sexta-feira, 11 de outubro de 2024

Além da dor no peito: sintomas pouco comuns que indicam problemas no coração

A dor no peito, semelhante a um aperto no coração, é um dos sintomas mais comuns relacionados às doenças cardiovasculares. Porém, o corpo pode dar outros sinais de que a saúde pode estar em risco, nem sempre identificados de forma rápida e que podem ser confundidos com outros problemas de saúde.

A cardiologista do Complexo Hospitalar de Niterói (CHN), Diane Ávila, conta que as doenças cardiovasculares ainda são a maior causa de morte entre homens e mulheres no mundo e, por isso, é essencial saber identificar os sinais que indicam esses quadros. 

“Além da dor no peito, é comum que o paciente apresente dificuldades para respirar, palpitações e sensação de cansaço mesmo diante de pouco ou nenhum esforço. Mas também temos sintomas como a formação de edema nas pernas, nos tornozelos e no abdome e sudorese intensa, principalmente sob gatilhos emocionais, que o paciente não valoriza e atribui à ansiedade”, detalha Diane.

•        Mulheres precisam ficar atentas

A médica destaca que nas mulheres, ainda existem os sintomas prodrômicos, que podem surgir dias antes de um quadro grave de complicação do infarto agudo do miocárdio. Entre eles estão:

# Fadiga pós-exercício físico;

# Palpitações;

# Cansaço além do normal;

# Má digestão;

# Dificuldades para dormir.

A cardiologista explica que esses sintomas podem ser confundidos com manifestações de outras doenças ou problemas do dia a dia e acabam passando despercebidos. Já entre os pacientes diabéticos, dificuldade de cicatrização de feridas e mudanças na visão podem indicar, respectivamente, má circulação sanguínea e complicações vasculares.

“É muito importante que as pessoas conheçam o próprio corpo e percebam quando há algo fora do normal, mesmo que possa estar associado à rotina corrida, como a insônia e os roncos noturnos potencializados pela síndrome da apneia-hipopneia do sono e pela obesidade. Ao perceber esses sintomas, é importante buscar a orientação de um especialista para tratamento adequado e prevenção cardiovascular, principalmente quando já há histórico familiar”, acrescenta a profissional.

•        Avaliação apropriada

 A avaliação de um cardiologista envolve uma consulta detalhada, em que o paciente relata o seu histórico de saúde e os sintomas, além de um exame físico adequado para avaliar se eles são de origem cardíaca.

De acordo com Fernanda Erthal, cardiologista do Bronstein, que faz parte da Dasa, essas avaliações são o ponto de partida para que o médico escolha exames apropriados para cada perfil de risco.

Entre eles podem estar a cintilografia de perfusão miocárdica, a ressonância magnética com estresse, o ecocardiograma com estresse, o MAPA e a angiotomografia das artérias coronárias.

“Com exames solicitados na hora certa conseguimos identificar condições ainda em seu estágio inicial e, consequentemente, com mais chances de sucesso no tratamento”, define a especialista.

 

•        20% dos hipertensos tomam remédios que podem aumentar a pressão

Quase 1 em cada 5 adultos com pressão alta toma medicamentos que podem piorar seus níveis de pressão arterial, como esteroides, anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), antipsicóticos ou anticoncepcionais.

De acordo com as novas descobertas, apresentadas na American College of Cardiology’s 70th Annual Scientific Session, que ocorreu entre 15 e 17 de maio de 2021, virtualmente, os médicos precisam prestar mais atenção aos medicamentos que as pessoas tomam e como eles podem afetar a pressão arterial.

O estudo avaliou os dados de saúde de 27.599 pessoas que participaram National Health and Nutrition Examination Survey entre 2009 e 2018. Cerca de metade dos participantes do estudo, 49%, tinha hipertensão.

Os pesquisadores identificaram medicamentos associados à hipertensão, como AINEs, esteroides, pílulas anticoncepcionais e antipsicóticos. Quase 19% usaram um ou mais medicamentos que aumentam a pressão arterial e 4% usaram vários medicamentos que estão relacionados com a pressão arterial elevada. As descobertas também mostram que interromper o uso de um desses medicamentos pode melhorar as taxas de pressão arterial em 4,8%.

AINEs, esteroides, anticoncepcionais orais e antipsicóticos têm uma correlação clara com o aumento da pressão arterial. Isso ocorre porque eles podem fazer com que os pacientes retenham um pouco de líquido, o que levará a um aumento da pressão arterial, explicam os autores.

