A
quem decisão agradou e desagradou por Jair Bolsonaro impor o filho Flávio para
disputar a presidência?
O
senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) anunciou nesta sexta-feira (5/12) que foi
escolhido por seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), para disputar a
Presidência da República na próxima eleição, em 2026.
"É
com grande responsabilidade que confirmo a decisão da maior liderança política
e moral do Brasil, Jair Messias Bolsonaro, de me conferir a missão de dar
continuidade ao nosso projeto de nação", disse Flavio no X (antigo
Twitter).
A
escolha foi confirmada em nota assinada pelo presidente do PL, Valdemar Costa
Neto: "Flávio me disse que o nosso capitão confirmou sua pré-candidatura.
Então, se Bolsonaro falou, está falado!"
O
anúncio ocorre após semanas de desentendimentos entre membros da família
Bolsonaro e da oposição em torno de articulações para a próxima eleição e de
quem deve liderar a direita agora que o ex-presidente está preso.
Na
semana passada, num dos momentos em que esses desentendimentos ficaram mais
evidentes, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro criticou a negociação de uma
aliança entre seu partido, o PL, com o ex-governador Ciro Gomes (PSDB) para
disputar o governo do Ceará no ano que vem.
Em
evento em Fortaleza no domingo (30/11), Michelle fez ataques diretos a
dirigentes do PL, incluindo o presidente nacional do partido, Valdemar da Costa
Neto, e o presidente estadual, deputado federal André Fernandes — algo que
abriu uma crise com os filhos do ex-presidente e o comando do partido.
Segundo
Flávio Bolsonaro, porém, o ex-presidente deu aval ao PL do Ceará para negociar
o apoio do partido a Ciro.
Após o
anúncio da candidatura do filho de Jair, Michelle postou em suas redes sociais
nesta sexta-feira um texto desejando "sabedoria, força e graça" para
Flávio.
"Que
Deus te abençoe, @flaviobolsonaro, nesta nova missão pelo nosso amado Brasil.
Que o senhor te dê sabedoria, força e graça em cada passo, e que a mão d'Ele
conduza o teu caminho para o bem da nossa nação", escreveu a
ex-primeira-dama.
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Vigília e prisão
O
anúncio da pré-candidatura de Flávio ocorre duas semanas após o senador
convocar uma vigília em apoio ao pai nas proximidades da residência do
ex-presidente.
A
vigília foi apontada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre
de Moraes como um dos motivos para a decretação da prisão de Bolsonaro (até
então, ele estava em prisão domiciliar).
Outro
motivo, segundo Moraes, foi a violação da tornozeleira eletrônica pelo
ex-presidente.
Em
resposta, Flávio disse que decisão do ministro do STF "criminaliza o livre
exercício da crença".
"O
que está escrito aqui nessa sentença é que eu não posso orar pelo meu pai, que
eu não posso orar pelo meu país, que eu não posso pedir a um padre para rezar
um pai nosso em cima de um carro de som, porque isso seria um subterfúgio e uma
fuga do Bolsonaro", disse Flávio na ocasião.
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Reações divergentes
A
escolha de Flávio foi elogiada por alguns apoiadores do ex-presidente.
O
influenciador Paulo Figueiredo classificou o anúncio como uma "excelente
notícia".
"E,
na minha opinião, deve contar com enorme entusiasmo da base bolsonarista",
afirmou no X.
O ator
Mario Frias, que foi secretário da Cultura no governo Bolsonaro, também exaltou
a escolha.
"Flávio
sempre esteve na linha de frente, defendendo o Brasil, enfrentando
perseguições, ataques, injustiças e distorções simplesmente por carregar um
sobrenome que incomoda quem vive do sistema", o ator afirmou no X.
Mas, de
acordo com apuração do jornal O Globo, alguns integrantes do chamado Centrão
(grupo de partidos de direita e centro-direita que costumam apoiar diferentes
governos em troca de verbas e espaço na máquina pública) ficaram insatisfeitos
com a escolha de Jair Bolsonaro.
Isso
porque a aposta do grupo era no nome do governador de São Paulo, Tarcísio de
Freitas (Republicanos) — que, agora, consideram improvável seguir com os planos
de concorrer ao Planalto, pois isso iria de encontro à decisão de Jair
Bolsonaro, de quem o governador é próximo.
