sexta-feira, 31 de outubro de 2025

4 mitos sobre cuidados com o cabelo

Todos nós desejamos um cabelo bonito e com aparência saudável, seja com ondas cheias de brilhos, cachos definidos ou fios lisos e macios.

Em um setor que movimenta £ 5,8 bilhões (cerca de R$ 38 bilhões) no Reino Unido, não faltam produtos, modas e truques do TikTok circulando por aí, o que torna fácil perder de vista o essencial.

A verdade é que ter um cabelo saudável não depende de gastar muito em produtos nem de seguir rotinas complicadas, mas de acertar no básico.

As tricologistas Eva Proudman, da UK Hair Consultants, e Tracey Walker, da Hair and Scalp Clinic, desmentem quatro mitos comuns sobre cuidados com o cabelo.

>>>> 1. Água fria não deixa seu cabelo mais brilhoso

Já tomou banho frio só para tentar deixar o cabelo com mais brilho?

Pois pode parar. Segundo Proudman, da UK Hair Consultants, a água fria não aumenta o brilho dos fios, então vale aproveitar um bom banho quente e confortável.

"Não há necessidade de lavar o cabelo com água gelada porque não faz diferença alguma", afirma.

"O que realmente importa é como você protege o cabelo dos produtos químicos, do calor e do ambiente."

Ela acrescenta, porém, que a água muito quente também faz mal, porque pode ressecar os fios e queimar o couro cabeludo, da mesma forma que queima a pele.

>>>> 2. Nenhum produto repara cabelo danificado

Se você espera consertar as pontas duplas sem ir ao cabeleireiro, vai se decepcionar: o corte é a única solução para isso.

Proudman compara uma ponta dupla a um fio desfiado de meia-calça, não há como remendar.

Walker, da Hair and Scalp Clinic, explica: "Quando o fio se rompe, e você olha para ele em um microscópio, vai ver que ele se divide em duas ou três pontas".

"Os produtos do mercado agem como uma espécie de cola que junta as partes, dando aparência melhor."

Ela alerta que esse efeito é temporário e que não vale gastar muito com produtos que prometem uma solução para isso.

Proudman também diz que é um mito a ideia de cortar o cabelo para fazer ele crescer mais rápido.

"Não existe maneira de acelerar o crescimento. Qualquer produto que prometa isso está mentindo."

>>>> 3. O cabelo não se limpa sozinho

Talvez você conheça alguém que jure ter "treinado" o cabelo para se limpar sozinho, lavando-o raramente ou nunca.

Proudman alerta que essa prática não faz bem para os fios e nem para o couro cabeludo.

"O couro cabeludo tem cerca de 180 mil glândulas sebáceas e acumula sujeira e resíduos se não for lavado com frequência."

Walker concorda e faz uma comparação: não dá para tirar uma mancha de gordura da roupa só com água, é preciso detergente.

Deixar de lavar o cabelo regularmente pode causar mau cheiro e piorar problemas como caspa, diz Proudman, porque o "excesso de oleosidade favorece o acúmulo de fungos e bactérias, o que agrava coceiras e descamações".

Proudman recomenda lavar o cabelo em dias alternados se ele for muito oleoso ou se você usar muitos produtos.

Laura Waters, professora de análise farmacêutica da Universidade de Huddersfield (Reino Unido), acrescenta que quem tem cabelo muito oleoso pode precisar de limpeza mais intensa, enquanto quem tem fios secos deve optar por xampus sem sulfato, que custam mais, mas não retiram o óleo natural.

>>>> 4. Xampu seco não substitui a lavagem

Nem sempre dá tempo de lavar, secar e modelar o cabelo. Entre trabalho, academia e compromissos, o xampu seco virou um recurso rápido para disfarçar a oleosidade e renovar o visual sem precisar de banho.

Proudman diz que o uso ocasional é seguro, mas deve ser limitado a uma aplicação entre lavagens.

O problema começa quando o produto é usado por vários dias seguidos sem enxágue.

"O óleo natural do couro cabeludo se mistura ao xampu seco, e o acúmulo serve de alimento para fungos", explica.

"Se não houver cuidado, isso causa coceira e descamação."

No fim, o conselho dela é simples: cuide do couro cabeludo como cuida do rosto.

"Você não aplicaria maquiagem em cima de camadas antigas sem lavar a pele antes, então o mesmo vale para o cabelo."

•        3 mitos sobre a calvície

A busca por soluções para calvície não vem de hoje, mas de séculos.

