REAÇÕES
DA DIREITA E EXTREMA-DIREITA A INDICAÇÃO DE FLÁVIO BOLSONARO
Banqueiro
se revolta e diz que Jair Bolsonaro aplicou golpe na direita, que segundo
análise de Ricardo Lacerda aponta sabotagem política, turbulência nos mercados
e nova crise no campo conservador...
A
sexta-feira provocou uma onda de choque na Faria Lima após Jair Bolsonaro,
preso preventivamente e condenado por tentativa de golpe de Estado, anunciar a
candidatura do filho Flávio Bolsonaro à Presidência da República. A avaliação
foi publicada pelo jornal Brazil Journal, em artigo assinado por Ricardo
Lacerda, uma das vozes mais influentes da Faria Lima. Ele compara o momento à
exaustão institucional descrita por Marco Túlio Cícero nas Catilinárias,
evocadas no início do texto como símbolo de alerta diante da ousadia desmedida
do ex-presidente.
O gesto
inesperado de Bolsonaro derrubou a Bolsa, disparou juros e valorizou o dólar,
num recado claro de nervosismo dos mercados. A operação também atropelou o
governador Tarcísio de Freitas, afilhado político do ex-presidente e nome
preferido do centro, da direita e do ambiente financeiro para a disputa de
2026.
Do
interior de sua cela, destaca Lacerda, Bolsonaro se move para ampliar seu poder
de barganha diante da iminência de cumprir a pena de 27 anos, mantendo o padrão
de agir apenas em benefício próprio.
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Da irrelevância ao caos: Bolsonaro volta sua artilharia contra a própria
direita
O autor
relembra que Bolsonaro foi, durante décadas, um político sem expressão,
projetado à força pela onda de antipetismo. Seus acertos, afirma, ocorreram
muito mais por omissão — ao delegar a áreas como economia, infraestrutura e
agricultura — do que por mérito próprio.
Desde a
derrota para o presidente Lula em 2022, Bolsonaro e sua família teriam passado
a sabotar o país de forma sistemática. O 8 de janeiro, independentemente de ter
sido uma tentativa de golpe articulada ou uma operação amadora, enfraqueceu
setores que defendem uma direita democrática.
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Desprezo institucional se tornou ataque direto à democracia
O texto
recupera episódios emblemáticos que revelam o desprezo dos Bolsonaros pelas
instituições:
• a frase de que, para fechar o Supremo,
“basta um soldado e um cabo”;
• a apologia à tortura no voto pelo golpe
de Estado contra Dilma Rousseff;
• a fuga de Eduardo Bolsonaro ao exterior
para atacar o sistema institucional brasileiro e pedir retaliações à economia
nacional.
Segundo
Lacerda, a conduta da família evoluiu do desrespeito à democracia para uma
verdadeira traição à Pátria.
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Intervenção de Bolsonaro ameaça destruir a própria oposição
Para o
articulista, a tentativa de impor Flávio Bolsonaro como candidato da direita
configura um “golpe” interno que tende a implodir o campo conservador e
entregar de bandeja mais cinco anos de governo Lula.
Ele
afirma que imaginar um novo ciclo presidencial da família Bolsonaro, já
derrotada mesmo dentro do Palácio do Planalto e envolvida em inúmeros
escândalos, “é absoluta insanidade”.
Lacerda
recorda que Tarcísio de Freitas, ao criticar o presidente, afirmou que “já
passou da hora de Lula parar há muito tempo”. E sugere que o governador repita
a frase a Bolsonaro: “Se quiser fazer um favor ao Brasil, sai de cena.”
O
artigo conclui que o país precisa de uma liderança conservadora com força e
personalidade para enfrentar a crise fiscal, o avanço do crime organizado e a
corrosão moral das instituições — alguém acima daqueles que, segundo ele,
“buscam lamber as sobras do bolsonarismo”.
“Que
Deus ajude o Brasil”, encerra Ricardo Lacerda.
