sexta-feira, 31 de outubro de 2025

Emir Sader: Aventuras e desventuras da esquerda na América Latina

Depois que o continente teve uma década plenamente neoliberal, no fim do século passado, passou a viver um período dominado pelo antineoliberalismo. A esquerda passou a protagonizar a história do nosso continente, até projetando os mais importantes líderes políticos deste século no mundo. Houve vitórias e derrotas, sucessos e insucessos, caminhos e descaminhos. Brasil, Argentina, México, Chile, Colômbia, Equador, Uruguai, Venezuela, entre outros países, foram cenários de grandes acontecimentos. Neste artigo vamos tomar apenas alguns casos. Escolhi, neste artigo, dois casos como exemplos.

A esquerda brasileira é um caso de experiência que está dando certo, depois dos tropeços que o país teve. O diferencial mais importante do Brasil é a existência do PT e do Lula. Foi uma esquerda que, primeiro, criticou Getúlio, depois soube reconhecer os avanços dele, mas com relativa distância.

Por outras razões, Getúlio se suicidou, favorecendo o distanciamento da esquerda. Quando Brizola tentou retomar o getulismo, dizendo que ele era a "paixão secreta do povo brasileiro", acreditava que havia uma continuidade da herança de Getúlio e que seria a personificação disso.

Erro crasso. Em primeiro lugar, o núcleo central da classe operária se havia deslocado das estatais, no Rio de Janeiro, para São Paulo, com a nova geração da classe operária, procedente do Nordeste – da qual fazia parte Lula –, que deu origem ao PT. Brizola nunca entendeu o PT, chegou a se aliar a gente de direita, no fim da vida, em oposição ao PT.

O PT soube se renovar, se adaptar aos tempos novos, e Lula foi fundamental nesse processo. Ele se deu conta, por exemplo, da importância do controle da inflação e a incorporou a seu governo. O PT e Lula nunca foram getulistas. A direita explora sempre um certo antipetismo, mas que não impediu as várias vitórias do partido e de Lula.

A Argentina é um caso diferente. O peronismo tem muito mais força do que teve o getulismo. Perón sobreviveu ao golpe que o derrubou, em 1955, e seguiu dirigindo a esquerda argentina. A esquerda argentina contemporânea, com razões, incorporou-se ao peronismo, no kirchnerismo. Mas essa incorporação tem um ônus e um bônus. Tiveram incorporado, ao mesmo tempo, a rejeição do peronismo, que é bem maior do que a rejeição ao petismo. Cristina Kirchner, por exemplo, apresenta 30% de apoio e 30% de rejeição nas pesquisas.

A surpreendente vitória de Javier Milei foi produto, entre outras coisas, da retomada do fantasma do suposto risco do retorno do peronismo. Da mesma forma que sua eleição foi produto também dessa exploração contra o candidato peronista – que ao mesmo tempo havia sido o ministro da Economia com uma inflação descomunal.

Há uma enorme bibliografia sobre as analogias e diferenças entre o Brasil e a Argentina e entre as esquerdas dos dois países. É um tema inesgotável, às vezes com supostas analogias, mas que escondem diferenças reais.

Não se trata de classificar as esquerdas latino-americanas em boas e ruins, em corretas e incorretas. Mas de qualificar as experiências, cujo conhecimento permite que a esquerda continue a protagonizar a história do nosso continente.

¨      As lições do que aconteceu na Argentina. Por Moisés Mendes

A ressurreição de Javier Milei na Argentina põe muita gente em situação desconfortável. Os peronistas, as esquerdas brasileiras, o jornalismo em geral, os cientistas políticos e os adivinhadores. Todos erraram, como observadores ou como torcedores.

A vitória de Milei parece tornar sem sentido uma sequência de fatos caóticos para o fascismo, desde 7 de setembro. Naquele dia 7, o peronismo venceu a eleição legislativa estadual, para a província de Buenos Aires, com 13% de vantagem em relação às forças reunidas em torno do Liberdade Avança de Milei. 

Play Video

Foi o que chamam de vitória avassaladora. Seria o primeiro sinal do começo do fim de Milei. Essa é uma lista básica do que aconteceu a partir daquele dia 7. 

