quinta-feira, 10 de outubro de 2024

Em Fortaleza, bolsonarista esconde Jair Bolsonaro na campanha e vira alvo de críticas

Candidato à Prefeitura de Fortaleza, o deputado federal bolsonarista André Fernandes (PL-CE) tem sido criticado por aliados e até por adversários por “esconder” o ex-presidente Jair Bolsonaro em sua campanha.

A crítica foi externada publicamente pelo ministro da Educação, Camilo Santana (PT), que apoia o petista Evandro Leitão, adversário de Fernandes no segundo turno da disputa na capital cearense.

“Não tenho dúvida, nós vamos ganhar essa eleição no segundo turno aqui em Fortaleza. Eu quero é que o André Fernandes mostre a cara e mostre o Bolsonaro aqui em Fortaleza”, disse o ministro na noite do domingo (6/10), após a confirmação do segundo turno.

Durante toda a campanha para o primeiro turno, Bolsonaro participou uma única vez de atividades de campanha de André Fernandes em Fortaleza: no dia 17 de agosto, logo no início da disputa.

Desde então, o deputado evitou citar o nome do ex-presidente durante a campanha, sobretudo após crescer nas pesquisas e superar o candidato Capitão Wagner (União Brasil), de centro-direita.

<><> Esquecimento de Bolsonaro foi estratégico

Integrantes da campanha de André Fernandes admitem, nos bastidores, que o esquecimento de Bolsonaro na campanha foi estratégico e visou permitir um diálogo do candidato com o eleitorado de centro.

“No início da campanha, precisávamos de uma dose de bolsonarismo, porque o voto do Bolsonaro e da direita estava com o Capitão Wagner. A primeira medida, então, foi pedir para que o Bolsonaro fosse lá. Foi o ponta pé inicial para o Capitão cair o André subir. Depois que contamos para todo mundo que ele era o candidato do Bolsonaro, precisamos começar a dialogar com o centro”, afirmou à coluna, sob reserva, uma influente fonte da campanha de Fernandes.

Aliados do bolsonarista lembram que Fortaleza é administrada por PT e PDT há quase 20 anos. Além disso, boa parte da população da capital cearense depende de programas sociais.

<><> Bolsonarista continuará escondendo Bolsonaro no 2º turno

Apesar das críticas, André Fernandes pretende continuar com a estratégia de não explorar a imagem de Bolsonaro na campanha para o segundo turno em Fortaleza.

A avaliação dos aliados do deputado é de que ele precisa fugir da estratégia do PT de investir na disputa ideológica e continuar tentando se apresentar como um candidato “moderado”.

“O gatilho do medo vai ser a estratégia do PT. É preciso sair do lugar ideológico e dialogar. Se ficar na discussão ideológica nacional, vai dar ruim para o André. Precisamos sair da discussão Lula e Bolsonaro”, diz uma fonte da campanha de Fernandes.

O próprio candidato deixou isso claro em entrevista à imprensa local na segunda-feira (7/10), um dia após o primeiro turno, ao ser questionado sobre a ausência de Bolsonaro em sua campanha.

“Não posso falar em polarização, talvez o outro lado queira polarizar, achando que o povo de Fortaleza não tenha inteligência (…) Não dá para falar de polarização. Não existe Lula contra Bolsonaro, não é uma campanha PT contra PL, não é uma campanha direita contra esquerda. É uma campanha dos mesmos de sempre contra nós, eu André Fernandes e o povo de Fortaleza. Quem quer que continue do mesmo jeito, quem acha que a rua não tem buraco, que a saúde está boa, que está segura a cidade, que a cidade está limpa, continua do mesmo lado, do mesmo time onde ganharia esses mesmos coroneis que há 30 anos governam essa cidade. Quem acha que está na hora de uma mudança vem para o nosso lado”, disse Fernandes ao Jornal Jangadeiro.

Nas eleições de 2022, vale lembrar, Lula venceu em Fortaleza no segundo turno, com 58,18% dos votos. Já Bolsonaro registrou 41,82% dos votos dos fortalezenses.

 

¨      A derrota que frustrou Tarcísio, Bolsonaro e Kassab nas eleições de SP

Enquanto a apuração do último domingo (6/10) sinalizava uma vitória para Tarcísio de Freitas (Republicanos) no pleito capital paulista, com Ricardo Nunes (MDB) alçado ao segundo turno, a poucos quilômetros dali o resultado apontado pelas urnas de outra cidade marcava uma derrota para o governador nas eleições de São Paulo.

Em Guarulhos, segundo maior município do estado, o candidato que reunia o apoio de Tarcísio, Jair Bolsonaro (PL) e Gilberto Kassab (PSD), Jorge Wilson Xerife do Consumidor (Republicanos), recebeu 20,12% dos votos válidos e ficou fora do 2º turno. Em seu lugar, Lucas Sanches (PL) – que apesar de ser do partido de Bolsonaro, não recebia o apoio do ex-presidente – tomou os votos da direita e deslanchou, em primeiro lugar, para o 2º turno contra Elói Pietá (Solidariedade).

Líder de Tarcísio na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), Xerife recebeu o apoio do governador desde o início da campanha. Tarcísio gravou vídeos para as redes sociais do deputado e participou de uma caminhada com ele pelas ruas da cidade na semana das eleições.

