segunda-feira, 8 de dezembro de 2025

Washington: o maior inimigo da humanidade

Historicamente, os EUA buscaram manter sua hegemonia na América Latina com fogo e sangue, como se vê agora contra a Venezuela; basta de acreditar na falácia de que são “salvadores” e exemplos de “liberdade e democracia”...

Após mais de quatro meses da tentativa de intimidação militar e crimes de execuções sumárias praticados no Caribe por parte do regime imperial estadunidense contra a Venezuela e a região, Trump perdõa a Juan Orlando Hernández, ditador de direita e narcotraficante hondurenho — alinhado aos interesses do governo dos EUA —, que tinha sido encarcerado nos Estados Unidos, sob uma condenação de 45 anos por tráfico de drogas e crime organizado, por exportar mais de 400 toneladas de cocaína para o território estadunidense, conforme determinado por um tribunal do distrito sul de Nova York.

Em 2019, procuradores federais dos EUA acusaram o governo hondurenho de funcionar essencialmente como um narco-estado, recebendo, também, contribuições de campanha de traficantes de cocaína em troca de proteção. Mesmo assim, e apesar das elgações de fraude eleitoral, o primeiro Governo Trump reconheceu a reeleição à presidência do hondurenho. É curioso, né? 

<><> A ficção: Maduro, o perigoso narcoterrorista

O Governo Trump ataca a Venezuela com a narrativa falsa de narcoterrorismo, acusa Nicolás Maduro de chefiar a inacreditável fábula do Cartel dos Sóis, a gangue denominada Trem de Aragua (que o governo venezuelano assegura ter desmontado na Venezuela) e, até mesmo, que estaria por trás do Cartel de Sinaloa. Mas a presidenta do México, Claudia Sheinbaum, nega ter provas de conexão de Maduro com o dito cartel. 

Até o próprio Gustavo Petro, que não é nenhum fã de Maduro, denuncia que o Cartel dos Sóis não existe e é uma desculpa fictícia usada pela extrema-direita para derrubar governos que não lhe obedecem.

<><> Estudo da ONU sobre drogas desmente a obsessão contra a Venezuela

O Relatório Mundial sobre Drogas 2025 do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC, por suas siglas em inglês) confirma que a Venezuela se mantém livre de cultivos ilícitos. Além disso, traz o país com menção mínima como corredor do tráfico de entorpecentes para os Estados Unidos e a Europa, e revela que 90% do tráfico continua concentrado nas principais rotas andinas, e não através da Venezuela. Mesmo assim, a nação sul-americana é atacada, não por seu papel real no tráfico de drogas, mas porque neutralizar seu governo soberanista se tornou um pilar central da política externa dos EUA, que visa remodelar o sistema político do país e abrir sua economia ao controle estrangeiro.

<><> Agências de inteligência dos EUA negam as acusações

Um memorando do Escritório da Diretora de Inteligência Nacional, Tulsi Gabbard, sobre o Trem de Aragua, afirma que a gangue não é controlada pelo governo venezuelano. O documento foi obtido pela Freedom of the Press Foundation em 5 de maio de 2025 e compartilhado com os sites de notícias National Public Radio (NPR), The New York Times, CNN, Axios, entre outros meios de comunicação estadunidenses. Gabbard é a principal conselheira de inteligência do presidente dos Estados Unidos e integrante do Conselho de Segurança Nacional (NSC) formado por 18 agências dos EUA, incluindo a Agência de Segurança Nacional (NSA) e a Agência Central de Inteligência (CIA).

Sem prova nenhuma, na tentativa incansável de demonizar a Venezuela, a tirania estadunidense tem a pachorra de propagar a fake news de que as prisões venezuelanas estariam funcionando como centros de poder para os objetivos geopolíticos de Nicolás Maduro. Supostamente, o presidente venezuelano estaria impondo controle social sobre a população e treinando detentos venezuelanos para se infiltrar em comunidades migrantes com o propósito de ‘envenenar a população norte-americana com drogas’. Segundo a narrativa, isso seria produto das políticas do governo venezuelano. Como de costume, Washington mente para justificar a destruição da soberania e da democracia venezuelanas, com claro interesse nas vastas riquezas da nação sul-americana.