• Joice Hasselmann se revolta com escolha
de Flávio Bolsonaro e o chama de “ladrão das rachadinhas”
A
ex-deputada Joice Hasselmann voltou a atacar o bolsonarismo ao ironizar e
criticar duramente a escolha do ex-presidente Jair Bolsonaro pelo nome do
filho, Flávio Bolsonaro (PL-RJ), para disputar a Presidência da República em
2026. O vídeo foi publicado nas redes sociais nesta sexta-feira (5/12) e, nele,
ela o chamou de "ladrão das rachadinhas".
Joice
classificou a decisão como “mais uma estupidez” do ex-mandatário e afirmou que
Bolsonaro “furou o barquinho” do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas
(Republicanos), considerado pela ex-parlamentar um nome mais moderado e mais
competitivo para o Planalto.
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“Idiota completo”: Joice critica Bolsonaro e o clã
No
vídeo, a ex-deputada dispara contra o ex-presidente e o grupo que o acompanha:
“Essa extrema direita bolsonarista é burra
mesmo e dá provas de sua burrice a cada dia que passa. […] [Bolsonaro] é um
idiota completo. O presidiário está lá, na Polícia Federal, fazendo lambança e
deixando todo o empresariado e o mercado de cabelo em pé porque […] todos
estavam apontando Tarcísio de Freitas como candidato à Presidência da
República.”
Joice
também afirmou que o sobrenome Bolsonaro enfrenta forte rejeição e relembrou
polêmicas associadas a Flávio, como o caso das “rachadinhas”:
“O Bolsonaro é completamente louco. Ele é
doido de pedra. O Centrão não queria nem um nome para vice com o sobrenome
Bolsonaro.”
A
reação de Joice veio depois de Flávio Bolsonaro confirmar ter sido escolhido
pelo pai como candidato do Partido Liberal (PL) ao Planalto em 2026. A
manifestação ocorreu após revelação da coluna de Paulo Cappelli, do Metrópoles,
de que Bolsonaro — preso na carceragem da Polícia Federal em Brasília — havia
comunicado a decisão a aliados próximos.
A
escolha adiciona novas tensões à disputa presidencial, aprofundando debates
sobre a viabilidade eleitoral da família e sobre o impacto do escândalo das
rachadinhas no desempenho do senador.
• Mercado reage mal à escolha de Flávio
Bolsonaro para disputa presidencial
A
notícia de que o ex-presidente Jair Bolsonaro escolheu seu filho Flávio
Bolsonaro para ser candidato à Presidência em 2026 sacudiu os mercados no
Brasil a partir do início da tarde, fazendo as taxas dos DIs dispararem mais de
50 pontos-base até o fechamento.
A
informação, publicada pelo site Metrópoles e confirmada posteriormente por
Flávio, senador pelo PL, foi mal-recebida pelos investidores, que veem o
anúncio como o sepultamento da candidatura presidencial do governador de São
Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), o favorito do mercado.
Em meio
à forte alta do dólar ante o real, a taxa do DI para janeiro de 2028 estava em
13,185% no fim da tarde, em alta de 46 pontos-base ante o ajuste de 12,726% da
sessão anterior. A taxa para janeiro de 2032 marcava 13,485%, com elevação de
51 pontos-base ante o ajuste de 12,971%.
Preso
após ser condenado por tentativa de golpe de Estado e inelegível por decisão do
Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Bolsonaro escolheu Flávio como candidato à
Presidência em 2026, informou o Metrópoles no início da tarde. Posteriormente,
a Reuters confirmou a informação com o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e
o próprio Flávio disse no X que havia sido escolhido.
A
reação no mercado de renda fixa foi extremamente negativa. A taxa do DI para
janeiro de 2028, que chegou a ceder pela manhã, disparou para a máxima intradia
de 13,275% às 16h16, em alta de 55 pontos-base. Perto deste horário, a taxa do
DI para janeiro de 2032 marcou a máxima de 13,570%, com elevação de 60
pontos-base.
“A
saída de Tarcísio da disputa traz um papel em branco para a direita. E é muito
claro que Tarcísio só vai ser candidato com a benção de Bolsonaro”, comentou
durante a tarde Laís Costa, analista da Empiricus Research.
