Por que a
barriga ronca? Entenda as causas e veja como parar o barulho
Quando
estamos com fome, é normal a barriga “roncar”. Esse é um processo fisiológico
natural do corpo, chamado borborigmo, que consiste em contrações do estômago e
do intestino que acontecem tanto quando comemos quanto ao ficarmos sem comer.
No
segundo caso, o organismo começa a se preparar para receber o alimento. O
estômago, por exemplo, passa a liberar um hormônio chamado grelina, que
estimula o cérebro a entender que estamos com fome, de acordo com Paulo Barros,
gastroenterologista do Centro Especializado em Aparelho Digestivo do Hospital
Alemão Oswaldo Cruz.
“De
forma geral, o organismo estimula todo o sistema digestivo a produzir enzimas e
se preparar para a digestão. Então, você começa a ter uma certa contração
intestinal também e, por isso, começa a ouvir algum barulho e algum ronco”,
esclarece.
Em
alguns casos, os barulhos na barriga podem se tornar mais perceptíveis e a
causa disso pode ser exatamente o que foi ingerido. “Os barulhos que escutamos
são a passagem de líquido e gás pelo intestino. Isso pode variar com o que
comemos. Se comemos algo que é mais irritativo para o intestino, que produz
mais gases, como uma feijoada, ocorre a distensão do intestino e você ouve isso
passar”, explica Barros.
Porém,
em outras situações, os barulhos podem indicar disfunções motoras no intestino.
É o caso da síndrome do intestino irritável, de acordo com o especialista. O
uso de antibióticos também pode alterar a microbiota do intestino.
“Isso
altera a digestão e a formação do bolo fecal, podendo aumentar o barulho dentro
da barriga. O paciente que tem a diarreia, por exemplo, tem uma contração muito
forte do intestino, por isso que ele sente a cólica, e ele ouve o líquido
passar de um lado para o outro”, afirma o gastroenterologista.
• Quando
os barulhos na barriga podem ser sinais de alerta de algo grave?
Os
barulhos na barriga são contrações normais do intestino, como já vimos. Porém,
alguns sintomas que podem vir acompanhados das contrações podem acender um
sinal de alerta para alguma alteração no intestino.
“Um
sintoma de alerta é a dor abdominal e alteração na evacuação, são sinais de que
é preciso procurar um médico para fazer uma avaliação”, afirma Barros.
• O que
fazer para evitar os “roncos” na barriga?
Apesar
de serem processos fisiológicos naturais do intestino, os barulhos (ou
“roncos”) na barriga podem ser, em alguns casos, constrangedores. Para
evitá-los, a orientação do gastroenterologista é manter hábitos saudáveis de
alimentação.
“Ter
uma dieta balanceada, saudável, e evitar produtos que sejam irritativos para o
intestino. Por exemplo, feijão, repolho e pimentão são irritativos. Comidas
pesadas no geral podem aumentar esses sons também”, afirma Barros.
Alguns
tipos de medicamentos, como simeticona, podem ser utilizados para diminuir a
formação de gases ou ajudar a liberá-los, o que ajuda a evitar os barulhos na
barriga.
• Como
fazer o intestino funcionar? Veja dicas de especialistas
Há
um problema bastante comum que afeta a saúde intestinal: a prisão de ventre,
também conhecida como constipação intestinal. Confira abaixo dicas de
especialistas para lidar com ele, garantindo não só uma digestão adequada dos
alimentos, como também a manutenção da saúde como um todo.
Caracterizada
pela dificuldade ou pouca frequência na evacuação, essa condição pode gerar
desconforto e até mesmo causar complicações mais sérias se não for
“O
hábito intestinal normal pode variar entre três evacuações ao dia a três idas
ao banheiro por semana. As fezes devem ter consistência macia, e a evacuação
não deve gerar grandes esforços, dor ou sangramento. Se o paciente evacua numa
frequência menor, acompanhada de esforço, fezes endurecidas e que causam
cólicas, dor ou sangramento, dizemos que este paciente tem prisão de ventre”,
explica Maristela Almeida, proctologista do Hospital Edmundo Vasconcelos.
O
problema pode estar associado a hábitos de vida não saudáveis como baixa
ingestão fibras na alimentação, beber pouca água e sedentarismo. Mas pode
também estar ligado a outros fatores como alterações hormonais, uso de
medicamentos e condições de saúde como o hipotireoidismo, gravidez e estresse.
“A
prisão de ventre pode acarretar diversos riscos à saúde como o aumento do
desconforto abdominal, hemorroidas, fissuras anais e até mesmo o
desenvolvimento de diverticulite [inflamação ou infecção no intestino grosso].
Além disso, o acúmulo de fezes no intestino pode favorecer a proliferação de
bactérias nocivas e toxinas no organismo”, explica Rodrigo Barbosa, cirurgião
digestivo e coloproctologia do corpo clínico dos hospitais Sírio-Libanês e Nove
de Julho, ambos em São Paulo.
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Como regular o intestino?
Segundo
os especialistas ouvidos pela CNN, a pessoa com constipação intestinal deve
buscar uma alimentação mais saudável e melhorar o estilo de vida para ter uma
saúde intestinal equilibrada.