Fontes
do Centrão ouvidas pelo jornal carioca afirmaram que partidos como União
Brasil, PP, Republicanos e PSD não apoiarão Flávio e podem optar pela
neutralidade.
Sem
citar o nome do senador, Antonio Rueda, presidente do União Brasil, postou em
suas redes um texto após o anúncio sobre Flávio Bolsonaro.
Rueda
afirmou que ele e Ciro Nogueira, presidente dos Progressistas com quem
compartilha a presidência da Federação União Progressista, têm um
"compromisso com o Brasil que precisa avançar".
Algo
enigmático, o texto diz que "em 2026, não será a polarização que
construirá o futuro, mas a capacidade de unir forças em torno de um projeto
sério, responsável e voltado para os reais interesses do povo brasileiro".
"Nosso
caminho não é o do confronto estéril, mas o da construção. Vamos focar no
Brasil, nas pautas das nossas bancadas estaduais, no diálogo maduro entre
diferentes visões e na agenda que de fato transforme a vida das pessoas",
escreveu Rueda.
Alguns
analistas avaliaram que a escolha também foi mal recebida pelo mercado
financeiro — o que explicaria uma valorização do dólar e queda da bolsa
ocorridas após o anúncio.
Para o
economista André Perfeito, a decisão "implode possíveis alianças entre
centro e direita para o ano que vem".
Segundo
Perfeito, o mercado financeiro apoiava a candidatura de Tarcísio Freitas
(Republicanos) "para construir essas alianças e pavimentar a vitória da
direita em 2026".
"Mas
agora cabe avaliar se Flávio Bolsonaro consegue reunir esse amplo espectro
político", afirmou o economista em análise enviada à imprensa.
• "Deus te abençoe", diz
Michelle, após anúncio da candidatura de Flávio Bolsonaro
A
ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) declarou apoio à candidatura do
senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) à Presidência da República em 2026. A
informação foi publicada Folha de S.Paulo. Pelas redes sociais, Michelle
compartilhou a nota oficial do PL e enviou uma mensagem direta ao enteado,
pedindo bênçãos para a nova missão política. “Que Deus te abençoe Flávio
Bolsonaro, nesta nova missão pelo nosso amado Brasil. Que o Senhor te dê
sabedoria, força e graça em cada passo, e que a mão d'Ele conduza o teu caminho
para o bem da nossa nação”, escreveu.
O apoio
de Michelle veio poucas horas depois de Flávio anunciar que foi escolhido pelo
pai para disputar a Presidência em 2026. Em texto publicado nas redes sociais,
o senador declarou que não pretende ficar de “braços cruzados” e que recebeu de
Bolsonaro “a missão de dar continuidade ao nosso projeto de nação”.
Ele
também recorreu à linguagem religiosa ao comentar a pré-candidatura:
“Eu me
coloco diante de Deus e diante do Brasil para cumprir essa missão. E sei que
Ele irá à frente, abrindo portas, derrubando muralhas e guiando cada passo
dessa jornada”, afirmou.
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Crise familiar recente voltou ao centro do debate
A
manifestação de Michelle ocorre após uma semana marcada por tensões entre ela e
os filhos do ex-presidente. Flávio e os irmãos Eduardo, Carlos Bolsonaro e Jair
Renan protagonizaram uma disputa pública com a madrasta depois de ela criticar
o apoio do PL à candidatura de Ciro Gomes (PSDB) ao governo do Ceará.
Na
terça-feira (2), ao visitar o pai na Superintendência da Polícia Federal em
Brasília, Flávio afirmou ter pedido desculpas a Michelle e garantiu que o
episódio não se repetirá. Mais tarde, no mesmo dia, o senador disse que a
ex-primeira-dama integra “o núcleo duro” do PL.
• Flávio Bolsonaro abre negociação e pede
anistia para seu pai
O
senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), recém-lançado como pré-candidato à
Presidência em 2026, anunciou o início das negociações políticas em defesa de
uma anistia para seu pai, Jair Bolsonaro, condenado por tentativa de golpe de
Estado e atualmente preso. “Tomada a decisão ontem, hoje começo as negociações!
O primeiro gesto que eu peço a todas as lideranças políticas que se dizem
anti-Lula é aprovar a anistia ainda este ano!”, escreveu o parlamentar em sua
conta na rede X (antigo Twitter). “Espero não estar sendo radical por querer
anistia para inocentes. Temos só duas semanas, vamos unir a direita!”,
completou.
