segunda-feira, 8 de dezembro de 2025

REAÇÕES DA DIREITA E EXTREMA-DIREITA A INDICAÇÃO DE FLÁVIO BOLSONARO

Banqueiro se revolta e diz que Jair Bolsonaro aplicou golpe na direita, que segundo análise de Ricardo Lacerda aponta sabotagem política, turbulência nos mercados e nova crise no campo conservador...

A sexta-feira provocou uma onda de choque na Faria Lima após Jair Bolsonaro, preso preventivamente e condenado por tentativa de golpe de Estado, anunciar a candidatura do filho Flávio Bolsonaro à Presidência da República. A avaliação foi publicada pelo jornal Brazil Journal, em artigo assinado por Ricardo Lacerda, uma das vozes mais influentes da Faria Lima. Ele compara o momento à exaustão institucional descrita por Marco Túlio Cícero nas Catilinárias, evocadas no início do texto como símbolo de alerta diante da ousadia desmedida do ex-presidente.

O gesto inesperado de Bolsonaro derrubou a Bolsa, disparou juros e valorizou o dólar, num recado claro de nervosismo dos mercados. A operação também atropelou o governador Tarcísio de Freitas, afilhado político do ex-presidente e nome preferido do centro, da direita e do ambiente financeiro para a disputa de 2026.

Do interior de sua cela, destaca Lacerda, Bolsonaro se move para ampliar seu poder de barganha diante da iminência de cumprir a pena de 27 anos, mantendo o padrão de agir apenas em benefício próprio.

<><> Da irrelevância ao caos: Bolsonaro volta sua artilharia contra a própria direita

O autor relembra que Bolsonaro foi, durante décadas, um político sem expressão, projetado à força pela onda de antipetismo. Seus acertos, afirma, ocorreram muito mais por omissão — ao delegar a áreas como economia, infraestrutura e agricultura — do que por mérito próprio.

Desde a derrota para o presidente Lula em 2022, Bolsonaro e sua família teriam passado a sabotar o país de forma sistemática. O 8 de janeiro, independentemente de ter sido uma tentativa de golpe articulada ou uma operação amadora, enfraqueceu setores que defendem uma direita democrática.

<><> Desprezo institucional se tornou ataque direto à democracia

O texto recupera episódios emblemáticos que revelam o desprezo dos Bolsonaros pelas instituições:

•        a frase de que, para fechar o Supremo, “basta um soldado e um cabo”;

•        a apologia à tortura no voto pelo golpe de Estado contra Dilma Rousseff;

•        a fuga de Eduardo Bolsonaro ao exterior para atacar o sistema institucional brasileiro e pedir retaliações à economia nacional.

Segundo Lacerda, a conduta da família evoluiu do desrespeito à democracia para uma verdadeira traição à Pátria.

<><> Intervenção de Bolsonaro ameaça destruir a própria oposição

Para o articulista, a tentativa de impor Flávio Bolsonaro como candidato da direita configura um “golpe” interno que tende a implodir o campo conservador e entregar de bandeja mais cinco anos de governo Lula.

Ele afirma que imaginar um novo ciclo presidencial da família Bolsonaro, já derrotada mesmo dentro do Palácio do Planalto e envolvida em inúmeros escândalos, “é absoluta insanidade”.

Lacerda recorda que Tarcísio de Freitas, ao criticar o presidente, afirmou que “já passou da hora de Lula parar há muito tempo”. E sugere que o governador repita a frase a Bolsonaro: “Se quiser fazer um favor ao Brasil, sai de cena.”

O artigo conclui que o país precisa de uma liderança conservadora com força e personalidade para enfrentar a crise fiscal, o avanço do crime organizado e a corrosão moral das instituições — alguém acima daqueles que, segundo ele, “buscam lamber as sobras do bolsonarismo”.

“Que Deus ajude o Brasil”, encerra Ricardo Lacerda.

