Em Fortaleza, bolsonarista esconde Jair Bolsonaro
na campanha e vira alvo de críticas
Candidato à Prefeitura
de Fortaleza, o deputado federal bolsonarista André Fernandes (PL-CE)
tem sido criticado por aliados e até por adversários por “esconder” o
ex-presidente Jair Bolsonaro em
sua campanha.
A crítica foi
externada publicamente pelo ministro da Educação, Camilo Santana (PT),
que apoia o petista Evandro Leitão, adversário de Fernandes no segundo turno da disputa na capital
cearense.
“Não tenho dúvida, nós
vamos ganhar essa eleição no segundo turno aqui em Fortaleza. Eu quero é que o
André Fernandes mostre a cara e mostre o Bolsonaro aqui em Fortaleza”, disse o
ministro na noite do domingo (6/10), após a confirmação do segundo turno.
Durante toda a
campanha para o primeiro turno, Bolsonaro participou uma única vez de
atividades de campanha de André Fernandes em Fortaleza: no dia 17 de agosto,
logo no início da disputa.
Desde então, o
deputado evitou citar o nome do ex-presidente durante a campanha, sobretudo
após crescer nas pesquisas e superar o candidato Capitão Wagner (União Brasil), de
centro-direita.
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Esquecimento de Bolsonaro foi estratégico
Integrantes da
campanha de André Fernandes admitem, nos bastidores, que o esquecimento de
Bolsonaro na campanha foi estratégico e visou permitir um diálogo do candidato
com o eleitorado de centro.
“No início da
campanha, precisávamos de uma dose de bolsonarismo, porque o voto do Bolsonaro
e da direita estava com o Capitão Wagner. A primeira medida, então, foi pedir
para que o Bolsonaro fosse lá. Foi o ponta pé inicial para o Capitão cair o
André subir. Depois que contamos para todo mundo que ele era o candidato do
Bolsonaro, precisamos começar a dialogar com o centro”, afirmou à coluna, sob
reserva, uma influente fonte da campanha de Fernandes.
Aliados do
bolsonarista lembram que Fortaleza é administrada por PT e PDT há quase 20
anos. Além disso, boa parte da população da capital cearense depende de
programas sociais.
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Bolsonarista continuará escondendo Bolsonaro no 2º turno
Apesar das críticas,
André Fernandes pretende continuar com a estratégia de não explorar a imagem de
Bolsonaro na campanha para o segundo turno em Fortaleza.
A avaliação dos
aliados do deputado é de que ele precisa fugir da estratégia do PT de investir
na disputa ideológica e continuar tentando se apresentar como um candidato
“moderado”.
“O gatilho do medo vai
ser a estratégia do PT. É preciso sair do lugar ideológico e dialogar. Se ficar
na discussão ideológica nacional, vai dar ruim para o André. Precisamos sair da
discussão Lula e
Bolsonaro”, diz uma fonte da campanha de Fernandes.
O próprio candidato
deixou isso claro em entrevista à imprensa local na segunda-feira (7/10), um
dia após o primeiro turno, ao ser questionado sobre a ausência de Bolsonaro em
sua campanha.
“Não posso falar em
polarização, talvez o outro lado queira polarizar, achando que o povo de
Fortaleza não tenha inteligência (…) Não dá para falar de polarização. Não
existe Lula contra Bolsonaro, não é uma campanha PT contra PL, não é uma
campanha direita contra esquerda. É uma campanha dos mesmos de sempre contra
nós, eu André Fernandes e o povo de Fortaleza. Quem quer que continue do mesmo
jeito, quem acha que a rua não tem buraco, que a saúde está boa, que está
segura a cidade, que a cidade está limpa, continua do mesmo lado, do mesmo time
onde ganharia esses mesmos coroneis que há 30 anos governam essa cidade. Quem
acha que está na hora de uma mudança vem para o nosso lado”, disse Fernandes ao Jornal Jangadeiro.
Nas eleições de 2022,
vale lembrar, Lula venceu em Fortaleza no segundo turno, com 58,18% dos votos.
Já Bolsonaro registrou 41,82% dos votos dos fortalezenses.
¨ A derrota que frustrou Tarcísio, Bolsonaro e Kassab nas eleições
de SP
Enquanto a apuração do
último domingo (6/10) sinalizava uma vitória para Tarcísio de Freitas (Republicanos)
no pleito capital paulista, com Ricardo Nunes (MDB) alçado ao segundo turno, a poucos quilômetros dali o resultado apontado pelas urnas de
outra cidade marcava uma derrota para o governador nas eleições de São Paulo.
Em Guarulhos, segundo maior município do estado, o candidato que reunia o
apoio de Tarcísio, Jair Bolsonaro (PL) e Gilberto Kassab (PSD), Jorge Wilson
Xerife do Consumidor (Republicanos), recebeu 20,12% dos votos válidos e ficou
fora do 2º turno. Em seu lugar, Lucas Sanches (PL) – que apesar de ser do
partido de Bolsonaro, não recebia o apoio do ex-presidente – tomou os votos da
direita e deslanchou, em primeiro lugar, para o 2º turno contra Elói Pietá (Solidariedade).
Líder de Tarcísio na
Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp),
Xerife recebeu o apoio do governador desde o início da campanha. Tarcísio
gravou vídeos para as redes sociais do deputado e participou de uma caminhada
com ele pelas ruas da cidade na semana das eleições.
