Aluno de
escola privada vai direto para faculdade quase três vezes mais do que o da
estadual
Os
alunos que concluíram o ensino médio em escolas privadas foram direto para o
ensino superior quase três vezes mais do que os estudantes que se formaram na
rede pública, mostra o Censo da Educação Superior 2023, divulgado pelo
Ministério da Educação (MEC) e Instituto
Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) nesta
quinta-feira, 3.
Conforme
os dados, 59% dos estudantes que se formaram em escolas privadas em 2022
iniciaram a faculdade no ano seguinte. Esse percentual, no entanto, cai para
21% para os alunos que concluíram o ensino médio em escolas estaduais.
A
rede federal, assim como o ensino médio articulado à educação profissional e
tecnológica (EPT), também levam mais o estudante do ensino médio diretamente
para o ensino superior.
Segundo
o Censo, 58% dos concluintes do ensino médio de escolas federais em 2022 foram
para a universidade em 2023. Dos estudantes do ensino médio articulado com a
educação profissional --de modo integrado ou concomitante--, 44% entraram em um
curso de graduação logo após a formatura.
Ainda
de acordo com o Censo, dos concluintes do ensino médio em 2022, 27% ingressaram
na educação superior no ano passado. Essa é a primeira vez que a pesquisa
apresentou uma análise sobre o acesso à educação superior logo após a conclusão
da educação básica.
Os
dados ainda mostram um recorte por cor/raça: 37% dos alunos brancos entraram no
ensino superior no ano seguinte em que se formaram no ensino médio. Para os
amarelos, esse percentual é de 33%. Entre os pardos, o número cai para 20%.
Pretos é de 17%, e indígenas, de 12%.
• Nº de
universitários de curso a distância encosta no total de presenciais; EAD deve
superar este ano
O
número de matrículas no ensino superior na modalidade a distância no Brasil
está praticamente empatado com a quantidade de estudantes no modelo presencial.
Caso a tendência de crescimento do ensino a distância (EAD) se mantenha, como
vem ocorrendo nos últimos anos, esse modelo deve superar a educação presencial ainda neste ano.
Os
cursos remotos têm ganhado mais alunos diante da facilidade logística e pelos
custos mais baixos. Especialistas, porém, têm apontado a necessidade de
melhorar a fiscalização sobre essas graduações de forma a evitar perda de
qualidade - sobretudo em áreas estratégicas, como a formação de professores. As
faculdades, por sua vez, dizem que há boa estrutura e oferta de conteúdos na
modalidade.
O
Ministério da Educação (MEC) apresentou nesta quinta-feira, 3, os dados do
Censo da Educação Superior 2023. A análise é feita anualmente pelo Instituto de
Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e considera
instituições públicas e privadas. O ministro da Educação, Camilo Santana, que
atua na campanha política das eleições municipais no Ceará, não participou da
agenda.
De
acordo com os dados apresentados, no ano passado dos 9,9 milhões de estudantes
no ensino superior, o Brasil registrou 4,9 milhões de alunos na modalidade a
distância e 5,06 milhões no modelo presencial, diferença de apenas 150.220
matrículas. O dado anterior a esse mostrava que dos 9,4 milhões de alunos, eram
4,3 milhões matrículas e na modalidade a distância e 5,1 no presencial, uma
diferença de 781.729 vagas.
A
estatística mostra que mesmo tempo em que o número de matrículas a distância
cresce, a quantidade de alunos no presencial vem caindo. De um ano para outro,
houve uma retração de cerca de 49 mil vagas no presencial. No mesmo período,
foram quase 600 mil vagas a mais a distância.
"Bateu
ali. É bem provável que no ano que vem essa curva vai se cruzar, a se manter
essa tendência", explicou o Diretor de Estatísticas Educacionais do Inep,
Carlos Moreno.
Desde
o ano passado, o MEC tem feito reformulações no regramento da educação a
distância. Em junho, o governo suspendeu a criação de novos cursos na
modalidade até março do ano que vem. Na mesma portaria publicada no Diário
Oficial da União, a pasta determinou a reformulação dos parâmetros de qualidade
da EAD.
Nas
últimas edições, o Censo tem mostrado crescimento expressivo do ensino a
distância. A modalidade ganhou força sobretudo após a pandemia de covid-19,
quando o isolamento social restringiu atividades presenciais em todo país. Nos
últimos dez anos, conforme mostrou a edição do Censo em 2023, o número de
cursos de educação a distância cresceu 700%.
O
secretário executivo do Ministério da Educação, Leonardo Barchini, afirmou que
o MEC não é contra o modelo, mas que é necessária uma regulação robusta.