Sabe-se que, há quase 2 mil anos, o grego Hipócrates — considerado o pai da medicina moderna por ter sido o primeiro a separar suas observações científicas das crenças religiosas então vigentes — passou a observar o funcionamento do cabelo, testando formas de reverter sua queda.

Embora hoje entendamos muito melhor como funciona o sistema capilar, ainda existem muitos equívocos que são repetidos sobre a queda de cabelo — que "não é necessariamente uma coisa ruim", segundo defende Carolyn Goh, dermatologista especializada na perda de cabelo e em distúrbios do couro cabeludo.

Além de pesquisar essa parte do corpo na Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA), a própria Goh foi diagnosticada com alopecia areata, que ocorre quando o sistema imunológico ataca os folículos capilares.

Em entrevista à BBC News Mundo, o serviço em espanhol da BBC, a dermatologista apontou para três mitos persistentes sobre a calvície.

>>>> Mito 1: os culpados são os genes da mãe

Você já deve ter ouvido que os genes que causam a calvície vêm do lado materno da família, mas a realidade é muito mais complexa do que isso.

Um estudo de 2017 publicado na revista britânica PLOS Genetics analisou informações de 52 mil homens com calvície hereditária e afirmou ter conseguido identificar pelo menos 287 genes envolvidos no processo de perda de cabelo.

Pelo menos 40 dos genes identificados estavam relacionados ao cromossomo X, aquele herdado da mãe, enquanto os demais estavam espalhados pelo genoma.

"É verdade que os genes mais fortes vêm do lado da família da mãe", diz Goh, "mas como mais de um gene causa calvície, eles podem vir de ambos os lados. Portanto, é provável que venham de ambos", diz.

Segundo a médica, os genes apontados como responsáveis pela calvície provocam uma sensibilidade exagerada a um elemento presente na testosterona, o hormônio masculino. É algo que pode ocorrer tanto em homens quanto em mulheres, mas com diferenças.

"As mulheres geralmente não ficam carecas. Elas, em geral, perdem um pouco de cabelo no topo da cabeça e talvez um pouco nas têmporas. E isso provavelmente ocorre porque não temos tanta testosterona quanto os homens, e temos mais estrogênio para equilibrá-la."

>>>> Mito 2: usar boné ou lavar muito o cabelo pode intensificar a queda

Quantas vezes você lava o cabelo por semana? Todos os dias? Três vezes por semana? Você usa boné ou chapéu com frequência?

Provavelmente nada disso tem a ver com sua queda de cabelo.

"Certamente, se você vir alguém cobrindo a cabeça, é porque está ficando careca, e não o contrário", brinca Goh.

Esses mitos estão relacionados a algo que é bem verdadeiro: o couro cabeludo é uma das áreas mais oleosas da pele.

"É uma das áreas mais gordurosas, mas não necessariamente uma das mais sensíveis. Na verdade, menos alergias são relatadas no couro cabeludo do que em outras partes do corpo", diz a especialista.

A médica afirma que, se uma pessoa está usando os produtos certos, não deve ter problemas em lavar o cabelo todos os dias.

>>>> Mito 3: não existe solução comprovada para a queda de cabelo

Atualmente, existem pelo menos três alternativas clinicamente comprovadas para combater a calvície.

Nenhuma delas garante resultados com 100% de eficácia, dado o complexo sistema químico e biológico envolvido na queda de cabelo, mas elas podem ajudar a desacelerá-la ou mesmo revertê-la — lembrando que nunca se deve iniciar tratamento com medicamentos sem orientação médica.

•        Minoxidil: é um composto vendido na forma de loção ou espuma, aplicadas diretamente no couro cabeludo;

•        Finasterida: aplicado por via oral. Era originalmente usada para tratamento de um tipo de aumento benigno da próstata mas agora, em concentrações mais baixas, também previne a queda de cabelo;

•        Transplantes: em geral, os folículos capilares são removidos da parte da cabeça onde o crescimento do cabelo continua e inseridos nas partes onde não há mais crescimento. Diferentes técnicas de transplante evoluíram muito nos últimos anos.

Sobre este último tratamento, a doutora Goh acredita que ainda há uma desconfiança sobre sua eficácia, mas ela garante que "os transplantes de hoje são realmente bons".

Devido ao nível de precisão que o procedimento exige — é necessário retirar e reinserir folículos individualmente —, Goh recomenda que o transplante seja feito por alguém com "bom olho".

"Há muita arte nisso. O que é incrível é que o folículo 'se lembra' de como cresceu antes de ser transplantado [geralmente na parte de trás da cabeça] e consegue crescer no novo local."

 

Fonte: BBC News

 

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