quarta-feira, 9 de outubro de 2024

Fogo na Direita: Após ser taxado de covarde, Bolsonaro se pronuncia sobre críticas de Malafaia

O ex-presidente Jair Bolsonaro comentou à coluna, nesta terça-feira (8/10), a entrevista em que o pastor Silas Malafaia criticou a postura do ex-mandatário nas eleições para a Prefeitura de São Paulo.

Em entrevista à colunista Mônica Bergamo, Malafaia acusou Bolsonaro de se omitir na eleição por medo de ser derrotado por Pablo Marçal (PRTB), caso o ex-coach vencesse o prefeito Ricardo Nunes (MDB).

À coluna Bolsonaro adotou a mesma linha de seus filhos e evitou pôr mais lenha na fogueira. “Meu Posto Ipiranga não tem gasolina, só tem água”, afirmou o ex-presidente em rápida conversa por chamada de vídeo.

Malafaia: Bolsonaro continua tendo meu apoio, mas não sou bolsominion

Bolsonaro confirmou ainda não ter respondido às várias mensagens de WhatsApp enviadas a ele por Malafaia, que é líder da igreja Assembleia de Deus Vitória em Cristo.

•        Filhos de Bolsonaro se pronunciam

Mais cedo, os filhos do ex-presidente Flávio e Eduardo Bolsonaro já tinham emitido notas na mesma linha, evitando confronto com Malafaia e dizendo que “roupa suja se lava em casa, e não em público”.

“Roupa suja se lava em casa, e não em público. O presidente Bolsonaro fez o que tinha que ser feito, no momento certo, e foi decisivo para o cenário em São Paulo. Se não fosse Bolsonaro, Ricardo Nunes não estaria no segundo turno. Assim como foram decisivos Tarcísio e Malafaia, cada um na sua função, como um time de futebol, que não ganha só com atacantes. A fase agora é de distensionamento e, sem orgulho e vaidade, vamos juntos vencer a extrema esquerda em São Paulo. 2026 já começou e precisamos ser mais racionais que emotivos”, disse nota assinada por Flávio.

Eduardo, por sua vez, afirmou que Malafaia “é uma pessoa que eu considero e tem muita importância para diversas pautas conservadoras, notoriamente a anistia dos presos políticos”.

“Sem ele, muito disso não teria ido adiante. Se ele nos critica hoje por algum motivo, ainda que eu possa entender absurdas certas palavras usadas por ele, cabe a mim ter a maturidade de interpretar e resolver com ele internamente. Sigo desejando saúde e tudo de bom a ele”, disse o deputado.

•        Malafaia: “Não sou bolsominion”

Após a entrevista, Malafaia afirmou à coluna nesta terça que continua sendo aliado e apoiador de Bolsonaro, mas ressaltou que não é “bolsominion” nem “alienado”.

“Continuo apoiando o Bolsonaro, o maior líder da direita. Não vou julgá-lo definitivamente por um ato errado. Ele tem uma história. Ele continua tendo meu apoio. Só que eu não sou bolsominion. Só que eu não sou alienado, sou aliado de primeira hora. Ninguém, nesse dois últimos anos, defendeu tanto Bolsonaro e se arriscou tanto por ele quanto eu. Tenho muita moral para falar”, afirmou Malafaia à coluna.

À coluna o líder religioso reafirmou as críticas e ressaltou que, antes de dar a entrevista, mandou mensagens ao próprio Bolsonaro criticando o ex-presidente.

“Prefiro um amigo leal, que diga a verdade na minha cara, do que um amigo falso, que me ataca por trás e finge que concorda com tudo que eu falo. Verdadeiros amigos dão alertas. Eu seria um covarde se falasse isso para a Mônica Bergamo, sem antes falar para ele. O que eu falei para ela eu falei para ele. Mais de 20 zaps, eu largando o aço em cima dele durante essas eleições. Então, qual é a minha posição? Quer dizer que, quando alguém da esquerda erra, sabe, a gente mete o pau, e quando é da direita vamos passar a mão por cima? Que caráter é o nosso?”, afirmou o pastor à coluna.

