sexta-feira, 4 de outubro de 2024

Presidente do Irã: 'Não buscamos guerra, é Israel quem nos obriga a reagir'

O presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, declarou nesta quarta-feira (2) em coletiva de imprensa com o emir do Catar, xeque Tamim Hamad al-Thani, que o Irã não deseja guerra, mas que Israel o obriga a reagir às suas ações.

A declaração de Pezeshkian ocorre em meio à expansão das tensões na região após um ataque do Irã contra Israel ontem (1º).

O Irã lançou pelo menos 180 mísseis em território israelense que, segundo meios de comunicação iranianos, atingiram vários alvos militares e de segurança. Os ataques ocorreram após os assassinatos nas últimas semanas do secretário-geral do Hezbollah, Hassan Nasrallah, do chefe do gabinete político do Hamas, Ismail Haniya, e do general do Corpo de Guardiões da Revolução Islâmica (IRGC, na sigla em inglês), Abbas Nilforoushan, atribuídos a Israel.

"Nenhuma região pode se desenvolver em condições de guerra. Nós [Irã] não buscamos guerra, é Israel quem nos obriga a reagir", destacou o presidente iraniano. "Temos uma resposta ainda mais potente e dura para quando Israel decidir nos atacar", acrescentou ele.

O presidente do Irã disse que a desestabilização da segurança na região não beneficia europeus e americanos, pois "o que a formação sionista está fazendo apenas amplia o círculo da violência".

De acordo com o presidente iraniano, o ataque foi uma resposta legítima às ações israelenses, "em prol da paz e da segurança do Irã e da região".

Horas após o ataque com mísseis atingir o território de Israel e gerar ainda mais tensões no Oriente Médio, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, declarou que o Irã cometeu um "grande erro e vai pagar por isso".

Por sua vez, o chefe do Estado-Maior das Forças de Defesa de Israel (FDI), Herzi Halevi, declarou que Israel se reserva o direito de responder ao ataque do Irã. Já o ministro israelense das Relações Exteriores, Israel Katz, ordenou que os embaixadores do país notifiquem os chefes de Estado que Israel dará uma resposta dura ao ataque iraniano.

¨      Ataque do Irã contra Israel mostra o perigo de confundir contenção com fraqueza

Nesta terça-feira (1º), o Irã lançou um significativo ataque de retaliação contra Israel ao lançar centenas de mísseis balísticos na Operação Promessa Verdadeira II.

Se o ataque iraniano a Israel em abril demonstrou a capacidade de Teerã de penetrar a alardeada Cúpula de Ferro, o ataque de ontem cumpriu sua promessa de segui-lo com algo mais substancial quando provocado. A República Islâmica alegou ter como alvo três bases militares israelenses em um ataque que teria atingido vários caças F-35.

Estas aeronaves fornecidas pelos EUA teriam sido usadas para atacar o líder do Hezbollah, Hassan Hasrallah, na semana passada e constituiriam uma parte importante da força militar de Israel se o país prosseguir com uma ameaça de invasão do Líbano.

Apresentador de um programa da Sputnik, Wilmer Leon questionou em conversa com especialistas se "as pessoas estão confundindo a contenção com a fraqueza", acrescentando que "aparentemente existe uma tática muito disciplinada de resposta ponderada".

"Parece que se as pessoas vão confundir essa resposta medida com fraqueza, elas vão se arrepender porque vão se provar errados", disse o autor e jornalista Robert Fantina.

"O Irã, obviamente, não quer ser atacado pelos EUA", observou o comentarista. " E qualquer ataque contra Israel – mesmo retaliatório, mesmo em autodefesa - traria os Estados Unidos à guerra, a menos que a resposta for muito medida, muito bem planejada, e não uma espécie de bombardeio de tapete aleatório. Não é aquilo que Israel está fazendo com o Líbano e Gaza", disse Fantina.

"Então, acho que o governo do Irã, esperando e observando, está jogando um jogo demorado. Não está necessariamente buscando uma vitória imediata, mas quer ver progresso na paz na região, e isso significa a derrota de Israel. Como ele fará isso ainda está para ser visto", comentou.

A autora e jornalista independente Esther Iverem concordou com essa avaliação, observando que muitos analistas previam que "esse ataque seria muito maior".

"O ataque anterior foi quase como uma peça de espetáculo para deixar Israel saber que não só podemos te atingir, mas podemos te atingir com força. Nossos mísseis podem passar suas muitas camadas de defesa mesmo com todos os seus protetores na OTAN e nos EUA, derrubando basicamente a maioria desses projéteis importantes por você; nossos principais mísseis atingem seus alvos e os atingem com precisão e força", disse o apresentador do programa resumindo a perspectiva de Teerã.

