sábado, 6 de dezembro de 2025

José Luiz Fiori: Argentina, um país em estado de “falência crônica”

Desta vez, a “operação de salvatagem” da Argentina foi feita ao estilo de Donald Trump, como se fosse um grande espetáculo midiático, envolvendo diretamente o presidente americano, seu secretário do Tesouro, Scott Bessent, e os representantes dos principais bancos credores da Argentina, liderados por Jamie Dimon, CEO do JP Morgan Chase.

No mês de setembro de 2025, a Argentina encontrava-se em situação pré-falimentar, sem recursos para pagar o serviço da sua dívida com os bancos internacionais e com o FMI. O valor do peso estava em queda livre, e previa-se a derrota do presidente Javier Milei nas eleições parlamentares do dia 26 de outubro, seguida de uma corrida contra o peso e uma explosão inflacionária. A comunidade financeira internacional já antecipava uma nova moratória da dívida externa argentina, criando pânico nos mercados financeiros internacionais, tanto em Wall Street como na City de Londres.

Foi nesse contexto emergencial que Scott Bessent anunciou, no dia 15 de outubro, a intervenção direta do Tesouro Americano, comprando pesos numa operação de swap loan de US$ 20 bilhões, para impedir o colapso da moeda “portenha” às vésperas das eleições parlamentares. E, logo em seguida, no dia 22 de outubro, desembarcaram em Buenos Aires os representantes dos quatro maiores bancos americanos — J.P. Morgan Chase l, Goldman Sachs, Bank of America e Citigroup —, incluindo o ex-primeiro-ministro inglês Tony Blair, que agora é uma figura de proa do J.P. Morgan Chase International. Em poucas horas, foi montado um pacote de ajuda privada de US$ 20 bilhões, totalizando um resgate de US$ 40 bilhões, desta vez sem a participação do FMI.

Esse tipo de intervenção externa na economia argentina não é um fenômeno novo nem excepcional. Basta dizer que, desde os anos 50, a Argentina já recorreu mais de 20 vezes à ajuda emergencial do FMI. E, hoje, a Argentina é o país que tem a maior dívida do mundo com o Fundo, à frente da Ucrânia, que aparece em segundo lugar, após três anos de guerra. Somando tudo, a Argentina recebeu nesses oitenta anos cerca de 35% do montante total de US$ 164 bilhões emprestados pelo FMI para todos os seus clientes ao redor do mundo.

Entre 1976 e 1981, durante a última ditadura militar argentina, o ministro de Economia Martinez de Hoz utilizou pela primeira vez a estratégia de fortalecimento artificial do peso frente ao dólar, como forma de legitimar o regime militar, dando aos argentinos um poder de compra internacional inflado. A política econômica do ministro Hoz facilitou a especulação financeira e enriqueceu um setor da sociedade argentina, permitindo-lhe acumular dólares a baixo custo. Deixou, entretanto, uma dívida externa que se tornou impagável depois do “choque” das taxas de juros de Paul Volcker em 1979, provocando uma crise econômica e uma escalada inflacionária que contribuíram decisivamente para a queda do governo de Reynaldo Bignone e o fim da ditadura militar, em dezembro de 1983.

Para enfrentar esta crise econômica, o então presidente do Banco Central da Argentina, Domingos Cavallo, transferiu a dívida privada para o Tesouro Nacional em 1982, enquanto sucessivas desvalorizações do peso fizeram com que a inflação doméstica e o dólar disparassem. Assim mesmo, o Estado só conseguiu cobrir parcialmente os juros da dívida, alimentando ainda mais a inflação e o endividamento, recorrendo a novos financiamentos externos. Seguiu-se o governo do presidente radical, Raul Alfonsin, e o fracasso do seu Plano Austral de combate à inflação, culminando com sua própria renúncia seis meses antes do fim do seu mandato, em 8 de julho de 1989.

