quinta-feira, 10 de outubro de 2024

Bolsonaro se oferece e campanha de Nunes esnoba: "agora não queremos mais"

A "covardia e omissão", segundo Silas Malafaia, de Jair Bolsonaro (PL) no primeiro turno da eleição em São Paulo segue rendendo atritos e birras dentro da campanha de Ricardo Nunes (PL), que ainda se mostra magoado com o ex-presidente, que ficou em cima do muro - ainda segundo o pastor - na disputa com medo de perder seguidores nas redes sociais.

Ao jornal O Globo, o ex-presidente tentou passar panos quentes no próprio comportamento, que foi alvo de aliados próximos, e disse já ter se oferecido para, agora, entrar na campanha de Nunes em São Paulo.

"Já me coloquei à disposição do Nunes e, quando a campanha me solicitar, entrarei na disputa. Quando e da maneira que eles acharem necessário. Não importa se votou no Marçal, a gente precisa se unir para derrotar a esquerda na capital", disse Bolsonaro, em tom ameno e hasteando a bandeira branca ao atual prefeito de São Paulo.

No entanto, entre aliados próximos, incluindo o governador Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos), Nunes teria revelado seu ressentimento em relação ao ex-presidente, que desdenhou de sua candidatura e chegou a acenar para Pablo Marçal (PRTB).

Mesmo o silêncio de Bolsonaro, após perder seguidores em uma das poucas tentativas de criticar o ex-coach, é visto pela campanha de Nunes como um fator importante que, por muito pouco, não o tirou do segundo turno das eleições contra Guilherme Boulos.

A Malu Gaspar, também no jornal O Globo, o deputado federal Paulinho da Força, presidente do Solidariedade, expôs o sentimento que paira sobre a coligação em torno do ex-prefeito e dentro da campanha.

"O que pode atrapalhar o Nunes é o Bolsonaro querer fazer campanha agora. Se Bolsonaro entrar agora na campanha do Nunes, só vai atrapalhar. Quando a gente precisou dele, ele não foi. Agora não precisamos mais", afirmou. “Bolsonaro agora quer vir na janelinha? Janelinha não", emendou o deputado, conhecido por ser um camaleão no mundo político.

Ainda segundo a jornalista, auxiliares e estrategistas da campanha de Nunes também têm defendido que Bolsonaro se mantenha distante e que sequer seja citado pelo prefeito no segundo turno.

“O Nunes não vai mais falar de Bolsonaro. Só de Tarcísio (de Freitas)”, diz um dos assessores a'O Globo.

A entrevista de Silas Malafaia, que criticou duramente Bolsonaro em entrevista a Monica Bergamo na Folha de S.Paulo, também repercutiu na campanha, que tem a mesma opinião do pastor: "Bolsonaro foi covarde e omisso".

“Se estiver faltando dois dias para a eleição e Nunes com 15 pontos a mais do que Boulos, aí o Bolsonaro aparece. Se não, ele não vai aparecer. E aí já não vamos mais precisar dele”, disse um membro da cúpula da campanha a Malu Gaspar.

¨      Nunes minimiza participação tímida de Bolsonaro na campanha e tenta afastar nacionalização

Ricardo Nunes (MDB), prefeito de São Paulo e candidato à reeleição, minimizou nesta terça-feira (8) a ausência do ex-presidente Jair Bolsonaro em seu palanque eleitoral ao longo da campanha do primeiro turno da eleição municipal. O emedebista chegou a admitir aos jornalistas que acompanhavam um corpo a corpo com eleitores no Jabaquara, zona sul da capital, estar cansado de falar sobre quando e onde será a entrada do líder da extrema direita no pleito paulistano.

“Ontem falei com Bolsonaro e ele falou que está à disposição. É só uma questão de ajuste na agenda”, explicou o prefeito de São Paulo. “Nós estamos correndo. Mas se tiver chance na agenda dele de vir vai ser bom”, acrescentou.

Nunes demonstrou irritação com a insistência dos jornalistas em saber se a falta de uma participação efetiva do ex-presidente não teria resultado no crescimento da candidatura do ex-coach Pablo Marçal (PRTB) – o outro candidato bolsonarista na disputa que terminou em 3° lugar, com uma diferença de cerca de 80 mil votos para o prefeito.

“Vocês estão falando muito de Bolsonaro e de Lula. E, na verdade, isso é secundário. O mais importante é a discussão da cidade. Não aguento mais responder sobre esse assunto”, afirmou o candidato bolsonarista. "Vocês estão nacionalizando a campanha. A imprensa é que está fazendo isso (...) Vamos parar com isso", completou o prefeito.

Nunes se esquivou de comentar a entrevista concedida pelo pastor Silas Malafaia à Folha de S.Paulo em que o líder neopentecostal classificou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) de “covarde” e “omisso” pela falta de participação na campanha do MDB à prefeitura de São Paulo.

“Eles são amigos há tantos anos. Eu não vou interferir na relação de amizade deles”, afirmou o prefeito Ricardo Nunes.

¨      Campanha de Nunes quer usar ‘jogo duplo’ de Bolsonaro para atrair eleitores de Pablo Marçal

A campanha do prefeito de São Paulo e candidato à reeleição, Ricardo Nunes (MDB), quer dialogar com os eleitores de Pablo Marçal (PRTB), mas sem trazê-lo para o seu palanque, informa a jornalista Andréia Sadi. A ideia é deixar Marçal longe dos holofotes, mas acenar aos seus eleitores com uma participação maior de Jair Bolsonaro (PL) no segundo turno.

