O
belicismo do Sir Keir Starmer, o trabalhista
Desde
a 75º Reunião Anual da Otan, realizada no mês de julho na cidade de Washington,
o novo primeiro-ministro inglês, o Sir Keir Starmer, já conseguiu superar o
chanceler alemão Olaf Scholz como a liderança mais belicista dentro da Europa,
em relação à escalada da Guerra na Ucrânia. É o novo primeiro-ministro inglês
quem lidera hoje a posição dos governos europeus que apoiam o uso de armas de
longo alcance para realizar ataque profundos contra o território russo,
apostando que o presidente Vladimir Putin estaria blefando quando diz que neste
caso dará uma resposta atômica contra os principais países da Otan, a começar
pela própria Inglaterra. E é ele também quem vem tentando convencer o
presidente Joe Biden a aceitar o uso das armas americanas neste ataque
coletivo. Muitos consideram que o Sir Starmer seria uma aberração dentro de uma
tradição social-democrata que teria sido sempre “pacifista”. Mas isto não é
verdade, a história europeia dos séculos XX e XXI desmente categoricamente esta
convicção. Senão vejamos.
Logo
após a Primeira Guerra, os social-democratas participaram de vários governos de
coalizão na Dinamarca, na Alemanha e na Suécia, entre outros, e os próprios
partidos socialistas participaram de governos de Frente Popular Antifascista,
na França e Espanha, durante a década de 30. Em nenhum desses casos, os
social-democratas e os trabalhistas europeus tiveram algum tipo de política
externa própria. Nenhum desses partidos ou governos tomou uma posição clara de
condenação da intervenção militar das grandes potências ocidentais na guerra
civil russa, no início da década de 20; nem tampouco tiveram uma posição
unânime contra a intervenção militar dos fascistas italianos e dos nazistas
alemães na Guerra Civil Espanhola, na segunda metade da década de 30. E mesmo
depois da Segunda Guerra Mundial, os social-democratas e trabalhistas europeus
não conseguiram formular uma política externa comum e consensual frente ao
desafio das novas guerras que se sucederam a partir daí, por três razões
fundamentais: em primeiro lugar, porque foram galvanizados pelo início da
Guerra Fria, e pela política americana de contenção permanente da URSS que
esteve na origem da criação da Otan; em segundo, porque depois da formação da
“Aliança Atlântica” e da criação da Otan, a Europa foi transformada na prática
num protetorado atômico dos Estados Unidos; e por fim, porque esse protetorado
assumiu a forma de uma ocupação militar direta, no caso da Alemanha Federal,
sede histórica do principal partido social-democrata europeu. Estes três fatores
deixaram pouquíssimo espaço para o exercício de uma política externa autônoma
por parte dos Estados europeus, em particular no caso dos governos
social-democratas que se submeteram, na maior parte do tempo, aos desígnios da
chamada “Aliança Atlântica” liderada pelos Estados Unidos, e apoiaram
incondicionalmente a formação da Otan, adotando muitas vezes uma posição
cúmplice com seus Estados nacionais frente às guerras de independência de suas
colônias na África e na Ásia.
Os
social-democratas e os trabalhistas europeus não estiveram presentes nem
apoiaram o projeto inicial de formação da Comunidade Econômica Europeia, que
foi concebido e liderado pelos conservadores e democrata-cristãos na década de
50, e só contou com o apoio dos social-democratas e dos trabalhistas muito mais
tarde, já na década de 70. Além disto, esta parte da esquerda europeia apoiou,
com algumas exceções honrosas, quase todas as guerras americanas ao redor do
mundo, começando pela Guerra da Coreia, submetendo-se ao argumento de George
Kennan sobre a “natureza expansiva” e ameaçadora dos russos. Mesmo quando a
guerra fosse muito longe da Europa, como no caso da Guerra do Vietnã, que
também foi definida pelos norte-americanos como uma guerra de “contenção” do
expansionismo comunista na Indochina. Neste caso, a única grande exceção foi a
da social-democracia sueca, que se opôs sempre à guerra, ao lado de vários
grupos de ativistas e militantes de esquerda em vários países da Europa cuja
mobilização cresceu de importância com o passar do tempo e o avanço da
resistência dentro dos próprios Estados Unidos.
