sábado, 5 de outubro de 2024

Outubro Rosa: veja os números de câncer de mama no mundo. Países mais pobres têm mais casos

Outubro é o Mês da Conscientização sobre o Câncer de Mama em todo o mundo, tendo o dia 19 como sua data oficial: o Dia Internacional da Conscientização sobre o Câncer de Mama. Durante este mês, as organizações dedicadas ao estudo da doença, à promoção de informações e à oferta de serviços de saúde dão visibilidade ao problema, mostrando seus sintomas e reforçando a importância dos exames preventivos.

A Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) observa que o câncer de mama é o tipo mais comum de câncer entre as mulheres e a causa mais recorrente de mortes devido à enfermidade nessa parcela da população mundial.

Embora em menor escala, o câncer de mama também ocorre em homens. E as estatísticas mostram que as pessoas que vivem em países com um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) mais alto têm menos probabilidade de desenvolver a doença.

Em apoio ao “Outubro Rosa”, como esse mês de conscientização é popularmente chamado, confira as estatísticas que mostram a incidência da doença globalmente e na América Latina – e como a promoção dos cuidados da saúde poderia reduzir o ônus da doença nos próximos anos.

<><> Câncer de mama no mundo: quem tem mais risco de adoecer?

"O câncer de mama é uma doença na qual células anormais da mama se multiplicam incontrolavelmente e formam tumores que, se não forem tratados, podem se espalhar por todo o corpo”, define a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Embora possa ocorrer tanto em homens quanto em mulheres de qualquer idade, a maioria dos casos ocorre em adultos: 99% dos casos de câncer de mama afetam mulheres.

De acordo com estimativas da OMS, 2,3 milhões de casos foram diagnosticados no mundo em 2022, e 670 mil mortes foram registradas nesse ano. Ainda de acordo com dados da Opas, houve mais de 210 mil novos diagnósticos e quase 68 mil mortes na América Latina e no Caribe em 2020.

Aproximadamente metade dos casos de câncer de mama ocorrem em mulheres sem fatores de risco identificáveis além do gênero (feminino) e da idade (acima de 40 anos), afirma a agência global de saúde.

Outros fatores que aumentam o risco incluem obesidade, uso prejudicial de álcool, histórico familiar de câncer de mama, histórico de exposição à radiação, histórico reprodutivo (como idade de início da menstruação e idade da primeira gravidez) e o hábito de fumar.

<><> A incidência de câncer de mama é desigual entre os países

O ônus da doença é desigual entre os países de acordo com o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), um indicador do bem-estar de uma população em três aspectos básicos: uma vida longa e saudável, acesso à educação e um padrão de vida decente.

As estatísticas da OMS mostram que, em países com IDH alto, 1 em cada 12 mulheres é diagnosticada com câncer de mama, e 1 em cada 71 morre da doença. Porém, o cenário muda bastante em países com IDH mais baixo, 1 em cada 27 mulheres é diagnosticada com câncer de mama e 1 em cada 48 pode morrer da doença.

Outro fato que demonstra a incidência mundial é que esse foi o tipo de câncer mais comum entre as mulheres em 157 dos 185 países considerados em 2022.

<><> A importância da prevenção do câncer de mama

A OMS enfatiza a importância da detecção precoce e da realização de exames médicos preventivos regulares (como a mamografia) para reduzir a morbidade da doença.

De acordo com a agência internacional, a maioria das pessoas não apresenta nenhum sintoma quando o câncer ainda está em estágio inicial. Portanto, a carga de doença do câncer de mama poderia ser reduzida pela identificação e tratamento precoces, bem antes que os sintomas apareçam.

Entre os sinais de alerta, a agência de saúde da ONU lista: caroço ou espessamento na mama, muitas vezes sem dor; mudança no tamanho, forma ou aparência da mama; covinhas, vermelhidão, rachaduras ou outras alterações na pele; mudança na aparência do mamilo ou da pele ao redor (aréola); e secreção de fluido anormal ou com sangue do mamilo.

<><> Meta da OMS para reduzir a incidência de câncer de mama até 2040

Entre 1980 e 2020, a mortalidade por câncer de mama padronizada por idade diminuiu em 40% nos países de alta renda, com uma redução anual entre 2% e 4%. “As estratégias para melhorar os resultados do câncer de mama dependem do fortalecimento substancial dos sistemas de saúde para que eles possam oferecer tratamentos comprovados”, diz a OMS.

