segunda-feira, 7 de outubro de 2024

'Precisamos reconquistar os vizinhos', diz Alckmin sobre integração na América Latina

O vice-presidente Geraldo Alckmin ressaltou nesta sexta-feira (4) a necessidade de maior integração econômica entre os países da América Latina.

Durante evento da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), ele afirmou que o baixo volume de comércio latino-americano é um obstáculo ao desenvolvimento econômico, mas garantiu que o governo federal tem feito esforços para suplantar isso.

Ele chegou a comparar a situação latino-americana com as da União Europeia e dos Estados Unidos, afirmando que "70% do comércio europeu é realizado entre os próprios membros, enquanto na América Latina essa taxa é de apenas 26%".

Para Alckmin, o Brasil precisa "reconquistar os vizinhos" e fortalecer os laços comerciais com os países da região, gerando valor agregado e mais empregos.

O vice-presidente defendeu o acordo Mercosul-União Europeia e está esperançoso de que seja aprovado.

O também ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços defendeu a revisão do acordo comercial com o México. Segundo Alckmin, o país norte-americano se beneficia de sua proximidade com os Estados Unidos, um exemplo do conceito de nearshoring, em que países próximos a grandes mercados têm vantagens comparativas significativas.

Por fim, durante sua fala, também mencionou que o Mercosul tem acordos comerciais com países como Israel, Egito e Palestina, mas enfatizou que o bloco ainda está "isolado", o que dificulta o avanço em outras frentes comerciais globais.

Como está atualmente o comércio exterior do Brasil?

O presidente da ApexBrasil, Jorge Viana, anunciou durante o evento o lançamento de uma nova ferramenta que visa ampliar as oportunidades de exportação para as empresas brasileiras.

"É fundamental buscar a nossa integração, a integração da América Latina e da África, para que juntos possamos defender nossos interesses e promover o desenvolvimento sustentável."

A ferramenta reúne licitações de governos estrangeiros da América do Sul e de organizações internacionais em um único espaço.

De acordo com Viana, compras governamentais representam, em média, 15% do produto interno bruto (PIB) dos países, o que evidencia a importância do setor exportador brasileiro.

"O Brasil é uma potência na área de alimentos, energia, biodiversidade, água doce, e é fundamental que a gente se una na América Latina para buscar a integração da nossa região."

•                                         O Brasil diante de uma possível corrida pelo lítio

A corrida pelo lítio pode estar começando no Brasil. O metal é usado para fabricar baterias, por exemplo de veículos elétricos – que estão entre os expoentes mais conhecidos da transição mundial para geração de energia limpa.

Uma bateria pode custar até 30% do preço de um veículo. De olho no lucro que pode ser alcançado com a produção desses dispositivos, o Brasil pode estar querendo investir mais na extração de lítio.

O país tem a quinta maior reserva do mundo e alardeia um potencial de se tornar responsável por cerca de 25% da produção mundial do minério nos próximos anos. Hoje em dia, o país produz cerca de 2% do total global, de acordo com a consultoria A&M Infra, citada em texto divulgado pelo governo federal.

<><> A contradição entre menos emissões e impactos ambientais

De acordo com o mesmo texto, o Ministério de Minas e Energia (MME) espera injetar R$ 15 bilhões de reais na produção até 2030.

O problema é que extrair minérios e produzir baterias causa impactos ambientais e sociais muito além da redução dos gases de efeito estufa da indústria automobilística. O alerta vem de Bruno Milanez, professor da Universidade Federal de Juiz de Fora e especialista em conflitos relacionados à atividade mineradora.

Na análise do pesquisador, é preciso ter cuidado com os conceitos que as mineradoras utilizam para pontuar que os projetos são sustentáveis. "Do ponto de vista social, a implantação e operação de projetos minerais tem impactos significativos. Mineração ocorre em áreas isoladas, onde a população é mais vulnerável e possui menor poder político. A chegada de trabalhadores de fora provoca aumento da violência, abuso de álcool e drogas, exploração sexual e outras questões sociais. Além disso, os preços de aluguel e alimentos aumentam, sem o correspondente aumento da renda local", enumera.

<><> Extração de lítio: dá para ser sustentável?

Um exemplo: de acordo com o último relatório publicado pelo Comitê Nacional em Defesa dos Territórios Frente à Mineração, o Brasil registrou 932 conflitos oriundos da mineração em 2022, superando os 840 verificados no ano anterior. Mais de 688 mil pessoas foram negativamente impactadas, em 792 localidades brasileiras.