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Bolsonaro também fez
uma visita a Xerife às vésperas do pleito e apareceu em postagens no Instagram
do deputado. Além deles, o candidato recebeu ainda o apoio do atual prefeito de
Guarulhos, Guti, e do secretário estadual de Governo de Tarcísio, Gilberto
Kassab. Os cabos eleitorais não foram suficientes, no entanto, para levá-lo ao
segundo turno.
O deputado começou a
disputa bem colocado, atrás apenas do ex-prefeito da cidade Elói Pietá
(Solidariedade). Xerife iniciou a campanha dizendo ser o único capaz de
derrotar “os dois PTs” em Guarulhos, uma referência aos adversários Alencar
Santana (PT) e Pietá – este último ex-petista que deixou a sigla após ver seu
nome pelo partido para disputar a eleição.
No início de setembro,
Xerife viu, no entanto, sua vantagem nas pesquisas de intenção de voto ser
ameaçada com o avanço de Lucas Sanches (PL), político de 28 anos e
ex-integrante do Movimento Brasil Livre (MBL), que entrou na disputa com a benção de Valdemar Costa Neto, presidente do PL, em
meio a um racha da direita na cidade.
Enquanto Lucas subiu
do quarto lugar para a vice-liderança nas pesquisas em menos de três semanas,
adotando um discurso à la Pablo Marçal (PRTB) em que dizia ser o “único
representante da direita na cidade”, Xerife passou a responder a um pedido de cassação movido pelo
rival do PL em razão de irregularidades envolvendo a sua vice. Por fim, o resultado das urnas deu vitória ao nome escolhido
por Valdemar, frustrando o investimento feito por Tarcísio e Bolsonaro na
cidade.
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Sucesso da direita e o efeito Tarcísio
O resultado deixa uma
marca negativa em meio a uma campanha vitoriosa de Tarcísio, Bolsonaro e Kassab pelo estado. Dos 645 municípios paulistas, 354 serão comandados por
prefeitos do PSD, de Kassab, do PL, de Bolsonaro, e do Republicanos, de
Tarcísio, a partir de 2025. Em 2020, os três partidos juntos tinham vencido a
disputa no primeiro turno em apenas 122 cidades.
Nesse cenário, o maior
crescimento foi do partido Republicanos, que conquistou 80 prefeituras no
estado neste domingo (6/10) – quatro vezes mais que em 2020, quando elegeu 20
prefeitos. À exemplo da capital paulista, onde o candidato apoiado por Tarcísio,
Ricardo Nunes (MDB), despontou na liderança dos votos e disputará o segundo
turno contra Guilherme Boulos (PSol), o governador se mostrou um cabo eleitoral
de sucesso.
No interior, o partido
de Tarcísio venceu, ainda no primeiro turno, as disputas em Campinas, com Dário
Saadi, e Sorocaba, com Rodrigo Manga. No último caso, Manga venceu com 73,75%
dos votos contra Danilo Balas (PL), candidato apoiado por Bolsonaro e Guilherme
Derrite (PL). Para o segundo turno, a disputa entre as duas legendas da direita
se repetirá em Santos, com Rogério Santos (Republicanos) contra Rosana Valle
(PL).
Mesmo com as derrotas
para o Republicanos, o PL saiu com saldo positivo nas disputa pelas prefeituras
do estado de São Paulo, e cresceu de 40 para 10 prefeituras paulistas sob seu
domínio. Já o PSD, de Kassab, foi de 62 prefeituras para 203.
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“Malafaia deu uma facada em Bolsonaro”, diz
Marco Antônio Costa
Comunicador e
influenciador de direita, Marco Antônio Costa afirma
que Silas Malafaia “deu uma facada” no ex-presidente Jair
Bolsonaro. O bolsonarista reclama das críticas
feitas pelo religioso ao ex-mandatário, a quem chamou de “covarde”, “omisso” e
“porcaria de líder”.
“Vejo que Silas
Malafaia deu uma facada em Bolsonaro. Acho que, se você está entre amigos e
pessoas que têm honra, tem o dever de tratar de alguns assuntos a portas
fechadas. E não expor o que foi conversado de forma áspera, ressentida e
obtusa. O trabalho que Bolsonaro faz pelo Brasil é considerável”, disse Marco
Antônio Costa.
O influenciador
bolsonarista afirmou ainda que “a postura do Silas Malafaia não foi de amigo
nem de aliado”, mas a de alguém que quer “surfar na onda de alguém que nem da
direita é”. O comunicador se referiu ao atual prefeito de São Paulo, Ricardo
Nunes (MDB).
Malafaia foi um ávido
defensor de Ricardo Nunes contra Pablo
Marçal (PRTB), que dividiu a direita e ficou em terceiro
lugar na disputa pela Prefeitura de São Paulo. Ele e o atual prefeito disputam
o mesmo eleitorado.
“Silas Malafaia diz
que interferiu para tirar votos do Marçal. Ou seja: está se gabando de tirar um
cara anti-sistema do segundo turno. O Marçal poderia passar o próprio Guilherme
Boulos e tirar a esquerda do segundo turno. Vejo a atitude do Malafaia muito
pautada no ego”, opinou o influenciador que, assim como o pastor, tem promovido
manifestações contra Alexandre de Moraes.
Malafaia, por sua vez,
diz que externou as críticas a Bolsonaro porque, antes, já as havia direcionado
ao próprio ex-presidente a portas fechadas. Na entrevista à Folha de S. Paulo,
ele se disse decepcionado com o ex-presidente e elogiou o governador Tarcísio
de Freitas (Republicanos-SP), cotado para disputar a Presidência em 2026.
Fonte: Metrópoles
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