sexta-feira, 31 de outubro de 2025

Fernando Capotondo: O plano da China em um mundo de cabeça para baixo

Em 1954, quando a República Popular da China dava seus primeiros passos rumo à industrialização, uma fábrica de rolamentos abriu as portas em Luoyang, na província de Henan. Era uma das 156 obras iniciais do primeiro Plano Quinquenal, um projeto que pretendia erguer aço onde antes havia arrozais e gerar energia onde antes funcionavam lampiões de querosene. Setenta anos depois, aquela antiga planta se transformou no Luoyang Bearing Group, uma empresa que fabrica mais de 30 mil tipos de produtos de alta precisão para setores estratégicos como aeroespacial, energia eólica e trens de alta velocidade.

O exemplo, destacado pelo China Daily, ilustra como os planos quinquenais são a espinha dorsal da economia chinesa e, em grande medida, do próprio modelo político do país. Desde o primeiro (1953–1957) até o 14º Plano, que termina neste ano, cada ciclo funcionou como uma eficaz estratégia de planejamento nacional — um método que permitiu à China se organizar, refletir e projetar o futuro em períodos de cinco anos.  “Planejar é prever, e prever é fortalecer a confiança no futuro.”
Este conceito, quase filosófico, guia os dirigentes chineses e foi reafirmado nesta semana durante a quarta sessão plenária do 20º Comitê Central do PCCh, realizada em Pequim, na qual foram aprovadas as propostas para o 15º Plano Quinquenal de Desenvolvimento Econômico e Social (2026–2030). A iniciativa foi descrita como “um elo crucial entre o passado e o futuro”, mirando a modernização socialista até 2035.

Após o encontro, as autoridades chinesas afirmaram que “o desenvolvimento da China se encontra em um período de coexistência de oportunidades estratégicas, riscos e desafios, enquanto aumentam as incertezas e fatores imprevistos”. Durante o evento, o presidente Xi Jinping destacou os êxitos do 14º Plano Quinquenal e discutiu os eixos centrais do novo plano, já apresentados anteriormente em um simpósio com personalidades fora do PCCh. Na ocasião, Xi enfatizou a importância de atender “às necessidades do povo em emprego, educação, seguridade social, moradia, saúde e cuidado de idosos e crianças”, conforme noticiou a agência Xinhua.

De acordo com o documento oficial divulgado após as deliberações, o rascunho do novo plano estabelece seis princípios e sete objetivos estratégicos que delineiam o caminho da China nos próximos cinco anos — em meio a um cenário global marcado pela imprevisibilidade, pela quebra de acordos e pelo aumento de conflitos comerciais e tensões geopolíticas.

“A proposta do PCCh para o 15º Plano Quinquenal prioriza a construção de um sistema industrial modernizado e o fortalecimento das bases da economia real”, afirmou Zheng Shanjie, diretor da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma. “Para atingir esses objetivos, faremos esforços para atualizar indústrias tradicionais, expandir setores emergentes e futuros, promover o desenvolvimento de alta qualidade dos serviços e construir um sistema de infraestrutura modernizado.”

A China pretende alcançar maior autossuficiência em ciência e tecnologia, apostando em inovações que vão desde semicondutores até inteligência artificial, robótica e novas formas de inovação aplicada. O objetivo é consolidar um sistema industrial moderno que garanta competitividade e autonomia tecnológica, reduzindo ao mínimo a dependência externa. O ministro da Ciência e Tecnologia, Yin Hejun, explicou que as principais medidas incluem: fortalecer a inovação e os avanços em tecnologias essenciais; integrar inovação científica e industrial; coordenar o desenvolvimento de educação, ciência e talentos; e consolidar a iniciativa China Digital.

Segundo o Global Times, o novo plano também busca melhorar o bem-estar social, com diretrizes como “beneficiar os agricultores que obtêm melhores resultados”, “promover uma urbanização centrada nas pessoas”, “melhorar o bem-estar público” e “dar passos firmes rumo à prosperidade comum”. Zheng destacou que a China precisa investir fortemente na construção de um poderoso mercado interno, acelerando uma nova estrutura de crescimento, o fortalecimento de uma economia de mercado socialista de alto nível e a promoção do desenvolvimento de qualidade.