A hipertensão, quando não tratada, aumenta o risco de doenças cardiovasculares e acidente vascular cerebral (AVC). Quanto mais cedo os médicos identificarem as pessoas com risco de hipertensão, maiores as oportunidades que as pessoas terão de controlar a hipertensão, fazendo mudanças no estilo de vida, como uma dieta balanceada e exercícios regulares.

 

•        Depressão em adolescentes poderia estar ligada a maior risco de doença cardiovascular

A depressão afeta cerca de 8% dos adolescentes em todo o mundo e é um fator de risco conhecido para doenças cardiovasculares prematuras na vida adulta. Embora as razões para esse risco ainda não sejam completamente compreendidas, um estudo do Hospital for Sick Children (SickKids) encontrou que certos subgrupos de adolescentes com depressão têm um risco ainda maior de desenvolver Doenças Cardiovasculares.

As doenças cardiovasculares se referem a um grupo de condições que afetam o coração e os vasos sanguíneos. Os métodos de triagem de rotina hoje em dia dependem muito de medições corporais para avaliar a elegibilidade para medidas preventivas contra doenças cardiovasculares.

Pesquisas anteriores identificaram que pouco mais da metade dos adolescentes com Transtorno Depressivo Maior exibem pelo menos dois fatores de risco para doenças cardiovasculares. Agora, um novo estudo publicado na JAACAP Open, aprofunda-se em como esses fatores de risco se manifestam em adolescentes com Transtorno Depressivo Maior. Os pesquisadores identificaram a heterogeneidade da depressão em adolescentes e entendendo melhor a interseção entre saúde mental e física, esperamos fornecer cuidados mais personalizados e eficazes para essa população vulnerável.

O estudo recrutou 189 adolescentes com Transtorno Depressivo Maior e avaliou seus sintomas de saúde mental e fatores de risco cardiovascular, como pressão arterial, colesterol e índice de massa corporal (IMC). Utilizando aprendizado de máquina e uma análise estatística chamada análise de cluster, os pesquisadores identificaram quatro grupos distintos de adolescentes com depressão, dois dos quais apresentaram maior risco de Doenças Cardiovasculares. Um dos subgrupos de alto risco tinha altos níveis de lipoproteínas de baixa densidade (LDL, ou "colesterol ruim"), mas aparentava ser saudável no exame físico.

Estes achados sugerem que pode haver um subgrupo de adolescentes com depressão que não seria identificado usando indicadores usuais de exame físico, mas que estão em risco aumentado de doença cardíaca mais tarde na vida. Com base nesses achados, os autores da pesquisa acreditam que uma abordagem mais personalizada para o tratamento da depressão, alinhada com a Saúde Infantil de Precisão, pode incorporar cuidados preventivos para a saúde do coração em adolescentes com maior risco de doenças cardiovasculares.

 

•        Medicamento para hipertensão arterial poderia melhorar resposta à quimioterapia em casos de leucemia

Pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade do Missouri descobriram que uma terapia genética direcionada pode tornar a leucemia mieloide aguda (LMA) mais sensível à quimioterapia, ao mesmo tempo em que protege o coração contra a toxicidade frequentemente causada pelos tratamentos contra o câncer.

A LMA é o tipo mais comum de leucemia em adultos, e o tratamento com quimioterapia pode aumentar o risco de danos cardíacos nos pacientes. O estudo investigou semelhanças entre leucemia e doenças cardiovasculares. Eles identificaram um alvo comum, o receptor AGTR1, que estava em excesso nas células sanguíneas de pacientes com leucemia.

Os pesquisadores utilizaram a losartana, um medicamento comum para tratar a hipertensão arterial, para inibir o receptor AGTR1 em camundongos. Isso interrompeu o crescimento do câncer, retardando o desenvolvimento da leucemia e prolongando a sobrevivência. O próximo passo é investigar mais a fundo a eficácia da losartana no tratamento de pacientes humanos com leucemia.

Segundo os pesquisadores, modelos de camundongos com leucemia diferem da doença humana de várias maneiras, incluindo diferenças no sistema imunológico, no microambiente da medula óssea e nas respostas aos tratamentos. O próximo passo será interpretar e validar cuidadosamente esses achados em estudos humanos para garantir a relevância translacional.

Se esses resultados forem confirmados em ensaios clínicos humanos, o processo de aprovação para o uso da losartana seria mais rápido em comparação com outros medicamentos, pois já é aprovado pela FDA e não exigirá dados abrangentes sobre o fármaco.

 

Fonte: Redação Terra Você/American College of Cardiology’s/JAACAP Open/Science Translational Medicine

 

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