José
Luiz Fiori: Argentina, um país em estado de “falência crônica”
Desta
vez, a “operação de salvatagem” da Argentina foi feita ao estilo de Donald
Trump, como se fosse um grande espetáculo midiático, envolvendo diretamente o
presidente americano, seu secretário do Tesouro, Scott Bessent, e os
representantes dos principais bancos credores da Argentina, liderados por Jamie
Dimon, CEO do JP Morgan Chase.
No mês
de setembro de 2025, a Argentina encontrava-se em situação pré-falimentar, sem
recursos para pagar o serviço da sua dívida com os bancos internacionais e com
o FMI. O valor do peso estava em queda livre, e previa-se a derrota do
presidente Javier Milei nas eleições parlamentares do dia 26 de outubro,
seguida de uma corrida contra o peso e uma explosão inflacionária. A comunidade
financeira internacional já antecipava uma nova moratória da dívida externa
argentina, criando pânico nos mercados financeiros internacionais, tanto em
Wall Street como na City de Londres.
Foi
nesse contexto emergencial que Scott Bessent anunciou, no dia 15 de outubro, a
intervenção direta do Tesouro Americano, comprando pesos numa operação de swap
loan de US$ 20 bilhões, para impedir o colapso da moeda “portenha” às vésperas
das eleições parlamentares. E, logo em seguida, no dia 22 de outubro,
desembarcaram em Buenos Aires os representantes dos quatro maiores bancos
americanos — J.P. Morgan Chase l, Goldman Sachs, Bank of America e Citigroup —,
incluindo o ex-primeiro-ministro inglês Tony Blair, que agora é uma figura de
proa do J.P. Morgan Chase International. Em poucas horas, foi montado um pacote
de ajuda privada de US$ 20 bilhões, totalizando um resgate de US$ 40 bilhões,
desta vez sem a participação do FMI.
Esse
tipo de intervenção externa na economia argentina não é um fenômeno novo nem
excepcional. Basta dizer que, desde os anos 50, a Argentina já recorreu mais de
20 vezes à ajuda emergencial do FMI. E, hoje, a Argentina é o país que tem a
maior dívida do mundo com o Fundo, à frente da Ucrânia, que aparece em segundo
lugar, após três anos de guerra. Somando tudo, a Argentina recebeu nesses
oitenta anos cerca de 35% do montante total de US$ 164 bilhões emprestados pelo
FMI para todos os seus clientes ao redor do mundo.
Entre
1976 e 1981, durante a última ditadura militar argentina, o ministro de
Economia Martinez de Hoz utilizou pela primeira vez a estratégia de
fortalecimento artificial do peso frente ao dólar, como forma de legitimar o
regime militar, dando aos argentinos um poder de compra internacional inflado.
A política econômica do ministro Hoz facilitou a especulação financeira e
enriqueceu um setor da sociedade argentina, permitindo-lhe acumular dólares a
baixo custo. Deixou, entretanto, uma dívida externa que se tornou impagável
depois do “choque” das taxas de juros de Paul Volcker em 1979, provocando uma
crise econômica e uma escalada inflacionária que contribuíram decisivamente
para a queda do governo de Reynaldo Bignone e o fim da ditadura militar, em
dezembro de 1983.
Para
enfrentar esta crise econômica, o então presidente do Banco Central da
Argentina, Domingos Cavallo, transferiu a dívida privada para o Tesouro
Nacional em 1982, enquanto sucessivas desvalorizações do peso fizeram com que a
inflação doméstica e o dólar disparassem. Assim mesmo, o Estado só conseguiu
cobrir parcialmente os juros da dívida, alimentando ainda mais a inflação e o
endividamento, recorrendo a novos financiamentos externos. Seguiu-se o governo
do presidente radical, Raul Alfonsin, e o fracasso do seu Plano Austral de
combate à inflação, culminando com sua própria renúncia seis meses antes do fim
do seu mandato, em 8 de julho de 1989.
