Conservadorismo
cresce entre jovens: 52% da Geração Z é de direita
Um novo
levantamento da AtlasIntel, em parceria com a Bloomberg, indicou que 52% da
Geração Z — jovens nascidos entre meados da década de 1990 e o início dos anos
2010 — são de direita ou centro-direita.
Segundo
a pesquisa, divulgada nesta terça-feira (02/12), cenário similar é observado
entre os Millennials: 51% dos nascidos entre o início dos anos 1980 e meados da
década de 1990 têm um posicionamento ideológico mais conservador.
O
cenário se inverte nas gerações mais velhas. De acordo com os dados, 57% dos
Baby Boomers (nascidos entre 1946 e 1964) e 52% da Geração X (entre 1965 e
1980) se consideram de esquerda ou centro-esquerda.
“Combinando
as pessoas de todas as faixas etárias, 40% se consideram de
esquerda/centro-esquerda e 42% de direita/centro-direita”, apontou a empresa de
pesquisa.
A não
identificação com qualquer tipo de posicionamento ideológico se mantém similar
entre as faixas etárias. 12% da Geração Z e da Geração X não apresentam nenhuma
ideologia, 17% dos Baby Boomers e 20% dos Millennials.
O
levantamento também abordou a confiabilidade das gerações em terem mais
oportunidades econômicas do que seus antecessores. A maioria da Geração X, que
é de esquerda, também acredita que terá mais chances no tema (62%). Essa é a
faixa etária mais otimista no Brasil em relação ao assunto.
Os Baby
Boomers apresentam um dado mais equilibrado. Enquanto 41% acredita em mais
oportunidades econômicas, 45% é pessimista em relação ao tema.
Por
outro lado, 52% da Geração Z, cuja maioria é de direita, acredita em mais
oportunidades econômicas, contra 37% que não vê um bom cenário. Já na faixa
etária dos Millennials, que também apresenta viés conservador, 43% são
pessimistas quanto ao cenário econômico, contra 37% de otimistas.
Apesar
da realidade econômica que enfrentam, sem esperança quanto a oportunidades
econômicas, os Millennials ainda se identificam com a direita como pensamento
ideológico.
Na
população geral, 48% se declaram otimistas quanto às oportunidades econômicas,
contra 39% de pessimistas.
Contudo,
esses dados não se apresentam isolados na realidade. Ao se identificarem com a
direita e acreditarem que não terão oportunidades econômicas, 84% dos
Millennials são influenciados pela economia, custo de vida e emprego em seus
votos nas eleições.
A
economia se mantém como tema prioritário para todos os grupos: 66% para a
Geração Z, 71% para a Geração X e 88% para os Baby Boomers.
Em
segundo lugar, o assunto que mais influencia os votos das gerações são crime e
segurança: 56% para a Geração Z; 67% para os Millennials e 59% para os Baby
Boomers. A tendência só não é seguida pela Geração X, que se preocupa mais com
educação (59%) e menos com questão de segurança (39%).
Por
outro lado, questões ambientais preocupam mais as gerações antigas do que as
novas. 19% da Geração X e 18% dos Baby Boomers levam o tema em consideração nas
eleições. Já apenas 15% da Geração Z e 10% dos Millennials têm a mesma
preocupação.
Já em
questões culturais, como aborto e políticas para a população trans, a Geração Z
é a mais atenta (29%), contra 22% dos Millennials, 12% da Geração X e apenas 2%
dos Baby Boomers.
Temas
como política externa e imigração têm baixa relevância eleitoral para todas as
gerações, segundo a pesquisa.
A
pesquisa da AtlasIntel foi realizada entre a população adulta brasileira, com
5.510 respondentes por meio de Recrutamento digital aleatório (Atlas RDR) como
metodologia. O período de coleta das respostas foi entre 22 de novembro e 27 de
novembro.
• Como as alas jovens vêm agitando a
política partidária alemã
Jovens
barulhentos e rebeldes podem se tornar um problema. Neste mês de dezembro, o
chanceler federal alemão, Friedrich Merz, tem estado às voltas com uma ameaça
de rebelião da ala jovem de seu partido conservador, a União Democrata Cristã
(CDU), chamada Junge Union (JU), contra os planos do governo para reformar o
sistema previdenciário alemão.
Cerca
de 18 parlamentares da Junge Union ameaçaram se rebelar contra o pacote de
reformas com o argumento de que ele cede demais ao parceiro de coalizão de
Merz, o Partido Social-Democrata (SPD), de centro-esquerda, e impõe um fardo
enorme às gerações futuras. Como a coalizão de governo tem uma maioria
parlamentar de apenas 12 votos, a posição contrária da JU bastaria para
inviabilizar a reforma.
O
descontentamento com a reforma, que quer manter o nível atual da aposentadoria
em 48% dos vencimentos médios para além de 2031, já vinha se acumulando na
organização juvenil conservadora há algum tempo. Num encontro da JU em meados
de novembro, no qual Merz discursou, os jovens conservadores exigiram que a
liderança da CDU reavaliasse o plano.
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Persuasão ou intimidação?
O líder
da bancada conservadora, Jens Spahn, passou grande parte da semana passada
tentando conter a rebelião. Segundo a imprensa alemã, Spahn se reuniu com
vários parlamentares da JU em sua própria casa para comer pizza e beber vinho –
não se sabe se para persuadi-los ou ameaçá-los, pois os relatos variam.
"Eu
tenho conversas amigáveis e claras. Não faço ameaças. Isso não faz parte do meu
repertório", disse Spahn ao ser questionado numa entrevista à jornalista
Caren Miosga, da emissora pública ARD.
Spahn
também alertou publicamente que, se o governo perder a votação nesta
sexta-feira, as consequências poderão ser graves. "O resultado será que
tudo ficará paralisado por algum tempo: seguro-desemprego, imigração, política
energética", disse.