No início da década seguinte, o mesmo Domingo Cavallo, agora na condição de ministro da Economia do governo peronista de Carlos Menem, voltou à estratégia de fortalecimento artificial do peso, através da sua Lei da Convertibilidade, aprovada em 1991, que estabeleceu um câmbio fixo entre o peso e o dólar. Na prática, isso representou a “dolarização” da economia argentina. Seu objetivo era conter a inflação, mas acabou causando, sete anos depois, uma nova explosão hiperinflacionária que levou ao colapso da economia argentina e a uma crise política sem precedentes. O novo presidente radical, Fernando de la Rua, eleito em 1999, renunciou em 2001 e, em apenas duas semanas, a Argentina teve cinco presidentes, seu sistema monetário se desintegrou e a sociedade argentina esteve à beira do caos. Para culminar, o presidente interino, Adolfo Rodrigues Sá, decretou — no dia 23 de dezembro de 2001 — a moratória da dívida argentina, dando um calote na “comunidade financeira internacional” de US$ 93 bilhões.

Depois disto, durante o período dos governos peronistas de Nestor e Cristina Kirchner, entre 2003 e 2015, a Argentina conseguiu honrar o serviço da sua dívida externa, graças aos preços extraordinários das commodities argentinas no mercado internacional. Mas, em 2018, o presidente conservador Mauricio Macri voltou ao FMI e obteve um empréstimo de US$ 45 bilhões, o maior que já havia sido concedido em toda a história da instituição. Entre seus objetivos não declarados, estava a reeleição do próprio presidente Macri em 2019, mas ele foi derrotado já no primeiro turno, e seu sucessor, o peronista Alberto Fernández, passou a maior parte do seu governo renegociando uma forma mais elástica de pagamento do serviço da dívida com o FMI.

O insucesso econômico de Alberto Fernández contribuiu diretamente para a vitória de Javier Milei nas eleições presidenciais de 2023, com sua proposta ultraliberal de “eliminação do Estado” e “dolarização da economia”, voltando uma vez mais à tese ortodoxa e neoliberal de que a inflação é uma consequência dos abusos da “elite política” e de sua gastança fiscal. Um ano e quatro meses depois de sua posse, em abril de 2024, Javier Milei bateu às portas do FMI. Foi acolhido com entusiasmo pela sua presidenta, Kristalina Georgieva, e recebeu mais um empréstimo de US$ 20 bilhões, sem que a Argentina tivesse conseguido pagar um centavo de sua dívida de US$ 45 bilhões contraída por Mauricio Macri em 2018. E agora, seis meses depois dessa ida ao FMI, Javier Milei já teve que ser socorrido uma vez mais pela nova operação de salvatagem da Argentina, no valor de US$ 40 bilhões, organizada por Donald Trump, Scott Bessent e Jamie Dimon.

Numa matéria de destaque no jornal New York Times sobre a Argentina, dia 23 de outubro, o articulista se pergunta com um certo ceticismo sobre o que passará se, no ano de 2026, o governo argentino não tiver recursos — uma vez mais — para honrar seus novos compromissos?

Nesse ponto, para responder com franqueza ao New York Times, há que ter claro que a Argentina não pagará jamais a sua dívida externa. Não tem a menor condição de fazê-lo, mas este não é e nunca será um grande problema. O FMI e os bancos privados rolarão mil vezes o passivo internacional da Argentina, desde que seu governo siga a cartilha ortodoxa do FMI. Afinal, nem os bancos privados nem o FMI vivem das dívidas pagas; eles vivem das novas dívidas contraídas e do pagamento regular de seus juros e demais serviços. O sonho da oligarquia econômica e da elite política conservadora argentina sempre foi estabelecer uma “relação carnal” com os Estados Unidos; transformar a Argentina em um Dominium norte-americano, como foi o caso de Canadá, Austrália e Nova Zelândia com relação à Inglaterra — mesmo que a cada nova crise e “ajuste” ou “arrocho interno”, a sociedade argentina fique mais pobre e subdesenvolvida, coisa que a Argentina nunca foi no passado.

De qualquer maneira, a grande questão que o New York Times não coloca é saber se os Estados Unidos — depois de Donald Trump — quererão assumir o custo de um Dominium na América do Sul, ou preferirão apenas manter a Argentina na condição de um vassalo de segunda linha (como outros pequenos países, tipo Equador, El Salvador, Guatemala etc.) “rolando sua dívida” de tempos em tempos, desde que os argentinos se comportem bem, sejam obedientes e rezem pelo catecismo do FMI.