<><> Não devemos deixar passar!

O que é evidente aqui, é que ditadores e traficantes de drogas condenados, se forem de direita e obedecerem cegamente aos designios desse império decandente, podem esperar clemência e indulto. Enquanto isso, sem qualquer prova, líderes de esquerda e nações que definem seus próprios destinos já são condenados com base em qualquer invenção mirabolante. A postura benevolente e cúmplice de Trump em relação ao narcotraficante hondurenho não é, nem de longe, paradoxal. Especialmente, porque sabemos que os governos dos EUA continuam, permanentemente, agredindo os povos do mundo que defendem sua democracia e exercem sua soberania — conforme revela uma publicação do próprio Congresso estadunidense, denominada Instances of Use of United States Armed Forces Abroad, 1798-2023.

Tudo isso não é novo para nós, latino-americanos. É preciso entender que a política externa estadunidense extremista para a região em todo o século 20 teve como objetivo central a manutenção do nível de hegemonia atingido aqui com fogo e sangue, e que agora se vê ameaçada pela China como o maior parceiro comercial da América Latina. Nesse entremeio, sem questionar nem apurar, como deveria ser, a mídia hegemônica das oligarquias regionais e ocidentais propagam as enormes campanhas de difamação como “informações” para desacreditar a Nicolás Maduro, presidente constitucional e legitimamente eleito, bem como para minimizar os crimes, as violações ao direito internacional e os abusos de direitos humanos cometidos por parte do regime imperial estadunidense. Enfim, o Cartel dos Sóis e o chefão da gangue Trem de Aragua e do Cartel de Sinaloa existem, sim, apenas como relato enviado por funcionários estadunidenses e disseminado pela grande imprensa internacional vira-lata.

Povo brasileiro, é preciso parar de acreditar nessa falácia colonial de que os EUA são o “salvador” dos nossos povos e que vão nos trazer “liberdade e democracia”. Os EUA são, historicamente, cúmplices e perpetradores de golpes de Estado, invasões e genocídios pelo mundo afora, como o operado contra os palestinos. Aqui, no Brasil, à exceção do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) — que tem se posicionado em favor do povo venezuelano de forma contundente —, a grande maioria das organizações, partidos e sindicatos da esquerda segue sem se mobilizar, deixando agir um duvidoso e perigosíssimo silêncio diante da agressão. Toda essa situação deveria produzir ações categóricas e conclusivas de solidariedade imediata com o povo da Venezuela: uma revolta de indignação popular exemplar que condene e denuncie a tirania estadunidense — o maior inimigo da Terra contra a humanidade.

¨      Como e quantos são os navios de guerra, aviões e soldados que os EUA enviaram para a região da Venezuela

Imagens de satélite mostram que pelo menos seis navios militares dos EUA estão operando no Caribe desde a última semana, em meio a tensões entre EUA e Venezuela.

A BBC Verify, serviço de checagem da BBC, identificou outros cinco navios na região como parte da operação militar americana.

A movimentação ocorre após uma série de ataques aéreos dos EUA contra supostos barcos que transportam drogas no Caribe e no Pacífico Oriental nos últimos meses, considerados pelo governo do presidente americano, Donald Trump, necessários para conter o fluxo de narcóticos.

Nos últimos dias, houve também novas sinalizações dos EUA sobre uma ofensiva contra a Venezuela.

Trump voltou a dizer, na terça-feira (02/12), que uma ação terrestre no país aconteceria "muito em breve".

"Sabe, por terra é muito mais fácil, muito mais fácil. E nós sabemos as rotas que eles [traficantes] usam. Sabemos tudo sobre eles. Sabemos onde moram. Sabemos onde os caras maus moram, e vamos começar isso muito em breve também", disse o presidente americano em reunião aberta à imprensa na Casa Branca.

Na quarta (03), o governo americano recomendou a seus cidadãos que não viajem para a Venezuela e, para aqueles que estão no país sul-americano, que tentem sair de lá.