Mas
não há dúvida de que a grande surpresa nesta história um tanto repetitiva foi o
comportamento dos social-democratas europeus depois do fim da União Soviética e
da Guerra Fria, em 1991. Apesar de não haver mais a necessidade de “conter” o
expansionismo comunista, a maior parte da social-democracia e dos trabalhistas
europeus seguiu apoiando os Estados Unidos e a Otan nas suas “guerras
humanitárias” da década de 90, incluindo o bombardeio aéreo da Iugoslávia, em
1999, durante 74 dias seguidos, responsável pela morte de centenas de civis e
destruição quase completa da infraestrutura e da economia iugoslavas. E depois,
já no século XXI, com raras exceções, os social-democratas europeus seguiram
apoiando as guerras norte-americanas e da Otan no Afeganistão, no Iraque, na
Síria, na Líbia e no Iêmen. Mais do que isto, no caso do Iraque, em 2003, foi o
governo trabalhista inglês de Tony Blair que liderou, junto com os Estados
Unidos, o bombardeio aéreo, a invasão terrestre e a destruição daquele país,
com mais de 150 mil mortos, sem que tenha sido apresentada nenhuma “causa
justa” ou motivo legítimo para este ataque devastador feito à revelia do
Conselho de Segurança das Nações Unidas. No entanto, deve-se destacar, neste
caso, a oposição ao ataque anglo-americano por parte do governo
social-democrata alemão de Gerhard Schröder.
Quase
todos os demais social-democratas e trabalhistas mantiveram seu apoio às
sucessivas guerras dos Estados Unidos e da Otan, travadas em nome do combate ao
“terrorismo”, mas concentradamente contra o “mundo islâmico” do Oriente Médio,
do Norte da África e da Ásia Central. Guerras que deixaram atrás de si um
rastro de milhões de mortos, feridos e refugiados que depois foram barrados ou
expelidos do próprio território europeu. Nesse tempo, alguns trabalhistas e
social-democratas mais idealistas acreditaram que as “guerras humanitárias” dos
anos 90 seriam o preço a pagar por um novo mundo pacífico e sem fronteiras,
como nos sonhos dos primeiros socialistas e comunistas europeus do século XIX.
Mas no caso da chamada “guerra global ao terrorismo” declarada pelos Estados
Unidos, o que se viu foi uma esquerda europeia social-democrata e trabalhista
inteiramente desfibrada e submetida aos interesses estratégicos dos Estados
Unidos e da OTAN.
Resumindo
o argumento, hoje se pode afirmar, depois de quase um século e meio de
história, que os social-democratas e os trabalhistas sempre repetiram um
discurso de defesa da paz, do pacifismo e dos direitos humanos, mas sempre
apoiaram e praticaram diretamente políticas belicistas, mantendo através do
século XX e XXI uma posição de confronto e belicosidade constante contra a
Rússia, qualquer que fosse o seu governo. Não surpreende, portanto, que sejam
os social-democratas alemães, e o primeiro- ministro trabalhista inglês, de
forma muito particular que hoje se encontrem à frente das posições mais
agressivas de ataque profundo ao território russo, mesmo sabendo que
representará o início inevitável de uma guerra atômica.
Por
isso se pode dizer que Sir Keir Starmer, o trabalhista, é de fato, o novo
“homem bomba” das potências ocidentais, mas ele tem as “costas quentes” por
conta de uma longa história da própria Inglaterra que o respaldam. Afinal foram
os ingleses que definiriam a Rússia como seu principal inimigo, depois do
Congresso de Viena, em 1815, e foram os ingleses que lideraram a invasão do
território russo depois da Primeira Guerra Mundial. E uma vez mais, foram os
ingleses que falaram pela primeira vez em “cortina de ferro” e deram o pontapé
inicial da Guerra Fria, e foram uma vez mais os ingleses que interromperam as
negociações de paz que estavam em curso na cidade de Istambul, em março de
2022, entre os russos e os ucranianos. Agora de novo, são os ingleses que estão
empurrando a Europa e o mundo para uma guerra atômica com a Rússia, apostando
que os russos não responderão com armas nucleares. Enquanto isto, a humanidade
assiste estarrecida esta aposta absolutamente arrogante e insensata de um Sir
da Coroa Britânica disposto a incinerar a cidade de Londres em nome da
preservação do poder militar global anglo-saxônico.