Mas
analistas políticos dizem que os líderes da CDU subestimaram o poder da JU e,
mais especificamente, o poder de mobilização da questão da previdência, que
afeta diretamente os jovens. "O erro de Friedrich Merz e Jens Spahn foi
reconhecer isso tarde demais", observa o consultor político Johannes
Hillje. "Eles demoraram demais para consultá-los. Poderiam ter amenizado o
conflito."
Afinal,
Merz havia prometido à JU que levaria em consideração as suas posições.
"No fim das contas, é uma questão de gestão política e habilidade
governamental, de considerar seus diversos parceiros, e acho que Merz não fez
isso", diz Hillje.
A atual
situação de confronto é algo relativamente novo e em parte consequência do
envelhecimento da população alemã e de um eleitorado cada vez mais velho.
"Há uma tendência entre os antigos grandes partidos, o SPD e a CDU, de se
voltarem para os eleitores mais velhos", explica Hillje. "E isso
automaticamente torna as posições das organizações juvenis um pouco mais
conflituosas."
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Jovens e provocadores
Todos
os grandes partidos políticos da Alemanha têm uma organização juvenil que é
oficialmente parte do partido, criada para fomentar o engajamento político
entre as gerações mais jovens e revelar futuras lideranças do país.
As
idades limites variam de um partido para o outro: entre 14 e 35 anos para a JU
e a organização juvenil do SPD, a Jusos (ou Jovens Socialistas). Os membros da
Grüne Jugend, do Partido Verde, não devem ter mais de 28 anos.
Muitas
dessas organizações têm um número significativo de membros: a JU, a Jusos e a
organização juvenil do partido A Esquerda têm bem mais de 70 mil membros cada.
Muitos
políticos do alto escalão na Alemanha, por exemplo os ex-chanceleres federais
Gerhard Schröder e Olaf Scholz, começaram suas carreiras políticas nas
organizações juvenis de seus partidos. Schröder se destacou no final da década
de 1970 como líder dos Jusos. Scholz foi vice-presidente de 1982 a 1988.
A
juventude do SPD é conhecida por demonstrar sua força política: ao se tornar
líder dos Jusos, em 2017, Kevin Kühnert irritou a liderança partidária ao
exigir abertamente que seu partido se recusasse a participar de outra
"grande coalizão" com a CDU sob a liderança da então chanceler
federal Angela Merkel.
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Mais focadas em princípios
Em
contraste, a JU costuma ser bastante obediente à CDU, de acordo com o cientista
político Uwe Jun, da Universidade de Trier. "A autoconfiança não era tão
forte na Junge Union como vemos agora", diz Jun. "Em geral, podemos
dizer que as organizações juvenis se tornaram mais autoconfiantes. Elas querem
ver seus pontos de vista representados com mais força na política."
Problemas
com as alas jovens têm surgido em outros setores do espectro político nas
últimas semanas. Luis Bobga, co-líder da Grüne Jugend, do Partido Verde,
criticou abertamente o seu partido ao declarar ao jornal Süddeutsche Zeitung na
semana passada que "os verdes não são corajosos o suficiente". Bobga
estava particularmente frustrado com o fato de os verdes não terem sido mais
incisivos no recente debate sobre as declarações de Merz a respeito da
imigração.
"Muitas
pessoas já não sabem mais muito bem o que os verdes defendem", disse o
recém-eleito co-líder, de 23 anos. "Precisamos entrar na próxima eleição
nacional com posições claras."
Ele
ecoa o que parece ser o papel que as organizações políticas juvenis da Alemanha
se dão: o de impulsionar seus partidos a serem mais corajosos – ou mais
dogmáticos.
"Eles
são mais focados em princípios, são menos pragmáticos e representam as posições
mais radicais no espectro de seus respectivos partidos", diz Jun.
"Eles
são como a força motriz dos partidos", acrescenta Hillje. "Às vezes
isso funciona bem, às vezes não. Não se pode ir longe demais quando se lidera a
organização juvenil."
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Controvérsia na ala jovem da AfD
A mais
recente das organizações políticas juvenis, a Geração Alemanha (GD), do partido
de ultradireita Alternativa para a Alemanha (AfD), poderá testar esse último
argumento nos próximos meses.
A GD
foi fundada no fim de semana passada na cidade de Giessen, em meio a protestos
ocasionalmente violentos de movimentos de esquerda. O seu recém-eleito líder,
Jean-Pascal Hohm, de 28 anos, e os demais membros colocaram deportações em
massa da Alemanha no centro de sua plataforma política.
A
fundação da GD não se deu sem controvérsia: muitos dos novos membros da GD
estão envolvidos com o movimento identitário, de extrema direita, e o próprio
Hohm foi classificado como extremista de direita pelo serviço secreto interno
do seu estado natal, Brandemburgo.
"Queremos
ser um campo de treinamento para os futuros líderes do partido", disse
Hohm no encontro do fim de semana passado. "Queremos desenvolver os
ocupantes de cargos, os representantes eleitos e, esperamos, também os futuros
membros do governo."
A
Geração Alemanha terá uma ligação muito mais estreita com a AfD do que sua
organização predecessora, a Alternativa Jovem (JA), que foi classificada como
uma organização extremista de direita e dissolvida no início do ano.
A JA,
como associação independente, tinha apenas uma ligação tênue com a AfD. Seus
membros, com exceção da diretoria, não precisavam ser filiados ao partido e
atuavam de forma amplamente independente. Assim, a AfD tinha pouca influência
sobre a conduta da JA, o que frequentemente prejudicava a imagem do partido em
caso de incidentes extremos.
Fonte
Opera Mundi/DW Brasil

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