"Não viaje para a Venezuela nem permaneça no país devido ao alto risco de detenção ilegal, tortura, terrorismo, sequestro, aplicação arbitrária das leis locais, criminalidade, agitação civil e infraestrutura de saúde precária. Recomenda-se fortemente que todos os cidadãos americanos e residentes permanentes legais na Venezuela deixem o país imediatamente", diz um comunicado do governo americano.

A operação americana inclui milhares de soldados e o maior navio de guerra do mundo, posicionado à distância estratégica da Venezuela, alimentando especulações sobre uma possível ação militar contra a Venezuela.

<><> Onde estão os navios de guerra dos EUA?

A operação militar dos EUA no Caribe começou em agosto com o envio de forças aéreas e navais, incluindo um submarino nuclear e aeronaves de reconhecimento, segundo autoridades americanas.

Agora, a operação reúne porta-aviões, destróieres com mísseis guiados e navios de assalto anfíbios capazes de desembarcar milhares de soldados.

A análise de imagens de satélite permitiu identificar pelo menos seis embarcações militares na região na última semana.

O porta-aviões USS Gerald R. Ford, o maior da Marinha americana, estava a cerca de 120km ao sul da República Dominicana em 27/11, aproximadamente 700km da costa venezuelana.

Em meados de novembro, o navio foi avistado mais a leste, a cerca de 201km ao sul de Porto Rico, território dos EUA no Caribe, e depois navegou para o sul rumo à República Dominicana.

Com mais de 330 metros de comprimento, o USS Gerald R. Ford opera em um grupo de ataque acompanhado de navios de apoio.

A BBC Verify também identificou várias outras embarcações próximas ao USS Gerald R. Ford. Além disso, localizou outras embarcações dos EUA no Caribe.

Entre elas, estão o MV Ocean Trader, um navio de comando de operações especiais, avistado em imagens de satélite em 25/11 entre Porto Rico e a República Dominicana, e um navio da classe USS Antonio, um tipo de transporte anfíbio, visto em 27/11 a 90km ao sul de Porto Rico.

O navio mais próximo da Venezuela observado foi um navio de reabastecimento de combustível, visto em 27/11 a 480km ao norte da costa venezuelana.

Imagens de satélite também mostraram outros cinco navios na região do Caribe, mas não foi possível confirmar suas identidades.

A análise da BBC Verify indica ainda que, em um caso, uma embarcação naval previamente rastreada no Caribe retornou aos EUA e agora está em Key West, na Flórida.

Não se sabe a razão desses movimentos, mas eles podem ter sido realizados para reabastecimento.

<><> E quanto aos aviões?

Os EUA também deslocaram caças F-35 para suas bases no Caribe e realizaram voos de bombardeiros e aeronaves de reconhecimento na região.

A BBC Verify usou dados de rastreamento de voos para identificar quatro aeronaves militares americanas voando próximas à Venezuela nos dias 20/11 e 21/11.

Um bombardeiro de longo alcance B-52 dos EUA apareceu brevemente no site de rastreamento Flightradar24 ao largo da Guiana — país vizinho a leste da Venezuela — por volta das 19h45 (horário local) de 20/11.

Os dados mostram que o bombardeiro, com indicativo TIMEX11, partiu do estado americano de Dakota do Norte naquela tarde e retornou na manhã seguinte.

Uma aeronave de vigilância da Força Aérea dos EUA — indicativo ALBUS39 — surgiu nos dados de rastreamento de voos pouco após as 18h (horário local) de 20/11, voando por cerca de duas horas perto da costa leste da Venezuela.

Em horário semelhante, um caça Super Hornet da Marinha dos EUA — indicativo FELIX11 — foi visto circulando ao largo da costa oeste.

Além disso, um avião-tanque de reabastecimento da Força Aérea dos EUA — indicativo PYRO33 — estava sobre o sul do Caribe por volta das 21h30 (horário local) de 21/11. Em seguida, deixou de transmitir sua posição até ser observado mais tarde seguindo rumo noroeste.

Em outubro, três bombardeiros B-52 decolaram de uma base aérea na Louisiana e sobrevoaram ao largo da costa da Venezuela antes de retornar, segundo dados de rastreamento de voos do FlightRadar24.

