sábado, 6 de dezembro de 2025

Colômbia, Venezuela, Somália: o mapa de ataques de um regime fraturado e delirante

O presidente Donald Trump reiterou sua ameaça de lançar ataques militares contra qualquer país que envie drogas aos Estados Unidos, defendeu o bombardeio de embarcações que acusa de transportar drogas no Caribe e disse prever que o presidente da Venezuela Nicolás Maduro em breve abandonará seu país.

Ao convocar uma reunião de seu gabinete — marcado nesta presidência sobretudo por espetáculos midiáticos —, Trump falou primeiro diante das câmeras por quase 40 minutos. Depois, cedeu a palavra aos integrantes de seu governo, que se autodeclararam como “o gabinete mais inteligente na história do país”, a serviço “do melhor presidente da história”. Enquanto falavam e ofereciam os devidos elogios ao seu chefe — numa espécie de disputa sobre a melhor mensagem laudatória —, o presidente sorria, interrompia e às vezes fechava os olhos.

A reunião se converteu, ao final, em uma coletiva de imprensa, e foi então que lhe perguntaram sobre os ataques contra embarcações que, segundo ele, transportam drogas ilícitas no Caribe e no Pacífico. O mandatário repetiu sua já contestada afirmação de que cada barco afundado salva a vida de 25 mil usuários, e insistiu que a taxa de mortalidade por drogas está caindo nos Estados Unidos, sem oferecer evidências disso.

“Esses números baixaram porque estamos fazendo esses ataques, e vamos começar a fazer esses ataques em terra. Em terra é muito mais fácil, sabemos as rotas que tomam, sabemos tudo sobre eles, sabemos onde vivem”, repetiu. “Vamos tirar esses filhos da puta”. E acrescentou: “Me dizem que a Colômbia está fazendo cocaína, têm plantas de manufatura de cocaína… Quem quer que esteja fazendo isso e vendendo ao nosso país está sujeito a ataque. Não só a Venezuela.”

Vários jornalistas perguntaram sobre um segundo ataque contra uma embarcação destruída em 2 de setembro, que legisladores de ambos os partidos indicaram poder ter sido um crime de guerra, já que visou matar sobreviventes do primeiro ataque. O comandante-chefe e seu secretário de Guerra, Pete Hegseth, disseram que a decisão do segundo ataque foi de um almirante da Marinha, a quem defenderam — embora alguns observadores concluíssem que, com essa versão, estavam defendendo o próprio Hegseth [mais detalhes a seguir].

Ao final, quando o presidente se levantou para sair da sala, um jornalista perguntou se “Maduro havia oferecido ir embora”. Trump apenas respondeu: “Ele o fará.”

<><> Delírios fiscais e ataques à Somália

Todos esses comentários, no entanto, foram apenas uma pequena parte do espetáculo de mais de duas horas na Casa Branca, evento que serviu sobretudo para que Trump recebesse publicamente os elogios de seus subordinados. Quando o secretário do Tesouro reportou sobre as receitas que o governo estadunidense estava recebendo com tarifas e de empresas que ofereceram ações de seus negócios ao governo federal, Trump sugeriu que talvez essas receitas lhe permitissem eliminar os impostos federais nos Estados Unidos. Ninguém na sala se atreveu a mencionar que a dívida nacional dos EUA, que atualmente supera 38 trilhões de dólares, torna pouco provável que esse sonho se realize nos próximos 100 anos.

Como costuma ocorrer nessas reuniões públicas, faltam fatos nas afirmações oficiais. Trump insistiu que mais de 200 mil pessoas haviam morrido por overdose de drogas no último ano, apesar de o número oficial ser metade disso. Sua secretária de Segurança Interna afirmou que 2 milhões de imigrantes indocumentados deixaram o país desde que Trump chegou à Casa Branca, mas não há nada nem ninguém que confirme tal “conquista”. Hegseth afirmou, sem apresentar evidências, que o narcotráfico marítimo caiu 91%.

A reunião do gabinete foi encerrada com um ataque verbal contra imigrantes, desta vez os da Somália, a quem Trump chamou de “lixo”. Respondendo a perguntas sobre um escândalo de fraude e abuso do sistema de serviços sociais em Minnesota, no qual estão envolvidos alguns indivíduos da ampla comunidade somali nesse estado, Trump disse que o governador democrata (e candidato à vice-presidência na última eleição), Tim Walz, deveria renunciar, e atacou a deputada democrata progressista e refugiada somali Ilhan Omar (embora nenhum dos dois tenha relação com o escândalo). Os imigrantes da Somália “não contribuem com nada. Não os quero em nosso país… O país deles não é bom por alguma razão, o país deles fede, e não os queremos no nosso país”, declarou o republicano, disparando mais críticas à deputada: “Omar é lixo… seus amigos são lixo.”