A
declaração de Flávio ocorre um dia após ele confirmar publicamente, em
entrevista ao site Metrópoles, que foi escolhido por Jair Bolsonaro para ser o
candidato do bolsonarismo à Presidência da República. “É com grande
responsabilidade que confirmo a decisão da maior liderança política e moral do
Brasil, Jair Messias Bolsonaro, de me conferir a missão de dar continuidade ao
nosso projeto de nação”, afirmou o senador.
O
anúncio provocou fortes reações no mercado financeiro. A notícia derrubou o
Ibovespa em mais de 4%, fez o dólar subir cerca de 3% e elevou as taxas dos DIs
em mais de 50 pontos-base. Investidores interpretaram a decisão como um golpe
nas chances de aliança entre centro e direita em torno de uma candidatura mais
moderada, como a do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos)
— considerado o favorito do mercado.
O
presidente do PL, Valdemar Costa Neto, confirmou à Reuters que foi informado
por Flávio sobre a escolha feita por Jair Bolsonaro. “Confirmado. Flávio me
disse que o nosso capitão ratificou sua candidatura. Bolsonaro falou, está
falado. Estamos juntos”, declarou.
Economistas
ouvidos pela agência afirmaram que a escolha “implodiu” possíveis composições
políticas entre a direita e o centro liberal. “Ainda é cedo para cravar, mas a
decisão ‘implode’ possíveis alianças entre centro e direita para o ano que vem.
O mercado apostava em Tarcísio para construir essas alianças e pavimentar a
vitória da direita em 2026, mas agora cabe avaliar se Flávio Bolsonaro consegue
reunir esse amplo espectro político”, disse André Perfeito, da Garantia
Capital.
Em
resposta às críticas, Flávio afirmou que seu programa econômico será
“previsível e elaborado por pessoas muito sérias” e que já conversou com
Tarcísio de Freitas, que teria manifestado apoio e respeito à sua candidatura.
A nova
ofensiva política do senador busca unir a direita em torno da anistia de Jair
Bolsonaro — movimento que marca o início de uma campanha voltada não apenas à
disputa eleitoral, mas também à tentativa de reabilitar judicialmente o
ex-presidente, que segue inelegível por decisão do Tribunal Superior Eleitoral
(TSE).
• Wajngarten diz que turma de Tarcísio
nunca respeitou Bolsonaro
O
advogado e assessor de Jair Bolsonaro, Fábio Wajngarten, elevou o tom contra
auxiliares próximos do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas
(Republicanos), após a confirmação de que Flávio Bolsonaro (PL-RJ) será o
candidato do bolsonarismo à Presidência em 2026. Em publicação nas redes
sociais, Wajngarten afirmou que integrantes do Palácio dos Bandeirantes “nunca
respeitaram” e “nunca valorizaram” Jair Bolsonaro, a quem atribui ser o
detentor do capital eleitoral da direita brasileira. As declarações surgiram
poucas horas depois do anúncio da pré-candidatura de Flávio, revelado
inicialmente pelo Metrópoles e confirmado pelos dirigentes do PL.
“Não
gostam, nunca respeitaram, nunca valorizaram quem tem os VOTOS”, escreveu
Wajngarten, citando o senador Flávio Bolsonaro e defendendo que Tarcísio
“corrija” e “expurgue” de sua equipe aqueles que teriam se manifestado contra a
escolha de Jair Bolsonaro. Segundo ele, “nessas 16 horas passadas desde o
anúncio [...] ficou evidente o enorme problema que habita no Palácio dos
Bandeirantes”.
As
críticas expõem o aumento da tensão interna no campo bolsonarista desde que
Flávio Bolsonaro confirmou publicamente, em entrevista ao Metrópoles, ter sido
escolhido pelo pai para disputar a Presidência. “É com grande responsabilidade
que confirmo a decisão da maior liderança política e moral do Brasil, Jair
Messias Bolsonaro, de me conferir a missão de dar continuidade ao nosso projeto
de nação”, declarou o senador.
A
confirmação do nome de Flávio provocou forte impacto no mercado financeiro
brasileiro. Como noticiou a Reuters, o anúncio fez o Ibovespa despencar mais de
4%, derrubou os preços dos títulos públicos e impulsionou o dólar, que subiu
mais de 3% em relação ao real. Analistas interpretaram a decisão como um revés
para a construção de uma frente ampla de centro e direita, que tinha Tarcísio
de Freitas como o candidato preferido do mercado.