¨      Teerã alerta EUA para não interferirem, diz MRE do Irã sobre ataque com mísseis contra Israel

Teerã enviou à Suécia uma mensagem para Washington dizendo que o ataque com mísseis do Irã a Israel em 1º de outubro foi o direito do Irã à autodefesa, enquanto o lado iraniano alertou separadamente os EUA para não interferirem, disse o ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araghchi, nesta quarta-feira (2).

Na terça-feira (1º), o Irã lançou várias centenas de mísseis balísticos em direção a Israel em resposta aos assassinatos do chefe do Hezbollah, Hassan Nasrallah, do líder político do Hamas, Ismail Haniyah, e do comandante sênior do Corpo de Guardiões da Revolução Islâmica (IRGC), Abbas Nilforoushan. O presidente iraniano Masoud Pezeshkian disse que seu governo não estava buscando uma guerra com Israel, mas enfrentaria qualquer ameaça de forma resoluta.

"Uma troca de mensagens não significa [a existência] de acordos, e antes da resposta [do Irã às ações de Israel na região] não houve troca de mensagens. Após a resposta, um aviso foi emitido à Suécia para repassá-lo aos Estados Unidos, e foi dito [nesta mensagem] que este [ataque de mísseis contra Israel] era nosso direito à autodefesa, e não temos intenção de continuar [os ataques]. Também emitimos um aviso aos Estados Unidos para se afastarem e não interferirem", disse Araghchi, segundo a agência de notícias Tasnim.

Há uma possibilidade de conflito no Oriente Médio, mas Teerã acredita que a situação na região se estabilizará nos próximos dias, disse o ministro iraniano.

"Vejo os próximos dias como brilhantes. A possibilidade de conflito existe, mas nossas forças estão totalmente preparadas. Ontem à noite, atingimos apenas alvos militares e de segurança e, diferentemente do lado israelense, não afetamos a esfera civil. Acreditamos que veremos uma espécie de estabilização gradual da situação na região nos próximos dias", disse Araghchi.

Ainda de acordo com a apuração, o ministro disse que as Forças Armadas do Irã estão prontas para quaisquer possíveis ações de Israel.

"Nossas Forças Armadas estão preparadas para possíveis ações do regime israelense. Se quaisquer novas medidas forem tomadas pelo regime [israelense] e aqueles que o apoiam, eles enfrentarão uma resposta mais dura do Irã", afirmou a autoridade.

<><> Cancelamento de voos

Todos os voos no Irã foram cancelados até quinta-feira (3) de manhã em conexão com a situação no Oriente Médio, disse Jafar Yazerlu, porta-voz da Organização de Aviação Civil do Irã, nesta quarta-feira.

Na terça-feira, o porta-voz disse que o Irã havia suspendido todos os voos até hoje de manhã por questões de segurança.

"Para manter a segurança dos voos e [levando em consideração] a situação na região, todos os voos em todo o país estão cancelados até as 05h00 [horário local, 22h30 de 1º de outubro, horário de Brasília] de amanhã", disse Yazerlu, segundo a agência de notícias Tasnim.

¨      Operação militar terrestre de Israel no sul do Líbano é um 'erro terrível', opina especialista

Israel está cometendo um "erro terrível" ao lançar uma operação militar terrestre no sul do Líbano, alertou o dr. Oscar Van Heerden, pesquisador sênior do Centro de Diplomacia e Liderança Africana da Universidade de Joanesburgo.

"[Os israelenses] já estiveram lá antes. Eles acham que é um território familiar. Mas o que eles não percebem é que as coisas mudaram significativamente no Líbano. O Hezbollah e assim por diante estão se preparando para esse tipo de ataque", disse um dos principais especialistas africanos em relações internacionais à Sputnik África.

O dr. Van Heerden também enfatizou que, com a adição de ataques de mísseis iranianos, Israel agora enfrenta múltiplas frentes, complicando ainda mais a situação. "O momento dessa invasão certamente não é bom", disse ele.

Para o especialista, no entanto, a situação ainda não chegou ao ponto sem retorno, sugerindo que a pressão internacional de países como os Estados Unidos ainda poderia forçar Israel a acalmar o conflito.

"O primeiro-ministro [israelense Benjamin] Netanyahu tem desejado intensificar a guerra, tem desejado atrair o Irã em particular para a guerra, porque isso significa que ele pode continuar com o esforço de guerra, continuar permanecendo em sua posição, porque, como você sabe, ele não quer que a guerra pare", afirmou.