•        Joice Hasselmann se revolta com escolha de Flávio Bolsonaro e o chama de “ladrão das rachadinhas”

A ex-deputada Joice Hasselmann voltou a atacar o bolsonarismo ao ironizar e criticar duramente a escolha do ex-presidente Jair Bolsonaro pelo nome do filho, Flávio Bolsonaro (PL-RJ), para disputar a Presidência da República em 2026. O vídeo foi publicado nas redes sociais nesta sexta-feira (5/12) e, nele, ela o chamou de "ladrão das rachadinhas".

Joice classificou a decisão como “mais uma estupidez” do ex-mandatário e afirmou que Bolsonaro “furou o barquinho” do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), considerado pela ex-parlamentar um nome mais moderado e mais competitivo para o Planalto.

<><> “Idiota completo”: Joice critica Bolsonaro e o clã

No vídeo, a ex-deputada dispara contra o ex-presidente e o grupo que o acompanha:

 “Essa extrema direita bolsonarista é burra mesmo e dá provas de sua burrice a cada dia que passa. […] [Bolsonaro] é um idiota completo. O presidiário está lá, na Polícia Federal, fazendo lambança e deixando todo o empresariado e o mercado de cabelo em pé porque […] todos estavam apontando Tarcísio de Freitas como candidato à Presidência da República.”

Joice também afirmou que o sobrenome Bolsonaro enfrenta forte rejeição e relembrou polêmicas associadas a Flávio, como o caso das “rachadinhas”:

 “O Bolsonaro é completamente louco. Ele é doido de pedra. O Centrão não queria nem um nome para vice com o sobrenome Bolsonaro.”

A reação de Joice veio depois de Flávio Bolsonaro confirmar ter sido escolhido pelo pai como candidato do Partido Liberal (PL) ao Planalto em 2026. A manifestação ocorreu após revelação da coluna de Paulo Cappelli, do Metrópoles, de que Bolsonaro — preso na carceragem da Polícia Federal em Brasília — havia comunicado a decisão a aliados próximos.

A escolha adiciona novas tensões à disputa presidencial, aprofundando debates sobre a viabilidade eleitoral da família e sobre o impacto do escândalo das rachadinhas no desempenho do senador.

•        Mercado reage mal à escolha de Flávio Bolsonaro para disputa presidencial

A notícia de que o ex-presidente Jair Bolsonaro escolheu seu filho Flávio Bolsonaro para ser candidato à Presidência em 2026 sacudiu os mercados no Brasil a partir do início da tarde, fazendo as taxas dos DIs dispararem mais de 50 pontos-base até o fechamento.

A informação, publicada pelo site Metrópoles e confirmada posteriormente por Flávio, senador pelo PL, foi mal-recebida pelos investidores, que veem o anúncio como o sepultamento da candidatura presidencial do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), o favorito do mercado.

Em meio à forte alta do dólar ante o real, a taxa do DI para janeiro de 2028 estava em 13,185% no fim da tarde, em alta de 46 pontos-base ante o ajuste de 12,726% da sessão anterior. A taxa para janeiro de 2032 marcava 13,485%, com elevação de 51 pontos-base ante o ajuste de 12,971%.

Preso após ser condenado por tentativa de golpe de Estado e inelegível por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Bolsonaro escolheu Flávio como candidato à Presidência em 2026, informou o Metrópoles no início da tarde. Posteriormente, a Reuters confirmou a informação com o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e o próprio Flávio disse no X que havia sido escolhido.

A reação no mercado de renda fixa foi extremamente negativa. A taxa do DI para janeiro de 2028, que chegou a ceder pela manhã, disparou para a máxima intradia de 13,275% às 16h16, em alta de 55 pontos-base. Perto deste horário, a taxa do DI para janeiro de 2032 marcou a máxima de 13,570%, com elevação de 60 pontos-base.