“O
mercado vê Flávio como um candidato mais fraco que Tarcísio na disputa com
Lula. Além disso, o possível governo Flávio não agrada tanto, porque a pauta
parece errática”, acrescentou.
Outros
profissionais seguiram a mesma linha de raciocínio, avaliando que Flávio
Bolsonaro tem menos chances de vencer o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na
corrida eleitoral.
“Ainda
é cedo para cravar, mas a decisão ‘implode’ possíveis alianças entre centro e
direita para o ano que vem. O mercado apostava em Tarcísio para construir essas
alianças e pavimentar a vitória da direita em 2026, mas agora cabe avaliar se
Flávio Bolsonaro consegue reunir esse amplo espectro político”, afirmou o
economista André Perfeito, da Garantia Capital, em comentário escrito.
Apesar
da forte elevação dos prêmios em função das notícias, a curva a termo
brasileira seguia precificando durante a tarde em cerca de 80% a probabilidade
de o Banco Central iniciar o ciclo de cortes da Selic em janeiro. Atualmente a
Selic está em 15% ao ano.
“O que
tiraria as chances de 25 pontos-base de corte em janeiro seria uma reação
exacerbada do dólar, e não só à questão do Flávio, mas a outras questões, como
uma pauta-bomba do Lula. Aí o dólar seria de R$5,50 ou R$5,60, o que atrasaria
o corte de juros”, avaliou Costa.
No
exterior, os rendimentos dos Treasuries se firmaram em alta durante a tarde,
com investidores consolidando posições antes da decisão sobre juros do Federal
Reserve, na próxima semana. Às 16h38, o rendimento do Treasury de dez anos
--referência global para decisões de investimento-- subia 3 pontos-base, a
4,139%.
No
início da tarde, o Departamento do Comércio dos EUA informou que o índice de
preços PCE subiu 0,3% em setembro, mesma taxa de agosto, acumulando alta de
2,8% em 12 meses. O núcleo do PCE, que exclui alimentos e energia, teve alta de
0,2% em setembro, mesma taxa de agosto e em linha com a projeção dos
economistas ouvidos pela Reuters.
Neste
cenário, os ativos seguiam precificando 87,2% de probabilidade de corte de 25
pontos-base dos juros pelo Fed na próxima semana, contra 12,8% de chance de
manutenção na faixa de 3,75% a 4,00%, conforme a Ferramenta CME FedWatch.
No
Brasil, a avaliação é de que um novo corte de juros nos EUA na próxima semana
reforçará a probabilidade de redução da Selic em janeiro.
• Aliados de Tarcísio veem candidatura
presidencial de Flávio com desconfiança
A
movimentação do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), que anunciou ter sido
escolhido pelo pai, Jair Bolsonaro (PL), como seu herdeiro político para a
eleição presidencial de 2026, provocou surpresa e desconfiança no entorno do
governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Segundo Malu
Gaspar, do jornal O Globo, o chefe do Executivo paulista foi avisado da
declaração apenas na véspera, sem ter sido preparado para a guinada estratégica
do clã.
Aliados
próximos de Tarcísio interpretam com cautela a possibilidade de uma candidatura
presidencial de Flávio. Até o fim de setembro, quando o governador teve seu
último encontro com Jair Bolsonaro, o senador mantinha planos de tentar a
reeleição ao Senado, enquanto a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro era
cogitada como possível vice em uma chapa presidencial.
Nos
bastidores, a avaliação é de que o cenário ainda pode mudar substancialmente
até 2026. A fala pública de Flávio, ao mencionar ter recebido do pai a “missão
de dar continuidade ao nosso projeto de nação”, não traz referência direta a
uma candidatura ao Planalto, o que reforça a leitura de que o movimento pode
ter múltiplas funções políticas.