•        Malafaia revela o que deseja a Pablo Marçal após derrota

Em uma das eleições mais apertadas da história de São Paulo, Pablo Marçal (PRTB) enfrentou um crítico voraz no primeiro turno: Silas Malafaia. O líder religioso fez campanha diária para frear o avanço do ex-coach, sobretudo no segmento evangélico.

Com Pablo Marçal ultrapassado por Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSol), Malafaia agora revela o que deseja para o empresário. Diz o pastor: “Desejo que Pablo Marçal volte a ser um verdadeiro cristão, algo que ele abandonou. Desejo que ele volte para a igreja, pare de mentir e de querer manipular as pessoas. Ele aprendeu a verdade na igreja, mas abandonou. Desejo também que Marçal procure um psiquiatra com urgência”.

Malafaia e Pablo Marçal protagonizaram rusgas ao longo da eleição. No ato do 7 de Setembro, na Avenida Paulista, o ex-coach foi impedido de subir no trio elétrico montado pelo pastor, pois chegou à manifestação após o fim dos discursos contra Alexandre de Moraes.

Em provocação, dias depois, Marçal convocou seus seguidores a fazerem uma “corrente de oração” por Malafaia. A briga entre ambos culminou com o vazamento de um áudio antigo enviado pelo pastor ao empresário.

A campanha de Ricardo Nunes avalia que a atuação de Malafaia e o falso laudo divulgado por Marçal foram determinantes para o ex-coach não alcançar votos suficientes para chegar ao segundo turno.

•        O diagnóstico de Nikolas Ferreira sobre a derrota de Marçal

Apoiador de Pablo Marçal (PRTB) no primeiro turno, o deputado bolsonarista Nikolas Ferreira (PL-MG) fez à coluna um diagnóstico sobre o que teria provocado a derrota do ex-coach na eleição para a Prefeitura de São Paulo.

Na avaliação do parlamentar mineiro, o laudo falso divulgado por Marçal para tentar atribuir um suposto uso de cocaína a Guilherme Boulos (PSol) pode ter tirado o ex-coach do segundo turno na capital paulista.

Nikolas avalia, contudo, que o “contexto desigual” de Marçal em relação aos outros candidatos a prefeito de São Paulo também desfavoreceu o ex-coach na disputa e o levou a perder a eleição.

“O laudo pode ter sido um peso, mas o contexto desigual desfavoreceu: sem Tempo de TV, rádio e rede social banida. É um fator que influencia”, afirmou o deputado bolsonarista à coluna nesta segunda-feira (7/10).

<><> Nikolas apoiará Nunes no 2º turno

Mais cedo, Nikolas já havia dito à coluna que pretende apoiar o atual prefeito da capital paulista, Ricardo Nunes (MDB), no segundo turno contra Guilherme Boulos.

“Cumprirei minha promessa: estou junto para derrotar o Boulos”, disse o deputado bolsonarista à coluna.

<><> Nikolas se pronuncia sobre o laudo falso

No domingo (6/10), o parlamentar mineiro já tinha se pronunciado sobre o laudo falso divulgado por Marçal para tentar colar uma narrativa de que Guilherme Boulos seria usuário de cocaína.

À coluna Nikolas evitou condenar o ex-coach por conta do laudo, já declarado como falso pela Polícia Civil paulista. Ele limitou-se a dizer que, “se for mentira, ele (Marçal) irá responder por isso”.

“Se for mentira, ele irá responder por isso. Se for condenado, tem muitos que precisam ser também, como Janones, que acusou Bolsonaro e eu de pedófilos”, afirmou o bolsonarista.

