Medicina da Universidade Harvard.

O trabalho da dupla ajudou a explicar como nossos genes funcionam dentro do corpo humano — e como isso dá origem aos diferentes tecidos e sistemas do organismo.

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Os vencedores, selecionados por uma assembleia do Instituto Karolinska da Suécia, dividem um prêmio no valor de 11 milhões de coroas suecas (R$ 5 milhões, na cotação atual).

Segundo os responsáveis pela premiação, "a descoberta inovadora revelou um princípio completamente novo de regulação genética que se mostrou essencial para organismos multicelulares, incluindo humanos".

"Sabe-se agora que o genoma humano codifica mais de mil microRNAs", detalha a nota.

•                                         O que é o microRNA?

Cada célula do corpo humano contém a mesma informação genética bruta, guardada em nosso DNA.

Mas células que constituem os ossos, o sistema nervoso, a pele, o coração, o sistema imunológico e outras partes do organismo usam esse código genético de maneiras diferentes e altamente especializadas.

E o trabalho da dupla americana ajuda a explicar em detalhes como isso acontece.

Os microRNAs influenciam como os genes — as instruções que tornam a vida viável — são controlados dentro de diversos organismos, incluindo o de seres humanos.

Os impulsos elétricos das células nervosas são distintos do batimento rítmico das células cardíacas. A potência metabólica necessária para uma célula do fígado se diferencia da missão de uma célula renal de filtrar o sangue. As habilidades de detectar a luz das células na retina não se parecem em nada com o conjunto de habilidades dos glóbulos brancos para produzir anticorpos e combater infecções.

E toda essa variedade surge do mesmo material inicial de DNA, justamente por causa da expressão genética e dos microRNAs.

Os cientistas dos Estados Unidos foram os primeiros a descobrir os microRNAs e como eles exercem controle sobre como os genes se expressam de forma diferente em tecidos diversos.

Sem essa capacidade de controlar a expressão genética, cada célula de um organismo seria idêntica. Então, os tais microRNAs foram um fator decisivo na evolução de formas de vida mais complexas.

A regulação anormal por microRNAs também pode contribuir para o desenvolvimento de um câncer e algumas outras condições, como perda auditiva congênita e distúrbios ósseos.

Um exemplo grave é a síndrome DICER1, que gera tumores em uma variedade de tecidos e é causada por mutações que afetam os microRNAs.

O microRNA é diferente do RNA mensageiro, ou mRNA. Enquanto o primeiro faz a regulação genética que diferencia a forma e a função de nossas células, o segundo é gerado pelo código genético para transmitir um "recado" para as células — como fabricar uma determinada enzima, por exemplo.

Vale lembrar que o princípio do mRNA foi usado para a construção de algumas vacinas contra a covid-19 — e os cientistas que fizeram essas pesquisas ganharam o prêmio Nobel de Medicina em 2023.

<><> Vencedores anteriores do Nobel de Medicina

- 2023: Katalin Kariko e Drew Weissman, por desenvolver a tecnologia que levou às vacinas de mRNA contra a covid-19;

- 2022: Svante Paabo, por trabalhos sobre a evolução humana;

- 2021: David Julius e Ardem Patapoutian, por explicar como o corpo sente o toque e a temperatura;

- 2020: Michael Houghton, Harvey Alter e Charles Rice, pela descoberta do vírus da hepatite C;

- 2019: Sir Peter Ratcliffe, William Kaelin e Gregg Semenza, por descobrir como as células sentem e se adaptam aos níveis de oxigênio;

- 2018: James P Allison e Tasuku Honjo, por descobrir como combater o câncer usando o sistema imunológico do corpo;

- 2017: Jeffrey Hall, Michael Rosbash e Michael Young, por desvendar como os corpos mantêm um ritmo circadiano ou um "relógio biológico";

- 2016: Yoshinori Ohsumi, por descobrir como as células permanecem saudáveis e ao "reciclar" resíduos.

 

Fonte: Saúde em Dia/BBC News

 

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