Para
aliados de Tarcísio, a iniciativa de Jair Bolsonaro busca, antes de tudo,
assegurar o protagonismo da família, mesmo com o ex-presidente preso, ao mesmo
tempo em que impede que Michelle Bolsonaro concentre esse espaço de liderança
na direita. Além disso, a hipótese de uma “pré-candidatura” serviria como
instrumento de pressão sobre o Centrão e o presidente da Câmara dos Deputados,
Hugo Motta (Republicanos-PB), com o objetivo de aprovar a anistia mediante um
acordo mais amplo que una a direita em torno de outro nome respaldado pelo
bolsonarismo.
Mais
adiante, a estratégia poderia incluir a composição de uma chapa envolvendo o
próprio Flávio ou alguma outra figura validada por Jair Bolsonaro. Entre
aliados de Tarcísio, prevalece uma convicção: o governador não disputará a
Presidência contra um Bolsonaro em 2026. Para que sua eventual candidatura seja
viabilizada, será necessária uma articulação política complexa que leve em
conta os interesses do clã, um processo que apenas começa e cujo desfecho
permanece incerto.
• Tarcísio aparece nas redes e não se
pronuncia sobre candidatura de Flávio Bolsonaro
O
governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), rompeu o silêncio
na manhã deste sábado, 6 de dezembro, mas sem fazer qualquer referência à
escolha de Flávio Bolsonaro como candidato do bolsonarismo à Presidência em
2026 — decisão tomada por Jair Bolsonaro, que está preso por tentativa de golpe
de Estado e inelegível. Ignorando a disputa que abalou o campo da direita e
provocou forte impacto no mercado financeiro, Tarcísio publicou nas redes
sociais apenas uma mensagem de exaltação ao BOPE do Rio de Janeiro, desviando
por completo do tema que domina o debate político desde ontem.
“Recebo
a medalha do BOPE com respeito e honra por tudo o que ela representa: o amor e
a coragem de homens que estão dispostos a dar a própria vida para garantir a
segurança dos cidadãos de bem. A última operação no Rio de Janeiro os testou ao
limite, mas, mais uma vez, provaram o seu valor e não recuaram diante do
inimigo. Fica aqui a minha gratidão e a minha melhor continência ao Batalhão de
Operações Especiais do Rio de Janeiro, a todos que continuam lutando por um Rio
e por um Brasil melhor, e também àqueles que tombaram na missão e se
sacrificaram por esta causa. Obrigado também ao governador Cláudio Castro, que
não baixou a guarda diante do desafio de devolver a verdadeira liberdade e
soberania aos fluminenses”, escreveu Tarcísio.
A
publicação surge em meio ao turbilhão político provocado pela confirmação de
que Jair Bolsonaro decidiu escantear o governador paulista — preferido do
mercado financeiro — e impor o nome do filho mais velho, Flávio Bolsonaro, como
representante do bolsonarismo em 2026. O anúncio, revelado inicialmente pelo
Metrópoles e confirmado à Reuters, derrubou o Ibovespa em mais de 4%, fez o
dólar subir mais de 3% e elevou as taxas futuras de juros.
Investidores
e analistas viram a escolha como um obstáculo à construção de alianças entre a
direita e o centro liberal, já que Flávio Bolsonaro tem menos capacidade de
atrair o eleitorado moderado. Economistas classificaram a decisão como um
movimento que “implode” as articulações para 2026 e enfraquece o eixo político
que tinha Tarcísio como opção mais competitiva contra o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva.
Enquanto
aliados do bolsonarismo, como Fábio Wajngarten, intensificam ataques ao entorno
político do governador paulista — afirmando que a equipe de Tarcísio “nunca
respeitou” e “nunca valorizou” Jair Bolsonaro — o governador mantém-se em
silêncio absoluto sobre sua própria exclusão do projeto presidencial da
direita.
Ao
optar por uma mensagem institucional e distanciada da crise, Tarcísio passa a
imagem de quem tenta evitar um confronto direto com o bolsonarismo, mesmo após
ter sido claramente preterido pelo grupo político ao qual dedicou seu capital
eleitoral. A ausência de pronunciamento direto aprofunda as dúvidas sobre seu
papel e seu futuro na corrida eleitoral de 2026.
Fonte:
Brasil 247

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