segunda-feira, 7 de outubro de 2024

Por que a barriga ronca? Entenda as causas e veja como parar o barulho

Quando estamos com fome, é normal a barriga “roncar”. Esse é um processo fisiológico natural do corpo, chamado borborigmo, que consiste em contrações do estômago e do intestino que acontecem tanto quando comemos quanto ao ficarmos sem comer.

No segundo caso, o organismo começa a se preparar para receber o alimento. O estômago, por exemplo, passa a liberar um hormônio chamado grelina, que estimula o cérebro a entender que estamos com fome, de acordo com Paulo Barros, gastroenterologista do Centro Especializado em Aparelho Digestivo do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

“De forma geral, o organismo estimula todo o sistema digestivo a produzir enzimas e se preparar para a digestão. Então, você começa a ter uma certa contração intestinal também e, por isso, começa a ouvir algum barulho e algum ronco”, esclarece.

Em alguns casos, os barulhos na barriga podem se tornar mais perceptíveis e a causa disso pode ser exatamente o que foi ingerido. “Os barulhos que escutamos são a passagem de líquido e gás pelo intestino. Isso pode variar com o que comemos. Se comemos algo que é mais irritativo para o intestino, que produz mais gases, como uma feijoada, ocorre a distensão do intestino e você ouve isso passar”, explica Barros.

Porém, em outras situações, os barulhos podem indicar disfunções motoras no intestino. É o caso da síndrome do intestino irritável, de acordo com o especialista. O uso de antibióticos também pode alterar a microbiota do intestino.

“Isso altera a digestão e a formação do bolo fecal, podendo aumentar o barulho dentro da barriga. O paciente que tem a diarreia, por exemplo, tem uma contração muito forte do intestino, por isso que ele sente a cólica, e ele ouve o líquido passar de um lado para o outro”, afirma o gastroenterologista.

•                                         Quando os barulhos na barriga podem ser sinais de alerta de algo grave?

Os barulhos na barriga são contrações normais do intestino, como já vimos. Porém, alguns sintomas que podem vir acompanhados das contrações podem acender um sinal de alerta para alguma alteração no intestino.

“Um sintoma de alerta é a dor abdominal e alteração na evacuação, são sinais de que é preciso procurar um médico para fazer uma avaliação”, afirma Barros.

•                                         O que fazer para evitar os “roncos” na barriga?

Apesar de serem processos fisiológicos naturais do intestino, os barulhos (ou “roncos”) na barriga podem ser, em alguns casos, constrangedores. Para evitá-los, a orientação do gastroenterologista é manter hábitos saudáveis de alimentação.

“Ter uma dieta balanceada, saudável, e evitar produtos que sejam irritativos para o intestino. Por exemplo, feijão, repolho e pimentão são irritativos. Comidas pesadas no geral podem aumentar esses sons também”, afirma Barros.

Alguns tipos de medicamentos, como simeticona, podem ser utilizados para diminuir a formação de gases ou ajudar a liberá-los, o que ajuda a evitar os barulhos na barriga.

 

•                                         Como fazer o intestino funcionar? Veja dicas de especialistas

Há um problema bastante comum que afeta a saúde intestinal: a prisão de ventre, também conhecida como constipação intestinal. Confira abaixo dicas de especialistas para lidar com ele, garantindo não só uma digestão adequada dos alimentos, como também a manutenção da saúde como um todo.

Caracterizada pela dificuldade ou pouca frequência na evacuação, essa condição pode gerar desconforto e até mesmo causar complicações mais sérias se não for

“O hábito intestinal normal pode variar entre três evacuações ao dia a três idas ao banheiro por semana. As fezes devem ter consistência macia, e a evacuação não deve gerar grandes esforços, dor ou sangramento. Se o paciente evacua numa frequência menor, acompanhada de esforço, fezes endurecidas e que causam cólicas, dor ou sangramento, dizemos que este paciente tem prisão de ventre”, explica Maristela Almeida, proctologista do Hospital Edmundo Vasconcelos.

O problema pode estar associado a hábitos de vida não saudáveis como baixa ingestão fibras na alimentação, beber pouca água e sedentarismo. Mas pode também estar ligado a outros fatores como alterações hormonais, uso de medicamentos e condições de saúde como o hipotireoidismo, gravidez e estresse.

“A prisão de ventre pode acarretar diversos riscos à saúde como o aumento do desconforto abdominal, hemorroidas, fissuras anais e até mesmo o desenvolvimento de diverticulite [inflamação ou infecção no intestino grosso]. Além disso, o acúmulo de fezes no intestino pode favorecer a proliferação de bactérias nocivas e toxinas no organismo”, explica Rodrigo Barbosa, cirurgião digestivo e coloproctologia do corpo clínico dos hospitais Sírio-Libanês e Nove de Julho, ambos em São Paulo.

<><> Como regular o intestino?

Segundo os especialistas ouvidos pela CNN, a pessoa com constipação intestinal deve buscar uma alimentação mais saudável e melhorar o estilo de vida para ter uma saúde intestinal equilibrada.