O governo passou a ter derrotas importantes e inéditas no Congresso. Governadores que apoiavam a Casa Rosada ameaçaram debandar. Os jornais das corporações, Nación e Clarín, decidiram produzir manchetes contra Milei.

Agravou-se o desentendimento entre Milei e sua vice, Victoria Villarruel. Os dados da economia pioraram, com a certeza de que o país não voltaria a crescer no curto prazo e com o aumento da pobreza e da penúria dos aposentados. 

Voltaram a ser notícia as investigações em torno de Milei e da irmã Karina por envolvimento com a criação de criptomoeda e o recebimento de propinas. O dólar ameaçou disparar e passou a ser contido por intervenções do governo.

Empresas e pessoas comuns abandonavam o peso. Milei viajou aos Estados Unidos em busca de socorro de Trump. As ações das empresas argentinas despencavam e até os jornalões de Buenos Aires especulavam sobre o tempo de duração do governo.

Cristina Kirchner, em prisão domiciliar, foi para a sacada do seu apartamento no bairro Constitución, e Axel Kicillof, governador da província de Buenos Aires, passou a ser visto como o cara que iria enfrentar Milei em 2027, se ele resistisse até lá.

A eleição parlamentar de domingo arrebentou essa linha de tempo. E agora peronistas, cientistas, jornalistas, as esquerdas brasileiras, adivinhos e chutadores em geral voltam a especular sobre o que aconteceu e pode acontecer a partir dessa segunda-feira.

O que aconteceu domingo? Foi a abstenção recorde de 34%? Foi a ajuda de Trump? A presença de banqueiros americanos em Buenos Aires às vésperas da eleição? A arrogância peronista?

O que aconteceu, se uma pesquisa na semana da eleição, do Instituto AtlasIntel, mostrou que que 55,7% dos argentinos reprovam o governo? Como Milei venceu se não ofereceu nada de concreto ao povo?

Milei venceu porque reconquistou às pressas parte da base sustentada por governadores, ou porque se reaproximou da velha direita de Macri? Como Milei venceu se é sabotado até pela vice Victoria Villarruel e tem sua imagem cada vez mais associada a vigarices?

Milei pode ter vencido até na província de Buenos Aires por ter criado a expectativa de que vai salvar o peso e manter a inflação mais ou menos sob controle. É o que atormenta os argentinos há mais de 30 anos: o peso inconfiável e a inflação alta. Milei prometeu, com o aval de Trump, que haverá dólares para todos.

Mas todas as respostas possíveis precisam passar pelo elementar: Milei venceu porque está no poder. Porque os argentinos, mesmo constrangidos e empobrecidos, decidiram renovar a aposta e oferecer base parlamentar ao sujeito que elegeram há apenas um ano e 11 meses? 

Podem dizer que as eleições parlamentares são uma coisa e a eleição para presidente é outra e que os candidatos a deputado e senador explicam a vitória da direita por suas virtudes políticas pessoais. 

Mas os candidatos na ponta das listas apresentadas aos eleitores são a cara de Milei, que lidera um partido com somente quatro anos. O macrismo é apenas um apêndice dessa estrutura assumidamente fascista, que se apresentava como anticasta e disruptiva. 

Milei venceu porque provou que domina e ainda tem a fidelidade dessa base política de extrema direita. E domina porque está no poder e se dedicou a todos os esforços para mantê-lo. 

Os estagiários da Casa Rosada sabem. Tem mais chances de vencer, mesmo em situações caóticas, quem está no poder. Como Bolsonaro quase venceu em 2022, enquanto as pesquisas apontavam Lula com vitória folgada. 

A lição da Argentina, que Lula sabe muito antes de Cristina, de Macri e de Milei, é essa: um governante precisa ser muito medíocre, como Macri foi em 2019, para não conseguir vencer uma tentativa de eleição. Vale para o que aconteceu na Argentina na eleição parlamentar de meio de mandato e vale principalmente para uma reeleição.

A possibilidade de vitória favorece quem está no poder. É o governante, com tudo à sua disposição, quem está com a bola e quem bate o pênalti. A possibilidade de reeleição é quase uma ordem: reeleja-se. 