O ministro do Comércio, Wang Wentao, afirmou que o país se concentrará “no setor de serviços para ampliar o acesso ao mercado”, além de “estimular o comércio inovador, expandir a cooperação bilateral em investimentos e promover uma colaboração de alta qualidade na Iniciativa Cinturão e Rota”. “Transformaremos o vasto mercado chinês em um campo de testes global, um nó de aplicação e um centro de lucros para a inovação”, disse Wang. “Evitaremos abordagens de soma zero que prejudicam outros em benefício próprio. Em vez disso, focaremos em um desenvolvimento mutuamente benéfico e compartilhado.”

Pequim reforçou que existe uma decisão política inequívoca de promover uma abertura de alto nível e acelerar a transição ecológica. O governo defende que a China deve melhorar ainda mais as condições de vida do povo e consolidar a prosperidade comum, em consonância com o marco histórico de ter retirado quase 100 milhões de pessoas da pobreza rural em apenas oito anos, erradicando a miséria em 2021. Além da economia, o país também busca inspirar a criatividade cultural, fomentar o florescimento da cultura socialista e modernizar o sistema de segurança nacional, elevando a iniciativa China Pacífica a um novo patamar.

Em um mundo marcado pelo imediatismo e pelas crises sucessivas, a China aposta em uma estratégia de longo prazo, com metas que integram crescimento econômico, soberania tecnológica, autossuficiência energética e coesão interna. Dentro dessa visão, o 15º Plano Quinquenal representa uma narrativa de poder e uma demonstração de que a modernidade não é exclusividade do neoliberalismo ocidental, mas pode ser guiada — e bem-sucedida — sob a bússola da planificação socialista.

¨      E a caravana quinquenal chinesa continua passando. Por Pepe Escobar

Quatro dias em Pequim. A quarta sessão plenária do 20º Comitê Central do Partido Comunista da China foi algo digno de  ser visto. 

A metodologia é importante. O que aconteceu durante esses quatro dias é que os delegados debateram e em seguida aprovaram “recomendações” que levarão ao 15º Plano Quinquenal da China. Um comunicado, em seguida,  estabeleceu os vetores básicos a serem tratados. A íntegra do Plano só será conhecida em detalhes em março próximo, quando ele será aprovado pelas famosas Duas Sessões, em Pequim. 

Indo direto ao ponto: é assim que a China trabalha, planejando meticulosamente tudo com grande antecedência, com alvos claros e supervisão meritocrática. A terminologia  – metafórica –  deixa algum espaço de manobra: todos têm consciência dos “fortes ventos, ondas ferozes e tempestades violentas que temos pela frente” – tanto interna quanto internacionalmente. Mas a “determinação estratégica” não vacilará. Os principais vetores para a liderança chinesa incluem “fortalecer a agricultura”, “beneficiar os agricultores”, e “alcançar prosperidade rural” – e, ao mesmo tempo, progredir com “a nova urbanização centrada nas pessoas”.

No tabuleiro global, Pequim continuará enfatizando o poder do “sistema de comércio multilateral”. Como sendo o oposto absoluto ao Trump 2.0. Os grandes alvos do 15º Plano Quinquenal são bastante claros. Dentre eles: “avanços em desenvolvimento de alta qualidade”, “aumento da autossuficiência tecnológica”, o bastante confucionista “notável progresso cultural e ético em toda a sociedade”, e fortalecimento do escudo de segurança nacional”.  Resumindo: a prioridade máxima das lideranças chinesas é construir “um sistema industrial modernizado”. Significando um sistema de economia mista produtivo – não especulativo – conduzindo o desenvolvimento rural, urbano e tecnológico. 

<><> Rumo a um “mercado unificado nacional” de ultra alta tecnologia. 

Por toda a China, são muitos os evidentes exemplos práticos do que foi alcançado até agora. No mês passado, tive o privilégio de testemunhar ao vivo o florescimento do socialismo com características chinesas em termos do desenvolvimento sustentável em Xinjiang . Xinjiang é agora um polo de Tecnologia da Informação e energia limpa – exportada para o restante da China.

Há também as conquistas tecnológicas do  Made in China 2025, lançado dez anos atrás, já colocando a China como o líder tecnológico em pelo menos 8 ou 10 áreas científicas.  Além disso,  programas de importância crucial desconhecidos até mesmo por muitos chineses, com ênfase especial no Programa 973 e no Projeto 985.