Economistas
e agentes financeiros avaliam que Flávio Bolsonaro teria menos capacidade de
atrair o eleitorado de centro do que Tarcísio, o que dificultaria a tentativa
de derrotar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2026. “Ainda é cedo para
cravar, mas a decisão ‘implode’ possíveis alianças entre centro e direita para
o ano que vem”, afirmou André Perfeito, da Garantia Capital, à Reuters.
O
senador, por sua vez, disse saber que não era “a primeira opção de alguns”, mas
afirmou que seu programa econômico será previsível e elaborado por “pessoas
muito sérias”. Flávio também informou ter conversado com Tarcísio de Freitas,
que, segundo ele, demonstrou respeito e apoio à sua candidatura.
A
reação de Wajngarten, contudo, revela que a disputa interna no campo
bolsonarista está longe de um consenso. Com Jair Bolsonaro preso e inelegível
após condenação por tentativa de golpe de Estado, a definição do candidato para
2026 desencadeou um conflito que agora atinge diretamente o núcleo político do
governador de São Paulo.
• Flávio diz que Tarcísio aceita sua
candidatura e busca acalmar mercados
Em sua
primeira entrevista após ser escolhido por Jair Bolsonaro (PL) como candidato à
Presidência da República em 2026, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) afirmou
que sua indicação recebeu apoio imediato do governador de São Paulo, Tarcísio
de Freitas (Republicanos), e tentou tranquilizar o mercado financeiro, que
reagiu de forma agressiva ao anúncio.
A
reportagem foi publicada pelo Metrópoles, que conversou com o senador nesta
sexta-feira (5/12) no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, pouco antes de ele
embarcar para Brasília.
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Tarcísio oferece apoio total ao projeto de Flávio
Flávio
relatou que, pela manhã, esteve com Tarcísio no Palácio dos Bandeirantes. O
governador, até então considerado o nome preferido do setor financeiro e uma
possível candidatura presidencial no campo bolsonarista, teria demonstrado
plena concordância com a decisão de Jair Bolsonaro.
“Quando
eu conversei com ele [Tarcísio] para falar de como é que tinha sido tomada a
decisão com o presidente Bolsonaro, ele teve a postura que eu teria se fosse o
contrário, que eu teria se fosse o Tarcísio o indicado pelo presidente
Bolsonaro, de total apoio, de parceria, de respeito. E falou isso com todas as
letras”, afirmou o senador.
Segundo
Flávio, Tarcísio também lhe garantiu que poderia contar com seu apoio “para o
que der e vier”.
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Queda da Bolsa leva Flávio a tentar acalmar mercado
Após a
coluna de Paulo Cappelli revelar a escolha de Flávio como candidato de
Bolsonaro, a Bolsa de Valores (B3) despencou 4,31% nesta sexta-feira. A reação
evidenciou a preferência de parte dos investidores por Tarcísio, considerado
mais previsível pelo mercado.
Questionado
sobre o impacto negativo, Flávio buscou transmitir segurança: “Eu sei da
preferência de alguns do mercado, mas o que eu tenho que falar para todos é que
fiquem muito tranquilos. Porque certamente o programa econômico que a gente vai
propor para o nosso país vai ser exatamente aquilo que é melhor, não para o
mercado, melhor para o povo brasileiro, mas com muita previsibilidade, com
muita estabilidade e com pessoas muito sérias ao nosso lado no campo da
política”, declarou.
Em tom
crítico ao atual ministro da Economia, Fernando Haddad, que chamou de “Taxad”,
o senador completou: “O que virá, podem ter certeza, não é que menos pior, vai
ser muito melhor para a economia do nosso Brasil”.
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Continuidade do "legado" de Jair Bolsonaro
Flávio
afirmou ainda que sua candidatura representa a preservação do projeto político
do pai, que está preso na carceragem da Polícia Federal após condenação pelo
Supremo Tribunal Federal por tentativa de golpe de Estado.
“E ele
[Bolsonaro] tem a total confiança, o sangue do sangue dele, os mesmos
princípios. E agora está na parte de eu conversar com mais pessoas para que
todos entendam que, na verdade, é o projeto que vai ser vitorioso em 2026”,
disse.
Fonte:
BBC News Brasil/Brasil 247

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