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Bolsonaro também fez uma visita a Xerife às vésperas do pleito e apareceu em postagens no Instagram do deputado. Além deles, o candidato recebeu ainda o apoio do atual prefeito de Guarulhos, Guti, e do secretário estadual de Governo de Tarcísio, Gilberto Kassab. Os cabos eleitorais não foram suficientes, no entanto, para levá-lo ao segundo turno.

O deputado começou a disputa bem colocado, atrás apenas do ex-prefeito da cidade Elói Pietá (Solidariedade). Xerife iniciou a campanha dizendo ser o único capaz de derrotar “os dois PTs” em Guarulhos, uma referência aos adversários Alencar Santana (PT) e Pietá – este último ex-petista que deixou a sigla após ver seu nome pelo partido para disputar a eleição.

No início de setembro, Xerife viu, no entanto, sua vantagem nas pesquisas de intenção de voto ser ameaçada com o avanço de Lucas Sanches (PL), político de 28 anos e ex-integrante do Movimento Brasil Livre (MBL), que entrou na disputa com a benção de Valdemar Costa Neto, presidente do PL, em meio a um racha da direita na cidade.

Enquanto Lucas subiu do quarto lugar para a vice-liderança nas pesquisas em menos de três semanas, adotando um discurso à la Pablo Marçal (PRTB) em que dizia ser o “único representante da direita na cidade”, Xerife passou a responder a um pedido de cassação movido pelo rival do PL em razão de irregularidades envolvendo a sua vice. Por fim, o resultado das urnas deu vitória ao nome escolhido por Valdemar, frustrando o investimento feito por Tarcísio e Bolsonaro na cidade.

<><> Sucesso da direita e o efeito Tarcísio

O resultado deixa uma marca negativa em meio a uma campanha vitoriosa de Tarcísio, Bolsonaro e Kassab pelo estado. Dos 645 municípios paulistas, 354 serão comandados por prefeitos do PSD, de Kassab, do PL, de Bolsonaro, e do Republicanos, de Tarcísio, a partir de 2025. Em 2020, os três partidos juntos tinham vencido a disputa no primeiro turno em apenas 122 cidades.

Nesse cenário, o maior crescimento foi do partido Republicanos, que conquistou 80 prefeituras no estado neste domingo (6/10) – quatro vezes mais que em 2020, quando elegeu 20 prefeitos. À exemplo da capital paulista, onde o candidato apoiado por Tarcísio, Ricardo Nunes (MDB), despontou na liderança dos votos e disputará o segundo turno contra Guilherme Boulos (PSol), o governador se mostrou um cabo eleitoral de sucesso.

No interior, o partido de Tarcísio venceu, ainda no primeiro turno, as disputas em Campinas, com Dário Saadi, e Sorocaba, com Rodrigo Manga. No último caso, Manga venceu com 73,75% dos votos contra Danilo Balas (PL), candidato apoiado por Bolsonaro e Guilherme Derrite (PL). Para o segundo turno, a disputa entre as duas legendas da direita se repetirá em Santos, com Rogério Santos (Republicanos) contra Rosana Valle (PL).

Mesmo com as derrotas para o Republicanos, o PL saiu com saldo positivo nas disputa pelas prefeituras do estado de São Paulo, e cresceu de 40 para 10 prefeituras paulistas sob seu domínio. Já o PSD, de Kassab, foi de 62 prefeituras para 203.

 

¨      “Malafaia deu uma facada em Bolsonaro”, diz Marco Antônio Costa

Comunicador e influenciador de direita, Marco Antônio Costa afirma que Silas Malafaia “deu uma facada” no ex-presidente Jair Bolsonaro. O bolsonarista reclama das críticas feitas pelo religioso ao ex-mandatário, a quem chamou de “covarde”, “omisso” e “porcaria de líder”.

“Vejo que Silas Malafaia deu uma facada em Bolsonaro. Acho que, se você está entre amigos e pessoas que têm honra, tem o dever de tratar de alguns assuntos a portas fechadas. E não expor o que foi conversado de forma áspera, ressentida e obtusa. O trabalho que Bolsonaro faz pelo Brasil é considerável”, disse Marco Antônio Costa.

O influenciador bolsonarista afirmou ainda que “a postura do Silas Malafaia não foi de amigo nem de aliado”, mas a de alguém que quer “surfar na onda de alguém que nem da direita é”. O comunicador se referiu ao atual prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB).

Malafaia foi um ávido defensor de Ricardo Nunes contra Pablo Marçal (PRTB), que dividiu a direita e ficou em terceiro lugar na disputa pela Prefeitura de São Paulo. Ele e o atual prefeito disputam o mesmo eleitorado.

“Silas Malafaia diz que interferiu para tirar votos do Marçal. Ou seja: está se gabando de tirar um cara anti-sistema do segundo turno. O Marçal poderia passar o próprio Guilherme Boulos e tirar a esquerda do segundo turno. Vejo a atitude do Malafaia muito pautada no ego”, opinou o influenciador que, assim como o pastor, tem promovido manifestações contra Alexandre de Moraes.

Malafaia, por sua vez, diz que externou as críticas a Bolsonaro porque, antes, já as havia direcionado ao próprio ex-presidente a portas fechadas. Na entrevista à Folha de S. Paulo, ele se disse decepcionado com o ex-presidente e elogiou o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), cotado para disputar a Presidência em 2026.

 

Fonte: Metrópoles

 

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