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Política da França
está 'completamente alinhada com os EUA', aponta analista
O
coronel aposentado do Exército francês, Alain Corvez, disse à Sputnik que a
ajuda de Paris a Israel contra o Irã, ao mesmo tempo, em que apoia o Líbano, é
uma situação "terrível", pois não há "diplomacia normal" na
França.
O
presidente francês Emmanuel Macron pediu anteriormente que Israel parasse sua
operação militar no Líbano, reafirmando o compromisso da França com a Força
Interina das Nações Unidas neste país do Oriente Médio.
"Nós
[França] perdemos nossa soberania. Não decidimos. As decisões não são tomadas
em Paris. São decisões que foram elaboradas em Bruxelas e Bruxelas é a ponte
para Washington. Adotamos todo o pensamento estratégico dos EUA", disse
Corvez, consultor de estratégia internacional e relações internacionais dos
ministérios da Defesa e do Interior da França.
A
França não segue uma política soberana, se concentrando em apoiar a política
dos EUA e de Israel, acrescentou o especialista. De acordo com Corvez, a
política da França está "agora completamente alinhada com a política
norte-americana".
"Temos
que recuperar nossa soberania de decisões. [...] é uma pena. Cada vez que [o
presidente francês Emmanuel] Macron vai a Beirute, ao Líbano, ele é o enviado
de Washington. Ele não é oficialmente o enviado, mas os partidos políticos
libaneses sabem que ele está indo para apoiar a política de Israel e
Washington", concluiu o especialista.
O
Ministério das Relações Exteriores francês disse anteriormente que Paris
condena o ataque de mísseis do Irã a Israel e que a França usou "seus
meios militares no Oriente Médio para combater a ameaça iraniana". Isso
ocorreu quando Macron expressou o desejo de que a soberania e a integridade
territorial do Líbano fossem restauradas em estrita conformidade com a
Resolução 1701 do Conselho de Segurança da ONU.
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Quem será vencedor e
quem será vencido na corrida pela energia nuclear no mundo?
Os
europeus e norte-americanos apostaram na descarbonização, exigindo triplicar as
capacidades das usinas nucleares até 2050 na conferência climática COP28, mas
parecem não estar preparados para a mudança.
Na
Semana do Clima em Nova York de 22 a 29 de setembro de 2024, os principais
bancos e organizações financeiras do mundo endossaram formalmente a ambiciosa
meta da COP28, atribuindo à energia nuclear um papel fundamental na
descarbonização.
Inicialmente,
os especialistas do clima classificaram a energia nuclear da mesma maneira que
outras fontes tradicionais de energia, planejando substituí-la por turbinas
eólicas e painéis solares.
Agora,
as usinas nucleares estão de volta à agenda ambiental.
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Situação no Ocidente
O
consumo de energia na Europa mostra que, abdicando do fornecimento do gás
russo, não é possível obter muita energia com o vento ou o sol.
Enquanto
a Alemanha fechou todas as suas usinas nucleares, como parte da luta pelo meio
ambiente, sua vizinha, a França, é líder mundial em proporção de energia
nuclear no setor energético – 70%.
Agora,
Berlim está comprando energia das usinas nucleares francesas e das polonesas,
que produzem eletricidade a partir do carvão.
"Ao
contrário das fontes renováveis, como a eólica ou a solar, as usinas nucleares
podem operar 24 horas por dia. Isso é especialmente importante durante os
períodos de pico de consumo, quando as usinas solares ou eólicas não conseguem
lidar com a sobrecarga. E o mundo precisa cada vez mais de energia para
tecnologias como a inteligência artificial, por exemplo", diz o cientista
político Pavel Sevostyanov da Universidade Russa de Economia Plekhanov.
