8 perguntas e respostas sobre as canetas
antiobesidade
A obesidade atinge 1
bilhão de pessoas no mundo, segundo estudo divulgado pela Lancet, com base em
dados de 2022. Neste contexto, a busca pela perda de peso passa por dietas,
atividade física e medicamentos. E é nas canetas antiobesidade, também chamadas
"canetas emagrecedoras", que pacientes têm apostado suas fichas para
um resultado rápido, sem horas nas academias ou um cardápio que nem sempre
agrada a todos os paladares, principalmente os mais restritivos.
Todavia, quem busca um
caminho milagroso para o emagrecimento não vai encontrá-lo. A obesidade não
atinge apenas adultos. Entre eles, os números mais que dobraram, desde 1990, e
quadruplicaram entre crianças e adolescentes de 5 a 19 anos, conforme o estudo.
É neste cenário que as canetas têm se popularizado.
"Estes
medicamentos têm como base os enterohormônios, reguladores que controlam as
funções do aparelho digestivo e são produzidos e liberados a partir de células
da mucosa do estômago, pâncreas e intestino delgado. Os fármacos sintetizam estes hormônios para
se ter uma ação mais longa e, com isso, se obter - entre outros efeitos - uma
perda de peso", explica o Dr. Durval Ribas Filho, professor, nutrólogo,
Fellow da Obesity Society e Presidente da Associação Brasileira de Nutrologia
(ABRAN), em suas palestras durante o XXVIII Congresso Brasileiro de Nutrologia,
realizado recentemente em São Paulo.
Conforme o médico, o
medicamento pode ajudar pacientes obesos. "As pesquisas mais aprofundadas
destas substâncias e as evidências relacionadas à microbiota intestinal têm
sinalizado uma nova perspectiva no tratamento da obesidade, com respostas também
para o controle de doenças crônico-degenerativas, cardiovasculares e
renais", observa.
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Contudo, é necessário muito cuidado com o uso das canetas antiobesidade. Por
isso, abaixo, o Dr. Durval Ribas Filho esclarece algumas dúvidas sobre o
assunto. Veja!
1. Há diferença entre
as canetas?
Sim, pois se tem como
base diferentes substâncias, dosagens e resultados na perda de peso. Em um
primeiro momento, as canetas foram desenvolvidas para tratamento do diabetes
tipo 2, quando se percebeu que as pessoas também perderam peso. As pesquisas
avançaram e as doses também.
O Ozempic é composto
por semaglutida e encontrado nas versões com 0,25 mg, 0,5 mg e 1 mg. Em agosto,
foi lançado no Brasil o Wegovy, também à base de semaglutida, cuja concentração
é de 2,4 mg, o que proporcionará uma redução de peso corporal ainda melhor.
A Tirzepatida, com o
nome comercial de Mounjaro, é o que há de mais atual. O medicamento tem ação
nos receptores de dois hormônios, produzidos naturalmente no intestino, o GLP1
e o GIP, que acelera o metabolismo e não é liberado no medicamento com semaglutida.
No Brasil, a previsão é que a venda inicie em fevereiro do próximo ano.
2. É preciso
prescrição médica?
Sim. Deve se conter a
empolgação com a perda de peso de amigos e familiares que usam a caneta. É
preciso cuidado, pois a obesidade é uma doença crônica e necessita de um
diagnóstico para se definir a melhor conduta médica e nunca se deve
automedicar. Cada obeso é único em suas necessidades.
3. Crianças podem
usar?
Não há liberação do
uso das "canetas emagrecedoras" para crianças menores de 12 anos.
4. Há efeitos
colaterais?
Sim. Os mais comuns
envolvem náuseas, diarreia e constipação. São reações que dependem de cada
organismo e adaptação à dosagem prescrita e um acompanhamento médico para
ajustes, se necessário.
5. É verdade que
também se perde massa magra?
Com qualquer que seja
o medicamento antiobesidade e que tenha uma ação para reduzir peso corporal,
ocorre naturalmente a perda da massa magra. Quando se diminui peso de forma
significativa, há uma redução da massa magra de cerca de 22-34% do total do peso
perdido. Estudos mostram que essa perda de massa magra está associada ao
aumento do risco de mortalidade e redução da expectativa de vida.
6. Pode ocorrer alguma
deficiência nutricional ou proteica?
Com a redução de peso
corporal e, consequentemente, da massa magra, é essencial o acompanhamento
médico para que ele avalie se está ocorrendo, também, a perda de força muscular
e algum tipo de deficiência nutricional ou proteica.
A deficiência de
proteínas está associada a um certo grau de desnutrição energético proteica
que, a médio e longo prazos, pode diminuir a resposta imunológica do paciente e
aumentar a possibilidade de quedas e fraturas e, ainda, contribuir para o
desenvolvimento de outras doenças crônico-degenerativas.
7. Posso deixar de
fazer dieta e atividade física só com as canetas?
Não. Em qualquer
estratégia terapêutica antiobesidade - além do diagnóstico e tratamento
farmacológico - é essencial associar outros hábitos saudáveis para se obter
bons resultados. Uma maior ingestão de proteína, somada ao aumento da atividade
física, principalmente com exercícios de força, são recomendados, pois deve se
ter atenção não somente à redução de massa gorda, mas também à preservação de
massa magra, e os exercícios se mostram fundamentais neste processo.
8. Posso ter ganho de
peso quando parar o tratamento?