<><> Mil dólares para bebês

Depois da reunião de seu gabinete, Trump ofereceu outra coletiva para anunciar uma nova iniciativa: todas as crianças nascidas entre 2025 e 2028 receberão um presente do presidente e do Congresso — um depósito de mil dólares em uma “Conta Trump”. Os fundos iniciais para essas contas provêm de um aporte de 6 bilhões de dólares oferecido por Michael Dell, fundador da Dell Computers, e sua esposa.

Nenhum jornalista conseguiu perguntar se essa iniciativa fazia parte de um plano para privatizar os benefícios de aposentadoria do Seguro Social, nem quem lucraria com a administração dessas contas de investimento.

Trump não poderia deixar de criticar e se queixar contra a imprensa. Assim, comentou que quase todos os dias responde a perguntas “idiotas” dos veículos. Sua Casa Branca recém-lançou um “Portal de Infratores da Mídia” para “combater mentiras sem base, contextos omitidos propositalmente e a loucura esquerdista da Mídia de Fake News”, solicitando agora que o público ajude enviando notas de notícias consideradas falsas para publicar no site [https://www.whitehouse.gov/mediabias/].

Fora da Casa Branca, continuou a incessante guerra cultural. A megastar pop Sabrina Carpenter exigiu que a Casa Branca deixe de usar sua música em vídeos que celebram operações antimigratórias do governo nas redes sociais. Carpenter respondeu à conta no X onde a Casa Branca usou parte de sua canção Juno em um vídeo no qual agentes de migração prendem latinos, afirmando que o “vídeo é malévolo e repugnante”. “Nunca me envolvam, nem à minha música, para beneficiar sua agenda desumana”, acrescentou. Uma porta-voz da Casa Branca respondeu, segundo o Washington Post, declarando que “não vamos nos desculpar por deportar assassinos, estupradores e pedófilos perigosos de nosso país — qualquer pessoa que defenda esses monstros doentes tem que ser estúpida…”.

Afinal de contas, diz Trump, este é o governo mais inteligente.

<><> Ataque contra a Venezuela: os planos e as especulações 

Na segunda-feira (1º), Trump convocou seu gabinete de segurança nacional para discutir os próximos passos de sua campanha para promover a mudança de regime na Venezuela.

Para a mídia, a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, continuou a enquadrar a campanha contra a Venezuela como um esforço para evitar que drogas ilícitas cheguem aos Estados Unidos. Porém, no último final de semana, quando questionado sobre a decisão do mandatário de “fechar” o espaço aéreo da Venezuela, ou sobre versões divulgadas pelo Miami Herald de que Trump teria dito ao presidente Nicolás Maduro, em uma ligação telefônica, que ele tinha que renunciar e se exilar, o governo estadunidense não respondeu às perguntas.

Já na segunda-feira (1º), um repórter perguntou se o presidente pensa em mobilizar tropas estadunidenses em território venezuelano, e Leavitt respondeu: “Há várias opções à disposição do mandatário estadunidense que estão sobre a mesa”.

Enquanto isso, porém, a Casa Branca enfrenta crescentes preocupações entre seus aliados políticos conservadores sobre a legalidade e os propósitos das operações militares no Caribe. A deputada direitista Marjorie Taylor Greene foi muito direta ao expressar a opinião das correntes da base de Trump, escrevendo em um post no X: “Se dedique a consertar o seguro médico [nos EUA], não à mudança de regime na Venezuela.”

<><> Crime de guerra no Caribe espanta republicanos

Ainda no último final de semana, vários legisladores republicanos expressaram publicamente inquietação quanto a reportagens noticiando que, no início de setembro, após forças estadunidenses atacarem uma embarcação que supostamente transportava drogas no Caribe, o secretário de Guerra, Pete Hegseth, ordenou um segundo bombardeio para matar os sobreviventes do primeiro ataque.

“Se de fato, como se alega, houve um segundo ataque especificamente para matar os sobreviventes nas águas, isso não é nada menos que um crime de guerra; é também um assassinato”, acusou o senador independente Angus King. “Concordo, isso seria um ato ilegal”, afirmou o deputado republicano Mike Turner, presidente do poderoso Comitê de Forças Armadas da Câmara.

Na segunda-feira (1º), a porta-voz Leavitt confirmou que houve, sim, o segundo ataque contra a embarcação, mas negou que a ação tenha violado as regras de guerra e insistiu que Hegseth agiu de maneira legal. “Se narcoterroristas traficam drogas ilícitas para os Estados Unidos, ele tem autoridade para matá-los”, disse a jornalistas.

Quando um jornalista assinalou que o Manual de Guerra da Marinha dos Estados Unidos indica explicitamente que abrir fogo contra sobreviventes de uma embarcação danificada é um exemplo de crime de guerra proibido pela lei estadunidense e pelas normas de conflitos armados, Leavitt apenas repetiu: “O ataque foi realizado em águas internacionais e de acordo com as leis de conflito armado.”