Já a Frente Parlamentar da Mineração Sustentável, criada no Congresso Nacional, vê com bons olhos a exploração mineral voltada para a indústria de carros elétricos. "Nós temos aproximadamente 8% das reservas mundiais conhecidas de lítio, assim como de outros minerais importantes para a fabricação de veículos e baterias", diz o deputado federal Zé Silva (Solidariedade-MG), presidente do grupo.

<><> Corrida pelo lítio em Minas Gerais

De 2021 para 2023, houve um crescimento de quase 18 vezes nos pedidos ao governo federal para exploração mineral em Minas Gerais, onde estão mais de 80% do estoque brasileiro de lítio — as solicitações pularam de 45 para 851 no período. Os dados são de um estudo da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri repercutido pelo portal de jornalismo ambiental Dialogue Earth.

As reservas estão concentradas na região do Vale do Jequitinhonha.

De acordo com Bruno Milanez, a mineração de lítio não é novidade na região. O mineral já abasteceu o mercado doméstico, com uso para componentes industriais e até mesmo para a indústria bélica.

Na análise de Milanez, a situação de exploração de lítio no Vale do Jequitinhonha exige atenção. "Vemos uma corrida pelo lítio, uma situação semelhante ao 'velho oeste', onde todo mundo corre para a região em busca de oportunidades", descreve. "É curioso ver como o governo federal defende esses projetos, pois historicamente há um vínculo forte com o setor mineral. Governos de diferentes orientações políticas veem a mineração como uma forma de desenvolvimento", comenta Milanez.

Procurado pela DW, o MME respondeu com uma nota sobre o interesse do governo de ampliar a exploração de lítio. "O Brasil tem reservas de classe mundial para todos esses minerais e tem abundância de energia limpa para extraí-los e processá-los. Ciente disso, o MME trabalha com objetivo de expandir o conhecimento geológico e pesquisa mineral para identificar e extrair eficientemente minerais estratégicos e desenvolver a indústria brasileira de transformação dos minerais estratégicos na cadeia das baterias e de outros produtos essenciais à viabilização da transição para uma economia de baixo carbono", diz o texto.

Porém, especialistas defendem que a emissão de gases poluentes não deve ser a única baliza dos efeitos ambientais causados pela atuação das mineradoras no país. "É importante considerar que os impactos diretos e indiretos da mineração não estão restritos às emissões de CO2. Como o histórico recente do Brasil, de uma década para cá, tivemos [rompimentos de barragens em] Mariana, Brumadinho e Maceió. Ou seja, três dos maiores desastres da história", diz Maurício Angelo, fundador do Observatório de Mineração.

<><> Renúncias fiscais, benefícios e planos de longo prazo

Em termos gerais, a mineração é responsável por 4% do PIB brasileiro, de acordo com relatório do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram). Cerca de 42% do faturamento nacional da mineração no primeiro semestre de 2024 vieram de Minas Gerais. O Pará foi o segundo estado com maior participação no faturamento, com 34%. Ao todo, no Brasil, são 2.700 municípios que possuem atividade mineradora. Mais de 218 mil empregos são gerados diretamente pelo setor.

O balanço semestral do Ibram aponta um faturamento de R$ 129,5 bilhões em 2024, aumento de 8% se comparado com o mesmo período do ano anterior.

Da mesma forma, a mineração tem papel primordial na balança comercial brasileira. No recorte dos primeiros meses deste ano, a mineração representou 41% do saldo brasileiro, considerando exportações contra importações.

Embora descrevam o setor como uma das "salvações do Brasil", já que o país tem bom desempenho com commodities, economistas como Silvia Mattos, também coordenadora do FGV/Ibre, alertam para a finitude dos recursos e para como é feito o planejamento financeiro de longo prazo.

"A mineração tem royalties para você poder extrair. Retorno diretamente de taxação, com impacto no setor público se beneficiando dessa extração, porque é um recurso finito. Mas você teria que usar bem esses recursos para o futuro. A Noruega guarda parte do dinheiro com extração de não-renováveis para a aposentadoria, já nós gastamos tudo. Estamos extraindo uma coisa que não vai ter para sempre. Quem vai pagar a conta?", questiona.

"A maldição dos recursos naturais é quando vem um dinheiro mais certo, você acredita que terá aquilo pra sempre, o que não é verdade. Não necessariamente essa dependência econômica é ruim, a Austrália é um ótimo exemplo, pois é um país completamente dependente de exploração de recursos, mas investe muito em inovação para o desenvolvimento econômico do país", continua Mattos.

A previsão dos investimentos do setor de mineração em projetos é de US$ 64,5 bilhões nos próximos quatro anos (2024-2028). Mas, desse total, apenas 17% serão aplicados em projetos ambientais. O que gera contraste ao considerar que a fatia reservada para projetos de minério de ferro alcançará 26,8% da soma.