Veja
seis dicas listadas pelos médicos:
1. Aumente
o consumo de fibras: inclua em sua dieta alimentos ricos em fibras, como
frutas, legumes, verduras, grãos, leguminosas e sementes;
2. Beba
bastante água: mantenha-se bem hidratado, consumindo pelo menos dois litros de
água por dia. É importante lembrar que essa quantidade pode variar de acordo
com a sua necessidade individual;
3. Evite os
processados: evite o consumo de alimentos processados, ricos em gorduras e
açúcares, que podem contribuir para o intestino preguiçoso;
4. Pratique
atividade física: caminhadas, corrida, natação, musculação e outras atividades
físicas ajudam a estimular o funcionamento intestinal;
5. Rotina
para ir ao banheiro: tente ir ao banheiro no mesmo horário todos os dias, mesmo
que não sinta vontade;
6. Reduza o
estresse: técnicas de relaxamento, como meditação e respiração profunda, podem
ajudar a aliviar a constipação causada pelo estresse.
“A
ingestão de fibra varia de 25 a 30 gramas por dia, deve-se beber pelo menos
dois a três litros de água diariamente e evitar algumas medicações que podem
levar a uma obstipação, avaliado junto ao médico. E por último, sempre procurar
o gastroenterologista para tentar maneiras de melhorar essa constipação para
este quadro não evoluir e se tornar algo mais grave”, finaliza Luiz Almeida,
gastroenterologista e docente do Idomed Alagoinhas-BA.
• Como
estresse pode afetar sua saúde intestinal, segundo estudo
Os
efeitos negativos do estresse no corpo vão além da saúde mental. Um novo estudo
mostrou que um cérebro estressado pode afetar as bactérias do intestino e,
consequentemente, impactar o sistema imunológico. A descoberta foi publicada na
revista Cell no último dia 8.
Não
é novidade que o cérebro e o intestino estão internamente ligados. Estudos
anteriores já tinham mostrado que as bactérias intestinais podem afetar o
cérebro, mas, agora, os pesquisadores descobriram que o contrário também
acontece.
Sob
estresse, o cérebro pode estimular a liberação de hormônios que podem
desencadear condições intestinais, como a doença inflamatória intestinal.
Certas bactérias no intestino podem liberar sinais químicos que afetam o
cérebro e o comportamento. No entanto, a forma como isso acontece ainda não é
totalmente compreendida.
Para
descobrir mais sobre as vias de comunicação neural, o neurocientista Ivan de
Araujo, do Instituto Max Planck de Cibernética Biológica, em Tübingen, na
Alemanha, e seus colegas estudaram pequenos órgãos chamados glândulas de
Brunner, encontradas nas paredes do intestino delgado. Elas contêm uma
abundância de neurônios que se conectam a fibras do nervo vago, uma via de
comunicação entre o intestino e o cérebro. Essas fibras correm diretamente para
a amígdala do cérebro, envolvida na emoção e na resposta ao estresse.
Em
uma experiência feita com camundongos, a equipe de De Araujo descobriu que
remover as glândulas de Brunner dos animais enfraqueceu os seus sistemas
imunológicos e os tornou mais suscetíveis a infecções. A remoção também
aumentou os marcadores de inflamação, produtos químicos imunológicos e células
que podem danificar tecidos.
Os
pesquisadores também observaram um efeito semelhante em humanos: pessoas que
tiveram tumores removidos da parte do intestino onde estão localizadas as
glândulas de Brunner tinham níveis mais altos de glóbulos brancos, um marcador
de inflamação do corpo, em comparação com as pessoas que tiveram tumores
removidos de outras áreas.
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Redução do nível de Lactobacillus no intestino
O
estudo descobriu, ainda, que a remoção das glândulas de Brunner do intestino
dos camundongos levou à eliminação das bactérias do gênero Lactobacillus. Esses
micro-organismos são responsáveis por inibir a proliferação de bactérias
prejudiciais à saúde, por reconstruir a barreira intestinal e,
consequentemente, permitir a melhor absorção de nutrientes obtidos pela
alimentação.
Quando
o nível de lactobacilos no intestino é baixo, as chances de bactérias
prejudiciais à saúde alcançarem a corrente sanguínea é maior, já que as
bactérias boas não estão em quantidades o suficiente para criar uma barreira
intestinal. Consequentemente, isso também aumenta as chances de inflamação e
doenças.
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Remoção das glândulas tem o mesmo efeito do estresse no intestino
Ao
analisar com mais detalhes as glândulas de Brunner, os pesquisadores
descobriram que os neurônios se conectam a fibras do nervo vago, uma via de
comunicação entre o intestino e o cérebro. Essas fibras correm diretamente para
a amígdala do cérebro, envolvida na emoção e na resposta ao estresse.
Segundo
os pesquisadores, colocar camundongos com glândulas de Brunner intactas sob
estresse crônico teve o mesmo efeito que remover as glândulas: queda nos níveis
de lactobacilos e maior nível de inflamação. Isso sugere que o estresse pode
inativar as glândulas.
De
Araujo diz que o estudo pode ter implicações para o tratamento de distúrbios
relacionados ao estresse, como a doença inflamatória intestinal. Agora, os
pesquisadores estudam se o estresse crônico afeta essa via em bebês, que
recebem lactobacilos através do leite materno. “Estamos animados com a ideia de
que essas glândulas são importantes para o desenvolvimento normal e a função
imunológica no início da vida”, afirma de Araujo, em matéria publicada na
Nature.
Fonte:
CNN Brasil
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