O Programa 973, lançado ainda em 1997, é o Programa Nacional de Pesquisas de Base, cujo objetivo é alcançar superioridade tecnológica e estratégica em diversos campos científicos – em especial no desenvolvimento da indústria de minerais de terras raras. Esse programa elevou a China ao topo em termos de competitividade científica global.  

O Projeto 985 foi lançado em 1998 com o fim de desenvolver um grupo seleto de universidades de primeira linha, elevando-as a um padrão mundial.  Daí o surgimento de Tsinghua, Pequim, Zhejiang, Fudan e do Instituto de Tecnologia Harbin, entre outras, como líderes mundiais em engenharia, ciências da computação, robótica, ciência aeroespacial, incluindo avanços importantes em IA, computação quântica e energia verde. Ivy League e Oxbridge? Pode esquecer: agora, o que realmente importa são as universidades chinesas. 

Um outro projeto de importância chave é o Corredor de Ciência e Inovação G60,  conectando nove cidades no delta do Rio Yangtzé, na China. Essas cidades, apenas no ano passado, contribuíram com quase 2,2 por cento  do valor agregado industrial global (itálicos meus). Isso é reflexo do planejamento econômico estratégico impulsionando o progresso tecnológico – na prática. 

Em uma entrevista coletiva, altas autoridades do Comitê Central apontaram para alguns pontos básicos que obviamente são totalmente desconsiderados pelo fragmentado Ocidente, mas não por largas parcelas do Sul Global. Em especial, o fato de os Planos Quinquenais serem vistos como uma das principais vantagens políticas da China. 

A formulação do próximo plano, como é comum na China,  inclui sugestões dadas por todos os escalões  da sociedade. Os motores do mercado, de agora em diante, incluirão necessariamente infraestrutura de computação e direção e manufaturas inteligentes.  E é previsível que, até 2035, será colocada especial ênfase na tecnologia quântica, em biomanufatura, hidrogênio, fusão nuclear, interfaces cérebro-computador, inteligência corporificada e 6G, para não mencionar a Inteligência Artificial.   Conceitualmente, a China irá focar seu imenso mercado interno: o que é definido como o “mercado nacional unificado”.  

Um ênfase especial foi colocado no propósito chinês de combater a “involução”: ou seja, a competição intraindustrial que causou problemas para diversos setores chineses. 

Sobre as espinhosas relações Estados Unidos-China, autoridades do Comitê Central foram categóricas: o foco recairá no “diálogo e cooperação”, e não no “desacoplamento e fragmentação”, Bem, ambas as partes  estão se encontrando na Malásia neste momento, nos bastidores da cúpula da ASEAN. As perspectivas de um acordo comercial mais amplo, entretanto, são frágeis. 

<><> Como entender a evolução do sistema político chinês 

A principal mensagem: o 15º Plano Quinquenal tratará do período 2026-2030. Pequim quer reforçar tudo o que foi alcançado até agora, com um claro foco no longo prazo: atingir, até 2035, o que é definido como “modernização socialista”.  

Com base no que eu, pessoalmente, vi em  Xinjiang, no mês passado,  comparado com minhas vistas anteriores (a última há mais de uma década), não há sombra de dúvida de que eles terão êxito.

É de importância crucial examinar a forma pela qual dois acadêmicos chineses de primeira linha explicam a evolução do sistema político chinês. Alguns trechos importantes  merecem ser citados na íntegra:

“Embora o sistema tradicional não fosse imune a mudanças, o objetivo dessas mudanças era manter o status quo, evitando mudanças “revolucionárias”. Depois da dinastia Han, a política de “abolir todas as escolas de pensamento e conservar unicamente o Confucionismo” suprimiu ideologicamente quaisquer fatores que pudessem catalizar mudanças políticas de monta. O Confucionismo se tornou a única filosofia dominante, e seu propósito intrínseco era manter o domínio.  O filósofo moderno alemão Hegel afirmou que “a China não tem história”. De fato, por milhares de anos, desde o Imperador Qin Shihuang até a Dinastia Qing tardia, a China passou apenas por uma sucessão de dinastias, não por mudanças fundamentais nas instituições. O conceito de Marx de “o modo de produção asiático” se alinha com as ideias de Hegel. Teóricos chineses, como Jin Guantao, também têm isso em mente  ao usar o termo “estrutura superestável”. Pode-se afirmar que esse é um reflexo da vitalidade do sistema político tradicional, ou que a China não passou por mudanças estruturais por milhares de anos”.  