Há
mais política do que pragmatismo na energia verde. Fornecer eletricidade a uma
casa de campo e a uma grande megalópole industrial está longe de ser a mesma
coisa, observa Khadzhimurad Belkharoev, cientista em relações econômicas
internacionais da Universidade Russa da Amizade dos Povos.
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Novas potências energéticas
A
Agência Internacional de Energia (AIE) prevê que a energia nuclear crescerá a
uma taxa média anual de 3% nos próximos anos.
Para
o Ocidente, a tarefa de expandir a energia nuclear é extremamente difícil. Há
falta de matérias-primas, perda de competências e falta de financiamento.
Mais
da metade dos novos reatores vai ser comissionada na China e na Índia, com 90%
das unidades em construção sendo russas ou chinesas.
Na
questão dos recursos, a Rússia hoje em dia está entre os líderes. No ano
passado,
A
empresa Enrichment Market Outlook prevê que, até 2035, a Rússia controle até
30% do mercado global nesse segmento.
Com
as sanções impostas à Rússia, o país está substituindo os antigos parceiros por
novos.
"A
África é o novo pólo de atração. Esse continente carece claramente de artérias
de água de superfície, o que dificulta seriamente o desenvolvimento do setor de
energia hidroelétrica e, consequentemente, da indústria, bem como o
desenvolvimento dos ricos recursos escondidos no seu subsolo. Nessas condições,
uma usina nuclear é a solução ideal", explicou Belkharoev.
Anteriormente,
o presidente russo Vladimir Putin declarou que a Rússia deve consolidar a
liderança mundial na esfera nuclear, essa é um dos objetivos de um novo projeto
nacional da Rússia.
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Oriente Médio: temor
de conflito entre Israel e Irã faz preços do petróleo voltarem a subir
Os
mercados de petróleo subiram novamente nesta quarta-feira (2) diante da
possível resposta de Israel aos ataques aéreos do Irã. Apesar disso, os preços
ainda estão abaixo do pico registrado na última semana, em meio ao temor da
escalada do conflito no Oriente Médio.
A
Administração de Informação de Energia dos EUA (EIA, na sigla em inglês)
relatou aumentos substanciais nos estoques de petróleo bruto e gasolina na
última semana como resposta às altas de até 4% durante dois dias consecutivos
em reação ao possível confronto entre Israel e o Irã.
O
petróleo Brent do Mar do Norte chegou a superar US$ 76 (R$ 413,60) por barril
antes de fechar em US$ 73,90 (R$ 402,17) — um aumento de 0,5%.
O
Irã disparou quase 200 mísseis balísticos contra Israel na última terça (1º) e,
apesar de muitos terem sido interceptados, parte deles conseguiram atingir
alvos no país, conforme um porta-voz das Forças de Defesa de Israel (FDI).
A
fonte acrescentou que Israel não esperava novas ameaças do Irã, mas afirmou que
o ataque "foi sério e terá consequências". Já o chefe militar de
Israel, Herzi Halevi, disse que o país responderá ao ataque do Irã e ainda pode
atingir "qualquer alvo no Oriente Médio".
"A
próxima etapa nessa espiral de retaliação pode muito bem envolver o petróleo —
por meio da degradação da capacidade de petróleo do Irã ou de proxies do Irã
atacando o transporte de petróleo e gás do golfo Pérsico", disse a nota.
Os
preços do petróleo dispararam em mais de 2% após o pronunciamento das
autoridades israelenses. No entanto, o relatório semanal da EIA sobre os
estoques de petróleo e combustíveis drenou grande parte dos aumentos.
Os
estoques de petróleo bruto aumentaram em 3,889 milhões de barris na última
semana, após um crescimento de 4,471 milhões anteriormente. Já analistas do
setor esperavam um déficit de 1,43 milhão.
Os
estoques de gasolina também aumentaram em 1,119 milhão de barris, quando as
expectativas eram de alta de apenas 200 mil barris. Na semana anterior, os
estoques de gasolina caíram em 1,538 milhão de barris.
Fonte:
Por José Luis Fiori, em Outras Palavras/Sputnik Brasil
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