A meta da agência por meio da Iniciativa Global do Câncer de Mama é reduzir a mortalidade mundial por câncer de mama em 2,5% ao ano, o que evitaria 2,5 milhões de mortes em todo o mundo entre 2020 e 2040. “Se essa meta for atingida, 25% das mortes por câncer de mama entre mulheres com menos de 70 anos serão evitadas até 2030 e, até 2040, essa proporção será de 40%.

Os pilares, segundo eles, para atingir essa meta são: promoção da saúde para detecção precoce, diagnóstico oportuno e tratamento abrangente do câncer de mama.

 

•                                         Inteligência artificial: método pode identificar câncer antecipadamente

Desenvolvido por pesquisadores do Computer Science and Artificial Intelligence Laboratory (CSAIL) e do Massachusetts General Hospital, este novo método de identificação antecipadamente de câncer poderia revolucionar o tratamento ao classificar com precisão 31% de todos os pacientes com câncer na categoria de maior risco, em comparação com 18% para os modelos tradicionais.

Apesar dos contínuos avanços científicos em genética, o câncer de mama é frequentemente diagnosticado muito tarde, levando a tratamentos agressivos com resultados nem sempre positivos. A identificação precoce de pacientes de risco a partir deste novo modelo de aprendizado profundo torna-se vital para detectar em uma mamografia se o paciente desenvolverá câncer no futuro.

<><> Diagnóstico tardio será uma coisa do passado

Usando mamografias e resultados de mais de 60 mil pacientes, os pesquisadores foram capazes de desenvolver uma série de algoritmos que aprendem os padrões sutis no tecido mamário que são precursores de um tumor maligno.

Esta descoberta também permite personalizar o tratamento e o acompanhamento necessário para cada paciente, já que o debate sobre quando fazer a triagem permanece em aberto. Enquanto a Sociedade Americana do Câncer recomenda a triagem todos os anos a partir dos 45 anos, a Força Tarefa Preventiva dos EUA, por exemplo, recomenda a triagem bianual a partir dos 50 anos.

"Em vez de adotar uma abordagem de tamanho único, podemos personalizar a triagem para o risco de uma mulher desenvolver câncer", explica Barzilay, autor principal do artigo sobre o projeto, em um comunicado do CSAIL. "Por exemplo, um médico poderia recomendar exames complementares de ressonância magnética para mulheres em alto risco, conforme avaliado pelo modelo.

<><> Histórico do diagnóstico de câncer

Idade, história familiar de câncer de mama e de ovário, densidade mamária, fatores hormonais e reprodutivos têm sido até agora os agentes nos quais os modelos de risco têm se baseado.

"No entanto, a maioria desses marcadores está pouco associada ao câncer de mama", dizem os autores da pesquisa. "Como resultado, mesmo após décadas de desenvolvimento, estes modelos ainda não são muito precisos a nível individual, e a maioria das organizações ainda sente que os programas de triagem baseados no risco não são viáveis, dadas estas limitações.

Portanto, em vez de detectar manualmente padrões individuais, este modelo de aprendizado profundo baseado em inteligência artificial induz padrões a partir de dados. Treinado em mais de 90 mil mamografias, este modelo detecta padrões tão sutis que seriam impossíveis de reconhecer com o olho humano.

<><> Modelo individualizado para detectar câncer

"Desde os anos 1960, os radiologistas têm notado que as mulheres têm padrões únicos e muito variados de tecido mamário visível na mamografia", informa o comunicado do CSAIL.

"Estes padrões podem representar a influência da genética, hormônios, gravidez, lactação, dieta, perda e ganho de peso. Agora podemos aproveitar estas informações detalhadas para sermos mais precisos em nossa avaliação de risco a nível individual da mulher", acrescenta o comunicado.

Além do nível individual, este projeto é também um passo muito importante para as diferenças raciais, já que este modelo é igualmente eficaz em mulheres negras e brancas, o que não tem sido o caso dos modelos anteriores até agora. "Isto é especialmente importante para as mulheres afro-americanas, que têm 43% mais probabilidade de morrer de câncer de mama do que as mulheres brancas", afirma o estudo.

Ansiosos para aplicar este modelo a outras doenças, os pesquisadores continuam a estudar este método em profundidade, na esperança de que ele possa um dia "permitir que os clínicos usem mamografias para ver se as pacientes correm maior risco de outros problemas de saúde, tais como doenças cardiovasculares ou outros tipos de câncer".

 

Fonte: National Geographic Brasil

 

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