Neste novo modelo de vassalagem, o país paga sua dívida com seus recursos, mas segue endividado em dólares.

¨      Parvo e vassalo do império, Milei parece ignorar que “ser amigo dos EUA é fatal”

Em um novo gesto que o ratifica como o maior chupa-ovos do império, o governo de Javier Milei exigiu perante a Corte Penal Internacional de Haia que seja emitida imediatamente uma ordem de captura contra Nicolás Maduro e outros altos funcionários do governo bolivariano.

É pelo menos curioso, ou talvez risível, que o “regime” mileísta — que nestes dois anos destruiu as instituições da democracia, arrasando a divisão de poderes, atropelando o Congresso Nacional cujas leis não só são vetadas como simplesmente desobedecidas, e que mantém sob seu controle uma absurda Corte Suprema de três membros que observa com escandalosa indiferença a destruição da república — se arrogue agora o direito de exigir a captura do presidente venezuelano.

A exigência faz rir quando se recordam as duvidosas credenciais éticas do elenco governamental. Há ali gente acusada de receber propinas, mercachifres da política envolvidos na descarada compra e venda de votos no Congresso ou de cargos públicos, funcionários e candidatos com aceitados vínculos com o narcotráfico, ou indivíduos, como o próprio presidente, sobre o qual pesa nada menos que uma denúncia por sua ativa participação no golpe da criptomoeda $LIBRA, a mesma que já repousa, de modo ameaçador, no Tribunal do Distrito Sul de Nova York. É possível que o sistema judiciário dos Estados Unidos envie Milei para a prisão antes de Maduro.

Como se não bastasse, é preciso lembrar que, recentemente, este autoproclamado campeão da democracia e dos direitos humanos instruiu seu representante na Assembleia Geral da ONU a votar contra uma resolução que condena a tortura “em todo momento e lugar”. A quase totalidade dos países presentes, 169, votou a favor da resolução; quatro se abstiveram e três votaram contra: Estados Unidos, Israel e… a Argentina! Ou seja, esse trio votou legitimando a tortura.

A Argentina, assim, acompanhou com seu voto o único país que lançou duas bombas atômicas sobre cidades indefesas do Japão em agosto de 1945, no maior atentado terrorista de alcance mundial; e acompanhou também o regime neonazista israelense que está perpetrando um genocídio — e infanticídio — a céu aberto em Gaza. Haveria que lembrar ao presidente que a CPI tem uma ordem de captura para seu amigo, o serial killer Benjamín Netanyahu, mas que, diante do colapso da ordem legal e institucional gestada após a Segunda Guerra Mundial, diversos países — sobretudo os Estados Unidos — recebem o premier israelense desobedecendo olimpicamente a ordem emanada da CPI, pelo menos por ora. O futuro prefeito de Nova York, Zohran Mamdani, declarou que procederia à sua prisão caso Netanyahu chegasse a visitar a cidade no futuro. Há também outra ordem, emitida contra Vladimir Putin, produto da enorme pressão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e da União Europeia, que sonham com uma “mudança de regime” na Rússia e acreditam estupidamente que tal coisa seria obtida encarcerando seu presidente. Outro, talvez menos cerebral ou mais ousado, ocuparia seu lugar, para desgraça da Europa. Em todo caso, diferentemente de Netanyahu, a ordem de prisão da CPI impôs severas limitações a Putin para viajar ao exterior.

A petição feita à CPI é o mais recente episódio de uma longa lista de horrores cometidos pela Chancelaria argentina, claramente em mãos de torpes aficionados imbuídos da vocação colonial do presidente. Os diversos votos na Assembleia Geral da ONU, assim como em outros órgãos das Nações Unidas, comprometeram gravemente as alianças cultivadas durante décadas, por governos de muito distinto signo político, com a finalidade de tornar possível a recuperação pacífica das Ilhas Malvinas. Com Milei, todo esse trabalho foi lançado ao lixo.