“O atual sistema político é bem diferente, principalmente porque o Iluminismo estabeleceu firmemente o conceito de progresso, que a sociedade pode progredir e que esse progresso é ilimitado. Desde a revolução de Sun Yat-sem até o Partido Nacionalista de Chiang Kai-shek, e em seguida o Partido Comunista, gerações de chineses buscaram mudanças, compartilhando o mesmo objetivo: transformar a China e alcançar o progresso. Durante o Iluminismo moderno, a ética individual confuciana que servia de base ao antigo sistema, foi submetida a críticas e ataques os mais radicais.  No entanto, embora a antiga ética não seja mais viável, diversas facções políticas não conseguem chegar a um consenso quanto a que o futuro irá trazer. De que tipo de mudanças a China necessita? Como essas mudanças devem ser buscadas? Qual o propósito das mudanças? Diferentes forças políticas têm visões divergentes”. 

O que o Partido Comunista fez, afirmam esses dois acadêmicos, foi de fato bastante revolucionário, optando pelas mudanças radicais: “Essa é a revolução socialista que ele buscou desde sua fundação, usando a revolução para derrubar o antigo regime, transformar por completo a sociedade e criar um sistema inteiramente novo. Naturalmente, isso leva também às diversas contradições que confrontam a China hoje, principalmente o conflito entre a filosofia confucionista tradicional e o marxismo-leninismo. A primeira foca a manutenção do status quo, ou a adaptação que permite sua sobrevivência, enquanto a última busca mudanças continuadas”. 

“Desde meados da década de 1990, o Partido Comunista Chinês acelerou sua transformação de partido revolucionário a partido governante.  (…). Uma coisa é clara: se um partido político governar unicamente por governar, ele inevitavelmente entrará em declínio. Isso fica evidente na história do governo comunista na União Soviética e no Leste Europeu, e também na experiência histórica e atual dos partidos políticos ocidentais, que calculam sua legitimidade com base nos votos obtidos”.  

“Após as reformas e a abertura, o Partido Comunista Chinês redefiniu sua modernidade, com o objetivo de atingir a meta revolucionária original de resolver o problema do “empobrecimento universal”. No entanto, ao redefinir modernidade, o Partido também se esforçou para preservar a “natureza revolucionária” do partido governante (…)  Em termos de desenvolvimento econômico, a economia orientada para o PIB desempenhou um inestimável papel, transformando o “socialismo da pobreza” em apenas algumas décadas.  À época do 18º  Congresso Nacional do Partido Comunista, em 2012, a China havia se tornado a segunda maior economia do mundo e a maior potência comercial, com o PIB per capita crescendo de menos de 300 dólares, em inícios da década de 1980, para 6.000 dólares atualmente. E o que é mais importante, a China retirou 700 milhões de pessoas da pobreza absoluta”.

A conclusão, entretanto, é inescapável, e é inerente à maneira pela qual  Pequim agora descreve sua evolução política: o Partido Comunista Chinês tem que redefinir sua modernidade reafirmando sua missão, enfatizando suas aspirações iniciais e revivendo sua natureza revolucionária”. 

Afinal, observam os dois acadêmicos, “na China, os partidos políticos são o sujeito da ação política, e essa ação não se refere apenas à sobrevivência e ao  desenvolvimento, mas também a conduzir o desenvolvimento nacional em todos os seus aspectos (...) O Partido no poder deve definir de forma proativa sua própria modernidade por meio da ação, buscando e atingindo essa modernidade. Ao renovar e definir constantemente  sua modernidade, o partido no poder poderá preservar seu senso de missão ao conduzir o desenvolvimento social e, ao mesmo tempo, renovar-se a si próprio. 

Dificilmente poderia haver um resumo tão agudo de por que razão o socialismo com características chinesas não tem paralelos quando se trata de traduzir decisões políticas em alvos de desenvolvimento sustentável. Complemente-se isso com a  análise sucinta  do bilionário de Hong Kong Ronnie Chan sobre a inevitabilidade da ascensão – mais uma vez -   da China.