Milei, com o socorro de Trump, virou o jogo na última hora, mas só conseguiu porque agarrou-se ao poder, mesmo que ele e o país estejam caindo aos pedaços. Numa eleição parlamentar, antecipou o segundo mandato e voltou a ser forte para 2027.

É uma lição que agora vem também da 5° Série argentina. Por isso Lula será imbatível em 2026. Como aconteceu com ele em 2006 e com Dilma em 2014.  

¨      'Venezuela não será um Panamá', afirma professor de Harvard

O historiador Dennis M. Hogan, professor de Harvard, avalia em artigo publicado no The New York Times que uma possível intervenção norte-americana na Venezuela será desastroso para os Estados Unidos e toda a região.

Ele aponta que ao contrário da intervenção rápida dos Estados Unidos no Panamá, em 1989, que levou à prisão do general Manuel Noriega, acusado por Washington por tráfico de drogas, “a situação na Venezuela é bem diferente”.

“Buscar uma mudança de regime pode ser desastroso para os Estados Unidos e para a região. Também é importante reconhecer como isso se encaixaria em um padrão mais amplo de intervenção norte-americana na América Latina”, aponta.

Na época, o Panamá tinha três milhões de pessoas e o seu canal controlado pelos Estados Unidos, “era sedo do Comando Sul dos EUA e de uma guarnição permanente” do país. A Venezuela, livre de instalações militares do país, conta com uma população de 30 milhões de pessoas.

Hogan destaca que analistas de todos os espectros políticos apontam que o resultado mais provável de uma invasão seria “um aumento da instabilidade regional e, de acordo com um relatório recente do Stimson Center, um agravamento das condições, levando ao tráfico de drogas, conflitos e migração.”

<><> Doutrina Monroe

O historiador salienta que uma possível intervenção se insere no contexto mais amplo de como os Estados Unidos têm atuado historicamente na América Latina: “exercendo o poder de polícia internacional do corolário de Theodore Roosevelt à Doutrina Monroe”, pela qual Washington teria o direito de interferir nos assuntos das nações latino-americanas.

“A intervenção dos EUA tem sido uma constante no relacionamento dos Estados Unidos com a América Latina, mesmo durante períodos de suposto isolacionismo ou, para usar termos trumpianos, ‘América em Primeiro Lugar’”, afirma.

Ele cita, como exemplo, várias intervenções nos países da América Central e do Caribe e detalha as consequências da invasão ocorrida no Panamá, a mando de George H. W. Bush “para redimir os desastres no Vietnã”.

“Assim como o Panamá em 1989, a Venezuela não representa uma ameaça iminente à segurança dos Estados Unidos”, afirma o historiador. Em sua avaliação, um potencial ataque à Venezuela visa “satisfazer um eleitorado interno do Partido Republicano, representado pelo Secretário de Estado Marco Rubio, que há muito defende a mudança de regime na Venezuela, e distrair os críticos das políticas internas de Trump”.

¨      Campanhas presidenciais no Chile deixam de lado revolta social de 2019

Há exatos seis anos, em outubro de 2019, milhões de chilenas e chilenas foram às ruas e impulsionaram uma onda de manifestações quase diárias defendendo o fim do sistema de previdência e a realização de uma assembleia constituinte para substituir a atual carta magna do país, que foi imposta em 1980 pelo ditador Augusto Pinochet.

Seis anos depois, a lembrança das grandes manifestações de 2019 paira no ambiente do país junto com certo sentimento de frustração, já que tanto o sistema de previdência privada quanto a Constituição da ditadura continuam vigentes, e o país vive uma campanha eleitoral presidencial para escolher o sucessor de um governo de esquerda, de Gabriel Boric, que foi eleito em 2021 prometendo dar respostas àquelas demandas, mas sem sucesso.

Segundo alguns analistas, esse desencanto com as demandas da revolta social que não foram devidamente resolvidas na esfera política é um dos fatores que embala o discurso de uma extrema direita que mantém três candidaturas entre as quatro primeiras colocadas nas pesquisas, ainda que a candidata que apareça liderando – com uma vantagem pequena, no entanto – seja a governista Jeannette Jara, do Partido Comunista.