No primeiro turno, o jogo duplo feito por Bolsonaro com Nunes e Marçal colaborou para dividir os votos da direita, o que irritou aliados do prefeito. A postura do ex-presidente fez com que alguns estrategistas dispensassem a participação dele na campanha no segundo turno.

Entretanto, a avaliação de parte da campanha de Ricardo Nunes é de que a participação de Bolsonaro de forma mais coesa no segundo turno pode ser importante para atrair o público bolsonarista que votou em Marçal, já que o ex-coach declarou que não vai apoiar o prefeito. Há, no entanto, quem acredite que uma adesão mais clara de Bolsonaro a Nunes possa comprometer a campanha do prefeito. 

Na última terça-feira, o ex-candidato pelo PRTB disse que só apoiaria Nunes se o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), o próprio Nunes, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL) e o pastor Silas Malafaia se retratassem a respeito do que ele diz serem "mentiras" que falaram sobre ele. Marçal também disse acreditar em vitória de Guilherme Boulos (Psol) com a transferência de metade de seus votos.

 

¨      PL consegue metade das prefeituras que planejava e culpa Alexandre de Moraes

O PL conquistou 510 prefeituras no primeiro turno das eleições municipais, um resultado comemorado oficialmente, mas que, nos bastidores, é motivo de frustração. Valdemar Costa Neto, presidente da legenda, havia projetado mais de mil prefeituras, meta que não se concretizou. Conforme reportado por Bela Megale, do jornal O Globo, a cúpula do partido aponta como principal fator para o desempenho abaixo do esperado a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que proibiu o contato direto entre Valdemar e Jair Bolsonaro (PL).

De acordo com líderes do PL, Valdemar seria a única figura capaz de convencer Bolsonaro a participar de mais campanhas e a gravar materiais de apoio para um maior número de candidatos, algo que acabou não ocorrendo. Valdemar, em diversas conversas com correligionários, reforçou essa análise, destacando que a ausência de um alinhamento estratégico prejudicou o resultado do partido nas urnas.

A principal crítica feita pela direção do partido a Bolsonaro é sua seletividade em apoiar candidatos, priorizando apenas aqueles com quem possui maior afinidade pessoal, em detrimento de uma estratégia que beneficiasse o PL como um todo. Um exemplo foi a situação em Curitiba, onde ele declarou apoio à candidata Cristina Graeml, do PMB, que concorre diretamente com Eduardo Pimentel (PSD), cujo vice é Paulo Martins, membro do partido de Bolsonaro. A atitude foi vista como um "tiro no pé", prejudicando as chances do PL de aumentar sua base de prefeituras na capital paranaense.

Os dirigentes do partido acreditam que, caso Valdemar tivesse tido liberdade para se comunicar com Bolsonaro, poderia ter evitado situações como essa, garantindo uma maior unificação das ações do partido em todo o país. No entanto, a imposição do STF impediu qualquer tentativa de coordenação mais eficaz entre os dois.

Diante das dificuldades para retomar o diálogo com Bolsonaro, algumas lideranças sugeriram que Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente, assumisse a presidência do partido, facilitando a comunicação e a organização das estratégias. A ideia, no entanto, foi rapidamente descartada.

 

¨      Canal de Marçal no Discord vira reduto de ataques às urnas eletrônicas, teorias da conspiração e frustração após derrota em SP

Após a confirmação de que o ex-coach de extrema direita Pablo Marçal (PRTB) ficou de fora do segundo turno na disputa pela prefeitura de São Paulo, o canal “Cortes do Marçal” no Discord se transformou em um espaço de protesto e frustração para seus seguidores. Criado originalmente para a divulgação de recortes da campanha do empresário, o canal agora é usado por apoiadores inconformados com o resultado das eleições, que se dedicam a teorias conspiratórias e ataques ao sistema eleitoral brasileiro.

Desde o último domingo (6), o canal, que reúne mais de 172 mil membros, se tornou um “muro das lamentações”. Segundo a coluna da jornalista Malu Gaspar, da Folha de S. Paulo, as mensagens vão desde acusações infundadas de fraude nas urnas eletrônicas até críticas ao sistema político, destacando a polarização e o clima de insatisfação com as opções disponíveis no segundo turno: Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (Psol). Um usuário, por exemplo, disparou: “O Boulos jamais chegaria ao segundo turno. Com essa roubalheira do PT, deram um jeito de colocar ele e tirar o Marçal”.

A reportagem ainda destaca que o descontentamento também se voltou contra antigos aliados e figuras públicas como o pastor-empresário Silas Malafaia, que, durante a campanha, criticou Marçal. Alguns membros da comunidade culpam o pastor pela derrota do candidato do PRTB. U

Outro ponto de debates no canal foi a divulgação, por Marçal, de um laudo toxicológico falso atribuído a Boulos, o que gerou repercussão negativa. Diversos apoiadores reconheceram o erro e apontaram a estratégia como um “tiro no pé”, que acabou prejudicando a imagem do candidato. “Marçal e equipe deram um tiro no pé publicando o laudo falso”, comentou um usuário.

O canal também viu suas atividades serem questionadas na Justiça por Tabata Amaral (PSB), resultando na migração para outros espaços do Discord. No entanto, as discussões e teorias conspiratórias se mantiveram ativas, com o chat geral recebendo centenas de mensagens nos últimos dias.

Apesar da derrota eleitoral, muitos seguidores continuam apoiando Marçal e defendem sua candidatura à presidência em 2026. Entretanto, o futuro de Pablo Marçal na política permanece incerto. O laudo falso compartilhado por ele pode ter consequências legais e há possibilidade de que ele se torne alvo da Justiça Eleitoral. 

 

Fonte: Fórum/Brasil 247

 

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