A obesidade é uma
doença crônica. Portanto, sempre haverá a necessidade do uso de algum
medicamento para seu controle. Uma análise publicada, recentemente, apontou que
somente dietas e atividade física podem não ser eficientes. Em até 2 anos,
cerca de 55% das pessoas reganharam o peso perdido e, em até 5 anos, cerca de
85%. Por isso, a maior prova da eficácia dos medicamentos antiobesidade é que
quando o paciente cessa a terapia farmacológica, ocorre a recuperação do peso
corporal.
• Dormir bem ajuda a emagrecer!
Quando o assunto é
emagrecer, muita gente pensa logo na dieta regrada, em abrir mão da sobremesa
ou em não falhar com os exercícios físicos. Mas o que muitos esquecem - ou nem
sabem - é que o sono é um dos maiores aliados à nutrição saudável e a perda de
peso. A explicação para isso é que, enquanto dormimos, o nosso corpo regula a
produção de hormônios que estão envolvidos com a sensação de saciedade e fome.
Sendo assim,
"quando não dormimos o suficiente, o organismo produz mais grelina, por
exemplo, que estimula o apetite. Isso tem ação direta na ingestão alimentar e,
consequentemente, no peso corporal. Também produz menos leptina, que nos faz
sentir saciados", esclarece Nataniel Viuniski, médico nutrólogo e membro
do Conselho de Nutrição da Herbalife.
A consequência dessa
privação de sono nos leva a escolhas alimentares menos saudáveis e ao aumento
da ingestão calórica, já que o cansaço aumenta nossos desejos por alimentos
reconfortantes, como os ricos em açúcares e gorduras. "Além disso, o sono inadequado
interfere na regulação do metabolismo, tornando mais difícil a queima de
gordura", acrescenta o especialista.
<><> Não é
só sobre emagrecer
Cuidar da qualidade do
descanso não se trata apenas da preocupação com a perda de peso, visto que um
sono desequilibrado pode impactar a saúde de diversas outras formas, pontua
Viuniski. "Pode aumentar o risco de doenças cardíacas, diabetes, depressão,
enfraquecer o sistema imunológico e prejudicar a função cognitiva, afetando a
concentração e o humor. Além disso, a falta de sono pode contribuir para o
aumento da inflamação no corpo, dificultando o processo de perda de peso."
<><> O que
comer e o que NÃO comer antes de dormir
E não são só as horas
de sono que são importantes para buscar esse equilíbrio, mas também a escolha
certa dos alimentos. "É importante optar por lanches leves e saudáveis,
como shakes proteicos, frutas, iogurte, nozes ou chás de ervas, pelo menos duas
horas antes de dormir", orienta o médico. Ele também alerta para o que
deve ser evitado momentos antes do descanso. "Alimentos pesados e ricos em
gordura podem causar desconforto gástrico e dificultar o sono de qualidade.
Além disso, alimentos estimulantes, como cafeína e álcool, podem interferir no
sono por agirem no sistema nervoso central."
"Alimentos ricos
em triptofano, como kiwi, leite, bananas e aveia, podem contribuir para o
descanso, pois o triptofano é um precursor da melatonina, o hormônio do sono.
Além disso, alimentos ricos em magnésio, como amêndoas e espinafre, podem ser
benéficos para uma boa noite de sono."
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Cafeína e álcool: inimigos do sono e da perda de peso
Como mencionado acima,
duas coisas que, definitivamente, devem ser evitadas antes da hora de dormir
são a cafeína e o álcool. A primeira porque, por ser um estimulante, pode levar
a fragmentação do sono, ou seja, te fazer acordar uma, duas, ou várias vezes
durante a noite. Já a segunda, é que o álcool, por mais que inicialmente possa
induzir o sono mais rapidamente, resulta em um descanso de pouca qualidade
durante a segunda metade da noite, já que não possibilita o cérebro entrar na
fase REM (sono profundo), que promove o equilíbrio de todas as funções do
organismo (de hormônios à imunidade). "O consumo de álcool leva as pessoas
a consumirem mais carboidratos por causar uma queda temporária nos níveis de
glicose no sangue (hipoglicemia reativa) logo após o consumo, desencadeando a
sensação de fome e desejo por carboidratos, para elevar seus níveis de
glicose", completa Viuniski.
<><> Nada
de eletrônicos antes de dormir
O nutrólogo também
destaca a importância de um ambiente adequado para o sono e como isso
influencia a qualidade do descanso. "Para uma boa noite de sono, é
fundamental ter um ambiente adequado. Isso inclui um quarto totalmente escuro,
sem dispositivos eletrônicos que emitem luz azul ou vermelha. Ele também deve
ser silencioso e fresco, com um colchão confortável. A escuridão e o silêncio
ajudam a manter o sono ininterrupto, enquanto a temperatura adequada facilita a
indução do sono."
Além disso, é
importante evitara exposição a dispositivos eletrônicos antes de dormir, pois
isso dificulta muito a pegarmos no sono. "A luz azul emitida pelos
dispositivos eletrônicos suprime a produção de melatonina, tornando mais
difícil adormecer. Por isso, recomendo evitar dispositivos eletrônicos pelo
menos uma hora antes de ir para a cama", alerta o médico, que finaliza com
uma dica importante: "Em vez disso, opte por atividades relaxantes.
Leitura, meditação ou um banho quente, por exemplo, que podem preparar o corpo
para uma noite de sono tranquila."
Fonte: Portal
EdiCase/Revista Malu
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