A Argentina está cada vez mais isolada e desrespeitada no mundo, transformada em um pitoresco vassalo dos Estados Unidos e de Israel — aliás, tecnicamente dois “Estados canalhas” por múltiplas violações de disposições da ONU — pronta a obedecer aos menores desejos de seus mentores. Se Washington quer atacar a Venezuela e capturar Maduro, Milei impúdica e docilmente replica as vozes de seus amos. Se o objetivo é afastar a China da América Latina e do Caribe, Milei tenta por todos os meios agradar à Casa Branca, ainda que isso prejudique seriamente nosso interesse nacional. O repúdio ao convite que o Brics fez à Argentina é outra mostra das sandices a que conduzem o delirante fanatismo presidencial e a imperícia de nossa chancelaria.

Mas agora a palavra de ordem da Casa Branca é atacar a Venezuela, e lá está Milei fazendo a vênia e cumprindo o que lhe pedem. Ignora a sábia frase atribuída a Henry Kissinger quando disse que “ser inimigo dos Estados Unidos é perigoso, mas ser amigo é fatal.” Os atentados contra a embaixada de Israel e a Associação Mutual Israelita Argentina (AMIA), como resposta à política de alinhamento automático com os Estados Unidos na época de Menem — as chamadas “relações carnais” — comprovam quão acertada é a frase de Kissinger.

Qual será o preço que este país deverá pagar quando ocorrer o catastrófico desfecho desta segunda e recarregada versão das relações carnais?

¨      Golpistas alinhados a Juan Guaidó facilitaram roubo da Citgo pelos EUA, denuncia Venezuela

Na última terça-feira (2), o governo da Venezuela rechaçou o processo judicial executado em um tribunal dos Estados Unidos que terminou, na segunda-feira (1º), na “venda forçada” da petroleira Citgo, empresa estatal venezuelana sediada no território estadunidense. Caracas denunciou que o fato constitui “um vulgar e bárbaro saque de um ativo venezuelano em território estadunidense mediante um procedimento fraudulento”. A Citgo é a principal filial da estatal Petróleos de Venezuela (PDVSA), uma empresa de refino, transporte e comercialização de petróleo com três grandes refinarias e milhares de estações de serviço, considerada o ativo externo mais valioso da nação bolivariana e propriedade indireta do Estado por meio da PDV Holding e da Citgo Holding.

O processo judicial nos Estados Unidos teve origem em demandas de credores — como a mineradora canadense Crystallex — que reivindicaram indenizações por expropriações na Venezuela. Após várias rodadas de debate, o juiz de Delaware aprovou uma “venda forçada” das ações para repartir o produto do leilão entre múltiplos credores. Na denúncia contra a operação, o governo de Caracas declarou que as ações foram facilitadas por venezuelanos que tomaram o controle de fato da empresa quando, durante o primeiro governo de Donald Trump, Washington deixou de reconhecer o governo legítimo do presidente Nicolás Maduro e, no lugar, legitimou Juan Guaidó e seu suposto “governo interino”.

A Venezuela reiterou que não reconhece nem reconhecerá a venda forçada da Citgo e que “seguirá adotando todas as medidas ao seu alcance para garantir que os promotores e executores do saque respondam perante a justiça”.

A vice-presidenta Delcy Rodríguez afirmou que, desde 2019, quando foi tomada, a Citgo gerou aproximadamente entre 4 e 5 bilhões de dólares por ano, de modo que a Venezuela não apenas perde os 12 bilhões de dólares que a companhia vale, como um dividendo acumulado de 24 bilhões de dólares. “O que fizeram com esse dinheiro? Roubaram!”, acusou.

A Assembleia Nacional venezuelana também se posicionou, aprovando por unanimidade um acordo “em repúdio ao espólio da empresa venezuelana Citgo pelo governo estadunidense e por setores da direita fascista nacional”.

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<><> Voos com migrantes são mantidos

O Ministério dos Transportes informou que a autoridade aeronáutica da Venezuela recebeu uma solicitação do governo dos Estados Unidos para retomar os voos de repatriação de migrantes. Em resposta, Maduro autorizou, segundo comunicado publicado nas redes sociais, o ingresso no espaço aéreo venezuelano das aeronaves operadas pela empresa Eastern Airlines LLC. Os voos terão como destino o Aeroporto Internacional de Maiquetía, o principal aeródromo do país.