“A saída de Tarcísio da disputa traz um papel em branco para a direita. E é muito claro que Tarcísio só vai ser candidato com a benção de Bolsonaro”, comentou durante a tarde Laís Costa, analista da Empiricus Research.

“O mercado vê Flávio como um candidato mais fraco que Tarcísio na disputa com Lula. Além disso, o possível governo Flávio não agrada tanto, porque a pauta parece errática”, acrescentou.

Outros profissionais seguiram a mesma linha de raciocínio, avaliando que Flávio Bolsonaro tem menos chances de vencer o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na corrida eleitoral.

“Ainda é cedo para cravar, mas a decisão ‘implode’ possíveis alianças entre centro e direita para o ano que vem. O mercado apostava em Tarcísio para construir essas alianças e pavimentar a vitória da direita em 2026, mas agora cabe avaliar se Flávio Bolsonaro consegue reunir esse amplo espectro político”, afirmou o economista André Perfeito, da Garantia Capital, em comentário escrito.

Apesar da forte elevação dos prêmios em função das notícias, a curva a termo brasileira seguia precificando durante a tarde em cerca de 80% a probabilidade de o Banco Central iniciar o ciclo de cortes da Selic em janeiro. Atualmente a Selic está em 15% ao ano.

“O que tiraria as chances de 25 pontos-base de corte em janeiro seria uma reação exacerbada do dólar, e não só à questão do Flávio, mas a outras questões, como uma pauta-bomba do Lula. Aí o dólar seria de R$5,50 ou R$5,60, o que atrasaria o corte de juros”, avaliou Costa.

No exterior, os rendimentos dos Treasuries se firmaram em alta durante a tarde, com investidores consolidando posições antes da decisão sobre juros do Federal Reserve, na próxima semana. Às 16h38, o rendimento do Treasury de dez anos --referência global para decisões de investimento-- subia 3 pontos-base, a 4,139%.

No início da tarde, o Departamento do Comércio dos EUA informou que o índice de preços PCE subiu 0,3% em setembro, mesma taxa de agosto, acumulando alta de 2,8% em 12 meses. O núcleo do PCE, que exclui alimentos e energia, teve alta de 0,2% em setembro, mesma taxa de agosto e em linha com a projeção dos economistas ouvidos pela Reuters.

Neste cenário, os ativos seguiam precificando 87,2% de probabilidade de corte de 25 pontos-base dos juros pelo Fed na próxima semana, contra 12,8% de chance de manutenção na faixa de 3,75% a 4,00%, conforme a Ferramenta CME FedWatch.

No Brasil, a avaliação é de que um novo corte de juros nos EUA na próxima semana reforçará a probabilidade de redução da Selic em janeiro.

•        Aliados de Tarcísio veem candidatura presidencial de Flávio com desconfiança

A movimentação do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), que anunciou ter sido escolhido pelo pai, Jair Bolsonaro (PL), como seu herdeiro político para a eleição presidencial de 2026, provocou surpresa e desconfiança no entorno do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Segundo Malu Gaspar, do jornal O Globo, o chefe do Executivo paulista foi avisado da declaração apenas na véspera, sem ter sido preparado para a guinada estratégica do clã.

Aliados próximos de Tarcísio interpretam com cautela a possibilidade de uma candidatura presidencial de Flávio. Até o fim de setembro, quando o governador teve seu último encontro com Jair Bolsonaro, o senador mantinha planos de tentar a reeleição ao Senado, enquanto a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro era cogitada como possível vice em uma chapa presidencial.

Nos bastidores, a avaliação é de que o cenário ainda pode mudar substancialmente até 2026. A fala pública de Flávio, ao mencionar ter recebido do pai a “missão de dar continuidade ao nosso projeto de nação”, não traz referência direta a uma candidatura ao Planalto, o que reforça a leitura de que o movimento pode ter múltiplas funções políticas.