<><> Do ciclo de protestos ao acordão político

Para o historiador Lucas Schiappacasse, pesquisador da Universidade do Chile e mestre em Comunicação Política, a revolta de 2019 foi, “o culminar de um ciclo histórico de mobilizações iniciado na transição democrática, após o fim da ditadura (entre 1988 e 1990), mas também um umbral para novas formas de ação política”.

Em exclusiva a Opera Mundi, o investigador disse que os protestos não devem ser lidos como um processo que levou a uma ruptura total do ordenamento político e institucional do Chile, mas sim como “uma mutação nas formas de reivindicação, adaptada a um Estado que não responde às dinâmicas tecnológicas e culturais da sociedade contemporânea”.

Ademais, o acadêmico critica a maneira como o governo do presidente Gabriel Boric e seu conglomerado institucionalizaram esse impulso.

“O progressismo e a revolta foram movimentos opostos. A política institucional tentou domesticar o conflito social e terminou aprovando leis repressivas, acabou reproduzindo a lógica da ‘democracia protegida’, que foi instalada no país, por Jaime Guzmán, principal ideólogo da ditadura, e parece que essa é o único tipo de democracia que os partidos de hoje em dia conhecem, até mesmo os de esquerda”, analisou.

<><> Uma Constituição mais frágil que nunca

Entre 2020 e 2025, mesmo com uma pandemia no meio do caminho, o Chile promoveu dois processos constitucionais, ambos com formação de assembleias constituintes, algo que nunca havia acontecido antes na história do país. Porém, ambos produziram textos que foram rejeitados pela população em seus plebiscitos finais.

O fracasso dos dois processos constituintes deixou o país na mesma situação de 2019, regido pela Constituição herdada da ditadura. Para Schiappacasse, o cenário é contraditório, porque a carta magna ainda vigente acabou sendo legitimada indiretamente, ao mesmo tempo em que foi enfraquecida por pequenas reformas aprovadas no Congresso nos últimos anos.

Uma dessas mudanças é o fim do quórum mínimo de dois terços para reformas constitucionais, mecanismo que impediu boa parte das transformações propostas pelos seis governos de centro-esquerda que o país teve desde 1990 até hoje.

Porém, daí surge outra contradição: o que se pretendia uma abertura para mudanças mais progressistas pode acabar favorecendo a direita ou a extrema direita, caso o setor eleja uma maioria nas eleições deste ano, que também renovará toda a Câmara dos Deputados e metade do Senado.

“O duplo fracasso constitucional foi uma derrota para os movimentos sociais e para qualquer imaginação política fora da democracia protegida. O progressismo acreditou que poderia administrar a agitação, mas acabou desativando seu potencial transformador”, comentou o historiador.

<><> Juventude sem epopeia, política sem narrativa

Vale lembrar que o movimento que deu início à revolta social de 2019 foi o dos estudantes secundaristas, razão pela qual grande parte dos jovens que iniciaram os protestos configura, atualmente, uma geração cujas idades variam entre 23 e 28 anos.

O pesquisador Lucas Schiappacasse alerta para a frustração gerada pela esquerda especialmente nessa faixa etária, e em como os setores progressistas não foram capazes de manter as esperanças dessa juventude de que uma mudança radical no país poderia ser possível.

“As revoltas não morrem, elas se transformam. O que vemos hoje é sua derrota temporária, e o curioso é que ela é produto de uma legislação antiprotesto que foi criada por um governo progressista que, uma vez no poder, passou a tentar neutralizar os anseios da população”, frisou o acadêmico.

Schiappacasse conclui sua análise do cenário com uma leitura ampla do contexto latino-americano, e afirmando que “as revoltas latino-americanas respondem às crises cíclicas do neoliberalismo. Se a esquerda confunde governabilidade com transformação, repete o erro de acreditar que administrar o sistema é suficiente”.

¨      Candidata de esquerda à Presidência de Honduras denuncia plano golpista nas eleições

A candidata à Presidência de Honduras Rixi Moncada (Partido Liberdade e Refundação (Libre) denunciou um plano golpista da direita para alterar os resultados das eleições que serão realizadas em 30 de novembro.