"Essa matrícula aumenta de maneira um pouco desenfreada muito pela demanda
da população, mas também por conta dessa regulação que a gente está revendo
hoje", afirmou o secretário.
De
acordo com a secretária de regulação, Marta Abramo, o MEC está focado
justamente na revisão de parâmetros de qualidade para avaliar o setor. "A
gente tinha um documento de 2007 e precisava rever toda essa situação. É isso
que estamos fazendo agora", disse. Ela não detalhou, no entanto, quando os
parâmetros serão divulgados.
O
MEC atribui o ritmo acelerado de aumento da EAD a um decreto assinado em 2017,
que flexibilizou a abertura de polos de
educação a distância no país. No ano seguinte ao decreto, a oferta de
vagas EAD ultrapassou a oferta de vagas presenciais. Desde então, o modelo vem
se expandindo, com um aumento de 167,5% no número de vagas.
Para
Rodrigo Capelato, diretor-executivo do Semesp, entidade que representa
mantenedoras de ensino superior no Brasil, o resultado do Censo trouxe um dado
positivo: o crescimento das matrículas no ensino superior.
"Esse
crescimento de 5,64% se deve, mais uma vez, ao avanço das matrículas na
educação a distância, embora com uma tendência um pouco diferente dos últimos
anos. Nos últimos anos, vínhamos observando uma queda consecutiva nas
matrículas no ensino presencial. De 2015 até 2022, a queda média anual foi de
3,66% nas matrículas em cursos presenciais. Contudo, neste último ano, tivemos
uma redução menor, inferior a 1%. Já no EAD, houve uma leve desaceleração, o
ritmo de crescimento anual era de 17,58% entre 2015 e 2022, e, neste último
ano, foi de 13,46%, o que ainda é bastante alto", destaca.
Considerando
o total de matrículas no ensino superior, o curso de Pedagogia é o que reúne
maior número de matrículas EAD: 689.663. Já no presencial, o curso com maior
número de matrículas é Direito, com 658.530 matriculados.
O
crescimento da modalidade tem trazido preocupação em relação à formação de
professores, já que 67% dos matriculados em licenciaturas estão em cursos a
distância. O Censo mostra que cerca de 81% dos estudantes têm ingressado nos
cursos de licenciatura EAD.
Em
maio, o MEC homologou resolução do Conselho Nacional de Educação (CNE) que determina que cursos de
licenciatura a distância devem oferecer no mínimo 50% das aulas em formato
presencial. Para a secretária de Regulação e Supervisão da Educação Superior
(Seres) do MEC, Marta Abramo, essa regra vai impactar diretamente na oferta de
EAD na área.
"Todas
(instituições) terão de se adaptar para cumprir as novas diretrizes que preveem
essa carga presencial e prática intensa", afirmou.
No
ano passado, o ministro da Educação, Camilo Santana, anunciou que o MEC criaria
um instituto para regular o ensino superior. Em entrevista ao Estadão em
janeiro, ele disse ainda que o órgão poderia ser financiado a partir do
pagamento de taxas por parte das universidades privadas.
A
criação do instituto, no entanto, até o momento não saiu do papel. Questionado
sobre o tema, o secretário executivo da pasta afirmou que o MEC está
"finalizando os estudos" e deve enviar um projeto de lei ao Congresso
até o fim do ano.
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Educação pública cresce
Os
dados mostram ainda que pela primeira vez o país atingiu 1 milhão de vagas na
rede pública. Houve um aumento de 19% no último ano, considerando tanto vagas
presenciais como a distância. A maior parte das vagas do ensino superior, no
entanto, está na rede privada, que detém 23,6 milhões de cadeiras, quase 96% do
total.
O
secretário executivo do MEC, Leonardo Barchini, atribuiu o aumento no número de
vagas ao aumento de investimentos no ensino superior. As universidades federais
pressionam constantemente o governo federal por mais recursos. No fim do ano
passado, reitores chegaram a enviar uma carta ao presidente Luiz Inácio Lula da
Silva cobrando, no mínimo, R$ 350 milhões adicionais para as instituições, que
estavam sob risco de não conseguir tocar suas atividades. Neste ano, o MEC
recompôs R$ 242 milhões para as universidades em maio, e mais R$ 279 milhões em
junho.
"O
número de matrículas na rede pública e privada da educação superior continua crescendo. A gente
cresceu mais de 5% (no número de matrículas) de 2022 para 2023. Ainda há uma
demanda de vagas na graduação. A gente precisa atender, ouvir a sociedade, os
jovens querem estudar", disse Barchini.
Fonte:
Redação Terra/Agencia Estado
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