Para aliados de Tarcísio, a iniciativa de Jair Bolsonaro busca, antes de tudo, assegurar o protagonismo da família, mesmo com o ex-presidente preso, ao mesmo tempo em que impede que Michelle Bolsonaro concentre esse espaço de liderança na direita. Além disso, a hipótese de uma “pré-candidatura” serviria como instrumento de pressão sobre o Centrão e o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), com o objetivo de aprovar a anistia mediante um acordo mais amplo que una a direita em torno de outro nome respaldado pelo bolsonarismo.

Mais adiante, a estratégia poderia incluir a composição de uma chapa envolvendo o próprio Flávio ou alguma outra figura validada por Jair Bolsonaro. Entre aliados de Tarcísio, prevalece uma convicção: o governador não disputará a Presidência contra um Bolsonaro em 2026. Para que sua eventual candidatura seja viabilizada, será necessária uma articulação política complexa que leve em conta os interesses do clã, um processo que apenas começa e cujo desfecho permanece incerto.

•        Tarcísio aparece nas redes e não se pronuncia sobre candidatura de Flávio Bolsonaro

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), rompeu o silêncio na manhã deste sábado, 6 de dezembro, mas sem fazer qualquer referência à escolha de Flávio Bolsonaro como candidato do bolsonarismo à Presidência em 2026 — decisão tomada por Jair Bolsonaro, que está preso por tentativa de golpe de Estado e inelegível. Ignorando a disputa que abalou o campo da direita e provocou forte impacto no mercado financeiro, Tarcísio publicou nas redes sociais apenas uma mensagem de exaltação ao BOPE do Rio de Janeiro, desviando por completo do tema que domina o debate político desde ontem.

“Recebo a medalha do BOPE com respeito e honra por tudo o que ela representa: o amor e a coragem de homens que estão dispostos a dar a própria vida para garantir a segurança dos cidadãos de bem. A última operação no Rio de Janeiro os testou ao limite, mas, mais uma vez, provaram o seu valor e não recuaram diante do inimigo. Fica aqui a minha gratidão e a minha melhor continência ao Batalhão de Operações Especiais do Rio de Janeiro, a todos que continuam lutando por um Rio e por um Brasil melhor, e também àqueles que tombaram na missão e se sacrificaram por esta causa. Obrigado também ao governador Cláudio Castro, que não baixou a guarda diante do desafio de devolver a verdadeira liberdade e soberania aos fluminenses”, escreveu Tarcísio.

A publicação surge em meio ao turbilhão político provocado pela confirmação de que Jair Bolsonaro decidiu escantear o governador paulista — preferido do mercado financeiro — e impor o nome do filho mais velho, Flávio Bolsonaro, como representante do bolsonarismo em 2026. O anúncio, revelado inicialmente pelo Metrópoles e confirmado à Reuters, derrubou o Ibovespa em mais de 4%, fez o dólar subir mais de 3% e elevou as taxas futuras de juros.

Investidores e analistas viram a escolha como um obstáculo à construção de alianças entre a direita e o centro liberal, já que Flávio Bolsonaro tem menos capacidade de atrair o eleitorado moderado. Economistas classificaram a decisão como um movimento que “implode” as articulações para 2026 e enfraquece o eixo político que tinha Tarcísio como opção mais competitiva contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Enquanto aliados do bolsonarismo, como Fábio Wajngarten, intensificam ataques ao entorno político do governador paulista — afirmando que a equipe de Tarcísio “nunca respeitou” e “nunca valorizou” Jair Bolsonaro — o governador mantém-se em silêncio absoluto sobre sua própria exclusão do projeto presidencial da direita.

Ao optar por uma mensagem institucional e distanciada da crise, Tarcísio passa a imagem de quem tenta evitar um confronto direto com o bolsonarismo, mesmo após ter sido claramente preterido pelo grupo político ao qual dedicou seu capital eleitoral. A ausência de pronunciamento direto aprofunda as dúvidas sobre seu papel e seu futuro na corrida eleitoral de 2026.

 

Fonte: Brasil 247

 

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