<><> Indulto a narcotraficante de Honduras

Também alimentou as expressões de preocupação de alguns conservadores a decisão de Trump de indultar e libertar o ex-presidente hondurenho Juan Orlando Hernández — declarado culpado em 2024 por participar do tráfico de centenas de toneladas de cocaína aos Estados Unidos.

Questionado no fim de semana sobre as razões do indulto, Trump respondeu: “Você pode tomar o exemplo de qualquer país: se alguém vende drogas nesse território, isso não significa que o presidente será preso e encarcerado pelo resto da vida”.

A explicação apenas provocou novas perguntas sobre uma aparente dupla moral. O senador republicano Bill Cassidy afirmou no domingo (2): “Por que indultaríamos [Hernández] e, por outro lado, perseguimos Nicolás Maduro por traficar drogas aos Estados Unidos?”

<><> Pressões por ataques contra a Venezuela

A facção política ao redor de Trump que promove a mudança de regime na Venezuela segue impulsionando o tema, inclusive por meio de sua maquinaria publicitária. Na segunda-feira (1º), o editorial do Wall Street Journal advertiu: “Se Maduro se recusa a ir embora e Trump evita agir para derrubá-lo, o presidente e a credibilidade dos Estados Unidos serão os perdedores”. E o texto acrescenta: “Pensamos que depor Maduro está no interesse nacional dos Estados Unidos, dado como ele espalhou refugiados e caos na região”, especificou o texto.

A máquina política de Miami também está se preparando para a mudança de regime. Vários meios estadunidenses citam republicanos no sul da Flórida que pressionam por uma ação militar contra a Venezuela. Dentro do governo Trump, o maior promotor da intervenção é o secretário de Estado, Marco Rubio, oriundo da comunidade cubano-estadunidense de Miami.

“Rubio espera que a campanha de pressão do governo Trump contra a Venezuela quebre a vontade de Maduro de permanecer no poder”, informou o Politico recentemente. “Mas, se o esforço fracassar, isso poderá prejudicar as possibilidades presidenciais de Rubio — ao afetar seu apoio entre eleitores-chave, especialmente em seu estado, a Flórida.”

Permanece uma incógnita: quais facções e correntes estão vencendo a disputa para persuadir o comandante-chefe sobre como e quando proceder nesse assunto? Por ora, e talvez propositalmente, tudo está em suspenso — e os profissionais da especulação seguem com seu jogo de apostas.

<><> Resistência às rondas anti-imigrantes

Três apitos curtos e seguidos alertam que há presença da migração, enquanto três longos significam que os agentes já estão detendo pessoas. Esses sons se ouvem em Nova York, Chicago, Charlotte e Los Angeles, onde bairros inteiros e moradores se organizam em comitês de proteção de imigrantes. Os apitos já são símbolos de resistência à grande ofensiva desatada pelo governo de Trump contra estrangeiros sem residência.

Estudantes de ensino médio realizaram uma paralisação escolar em Charlotte, na Carolina do Norte, saindo às ruas para denunciar as rondas de agentes de migração federais que se mobilizaram na cidade nos últimos dias. Isso foi seguido por outra paralisação pelos direitos dos imigrantes em Durham, em 21 de novembro.

No fim de novembro, uma marcha de milhares em ambas as cidades exigiu, em inglês e espanhol, a defesa dos imigrantes. Com as janelas abertas de um ônibus escolar de crianças do ensino fundamental, ouviam-se gritos de apoio a um plantão de adultos contra a migração. De repente, surgiram bandeiras mexicanas, as quais, somadas às de outros países latino-americanos, se configuraram em um desafio explícito à narrativa oficial de “defesa da pátria” diante de “invasores criminosos” e da consigna “America [Estados Unidos] primeiro”.

<><> Monitoramento da atividade dos agentes

Em Charlotte, onde no fim de novembro foi realizada uma operação antimigrante federal, os agentes foram recebidos com marchas, condenações e milhares de voluntários que se capacitaram para monitorar as atividades do Serviço de Imigração e Controle de Aduanas (ICE, na sigla em inglês), organizando brigadas para escoltar os filhos de pessoas indocumentadas até suas escolas ou conseguir alimentos e medicamentos para quem teme sair de casa — algo que ocorre em outras cidades.

A recepção aos agentes federais também incluiu o esvaziamento dos pneus de seus veículos, além de comércios — de padarias e mercearias a restaurantes — que declaram estar fechados para os federais.

Como tem ocorrido ao redor do país, além das ações de proteção de vizinhança, os agentes têm sido confrontados por cidadãos estadunidenses que às vezes bloqueiam a passagem dos veículos, aos gritos de “vergonha!”, questionando a moralidade de uniformizados que “caçam” inocentes.