O acadêmico sul-africano também enfatizou a necessidade de um cessar-fogo, instando o governo israelense a parar de violar o direito internacional humanitário e acabar com a violência em andamento contra civis. Só então, ele argumenta, as partes podem chegar à mesa de negociações.

"A matança de civis tem que parar", disse ele. "O jogo está realmente nas mãos de Israel. E no momento, dado o apoio massivo que eles estão recebendo das potências ocidentais [...] Israel não vai parar enquanto tiver o apoio e o suporte de todos esses países."

<><> Israel dará resposta dura ao ataque do Irã, diz chanceler israelense

O ministro israelense das Relações Exteriores, Israel Katz, ordenou que os embaixadores do país notifiquem os chefes de Estado que Israel dará uma resposta dura ao ataque do Irã, disse o repórter político da Axios, Barak Ravid, citando uma fonte.

O chefe da diplomacia israelense afirmou que a resposta é destinada a proteger os cidadãos israelenses.

"O ministro israelense das Relações Exteriores, Israel Katz, instruiu os embaixadores israelenses em todo o mundo a transmitir uma mensagem aos chefes de Estado em países que os acolhem, que 'Israel responderá ao ataque iraniano com severidade e protegerá seus cidadãos'", escreveu Ravid no X.

Na terça-feira (1º), o Irã lançou várias centenas de mísseis balísticos em direção a Israel em resposta aos assassinatos do secretário-geral do Hezbollah, Hassan Nasrallah, do chefe do gabinete político do Hamas, Ismail Haniya e do general do IRGC Abbas Nilforoushan.

Os Estados Unidos se posicionaram e disseram que suas forças na região estão de prontidão para ajudar Israel. No entanto, grupos armados iraquianos declararam nesta terça-feira (1º) que as bases dos EUA no Iraque e na região serão alvos se os Estados Unidos se juntarem a qualquer resposta aos ataques iranianos contra Israel ou se Israel usar o espaço aéreo iraquiano contra Teerã, afirmaram os grupos, segundo a Reuters.

¨      Teerã pede ao Conselho de Segurança da ONU que evite ameaça de Israel à paz e estabilidade mundial

O Irã fez um apelo ao Conselho de Segurança da ONU nesta terça-feira (1º) para impedir que Israel continue a ameaçar a paz e a estabilidade, informou o Ministério das Relações Exteriores do país. Horas antes, mísseis iranianos atingiram o território israelense em retaliação às mortes provocadas pelo país contra lideranças árabes e palestinas.

"A República Islâmica do Irã solicita ação imediata e significativa por parte do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas [ONU] para prevenir ameaças contínuas à paz e segurança regionais e internacionais por parte de Israel", declarou a chancelaria de Teerã em comunicado.

Além disso, o país acrescentou que está pronto para tomar medidas defensivas adicionais, com o intuito de proteger seus interesses e sua soberania, caso seja necessário.

Diante do aumento das tensões no Oriente Médio, o Conselho terá uma sessão extraordinária na próxima quarta (2) para discutir a situação na região, informou a missão da Suíça na ONU: "Nós agendamos uma reunião aberta seguida de consultas a portas fechadas para amanhã", indicou.

Mais cedo, o presidente do Irã, Masoud Pezeshkian, afirmou que o ataque aéreo maciço contra Israel foi uma resposta fundamentada em direitos legítimos e visando a paz e a segurança.

"Foi dada uma resposta firme às violações israelenses, de acordo com os direitos legítimos e em prol da paz e da segurança do Irã e da região. Essas medidas foram tomadas para proteger os interesses e os cidadãos do Irã", publicou nas redes sociais.

O Corpo de Guardiões da Revolução Islâmica (IRGC, na sigla em inglês) disse em comunicado que o ataque teve como alvo "o coração dos territórios ocupados", em resposta ao martírio do chefe do gabinete político do Hamas, Ismail Haniya, do secretário-geral do Hezbollah, Hassan Nasrallah, e do general do IRGC, Abbas Nilforoushan, todos "promovidos pelas mãos do regime sionista".

Relatos sugerem que cerca de 200 mísseis balísticos iranianos foram disparados em meia hora.

Os Estados Unidos se posicionaram e disseram que suas forças na região estão de prontidão para ajudar Israel. No entanto, grupos armados iraquianos disseram nesta terça-feira (1º) que bases dos EUA no Iraque e na região serão alvos se os Estados Unidos se juntarem a qualquer resposta aos ataques iranianos contra Israel ou se Israel usar o espaço aéreo iraquiano contra Teerã, afirmaram os grupos, segundo a Reuters.

 

Fonte: Sputnik Brasil

 

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