No
início da década seguinte, o mesmo Domingo Cavallo, agora na condição de
ministro da Economia do governo peronista de Carlos Menem, voltou à estratégia
de fortalecimento artificial do peso, através da sua Lei da Convertibilidade,
aprovada em 1991, que estabeleceu um câmbio fixo entre o peso e o dólar. Na
prática, isso representou a “dolarização” da economia argentina. Seu objetivo
era conter a inflação, mas acabou causando, sete anos depois, uma nova explosão
hiperinflacionária que levou ao colapso da economia argentina e a uma crise
política sem precedentes. O novo presidente radical, Fernando de la Rua, eleito
em 1999, renunciou em 2001 e, em apenas duas semanas, a Argentina teve cinco
presidentes, seu sistema monetário se desintegrou e a sociedade argentina
esteve à beira do caos. Para culminar, o presidente interino, Adolfo Rodrigues
Sá, decretou — no dia 23 de dezembro de 2001 — a moratória da dívida argentina,
dando um calote na “comunidade financeira internacional” de US$ 93 bilhões.
Depois
disto, durante o período dos governos peronistas de Nestor e Cristina Kirchner,
entre 2003 e 2015, a Argentina conseguiu honrar o serviço da sua dívida
externa, graças aos preços extraordinários das commodities argentinas no
mercado internacional. Mas, em 2018, o presidente conservador Mauricio Macri
voltou ao FMI e obteve um empréstimo de US$ 45 bilhões, o maior que já havia
sido concedido em toda a história da instituição. Entre seus objetivos não
declarados, estava a reeleição do próprio presidente Macri em 2019, mas ele foi
derrotado já no primeiro turno, e seu sucessor, o peronista Alberto Fernández,
passou a maior parte do seu governo renegociando uma forma mais elástica de
pagamento do serviço da dívida com o FMI.
O
insucesso econômico de Alberto Fernández contribuiu diretamente para a vitória
de Javier Milei nas eleições presidenciais de 2023, com sua proposta
ultraliberal de “eliminação do Estado” e “dolarização da economia”, voltando
uma vez mais à tese ortodoxa e neoliberal de que a inflação é uma consequência
dos abusos da “elite política” e de sua gastança fiscal. Um ano e quatro meses
depois de sua posse, em abril de 2024, Javier Milei bateu às portas do FMI. Foi
acolhido com entusiasmo pela sua presidenta, Kristalina Georgieva, e recebeu
mais um empréstimo de US$ 20 bilhões, sem que a Argentina tivesse conseguido
pagar um centavo de sua dívida de US$ 45 bilhões contraída por Mauricio Macri
em 2018. E agora, seis meses depois dessa ida ao FMI, Javier Milei já teve que
ser socorrido uma vez mais pela nova operação de salvatagem da Argentina, no
valor de US$ 40 bilhões, organizada por Donald Trump, Scott Bessent e Jamie
Dimon.
Numa
matéria de destaque no jornal New York Times sobre a Argentina, dia 23 de
outubro, o articulista se pergunta com um certo ceticismo sobre o que passará
se, no ano de 2026, o governo argentino não tiver recursos — uma vez mais —
para honrar seus novos compromissos?
Nesse
ponto, para responder com franqueza ao New York Times, há que ter claro que a
Argentina não pagará jamais a sua dívida externa. Não tem a menor condição de
fazê-lo, mas este não é e nunca será um grande problema. O FMI e os bancos
privados rolarão mil vezes o passivo internacional da Argentina, desde que seu
governo siga a cartilha ortodoxa do FMI. Afinal, nem os bancos privados nem o
FMI vivem das dívidas pagas; eles vivem das novas dívidas contraídas e do
pagamento regular de seus juros e demais serviços. O sonho da oligarquia
econômica e da elite política conservadora argentina sempre foi estabelecer uma
“relação carnal” com os Estados Unidos; transformar a Argentina em um Dominium
norte-americano, como foi o caso de Canadá, Austrália e Nova Zelândia com
relação à Inglaterra — mesmo que a cada nova crise e “ajuste” ou “arrocho
interno”, a sociedade argentina fique mais pobre e subdesenvolvida, coisa que a
Argentina nunca foi no passado.
De
qualquer maneira, a grande questão que o New York Times não coloca é saber se
os Estados Unidos — depois de Donald Trump — quererão assumir o custo de um
Dominium na América do Sul, ou preferirão apenas manter a Argentina na condição
de um vassalo de segunda linha (como outros pequenos países, tipo Equador, El
Salvador, Guatemala etc.) “rolando sua dívida” de tempos em tempos, desde que
os argentinos se comportem bem, sejam obedientes e rezem pelo catecismo do FMI.
Neste
novo modelo de vassalagem, o país paga sua dívida com seus recursos, mas segue
endividado em dólares.
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Parvo e vassalo do império, Milei parece ignorar que “ser
amigo dos EUA é fatal”
Em um
novo gesto que o ratifica como o maior chupa-ovos do império, o governo
de Javier Milei exigiu perante
a Corte Penal Internacional de Haia que seja emitida imediatamente uma ordem de
captura contra Nicolás Maduro e outros altos funcionários do governo
bolivariano.
É pelo
menos curioso, ou talvez risível, que o “regime” mileísta — que nestes dois
anos destruiu as instituições da democracia, arrasando a divisão de poderes,
atropelando o Congresso Nacional cujas leis não só são vetadas como
simplesmente desobedecidas, e que mantém sob seu controle uma absurda Corte
Suprema de três membros que observa com escandalosa indiferença a destruição da
república — se arrogue agora o direito de exigir a captura do presidente
venezuelano.
A
exigência faz rir quando se recordam as duvidosas credenciais éticas do elenco
governamental. Há ali gente acusada de receber propinas, mercachifres da
política envolvidos na descarada compra e venda de votos no Congresso ou de
cargos públicos, funcionários e candidatos com aceitados vínculos com o
narcotráfico, ou indivíduos, como o próprio presidente, sobre o qual pesa nada
menos que uma denúncia por sua ativa participação no golpe da criptomoeda
$LIBRA, a mesma que já repousa, de modo ameaçador, no Tribunal do Distrito Sul
de Nova York. É possível que o sistema judiciário dos Estados Unidos envie
Milei para a prisão antes de Maduro.
Como se
não bastasse, é preciso lembrar que, recentemente, este autoproclamado campeão
da democracia e dos direitos humanos instruiu seu representante na Assembleia
Geral da ONU a votar contra uma resolução que condena a tortura “em todo
momento e lugar”. A quase totalidade dos países presentes, 169, votou a favor
da resolução; quatro se abstiveram e três votaram contra: Estados Unidos,
Israel e… a Argentina! Ou seja, esse trio votou legitimando a tortura.
A
Argentina, assim, acompanhou com seu voto o único país que lançou duas bombas
atômicas sobre cidades indefesas do Japão em agosto de 1945, no maior atentado
terrorista de alcance mundial; e acompanhou também o regime neonazista
israelense que está perpetrando um genocídio — e infanticídio — a céu aberto em
Gaza. Haveria que lembrar ao presidente que a CPI tem uma ordem de captura para
seu amigo, o serial killer Benjamín Netanyahu, mas que, diante do colapso da
ordem legal e institucional gestada após a Segunda Guerra Mundial, diversos
países — sobretudo os Estados Unidos — recebem o premier israelense
desobedecendo olimpicamente a ordem emanada da CPI, pelo menos por ora. O
futuro prefeito de Nova York, Zohran Mamdani, declarou que procederia à sua
prisão caso Netanyahu chegasse a visitar a cidade no futuro. Há também outra
ordem, emitida contra Vladimir Putin, produto da enorme pressão da Organização
do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e da União Europeia, que sonham com uma
“mudança de regime” na Rússia e acreditam estupidamente que tal coisa seria
obtida encarcerando seu presidente. Outro, talvez menos cerebral ou mais
ousado, ocuparia seu lugar, para desgraça da Europa. Em todo caso,
diferentemente de Netanyahu, a ordem de prisão da CPI impôs severas limitações
a Putin para viajar ao exterior.
A
petição feita à CPI é o mais recente episódio de uma longa lista de horrores
cometidos pela Chancelaria argentina, claramente em mãos de torpes aficionados
imbuídos da vocação colonial do presidente. Os diversos votos na Assembleia
Geral da ONU, assim como em outros órgãos das Nações Unidas, comprometeram
gravemente as alianças cultivadas durante décadas, por governos de muito
distinto signo político, com a finalidade de tornar possível a recuperação
pacífica das Ilhas Malvinas. Com Milei, todo esse trabalho foi lançado ao lixo.
A
Argentina está cada vez mais isolada e desrespeitada no mundo, transformada em
um pitoresco vassalo dos Estados Unidos e de Israel — aliás, tecnicamente dois
“Estados canalhas” por múltiplas violações de disposições da ONU — pronta a
obedecer aos menores desejos de seus mentores. Se Washington quer atacar a
Venezuela e capturar Maduro, Milei impúdica e docilmente replica as vozes de
seus amos. Se o objetivo é afastar a China da América Latina e do Caribe, Milei
tenta por todos os meios agradar à Casa Branca, ainda que isso prejudique
seriamente nosso interesse nacional. O repúdio ao convite que o Brics fez à
Argentina é outra mostra das sandices a que conduzem o delirante fanatismo
presidencial e a imperícia de nossa chancelaria.
Mas
agora a palavra de ordem da Casa Branca é atacar a Venezuela, e lá está Milei
fazendo a vênia e cumprindo o que lhe pedem. Ignora a sábia frase atribuída a
Henry Kissinger quando disse que “ser inimigo dos Estados Unidos é perigoso,
mas ser amigo é fatal.” Os atentados contra a embaixada de Israel e a Associação Mutual
Israelita Argentina (AMIA), como resposta à política de alinhamento automático com
os Estados Unidos na época de Menem — as chamadas “relações carnais” —
comprovam quão acertada é a frase de Kissinger.
Qual
será o preço que este país deverá pagar quando ocorrer o catastrófico desfecho
desta segunda e recarregada versão das relações carnais?
¨
Golpistas alinhados a Juan Guaidó facilitaram roubo da
Citgo pelos EUA, denuncia Venezuela
Na
última terça-feira (2), o governo da Venezuela rechaçou o
processo judicial executado em um tribunal dos Estados Unidos que terminou, na
segunda-feira (1º), na “venda forçada” da petroleira Citgo, empresa estatal
venezuelana sediada no território estadunidense. Caracas denunciou que o fato
constitui “um vulgar e bárbaro saque de um ativo venezuelano em território
estadunidense mediante um procedimento fraudulento”. A Citgo é a principal
filial da estatal Petróleos de Venezuela (PDVSA), uma empresa de refino,
transporte e comercialização de petróleo com três grandes refinarias e milhares
de estações de serviço, considerada o ativo externo mais valioso da nação
bolivariana e propriedade indireta do Estado por meio da PDV Holding e da Citgo
Holding.
O
processo judicial nos Estados Unidos teve origem em demandas de credores — como
a mineradora canadense Crystallex — que reivindicaram indenizações por
expropriações na Venezuela. Após várias rodadas de debate, o juiz de Delaware
aprovou uma “venda forçada” das ações para repartir o produto do leilão entre
múltiplos credores. Na denúncia contra a operação, o governo de Caracas
declarou que as ações foram facilitadas por venezuelanos que tomaram o controle
de fato da empresa quando, durante o primeiro governo de Donald Trump,
Washington deixou de reconhecer o governo legítimo do presidente Nicolás Maduro
e, no lugar, legitimou Juan Guaidó e seu suposto “governo interino”.
A
Venezuela reiterou que não reconhece nem reconhecerá a venda forçada da Citgo e
que “seguirá adotando todas as medidas ao seu alcance para garantir que os
promotores e executores do saque respondam perante a justiça”.
A
vice-presidenta Delcy Rodríguez afirmou que, desde 2019, quando foi tomada, a
Citgo gerou aproximadamente entre 4 e 5 bilhões de dólares por ano, de modo que
a Venezuela não apenas perde os 12 bilhões de dólares que a companhia vale,
como um dividendo acumulado de 24 bilhões de dólares. “O que fizeram com esse
dinheiro? Roubaram!”, acusou.
A
Assembleia Nacional venezuelana também se posicionou, aprovando por unanimidade
um acordo “em repúdio ao espólio da empresa venezuelana Citgo pelo governo
estadunidense e por setores da direita fascista nacional”.
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Voos com migrantes são mantidos
O
Ministério dos Transportes informou que a autoridade aeronáutica da Venezuela
recebeu uma solicitação do governo dos Estados Unidos para retomar os voos de
repatriação de migrantes. Em resposta, Maduro autorizou, segundo comunicado
publicado nas redes sociais, o ingresso no espaço aéreo venezuelano das
aeronaves operadas pela empresa Eastern Airlines LLC. Os voos terão como
destino o Aeroporto Internacional de Maiquetía, o principal aeródromo do país.
Desde
fevereiro, chegaram quase 100 voos com migrantes venezuelanos deportados por
Washington.
Quando,
no último sábado (29), o presidente estadunidense instou a considerar o espaço
aéreo venezuelano como fechado, Caracas respondeu que Washington havia então
suspendido unilateralmente os voos de repatriação. Aparentemente, porém, a
administração Trump decidiu bloquear o tráfego aéreo da Venezuela em meio às
suas ameaças de atacar o território venezuelano, não aplicando a restrição aos
voos estadunidenses que a gestão do republicano considera convenientes.
A
publicação do anúncio sobre o fechamento do espaço aéreo venezuelano, por parte
do regime de Trump, tornou o ambiente na nação sul-americana mais tenso, diante
da possibilidade, levantada por parte da opinião pública, de um ataque
iminente. No entanto, o governo de Maduro assegurou a normalidade de
absolutamente todas as atividades nacionais, incluindo os serviços aéreos.
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Maduro: “Não nos derrotaram e jamais nos derrotarão”
O
presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, assegurou nesta segunda-feira, diante
de uma mobilização multitudinária em frente ao Palácio de Miraflores, que
jamais poderão derrotar o povo venezuelano e que nunca falhará nem perante a
memória do comandante Hugo Chávez (1954-2013), nem diante do povo.
As
declarações ocorrem no contexto de máxima ameaça por parte do governo de Trump,
que afirmou há poucos dias que “em breve” ordenará ataques terrestres contra o
que denomina “grupos narcotraficantes”, reiteradamente associados pelo
republicano ao governo da Venezuela.
Maduro
e Trump tiveram uma conversa telefônica há pouco mais de uma semana, embora
seus detalhes não tenham sido divulgados. No entanto, a mídia estadunidense e a
Reuters divulgaram que o presidente dos Estados Unidos teria instado o
venezuelano a abandonar o cargo. Neste sentido, as declarações do líder
bolivariano ganham especial relevância.
“Não
nos retiraram, com seu terrorismo psicológico, nem um centímetro do caminho
correto por onde devemos seguir sempre. Jamais, seja qual for a circunstância
na qual tenhamos que viver, vão nos retirar do caminho de construir a pátria
potência que este povo merece. Não poderão nos retirar jamais”, exclamou diante
de milhares de militantes do Partido Socialista Unificado da Venezuela (PSUV).
Maduro
também afirmou que, durante as últimas 22 semanas de assédio estadunidense
contra seu país, o povo venezuelano foi posto à prova e hoje está “em um ponto
de capacidade defensiva integral” nunca visto antes, e asseverou que a
Venezuela não quer a “paz dos escravos”.
O
presidente assegurou ainda que os venezuelanos estão prontos para lutar pela
pátria e detalhou que, durante as jornadas de alistamento e treinamento
voluntário, mais de 6,2 milhões de milicianos e milicianas se alistaram e se
prepararam.
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Interesses em jogo
Desde a
chegada de Trump ao poder, em janeiro passado, as relações entre os Estados
Unidos e a Venezuela se deterioraram rapidamente, após um período em que, com a
administração de Joe Biden, houve avanços em direção a um mecanismo de diálogo
que permitiu a flexibilização de algumas sanções econômicas.
É o
caso das licenças concedidas à petroleira estadunidense Chevron, que mantém negócios
no país sul-americano há mais de 100 anos e ainda hoje representa capital
estadunidense produtivo na Venezuela. Trump suspendeu essa licença, mas
posteriormente a substituiu por outra de caráter reservado.
Atualmente,
a Chevron produz cerca de 240 mil barris de petróleo por dia na Venezuela, dos
quais 111.150 seguem diariamente para os Estados Unidos, segundo dados do
Departamento de Energia estadunidense.
Além
disso, os investimentos da Chevron no país são estimados em 10 bilhões de
dólares, com projetos agendados para ao menos o ano de 2047.
Fonte:
Outras Palavras/Diálogos do Sul Global

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