sábado, 6 de dezembro de 2025

Conservadorismo cresce entre jovens: 52% da Geração Z é de direita

Um novo levantamento da AtlasIntel, em parceria com a Bloomberg, indicou que 52% da Geração Z — jovens nascidos entre meados da década de 1990 e o início dos anos 2010 — são de direita ou centro-direita.

Segundo a pesquisa, divulgada nesta terça-feira (02/12), cenário similar é observado entre os Millennials: 51% dos nascidos entre o início dos anos 1980 e meados da década de 1990 têm um posicionamento ideológico mais conservador.

O cenário se inverte nas gerações mais velhas. De acordo com os dados, 57% dos Baby Boomers (nascidos entre 1946 e 1964) e 52% da Geração X (entre 1965 e 1980) se consideram de esquerda ou centro-esquerda.

“Combinando as pessoas de todas as faixas etárias, 40% se consideram de esquerda/centro-esquerda e 42% de direita/centro-direita”, apontou a empresa de pesquisa.

A não identificação com qualquer tipo de posicionamento ideológico se mantém similar entre as faixas etárias. 12% da Geração Z e da Geração X não apresentam nenhuma ideologia, 17% dos Baby Boomers e 20% dos Millennials.

O levantamento também abordou a confiabilidade das gerações em terem mais oportunidades econômicas do que seus antecessores. A maioria da Geração X, que é de esquerda, também acredita que terá mais chances no tema (62%). Essa é a faixa etária mais otimista no Brasil em relação ao assunto.

Os Baby Boomers apresentam um dado mais equilibrado. Enquanto 41% acredita em mais oportunidades econômicas, 45% é pessimista em relação ao tema.

Por outro lado, 52% da Geração Z, cuja maioria é de direita, acredita em mais oportunidades econômicas, contra 37% que não vê um bom cenário. Já na faixa etária dos Millennials, que também apresenta viés conservador, 43% são pessimistas quanto ao cenário econômico, contra 37% de otimistas.

Apesar da realidade econômica que enfrentam, sem esperança quanto a oportunidades econômicas, os Millennials ainda se identificam com a direita como pensamento ideológico.

Na população geral, 48% se declaram otimistas quanto às oportunidades econômicas, contra 39% de pessimistas.

Contudo, esses dados não se apresentam isolados na realidade. Ao se identificarem com a direita e acreditarem que não terão oportunidades econômicas, 84% dos Millennials são influenciados pela economia, custo de vida e emprego em seus votos nas eleições.

A economia se mantém como tema prioritário para todos os grupos: 66% para a Geração Z, 71% para a Geração X e 88% para os Baby Boomers.

Em segundo lugar, o assunto que mais influencia os votos das gerações são crime e segurança: 56% para a Geração Z; 67% para os Millennials e 59% para os Baby Boomers. A tendência só não é seguida pela Geração X, que se preocupa mais com educação (59%) e menos com questão de segurança (39%).

Por outro lado, questões ambientais preocupam mais as gerações antigas do que as novas. 19% da Geração X e 18% dos Baby Boomers levam o tema em consideração nas eleições. Já apenas 15% da Geração Z e 10% dos Millennials têm a mesma preocupação.

Já em questões culturais, como aborto e políticas para a população trans, a Geração Z é a mais atenta (29%), contra 22% dos Millennials, 12% da Geração X e apenas 2% dos Baby Boomers.

Temas como política externa e imigração têm baixa relevância eleitoral para todas as gerações, segundo a pesquisa.

A pesquisa da AtlasIntel foi realizada entre a população adulta brasileira, com 5.510 respondentes por meio de Recrutamento digital aleatório (Atlas RDR) como metodologia. O período de coleta das respostas foi entre 22 de novembro e 27 de novembro.

•        Como as alas jovens vêm agitando a política partidária alemã

Jovens barulhentos e rebeldes podem se tornar um problema. Neste mês de dezembro, o chanceler federal alemão, Friedrich Merz, tem estado às voltas com uma ameaça de rebelião da ala jovem de seu partido conservador, a União Democrata Cristã (CDU), chamada Junge Union (JU), contra os planos do governo para reformar o sistema previdenciário alemão.

Cerca de 18 parlamentares da Junge Union ameaçaram se rebelar contra o pacote de reformas com o argumento de que ele cede demais ao parceiro de coalizão de Merz, o Partido Social-Democrata (SPD), de centro-esquerda, e impõe um fardo enorme às gerações futuras. Como a coalizão de governo tem uma maioria parlamentar de apenas 12 votos, a posição contrária da JU bastaria para inviabilizar a reforma.

O descontentamento com a reforma, que quer manter o nível atual da aposentadoria em 48% dos vencimentos médios para além de 2031, já vinha se acumulando na organização juvenil conservadora há algum tempo. Num encontro da JU em meados de novembro, no qual Merz discursou, os jovens conservadores exigiram que a liderança da CDU reavaliasse o plano.

<><> Persuasão ou intimidação?

O líder da bancada conservadora, Jens Spahn, passou grande parte da semana passada tentando conter a rebelião. Segundo a imprensa alemã, Spahn se reuniu com vários parlamentares da JU em sua própria casa para comer pizza e beber vinho – não se sabe se para persuadi-los ou ameaçá-los, pois os relatos variam.

"Eu tenho conversas amigáveis e claras. Não faço ameaças. Isso não faz parte do meu repertório", disse Spahn ao ser questionado numa entrevista à jornalista Caren Miosga, da emissora pública ARD.

Spahn também alertou publicamente que, se o governo perder a votação nesta sexta-feira, as consequências poderão ser graves. "O resultado será que tudo ficará paralisado por algum tempo: seguro-desemprego, imigração, política energética", disse.

Mas analistas políticos dizem que os líderes da CDU subestimaram o poder da JU e, mais especificamente, o poder de mobilização da questão da previdência, que afeta diretamente os jovens. "O erro de Friedrich Merz e Jens Spahn foi reconhecer isso tarde demais", observa o consultor político Johannes Hillje. "Eles demoraram demais para consultá-los. Poderiam ter amenizado o conflito."

Afinal, Merz havia prometido à JU que levaria em consideração as suas posições. "No fim das contas, é uma questão de gestão política e habilidade governamental, de considerar seus diversos parceiros, e acho que Merz não fez isso", diz Hillje.

A atual situação de confronto é algo relativamente novo e em parte consequência do envelhecimento da população alemã e de um eleitorado cada vez mais velho. "Há uma tendência entre os antigos grandes partidos, o SPD e a CDU, de se voltarem para os eleitores mais velhos", explica Hillje. "E isso automaticamente torna as posições das organizações juvenis um pouco mais conflituosas."

<><> Jovens e provocadores

Todos os grandes partidos políticos da Alemanha têm uma organização juvenil que é oficialmente parte do partido, criada para fomentar o engajamento político entre as gerações mais jovens e revelar futuras lideranças do país.

As idades limites variam de um partido para o outro: entre 14 e 35 anos para a JU e a organização juvenil do SPD, a Jusos (ou Jovens Socialistas). Os membros da Grüne Jugend, do Partido Verde, não devem ter mais de 28 anos.

Muitas dessas organizações têm um número significativo de membros: a JU, a Jusos e a organização juvenil do partido A Esquerda têm bem mais de 70 mil membros cada.

Muitos políticos do alto escalão na Alemanha, por exemplo os ex-chanceleres federais Gerhard Schröder e Olaf Scholz, começaram suas carreiras políticas nas organizações juvenis de seus partidos. Schröder se destacou no final da década de 1970 como líder dos Jusos. Scholz foi vice-presidente de 1982 a 1988.

A juventude do SPD é conhecida por demonstrar sua força política: ao se tornar líder dos Jusos, em 2017, Kevin Kühnert irritou a liderança partidária ao exigir abertamente que seu partido se recusasse a participar de outra "grande coalizão" com a CDU sob a liderança da então chanceler federal Angela Merkel.

<><> Mais focadas em princípios

Em contraste, a JU costuma ser bastante obediente à CDU, de acordo com o cientista político Uwe Jun, da Universidade de Trier. "A autoconfiança não era tão forte na Junge Union como vemos agora", diz Jun. "Em geral, podemos dizer que as organizações juvenis se tornaram mais autoconfiantes. Elas querem ver seus pontos de vista representados com mais força na política."

Problemas com as alas jovens têm surgido em outros setores do espectro político nas últimas semanas. Luis Bobga, co-líder da Grüne Jugend, do Partido Verde, criticou abertamente o seu partido ao declarar ao jornal Süddeutsche Zeitung na semana passada que "os verdes não são corajosos o suficiente". Bobga estava particularmente frustrado com o fato de os verdes não terem sido mais incisivos no recente debate sobre as declarações de Merz a respeito da imigração.

"Muitas pessoas já não sabem mais muito bem o que os verdes defendem", disse o recém-eleito co-líder, de 23 anos. "Precisamos entrar na próxima eleição nacional com posições claras."

Ele ecoa o que parece ser o papel que as organizações políticas juvenis da Alemanha se dão: o de impulsionar seus partidos a serem mais corajosos – ou mais dogmáticos.

"Eles são mais focados em princípios, são menos pragmáticos e representam as posições mais radicais no espectro de seus respectivos partidos", diz Jun.

"Eles são como a força motriz dos partidos", acrescenta Hillje. "Às vezes isso funciona bem, às vezes não. Não se pode ir longe demais quando se lidera a organização juvenil."

<><> Controvérsia na ala jovem da AfD

A mais recente das organizações políticas juvenis, a Geração Alemanha (GD), do partido de ultradireita Alternativa para a Alemanha (AfD), poderá testar esse último argumento nos próximos meses.

A GD foi fundada no fim de semana passada na cidade de Giessen, em meio a protestos ocasionalmente violentos de movimentos de esquerda. O seu recém-eleito líder, Jean-Pascal Hohm, de 28 anos, e os demais membros colocaram deportações em massa da Alemanha no centro de sua plataforma política.

A fundação da GD não se deu sem controvérsia: muitos dos novos membros da GD estão envolvidos com o movimento identitário, de extrema direita, e o próprio Hohm foi classificado como extremista de direita pelo serviço secreto interno do seu estado natal, Brandemburgo.

"Queremos ser um campo de treinamento para os futuros líderes do partido", disse Hohm no encontro do fim de semana passado. "Queremos desenvolver os ocupantes de cargos, os representantes eleitos e, esperamos, também os futuros membros do governo."

A Geração Alemanha terá uma ligação muito mais estreita com a AfD do que sua organização predecessora, a Alternativa Jovem (JA), que foi classificada como uma organização extremista de direita e dissolvida no início do ano.

A JA, como associação independente, tinha apenas uma ligação tênue com a AfD. Seus membros, com exceção da diretoria, não precisavam ser filiados ao partido e atuavam de forma amplamente independente. Assim, a AfD tinha pouca influência sobre a conduta da JA, o que frequentemente prejudicava a imagem do partido em caso de incidentes extremos.

 

Fonte Opera Mundi/DW Brasil

 

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