O contraponto é a China deixar de ser a prioridade máxima do Pentágono. O Dono do Circo está, essencialmente, sendo forçado a admitir a vantagem chinesa na competição estratégica global. Pode esquecer a intenção de “ganhar”  a guerra comercial/tecnológica contra a China – especialmente depois da jogada ao estilo Sun Tzu sobre as terras raras.

Enquanto isso, os cães da contenção ladram, enquanto a Caravana  Quinquenal chinesa continua passando.

¨      China e Estados Unidos firmam acordos e suspendem guerra comercial por um ano

A guerra comercial entre Estados Unidos e China está suspensa, pelo menos, por um ano. Reunidos por 1h40 nesta quinta-feira (30/10) em Busan, na Coreia do Sul, os presidentes Xi Jinping e Donald Trump fecharam um acordo sobre as terras raras e anunciaram uma série de reduções tarifárias.

O presidente chinês Xi Jinping afirmou que China e Estados Unidos devem “permanecer no rumo certo” e agir como “parceiros e amigos”. “O mundo enfrenta muitos problemas difíceis. Nossos países podem assumir juntos as responsabilidades de grandes potências e realizar coisas concretas para o bem de nossos povos e de todo o mundo”, afirmou.

Xi frisou que divergências são inevitáveis entre as duas maiores economias do planeta: “não vemos tudo da mesma maneira, é normal haver atritos.” Ainda assim, disse estar pronto para “construir uma base sólida” para uma nova fase das relações bilaterais. “Sempre acreditei que o desenvolvimento da China anda de mãos dadas com sua visão de tornar a América grande novamente”, disse Xi.

A reunião ocorreu antes da participação do líder chinês na cúpula da Apec, marcada para esta sexta-feira (31/10) em Gyeongju. De acordo com autoridades de Pequim, as equipes econômicas dos dois países já haviam “alcançado um consenso básico” em negociações anteriores em Kuala Lumpur, criando condições para o encontro presencial.

<><> ‘Tremendo líder’

Após a reunião, Trump elogiou Xi como um “tremendo líder de um país muito poderoso”. “Não há mais bloqueio. Isso é algo que impacta o mundo inteiro”, disse a bordo do Force One Air, ao retornar para Washington.

Trump avaliou o encontro como “12 numa escala de 1 a 10” e declarou que visitará a China em abril, classificando como “incrível” a conversa com o presidente chinês. “Tudo sobre as terras raras foi resolvido”, comemorou.

<><> O acordo

Segundo o acordado, as tarifas sobre os produtos exportados por ambos os países serão suspensas por um ano. Eles também chegaram a um entendimento a respeito do fornecimento de terras raras — minerais essenciais para a indústria de defesa, automotiva e eletrônica. O acordo sobre terras raras terá validade inicial de um ano, com renovação anual esperada, apontou o presidente norte-americano.

Entre os termos anunciados está a redução de 20% para 10% da chamada “tarifa do fentanil”, criada por Trump sobre bens chineses, além da suspensão por parte da China de controles de exportação relacionados a minerais estratégicos.

Trump afirmou que Xi concordou em trabalhar “muito duro” para conter a produção de fentanil — opioide sintético responsável por dezenas de milhares de mortes por overdose nos Estados Unidos. Em troca, Washington reduzirá as tarifas totais sobre produtos chineses de 57% para 47%.

A China também voltará a comprar soja norte-americana. “Quantidades grandes, tremendas de grãos de soja e outros produtos agrícolas serão compradas, começando imediatamente”, disse Trump. “O presidente Xi autorizou ontem [quarta] a China a começar a comprar. Eu gostei. Foi um ótimo gesto”, frisou.

Segundo o Ministério do Comércio da China, os norte-americanos suspenderão as medidas da seção 301 relativas a investigação sobre a indústria naval, logística e marítima chinesa. A China também garantiu cooperação na resolução de questões relacionadas ao TikTok.

Trump relatou que eles também discutiram a guerra na Ucrânia. “Falamos sobre isso por muito tempo, e vamos trabalhar juntos para ver se conseguimos algo”, disse. Ele reconheceu que a China continua comprando petróleo russo, mas disse que esse ponto “não foi realmente discutido”. A questão de Taiwan também não entrou na pauta da reunião.

 

Fonte: Brasil 247/Opera Mundi

 

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