•        Marçal diz que seu crime contra Boulos foi "livre demonstração do pensamento"

A defesa do empresário e influenciador de extrema direita Pablo Marçal (PRTB), candidato derrotado na disputa pela prefeitura de São Paulo, apresentou explicações à Justiça eleitoral sobre a divulgação de um laudo médico falso que associava o deputado federal e também candidato Guilherme Boulos (Psol) ao uso de cocaína. Segundo o jornal O Globo, os advogados de Marçal afirmaram que o ex-coach "não fabricou nem manipulou o conteúdo veiculado, limitando-se a divulgá-lo da forma como foi expedido", argumentando que ele estava exercendo o “direito à livre manifestação do pensamento”.

A manifestação, protocolada nesta segunda-feira (7) no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de São Paulo, destacou que a publicação do laudo falso, ocorrida dois dias antes das eleições, não teria comprometido a integridade do pleito. “Se a propaganda veiculada tivesse causado danos ao equilíbrio do pleito, fatalmente o representante (Boulos) não teria avançado para o segundo turno”, argumentou a defesa de Marçal, de acordo com a reportagem.

A tese dos advogados,porém, vai contra o entendimento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e do Supremo Tribunal Federal (STF), que afirmam que “não se confunde liberdade de expressão com impunidade para agressão” e que é fundamental que as convicções dos eleitores sejam formadas sem a influência de “artificialismos” e desinformação. Além disso, as Cortes têm reforçado que a manipulação de informações nas plataformas digitais durante o processo eleitoral é uma prática irregular.

Diante dos fatos, a defesa de Marçal pediu a suspensão de uma das ações que tramitam no TRE-SP até a conclusão da investigação criminal conduzida pela Polícia Federal. O ex-coach é investigado por suposta prática de calúnia, difamação e injúria contra Boulos durante a propaganda eleitoral. Ele nega as acusações.

O caso ganhou repercussão quando, na sexta-feira (4), Marçal publicou em seu Instagram um receituário médico falso que descrevia Boulos como portador de “um quadro de surto psicótico grave, em delírio persecutório e ideias homicidas”, vinculando esses sintomas ao uso de cocaína, algo que o candidato do PSOL prontamente negou.

A reação da Justiça eleitoral foi rápida. Diante dos indícios de fraude, o Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) determinou, já na manhã de sábado (5), a exclusão imediata dos vídeos e posts em plataformas como Instagram, TikTok e YouTube que faziam referência ao documento falso divulgado por Marçal. A decisão foi tomada após a campanha de Boulos protocolar uma contestação e uma notícia-crime, solicitando a prisão do extremista e medidas adicionais, como a apreensão e quebra de sigilo telefônico e telemático.

Em uma transmissão ao vivo, Boulos rebateu as acusações, desmentindo o teor do documento e destacando a falsidade das informações divulgadas. “O dono da clínica do documento que ele publica tem vídeo com Pablo Marçal, é apoiador dele. Ele falsificou um documento com um CRM de um médico que faleceu há dois anos para que ninguém fosse responsabilizado”, afirmou o psolista.

A análise do caso pelo magistrado do TRE de São Paulo corroborou as alegações da defesa de Boulos. O juiz considerou "plausíveis" as provas apresentadas, que apontavam para a falsidade do documento, a proximidade entre o dono da clínica onde o documento teria sido gerado e Marçal, além do fato de o médico cujo CRM constava no documento estar falecido há anos. Com base nisso, o magistrado ordenou a remoção imediata do post e o bloqueio das contas de Marçal nas redes sociais.

A disputa pela prefeitura de São Paulo foi a mais acirrada desde a redemocratização. Guilherme Boulos e o atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB), avançaram para o segundo turno com uma diferença mínima de 0,41 ponto percentual, representando 25.012 votos. A diferença entre Boulos e Marçal, por sua vez, foi de 0,93 ponto percentual, equivalente a 56.853 votos.

 

Fonte: Metrópoles/Brasil 247

 

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