Veja seis dicas listadas pelos médicos:

1.                                        Aumente o consumo de fibras: inclua em sua dieta alimentos ricos em fibras, como frutas, legumes, verduras, grãos, leguminosas e sementes;

2.                                        Beba bastante água: mantenha-se bem hidratado, consumindo pelo menos dois litros de água por dia. É importante lembrar que essa quantidade pode variar de acordo com a sua necessidade individual;

3.                                        Evite os processados: evite o consumo de alimentos processados, ricos em gorduras e açúcares, que podem contribuir para o intestino preguiçoso;

4.                                        Pratique atividade física: caminhadas, corrida, natação, musculação e outras atividades físicas ajudam a estimular o funcionamento intestinal;

5.                                        Rotina para ir ao banheiro: tente ir ao banheiro no mesmo horário todos os dias, mesmo que não sinta vontade;

6.                                        Reduza o estresse: técnicas de relaxamento, como meditação e respiração profunda, podem ajudar a aliviar a constipação causada pelo estresse.

“A ingestão de fibra varia de 25 a 30 gramas por dia, deve-se beber pelo menos dois a três litros de água diariamente e evitar algumas medicações que podem levar a uma obstipação, avaliado junto ao médico. E por último, sempre procurar o gastroenterologista para tentar maneiras de melhorar essa constipação para este quadro não evoluir e se tornar algo mais grave”, finaliza Luiz Almeida, gastroenterologista e docente do Idomed Alagoinhas-BA.

 

•                                         Como estresse pode afetar sua saúde intestinal, segundo estudo

Os efeitos negativos do estresse no corpo vão além da saúde mental. Um novo estudo mostrou que um cérebro estressado pode afetar as bactérias do intestino e, consequentemente, impactar o sistema imunológico. A descoberta foi publicada na revista Cell no último dia 8.

Não é novidade que o cérebro e o intestino estão internamente ligados. Estudos anteriores já tinham mostrado que as bactérias intestinais podem afetar o cérebro, mas, agora, os pesquisadores descobriram que o contrário também acontece.

Sob estresse, o cérebro pode estimular a liberação de hormônios que podem desencadear condições intestinais, como a doença inflamatória intestinal. Certas bactérias no intestino podem liberar sinais químicos que afetam o cérebro e o comportamento. No entanto, a forma como isso acontece ainda não é totalmente compreendida.

Para descobrir mais sobre as vias de comunicação neural, o neurocientista Ivan de Araujo, do Instituto Max Planck de Cibernética Biológica, em Tübingen, na Alemanha, e seus colegas estudaram pequenos órgãos chamados glândulas de Brunner, encontradas nas paredes do intestino delgado. Elas contêm uma abundância de neurônios que se conectam a fibras do nervo vago, uma via de comunicação entre o intestino e o cérebro. Essas fibras correm diretamente para a amígdala do cérebro, envolvida na emoção e na resposta ao estresse.

Em uma experiência feita com camundongos, a equipe de De Araujo descobriu que remover as glândulas de Brunner dos animais enfraqueceu os seus sistemas imunológicos e os tornou mais suscetíveis a infecções. A remoção também aumentou os marcadores de inflamação, produtos químicos imunológicos e células que podem danificar tecidos.

Os pesquisadores também observaram um efeito semelhante em humanos: pessoas que tiveram tumores removidos da parte do intestino onde estão localizadas as glândulas de Brunner tinham níveis mais altos de glóbulos brancos, um marcador de inflamação do corpo, em comparação com as pessoas que tiveram tumores removidos de outras áreas.

<><> Redução do nível de Lactobacillus no intestino

O estudo descobriu, ainda, que a remoção das glândulas de Brunner do intestino dos camundongos levou à eliminação das bactérias do gênero Lactobacillus. Esses micro-organismos são responsáveis por inibir a proliferação de bactérias prejudiciais à saúde, por reconstruir a barreira intestinal e, consequentemente, permitir a melhor absorção de nutrientes obtidos pela alimentação.

Quando o nível de lactobacilos no intestino é baixo, as chances de bactérias prejudiciais à saúde alcançarem a corrente sanguínea é maior, já que as bactérias boas não estão em quantidades o suficiente para criar uma barreira intestinal. Consequentemente, isso também aumenta as chances de inflamação e doenças.

<><> Remoção das glândulas tem o mesmo efeito do estresse no intestino

Ao analisar com mais detalhes as glândulas de Brunner, os pesquisadores descobriram que os neurônios se conectam a fibras do nervo vago, uma via de comunicação entre o intestino e o cérebro. Essas fibras correm diretamente para a amígdala do cérebro, envolvida na emoção e na resposta ao estresse.

Segundo os pesquisadores, colocar camundongos com glândulas de Brunner intactas sob estresse crônico teve o mesmo efeito que remover as glândulas: queda nos níveis de lactobacilos e maior nível de inflamação. Isso sugere que o estresse pode inativar as glândulas.

De Araujo diz que o estudo pode ter implicações para o tratamento de distúrbios relacionados ao estresse, como a doença inflamatória intestinal. Agora, os pesquisadores estudam se o estresse crônico afeta essa via em bebês, que recebem lactobacilos através do leite materno. “Estamos animados com a ideia de que essas glândulas são importantes para o desenvolvimento normal e a função imunológica no início da vida”, afirma de Araujo, em matéria publicada na Nature.

 

Fonte: CNN Brasil

 

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