<><> Petrobras e petrolífera colombiana descobrem maior reserva de gás na Colômbia em 30 anos

As empresas estatais petrolíferas Ecopetrol colombiana e Petrobras brasileira anunciaram nesta quinta-feira (3) a descoberta de um gigantesco depósito de gás em águas colombianas, ao norte do país, com 6 trilhões de pés cúbicos.

"Petrobras e Ecopetrol são responsáveis pela principal descoberta offshore da Colômbia, a Sirius. Estamos cumprindo com a sustentabilidade energética que o país precisa. Este projeto pode garantir a segurança energética por décadas", afirmou Rogeiro Suárez, gerente-geral de ativos exploratórios da Petrobras, durante a VII Cúpula de Petróleo, Gás e Energia.

Ao ritmo de consumo atual, o campo poderia suprir o consumo do país por cerca de 20 anos.

"Sirius [anteriormente Uchuva] possui reservas de 6 trilhões de pés cúbicos, um tamanho que só se compara ao campo de Chuchupa, que forneceu gás natural à Colômbia nos últimos 45 anos", acrescentou.

O poço está localizado em águas profundas, 804 metros de profundidade, e a 31 quilômetros da costa colombiana. A Petrobras atua como operadora do campo, mas é minoritária no consórcio formado com a estatal colombiana Ecopetrol.

O gás de Sirius deve começar a ser produzido em 2029 ou 2030, porque falta a infraestrutura de escoamento.

Chuchupa entrou em produção em 1979 e atualmente está perto do final de seu ciclo de produção, embora ainda continue fornecendo gás natural ao país.

<><> Projeto de lei propõe criação de empresa pública dedicada ao setor aeroespacial

o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou o projeto de lei (PL) que visa à criação da Alada, uma empresa pública dedicada ao setor aeroespacial.

O principal objetivo, segundo o governo federal, é explorar economicamente a infraestrutura de navegação e as atividades relacionadas ao desenvolvimento de projetos e equipamentos aeroespaciais.

A Alada será uma subsidiária da NAV Brasil e terá a responsabilidade de realizar projetos e atividades que apoiem o controle do espaço aéreo.

Segundo o Ministério da Defesa, o PL enviado ao Congresso Nacional busca atender a importantes demandas de segurança nacional, apoiando o desenvolvimento científico, a pesquisa, a capacitação tecnológica e a inovação.

Além disso, contribuirá para a segurança do país, especialmente no que diz respeito ao espaço aéreo, e promoverá o desenvolvimento econômico e social em benefício da sociedade.

Alinhada à Estratégia Nacional de Defesa (END), a Alada tem como meta a autossuficiência do Brasil em materiais aeronáuticos, espaciais e bélicos, buscando reduzir a dependência de fornecedores estrangeiros, principalmente em relação a materiais que envolvem tecnologias sensíveis sujeitas a restrições de exportação por motivos políticos.

 

•                                         Luís Nassif: Perderam, manés!, é o recado  da Moody´s

Os bons analistas trabalham com o cérebro; os analistas ideológicos, com o fígado. O grande problema é que parte do mercado ainda pensa com o fígado. E quando os fatos se impõem, levam o maior susto.

É o que ocorreu com o carnaval de ideólogos, como Samuel Pessoa, sobre a gastança do Brasil, a desmoralização da política fiscal junto aos investidores internacionais.

Já há algum tempo, economistas norte-americanos respeitados vinham alertando que o grande problema no desequilíbrio das contas públicas estava no déficit nominal (que incluir juros da dívida pública) e não no déficit primário (receitas menos despesas).

Na preliminar, é jogo de “achismos”. Samuel e os editorialistas dizem que está tudo perdido e desequilibrado e a Fazenda diz que está tudo sob controle. Qual a prova do pudim? A avaliação das agências de risco.

Agora, vem a Moody´s – uma das principais agências de classificação de risco, e elevou a nota de crédito soberano do Brasil, aproximando o país do grau de investimento.

Os principais pontos destacados pela Moody’s foram:

•                                         Melhora significativa no crédito do país: Devido ao desempenho robusto do crescimento do PIB e o histórico recente de reformas econômicas e fiscais.

•                                         Compromisso do governo com a meta fiscal: A agência reconheceu o esforço do governo em manter as contas públicas sob controle.

•                                         Expectativa de estabilização da dívida/PIB: A Moody’s projeta que a dívida pública brasileira se estabilizará em torno de 82% do PIB no médio prazo.

O efeito líquido desse relatório foi uma queda nos juros futuros, uma desvalorização do dólar e uma alta na bolsa de valores.