No mês passado, os dados de rastreamento mostraram que várias aeronaves de reconhecimento P-8 Poseidon voaram rumo ao sul sobre o Caribe a partir de uma base naval dos EUA na Flórida.

Especialistas afirmam que esses voos indicam que os EUA buscam obter inteligência militar na região.

"Observamos atividade de P-8A em todo o mundo, em qualquer lugar em que a Marinha americana tenha interesse em reforçar sua consciência do domínio marítimo", diz Henry Ziemer, especialista para as Américas no Centro de Estudos Internacionais e Estratégicos (CSIS, na sigla em inglês).

O presidente dos EUA, Donald Trump, também reconheceu ter autorizado a CIA (agência de inteligência americana) a conduzir ações secretas na Venezuela, embora o alcance dessas operações permaneça altamente sigiloso.

<><> Os EUA estão se preparando para atacar a Venezuela?

O aumento da presença militar americana gerou preocupações de que o país possa mirar diretamente a Venezuela ou tentar derrubar o governo socialista do presidente venezuelano, Nicolás Maduro.

"O nível das forças, e o fato de não estarem claramente voltadas para a simples interdição de drogas, levantou suspeitas de que os EUA podem estar caminhando para a guerra com a Venezuela", afirma Ziemer, do CSIS.

"Os riscos de escalada são significativos, mas acredito que, dentro da administração Trump, ainda há debate considerável sobre os próximos passos", acrescenta.

Questionado se os EUA iriam à guerra contra a Venezuela, Trump disse ao programa 60 minutes da CBS em 3 de novembro: "Duvido… Mas eles têm nos tratado muito mal".

No entanto, em 29/11, o presidente americano afirmou que o espaço aéreo acima e ao redor da Venezuela deveria ser considerado "totalmente fechado".

O governo venezuelano acusou os EUA de fomentar tensões na região com o objetivo de derrubar o governo. Em resposta, em novembro, declarou uma "mobilização massiva" de tropas, enviando 200 mil militares pelo país.

"No geral, acredito que a frequência de ataques a alvos no mar aumentará em breve, enquanto os EUA tentam decidir se podem atacar dentro da Venezuela", diz Ziemer.

<><> Quantos ataques aéreos contra barcos já ocorreram?

Desde o início de setembro, as forças americanas realizaram pelo menos 21 ataques separados em águas internacionais do Caribe e do Pacífico Oriental, segundo o parceiro da BBC nos EUA, CBS News.

No total, ao menos 83 pessoas foram mortas, de acordo com declarações de autoridades americanas.

Embora os EUA não tenham identificado publicamente os mortos, alegam que todos eram "narcoterroristas".

Uma investigação da agência de notícias americana Associated Press apontou que vários venezuelanos mortos nos ataques eram traficantes de baixo escalão, empurrados pela pobreza para a vida do crime, além de pelo menos um chefe local do crime organizado.

<><> Por que os EUA estão realizando ataques?

Trump e membros de seu governo justificaram os ataques como necessários para conter o fluxo de narcóticos da América Latina para os EUA.

Em comunicado, o secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, disse que a campanha — oficialmente chamada de Operação Southern Spear (Lança do Sul, em tradução livre) — tem o objetivo de eliminar "narcoterroristas de nosso hemisfério" e proteger os EUA das "drogas que estão matando nosso povo".

Em alguns casos, autoridades americanas afirmaram que os alvos estavam ligados à Tren de Aragua, uma gangue venezuelana designada como organização terrorista estrangeira pelo governo Trump no início do ano.

No entanto, poucas informações sobre os alvos ou sobre a quais organizações de tráfico de drogas pertenciam foram oficialmente divulgadas pelo Pentágono.

O governo Trump insiste que os ataques são legais, os justificando como medida necessária de autodefesa voltada a salvar vidas americanas.

Mas alguns especialistas jurídicos afirmam que os ataques podem ser ilegais e violar o direito internacional ao atingirem civis sem garantir o devido processo aos suspeitos.

 

Fonte: Diálogos do Sul Global/BBC News Mundo

 

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