Desde fevereiro, chegaram quase 100 voos com migrantes venezuelanos deportados por Washington.

Quando, no último sábado (29), o presidente estadunidense instou a considerar o espaço aéreo venezuelano como fechado, Caracas respondeu que Washington havia então suspendido unilateralmente os voos de repatriação. Aparentemente, porém, a administração Trump decidiu bloquear o tráfego aéreo da Venezuela em meio às suas ameaças de atacar o território venezuelano, não aplicando a restrição aos voos estadunidenses que a gestão do republicano considera convenientes.

A publicação do anúncio sobre o fechamento do espaço aéreo venezuelano, por parte do regime de Trump, tornou o ambiente na nação sul-americana mais tenso, diante da possibilidade, levantada por parte da opinião pública, de um ataque iminente. No entanto, o governo de Maduro assegurou a normalidade de absolutamente todas as atividades nacionais, incluindo os serviços aéreos.

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<><> Maduro: “Não nos derrotaram e jamais nos derrotarão”

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, assegurou nesta segunda-feira, diante de uma mobilização multitudinária em frente ao Palácio de Miraflores, que jamais poderão derrotar o povo venezuelano e que nunca falhará nem perante a memória do comandante Hugo Chávez (1954-2013), nem diante do povo.

As declarações ocorrem no contexto de máxima ameaça por parte do governo de Trump, que afirmou há poucos dias que “em breve” ordenará ataques terrestres contra o que denomina “grupos narcotraficantes”, reiteradamente associados pelo republicano ao governo da Venezuela.

Maduro e Trump tiveram uma conversa telefônica há pouco mais de uma semana, embora seus detalhes não tenham sido divulgados. No entanto, a mídia estadunidense e a Reuters divulgaram que o presidente dos Estados Unidos teria instado o venezuelano a abandonar o cargo. Neste sentido, as declarações do líder bolivariano ganham especial relevância.

“Não nos retiraram, com seu terrorismo psicológico, nem um centímetro do caminho correto por onde devemos seguir sempre. Jamais, seja qual for a circunstância na qual tenhamos que viver, vão nos retirar do caminho de construir a pátria potência que este povo merece. Não poderão nos retirar jamais”, exclamou diante de milhares de militantes do Partido Socialista Unificado da Venezuela (PSUV).

Maduro também afirmou que, durante as últimas 22 semanas de assédio estadunidense contra seu país, o povo venezuelano foi posto à prova e hoje está “em um ponto de capacidade defensiva integral” nunca visto antes, e asseverou que a Venezuela não quer a “paz dos escravos”.

O presidente assegurou ainda que os venezuelanos estão prontos para lutar pela pátria e detalhou que, durante as jornadas de alistamento e treinamento voluntário, mais de 6,2 milhões de milicianos e milicianas se alistaram e se prepararam.

<><> Interesses em jogo

Desde a chegada de Trump ao poder, em janeiro passado, as relações entre os Estados Unidos e a Venezuela se deterioraram rapidamente, após um período em que, com a administração de Joe Biden, houve avanços em direção a um mecanismo de diálogo que permitiu a flexibilização de algumas sanções econômicas.

É o caso das licenças concedidas à petroleira estadunidense Chevron, que mantém negócios no país sul-americano há mais de 100 anos e ainda hoje representa capital estadunidense produtivo na Venezuela. Trump suspendeu essa licença, mas posteriormente a substituiu por outra de caráter reservado.

Atualmente, a Chevron produz cerca de 240 mil barris de petróleo por dia na Venezuela, dos quais 111.150 seguem diariamente para os Estados Unidos, segundo dados do Departamento de Energia estadunidense.

Além disso, os investimentos da Chevron no país são estimados em 10 bilhões de dólares, com projetos agendados para ao menos o ano de 2047.

 

Fonte: Outras Palavras/Diálogos do Sul Global

 

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