Mais que isso, conseguindo o grau de investimento, o país será inundado por capital estrangeiro e haverá possibilidades de estabilizar a dívida pública, conseguindo fundos internacionais que adquiram títulos do Tesouro até o vencimento.

O resultado dessa história foi que os que acreditaram nos profetas da catástrofe perderam dinheiro. E que fazem os profetas? Os que pensam com o cérebro fazem a autocrítica, e admitem que erraram. Os que pensam com o fígado se saem com essa: agora, o Moody´s melhorou a nota do Brasil; mas daqui a dois anos vai piorar.  Uma repórter de jornalão chegou ao requinte de colocar no Blue Sky que a nota da Moody´s reflete o passado enquanto o pessimismo dos analistas de fígado visam o futuro. E Mansueto de Almeida, o ex-Secretário do Tesouro que se beneficiou da porta giratória e foi trabalhar para setores beneficiados por sua linha fiscal, disse que a Moody’s errou. Com a mesma sem-cerimônia com que, em outros tempos, avalizou Paulo Guedes

Ora, o que se espera do analista não é saber o que pensam do futuro, mas acertar sobre o presente, isto é, antecipar o que as agências de risco pensam. Se previram o caos e as agências aprovaram o equilíbrio, eles erraram redondamente. E não é consolo nenhum afirmar que daqui a dois anos suas previsões de hoje estarão certas. Não irão corrigir em nada as previsões erradas de hoje.

Em suma, “perderam, manés!”.

•                                         É a realidade, estúpido! Por Luís Nassif

A defesa intransigente que analistas fazem do sistema de “metas inflacionárias” entrou no terreno religioso

UMA FERRAMENTA de política econômica é ela, suas circunstâncias e sua implementação. A defesa intransigente que alguns analistas fazem do sistema de “metas inflacionárias” entrou no terreno religioso, a ponto de considerar estúpida toda crítica ao bezerrão de tetas de ouro da política monetária.

Vamos conferir essa fé cega dos sábios. Dizem eles:

1) Entre os emergentes, o Brasil é o país com mais altas taxas de inflação do mundo. Ao mesmo tempo, não pode crescer porque a economia bateu na capacidade instalada.

2) A inflação é fruto da falta de investimentos. E é isso que obriga o Copom a aumentar os juros quando a economia aquece.

3) O Brasil não cresce porque tem baixa taxa de poupança privada de longo prazo e o setor público investe pouco por culpa da Previdência. A economia é uma relação intrincada de fatores, influenciando mutuamente uns aos outros. Não são departamentos estanques que demandam soluções independentes. A solução de um fator pode afetar os demais. Decisões de investimento dependem de previsibilidade dos seguintes fatores: a) inflação, b) câmbio e c) crescimento.

Taxas de juros elevadas podem tornar mais previsível a inflação. Porém lançam instabilidade sobre a taxa de câmbio (provocando a apreciação do real) e sobre o crescimento. É por isso que um dos pais do sistema de “metas inflacionárias”, Armínio Fraga, na entrevista dada a Vera Brandimarte e Cláudia Safatle, no “Valor” de sexta-feira passada (com o significativo título “Juros eram e continuam a ser aberração”), critica metas muito ambiciosas de redução da inflação, pelos inevitáveis impactos sobre os demais fatores.

Vamos a outras observações sobre essa estilização estonteante da realidade econômica por parte dos sábios de pensamento simples:

1) O empresário decide seu investimento pelos fatores que levam ao aumento da produção: crescimento interno (para as vendas internas), câmbio (para as vendas externas). O consumo vai crescendo, o empresário vai aumentando a produção com o uso de horas extras, do terceiro turno. Sentindo firmeza no crescimento, começa a investir.

2) Qualquer sinal de aquecimento da economia leva o BC a aumentar os juros. A decisão de investir do empresário é imediatamente abortada. Sem investimento, obviamente não tem aumento de capacidade instalada. E o governo não investe porque aumento de juros obriga ao aumento do superávit fiscal.

3) É mito essa história de que o país não tem poupança interna. Na indústria de fundos, há um volume de recursos similar ao de uma economia como a espanhola. Por que não se conseguiu aumentar o volume de poupança de longo prazo? Como os ilustres analistas sabem, curvas de juros significam taxas maiores para prazos maiores. Se a taxa de partida é elevada, as de longo prazo têm que ser tão superiores que não há tomadores para elas.

Sei que a realidade é uma estupidez criada para prejudicar as teorias. Mas o que se vai fazer? Só mudar o bordão: “É a realidade, estúpido!”.

 

Fonte: Sputnik Brasil/DW Brasil/Jornal GGN

 

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