Expressões de solidariedade entre indivíduos se repetem diariamente. Em Chicago e Los Angeles, entre outras cidades, moradores compraram todos os produtos de uma vendedora ambulante — frutas, tamales, pães — para que ela pudesse voltar para casa e não ficasse exposta nas ruas. Há também vizinhos que fazem compras para quem não tem documentos e teme sair até a esquina.

Por todo o país, surgem brigadas de proteção de vizinhança, enquanto incontáveis organizações de imigrantes e seus defensores realizam campanhas massivas de educação sobre direitos legais e humanos para estrangeiros, e dão orientações de como agir diante de agentes federais, incluindo o direito de não permitir a entrada em comércios e residências ou abrir a porta de veículos se não houver ordem judicial.

Centenas de voluntários compareceram a uma sessão de quatro horas em Manhattan, em 21 de novembro, para treinamento na defesa de seus bairros. Essas reuniões se multiplicam pelo país, ensinando como se organizar, medidas não violentas para enfrentar rondas, como formar alianças com comércios locais para dar refúgio a imigrantes e como registrar a atuação de agentes federais para possíveis denúncias judiciais.

Já em cortes federais de imigração, voluntários — às vezes incluindo políticos locais — buscam proteger famílias que comparecem às suas audiências e acabam se tornando alvo de agentes migratórios que tentam deter quem não possui alguma proteção judicial.

Uma das voluntárias, professora de educação infantil em escola pública, chega para acompanhar famílias, oferecendo fantoches para as crianças brincarem enquanto aguardam seus casos nos edifícios dos tribunais federais em Nova York. Com seus pais assustados e as crianças vendo agentes armados à espera, o jogo ajuda a atenuar o medo e a tensão. “De repente eles me dão abraços tão fortes… como algo tão bom pode doer tanto ao mesmo tempo?”, contou ao La Jornada.

<><> Protestos em centros de detenção

A cada semana se multiplicam as vigílias de solidariedade e protesto diante de centros de detenção de imigrantes por todo o país, desde a entrada do novo campo de concentração apelidado de Alcatraz dos Crocodilos, na Flórida, até as imediações de centros de detenção no Brooklyn e em Los Angeles.

“Em toda parte vemos vizinhos atuando em apoio uns aos outros e denunciando essas operações. Por isso estamos aqui, semana após semana, há pelo menos quatro meses”, afirma Noelle Damico, diretora de justiça social da organização Workers Circle e participante de vigílias semanais em “Alcatraz”. “Nos recusamos a olhar para o outro lado, nos negamos a permanecer em silêncio”, acrescenta, informando que as vigílias, antes escassas, agora somam mais de 150 em todo o país.

<><> Avós que não se calam

Um grupo de cerca de 70 avós em Hamilton, Ohio — área predominantemente republicana — reúne-se semanalmente para protestar contra a colaboração das autoridades do condado com o ICE. “Estou aqui porque estou com raiva”, disse Cassie Stevens em reunião com autoridades na semana passada. “Preciso poder olhar nos olhos dos meus netos e dizer que não permaneci em silêncio”, relatou o Cincinnati Inquirer.

Em Chicago, Los Angeles, Durham, Raleigh, Washington e outras cidades, há anúncios nas portas de lojas e comércios com a frase: “O ICE não é bem-vindo aqui”. Alguns avisos oficiais do governo de Chicago dizem: “Protegendo a cidade. Área privada. Você não tem permissão para entrar com o propósito de aplicar medidas contra imigrantes civis.”

Frentes de resistência contra as rondas federais — às vezes realizadas com tropas — se organizam pelo país, como a campanha “Mãos Fora de Nova York”, apoiada por centenas de organizações sociais, de defesa de direitos civis, sindicatos e alianças ecumênicas de cristãos, muçulmanos e judeus.

Uma declaração conjunta incomum da Conferência Nacional dos Bispos Católicos — a suprema entidade da Igreja Católica nos Estados Unidos — deplorou o tratamento a imigrantes, as detenções, a separações de famílias e o clima de medo gerado pela retórica política que atenta “contra a dignidade dos imigrantes”.

Um grupo das Irmãs da Caridade em Nova York leva a protestos um cartaz com a questão de múltipla escolha:

Exame bíblico: Jesus disse ‘eu era estrangeiro e você ______?’

a) Me insultou.
b) Me colocou em uma cela.
c) Levou meus filhos.
d) Me acolheu.

Embora o governo Trump tenha alcançado um novo recorde de imigrantes detidos — com mais de 290 mil deportados desde que chegou à Casa Branca, no fim de janeiro, até agora — as expressões de repúdio, resistência e solidariedade também não têm precedente em anos recentes.

 

Fonte: Por David Brooks e Jim Cason, em La Jornada/Diálogos do Sul Global

 

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