De acordo com um relato em seu perfil na rede social X, Moncada “expôs o complô de fraude eleitoral” feito pela “elite sanguinária e corrupta do sistema bipartidário [referindo-se à coalizão dos partidos Nacional (PN) e Liberal (PL)]”.

Moncada apresentou “áudios que confirmam como políticos, militares e empresários conspiram para alterar a vontade do povo”.

A candidata denunciou o esquema, que já está sendo investigado pela Procuradoria-Geral do país, em Barrio Cabañas, na cidade de San Pedro Sula — local que chamou de “berço da resistência popular da classe trabalhadora”.

Deste modo, afirmou que as forças econômicas do país estão tentando impedir sua campanha política. “A liderança do Partido Liberal, os banqueiros hondurenhos e o poder econômico de Honduras querem me impedir porque eu represento o povo”, enfatizou, reafirmando seu compromisso com a “refundação da nação”.

“Declaramo-nos prontos para lutar em todo o país para derrotar a corrupção no Conselho Nacional Eleitoral (CNE)”, afirmou Moncada em um evento do Libre.

A candidata ainda relembrou a fraude eleitoral de 2017, quando “derrubaram o sistema de transmissão por mais de 72 horas e roubaram os resultados de cinco mil mesas eleitorais”.

Diante das ameaças, o ex-presidente hondurenho Manuel Zelaya (2006-2009) convocou uma reunião urgente do partido Libre para tratar sobre a denúncia na próxima sexta-feira (31/10).

“Diante da ameaça de destruição das eleições e de perturbação da paz, orquestrada pelo próprio CNE em associação com figuras políticas e militares corruptas do sistema bipartidário, o partido Libre convoca urgentemente a Coordenação Nacional”, anunciou o líder do partido Libre em sua rede social X.

presidente de Honduras, Xiomara Castro, também denunciou o plano: “condeno nos termos mais veementes possíveis esta conspiração criminosa que visa a um golpe eleitoral”.

líder hondurenha associou os responsáveis pelo plano ​​aos atores do golpe de 2009 e das fraudes eleitorais de 2013 e 2017. Eles pretendem, mais uma vez, suplantar a vontade do povo, gerar caos e sequestrar a soberania popular, declarou.

Em resposta, a mandatária instruiu as Forças Armadas a investigar o envolvimento de militares da ativa e o secretário para Assuntos Externos e Relações Internacionais, Javier Efraín Busoto, a relatar o caso à comunidade internacional.

<><> O golpe denunciado

A acusação de Moncada está em consonância com o anúncio do Procurador-Geral Johel Zelaya, que confirmou possuir provas da conspiração, entregues há uma semana pelo representante do Libre no CNE, Marlon Ochoa.

“As gravações demonstram plenamente a existência de uma associação ilícita entre um membro do CNE, um membro do Congresso Nacional e um oficial militar da ativa”, afirmou Zelaya.

A autoridade ainda lembrou que o CNE “é uma instituição de segurança nacional” e que “qualquer tentativa deliberada de alterar, obstruir ou manipular os resultados eleitorais constitui um ataque direto à democracia, um crime de traição à pátria, punível com pena de prisão de 15 a 20 anos”.

O Ministério Público (MP) informou que a investigação teve início após o recebimento de 24 gravações de áudio entregues por Ochoa. A imprensa local identificou os envolvidos como a vereadora Cossette López e o deputado Tomás Zambrano, ambos do PN, que faz oposição ao governo da atual presidente Xiomara Castro.

As gravações detalham uma estratégia para “atrasar, enfraquecer e agravar o processo eleitoral”, com o objetivo de declarar o candidato do Partido Liberal, Salvador Nasralla, como vencedor.

Em outra gravação de áudio, a voz menciona o uso de “ferramentas fornecidas por funcionários da embaixada e organizações internacionais” para denunciar supostas irregularidades. Zelaya anunciou que unidades especializadas já estão realizando perícias e analisando as evidências.

As eleições presidenciais estão marcadas para 30 de novembro. De acordo com dados do CNE, o cadastro eleitoral inclui 6.522.577 pessoas, e os cargos em disputa são o de presidente e três vice-presidentes, os 128 membros do Congresso e as autoridades dos 298 municípios de Honduras.

 

Fonte: Brasil 247/Opera Mundi

 

Nenhum comentário: