Presidente do Irã: 'Não buscamos guerra, é
Israel quem nos obriga a reagir'
O presidente iraniano,
Masoud Pezeshkian, declarou nesta quarta-feira (2) em coletiva de imprensa com
o emir do Catar, xeque Tamim Hamad al-Thani, que o Irã não deseja guerra, mas
que Israel o obriga a reagir às suas ações.
A declaração de
Pezeshkian ocorre em meio à expansão das tensões na região após um ataque do
Irã contra Israel ontem (1º).
O Irã lançou pelo
menos 180 mísseis em território israelense que, segundo meios de comunicação
iranianos, atingiram vários alvos militares e de segurança. Os ataques
ocorreram após os assassinatos nas últimas semanas do secretário-geral do
Hezbollah, Hassan Nasrallah, do chefe do gabinete político do Hamas, Ismail
Haniya, e do general do Corpo de Guardiões da Revolução Islâmica (IRGC, na
sigla em inglês), Abbas Nilforoushan, atribuídos a Israel.
"Nenhuma região
pode se desenvolver em condições de guerra. Nós [Irã] não buscamos guerra, é
Israel quem nos obriga a reagir", destacou o presidente iraniano.
"Temos uma resposta ainda mais potente e dura para quando Israel decidir
nos atacar", acrescentou ele.
O presidente do Irã
disse que a desestabilização da segurança na região não beneficia europeus e
americanos, pois "o que a formação sionista está fazendo apenas amplia o
círculo da violência".
De acordo com o
presidente iraniano, o ataque foi uma resposta legítima às ações israelenses,
"em prol da paz e da segurança do Irã e da região".
Horas após o ataque
com mísseis atingir o território de Israel e gerar ainda mais tensões no
Oriente Médio, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, declarou que
o Irã cometeu um "grande erro e vai pagar por isso".
Por sua vez, o chefe
do Estado-Maior das Forças de Defesa de Israel (FDI), Herzi Halevi, declarou
que Israel se reserva o direito de responder ao ataque do Irã. Já o ministro
israelense das Relações Exteriores, Israel Katz, ordenou que os embaixadores do
país notifiquem os chefes de Estado que Israel dará uma resposta dura ao ataque
iraniano.
¨ Ataque do Irã contra Israel mostra o perigo de confundir
contenção com fraqueza
Nesta terça-feira
(1º), o Irã lançou um significativo ataque de retaliação contra Israel ao
lançar centenas de mísseis balísticos na Operação Promessa Verdadeira II.
Se o ataque iraniano a
Israel em abril demonstrou a capacidade de Teerã de penetrar a alardeada Cúpula
de Ferro, o ataque de ontem cumpriu sua promessa de segui-lo com algo mais
substancial quando provocado. A República Islâmica alegou ter como alvo três
bases militares israelenses em um ataque que teria atingido vários caças F-35.
Estas aeronaves
fornecidas pelos EUA teriam sido usadas para atacar o líder do Hezbollah,
Hassan Hasrallah, na semana passada e constituiriam uma parte importante da
força militar de Israel se o país prosseguir com uma ameaça de invasão do
Líbano.
Apresentador de um
programa da Sputnik, Wilmer Leon questionou em conversa com especialistas se
"as pessoas estão confundindo a contenção com a fraqueza",
acrescentando que "aparentemente existe uma tática muito disciplinada de
resposta ponderada".
"Parece que se as
pessoas vão confundir essa resposta medida com fraqueza, elas vão se arrepender
porque vão se provar errados", disse o autor e jornalista Robert Fantina.
"O Irã,
obviamente, não quer ser atacado pelos EUA", observou o comentarista.
" E qualquer ataque contra Israel – mesmo retaliatório, mesmo em
autodefesa - traria os Estados Unidos à guerra, a menos que a resposta for
muito medida, muito bem planejada, e não uma espécie de bombardeio de tapete
aleatório. Não é aquilo que Israel está fazendo com o Líbano e Gaza",
disse Fantina.
"Então, acho que
o governo do Irã, esperando e observando, está jogando um jogo demorado. Não
está necessariamente buscando uma vitória imediata, mas quer ver progresso na
paz na região, e isso significa a derrota de Israel. Como ele fará isso ainda
está para ser visto", comentou.
A autora e jornalista
independente Esther Iverem concordou com essa avaliação, observando que muitos
analistas previam que "esse ataque seria muito maior".
"O ataque
anterior foi quase como uma peça de espetáculo para deixar Israel saber que não
só podemos te atingir, mas podemos te atingir com força. Nossos mísseis podem
passar suas muitas camadas de defesa mesmo com todos os seus protetores na OTAN
e nos EUA, derrubando basicamente a maioria desses projéteis importantes por
você; nossos principais mísseis atingem seus alvos e os atingem com precisão e
força", disse o apresentador do programa resumindo a perspectiva de Teerã.
¨ Teerã alerta EUA para não interferirem, diz MRE do Irã sobre
ataque com mísseis contra Israel
Teerã enviou à Suécia
uma mensagem para Washington dizendo que o ataque com mísseis do Irã a Israel
em 1º de outubro foi o direito do Irã à autodefesa, enquanto o lado iraniano
alertou separadamente os EUA para não interferirem, disse o ministro das Relações
Exteriores iraniano, Abbas Araghchi, nesta quarta-feira (2).
Na terça-feira (1º), o
Irã lançou várias centenas de mísseis balísticos em direção a Israel em
resposta aos assassinatos do chefe do Hezbollah, Hassan Nasrallah, do líder
político do Hamas, Ismail Haniyah, e do comandante sênior do Corpo de Guardiões
da Revolução Islâmica (IRGC), Abbas Nilforoushan. O presidente iraniano Masoud
Pezeshkian disse que seu governo não estava buscando uma guerra com Israel, mas
enfrentaria qualquer ameaça de forma resoluta.
"Uma troca de
mensagens não significa [a existência] de acordos, e antes da resposta [do Irã
às ações de Israel na região] não houve troca de mensagens. Após a resposta, um
aviso foi emitido à Suécia para repassá-lo aos Estados Unidos, e foi dito [nesta
mensagem] que este [ataque de mísseis contra Israel] era nosso direito à
autodefesa, e não temos intenção de continuar [os ataques]. Também emitimos um
aviso aos Estados Unidos para se afastarem e não interferirem", disse
Araghchi, segundo a agência de notícias Tasnim.
Há uma possibilidade
de conflito no Oriente Médio, mas Teerã acredita que a situação na região se
estabilizará nos próximos dias, disse o ministro iraniano.
"Vejo os próximos
dias como brilhantes. A possibilidade de conflito existe, mas nossas forças
estão totalmente preparadas. Ontem à noite, atingimos apenas alvos militares e
de segurança e, diferentemente do lado israelense, não afetamos a esfera civil.
Acreditamos que veremos uma espécie de estabilização gradual da situação na
região nos próximos dias", disse Araghchi.
Ainda de acordo com a
apuração, o ministro disse que as Forças Armadas do Irã estão prontas para
quaisquer possíveis ações de Israel.
"Nossas Forças
Armadas estão preparadas para possíveis ações do regime israelense. Se
quaisquer novas medidas forem tomadas pelo regime [israelense] e aqueles que o
apoiam, eles enfrentarão uma resposta mais dura do Irã", afirmou a
autoridade.
<><> Cancelamento
de voos
Todos os voos no Irã
foram cancelados até quinta-feira (3) de manhã em conexão com a situação no
Oriente Médio, disse Jafar Yazerlu, porta-voz da Organização de Aviação Civil
do Irã, nesta quarta-feira.
Na terça-feira, o
porta-voz disse que o Irã havia suspendido todos os voos até hoje de manhã por
questões de segurança.
"Para manter a
segurança dos voos e [levando em consideração] a situação na região, todos os
voos em todo o país estão cancelados até as 05h00 [horário local, 22h30 de 1º
de outubro, horário de Brasília] de amanhã", disse Yazerlu, segundo a agência
de notícias Tasnim.
¨ Operação militar terrestre de Israel no sul do Líbano é um 'erro
terrível', opina especialista
Israel está cometendo
um "erro terrível" ao lançar uma operação militar terrestre no sul do
Líbano, alertou o dr. Oscar Van Heerden, pesquisador sênior do Centro de
Diplomacia e Liderança Africana da Universidade de Joanesburgo.
"[Os israelenses]
já estiveram lá antes. Eles acham que é um território familiar. Mas o que eles
não percebem é que as coisas mudaram significativamente no Líbano. O Hezbollah
e assim por diante estão se preparando para esse tipo de ataque", disse um
dos principais especialistas africanos em relações internacionais à Sputnik
África.
O dr. Van Heerden
também enfatizou que, com a adição de ataques de mísseis iranianos, Israel
agora enfrenta múltiplas frentes, complicando ainda mais a situação. "O
momento dessa invasão certamente não é bom", disse ele.
Para o especialista,
no entanto, a situação ainda não chegou ao ponto sem retorno, sugerindo que a
pressão internacional de países como os Estados Unidos ainda poderia forçar
Israel a acalmar o conflito.
"O
primeiro-ministro [israelense Benjamin] Netanyahu tem desejado intensificar a
guerra, tem desejado atrair o Irã em particular para a guerra, porque isso
significa que ele pode continuar com o esforço de guerra, continuar
permanecendo em sua posição, porque, como você sabe, ele não quer que a guerra
pare", afirmou.
O acadêmico
sul-africano também enfatizou a necessidade de um cessar-fogo, instando o
governo israelense a parar de violar o direito internacional humanitário e
acabar com a violência em andamento contra civis. Só então, ele argumenta, as
partes podem chegar à mesa de negociações.
"A matança de
civis tem que parar", disse ele. "O jogo está realmente nas mãos de
Israel. E no momento, dado o apoio massivo que eles estão recebendo das
potências ocidentais [...] Israel não vai parar enquanto tiver o apoio e o
suporte de todos esses países."
<><>
Israel dará resposta dura ao ataque do Irã, diz chanceler israelense
O ministro israelense
das Relações Exteriores, Israel Katz, ordenou que os embaixadores do país
notifiquem os chefes de Estado que Israel dará uma resposta dura ao ataque do
Irã, disse o repórter político da Axios, Barak Ravid, citando uma fonte.
O chefe da diplomacia
israelense afirmou que a resposta é destinada a proteger os cidadãos
israelenses.
"O ministro
israelense das Relações Exteriores, Israel Katz, instruiu os embaixadores
israelenses em todo o mundo a transmitir uma mensagem aos chefes de Estado em
países que os acolhem, que 'Israel responderá ao ataque iraniano com severidade
e protegerá seus cidadãos'", escreveu Ravid no X.
Na terça-feira (1º), o
Irã lançou várias centenas de mísseis balísticos em direção a Israel em
resposta aos assassinatos do secretário-geral do Hezbollah, Hassan Nasrallah,
do chefe do gabinete político do Hamas, Ismail Haniya e do general do IRGC
Abbas Nilforoushan.
Os Estados Unidos se
posicionaram e disseram que suas forças na região estão de prontidão para
ajudar Israel. No entanto, grupos armados iraquianos declararam nesta
terça-feira (1º) que as bases dos EUA no Iraque e na região serão alvos se os
Estados Unidos se juntarem a qualquer resposta aos ataques iranianos contra
Israel ou se Israel usar o espaço aéreo iraquiano contra Teerã, afirmaram os
grupos, segundo a Reuters.
¨ Teerã pede ao Conselho de Segurança da ONU que evite ameaça de
Israel à paz e estabilidade mundial
O Irã fez um apelo ao Conselho
de Segurança da ONU nesta terça-feira (1º) para impedir que Israel continue a
ameaçar a paz e a estabilidade, informou o Ministério das Relações Exteriores
do país. Horas antes, mísseis iranianos atingiram o território israelense em
retaliação às mortes provocadas pelo país contra lideranças árabes e
palestinas.
"A República
Islâmica do Irã solicita ação imediata e significativa por parte do Conselho de
Segurança da Organização das Nações Unidas [ONU] para prevenir ameaças
contínuas à paz e segurança regionais e internacionais por parte de
Israel", declarou a chancelaria de Teerã em comunicado.
Além disso, o país
acrescentou que está pronto para tomar medidas defensivas adicionais, com o
intuito de proteger seus interesses e sua soberania, caso seja necessário.
Diante do aumento das
tensões no Oriente Médio, o Conselho terá uma sessão extraordinária na próxima
quarta (2) para discutir a situação na região, informou a missão da Suíça na
ONU: "Nós agendamos uma reunião aberta seguida de consultas a portas fechadas
para amanhã", indicou.
Mais cedo, o
presidente do Irã, Masoud Pezeshkian, afirmou que o ataque aéreo maciço contra
Israel foi uma resposta fundamentada em direitos legítimos e visando a paz e a
segurança.
"Foi dada uma
resposta firme às violações israelenses, de acordo com os direitos legítimos e
em prol da paz e da segurança do Irã e da região. Essas medidas foram tomadas
para proteger os interesses e os cidadãos do Irã", publicou nas redes sociais.
O Corpo de Guardiões
da Revolução Islâmica (IRGC, na sigla em inglês) disse em comunicado que o
ataque teve como alvo "o coração dos territórios ocupados", em
resposta ao martírio do chefe do gabinete político do Hamas, Ismail Haniya, do
secretário-geral do Hezbollah, Hassan Nasrallah, e do general do IRGC, Abbas
Nilforoushan, todos "promovidos pelas mãos do regime sionista".
Relatos sugerem que
cerca de 200 mísseis balísticos iranianos foram disparados em meia hora.
Os Estados Unidos se
posicionaram e disseram que suas forças na região estão de prontidão para
ajudar Israel. No entanto, grupos armados iraquianos disseram nesta terça-feira
(1º) que bases dos EUA no Iraque e na região serão alvos se os Estados Unidos se
juntarem a qualquer resposta aos ataques iranianos contra Israel ou se Israel
usar o espaço aéreo iraquiano contra Teerã, afirmaram os grupos, segundo a
Reuters.
Fonte: Sputnik Brasil
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