Emir
Sader: Aventuras e desventuras da esquerda na América Latina
Depois
que o continente teve uma década plenamente neoliberal, no fim do século
passado, passou a viver um período dominado pelo antineoliberalismo. A esquerda
passou a protagonizar a história do nosso continente, até projetando os mais
importantes líderes políticos deste século no mundo. Houve vitórias e derrotas,
sucessos e insucessos, caminhos e descaminhos. Brasil, Argentina, México,
Chile, Colômbia, Equador, Uruguai, Venezuela, entre outros países, foram
cenários de grandes acontecimentos. Neste artigo vamos tomar apenas alguns
casos. Escolhi, neste artigo, dois casos como exemplos.
A
esquerda brasileira é um caso de experiência que está dando certo, depois dos
tropeços que o país teve. O diferencial mais importante do Brasil é a
existência do PT e do Lula. Foi uma esquerda que, primeiro, criticou Getúlio,
depois soube reconhecer os avanços dele, mas com relativa distância.
Por
outras razões, Getúlio se suicidou, favorecendo o distanciamento da esquerda.
Quando Brizola tentou retomar o getulismo, dizendo que ele era a "paixão
secreta do povo brasileiro", acreditava que havia uma continuidade da
herança de Getúlio e que seria a personificação disso.
Erro
crasso. Em primeiro lugar, o núcleo central da classe operária se havia
deslocado das estatais, no Rio de Janeiro, para São Paulo, com a nova geração
da classe operária, procedente do Nordeste – da qual fazia parte Lula –, que
deu origem ao PT. Brizola nunca entendeu o PT, chegou a se aliar a gente de
direita, no fim da vida, em oposição ao PT.
O PT
soube se renovar, se adaptar aos tempos novos, e Lula foi fundamental nesse
processo. Ele se deu conta, por exemplo, da importância do controle da inflação
e a incorporou a seu governo. O PT e Lula nunca foram getulistas. A direita
explora sempre um certo antipetismo, mas que não impediu as várias vitórias do
partido e de Lula.
A
Argentina é um caso diferente. O peronismo tem muito mais força do que teve o
getulismo. Perón sobreviveu ao golpe que o derrubou, em 1955, e seguiu
dirigindo a esquerda argentina. A esquerda argentina contemporânea, com razões,
incorporou-se ao peronismo, no kirchnerismo. Mas essa incorporação tem um ônus
e um bônus. Tiveram incorporado, ao mesmo tempo, a rejeição do peronismo, que é
bem maior do que a rejeição ao petismo. Cristina Kirchner, por exemplo,
apresenta 30% de apoio e 30% de rejeição nas pesquisas.
A
surpreendente vitória de Javier Milei foi produto, entre outras coisas, da
retomada do fantasma do suposto risco do retorno do peronismo. Da mesma forma
que sua eleição foi produto também dessa exploração contra o candidato
peronista – que ao mesmo tempo havia sido o ministro da Economia com uma
inflação descomunal.
Há uma
enorme bibliografia sobre as analogias e diferenças entre o Brasil e a
Argentina e entre as esquerdas dos dois países. É um tema inesgotável, às vezes
com supostas analogias, mas que escondem diferenças reais.
Não se
trata de classificar as esquerdas latino-americanas em boas e ruins, em
corretas e incorretas. Mas de qualificar as experiências, cujo conhecimento
permite que a esquerda continue a protagonizar a história do nosso continente.
¨
As lições do que aconteceu na Argentina. Por Moisés
Mendes
A
ressurreição de Javier Milei na Argentina põe muita gente em situação
desconfortável. Os peronistas, as esquerdas brasileiras, o jornalismo em geral,
os cientistas políticos e os adivinhadores. Todos erraram, como observadores ou
como torcedores.
A
vitória de Milei parece tornar sem sentido uma sequência de fatos caóticos para
o fascismo, desde 7 de setembro. Naquele dia 7, o peronismo venceu a eleição
legislativa estadual, para a província de Buenos Aires, com 13% de vantagem em
relação às forças reunidas em torno do Liberdade Avança de Milei.
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Foi o
que chamam de vitória avassaladora. Seria o primeiro sinal do começo do fim de
Milei. Essa é uma lista básica do que aconteceu a partir daquele dia 7.
O
governo passou a ter derrotas importantes e inéditas no Congresso. Governadores
que apoiavam a Casa Rosada ameaçaram debandar. Os jornais das corporações,
Nación e Clarín, decidiram produzir manchetes contra Milei.
Agravou-se
o desentendimento entre Milei e sua vice, Victoria Villarruel. Os dados da
economia pioraram, com a certeza de que o país não voltaria a crescer no curto
prazo e com o aumento da pobreza e da penúria dos aposentados.
Voltaram
a ser notícia as investigações em torno de Milei e da irmã Karina por
envolvimento com a criação de criptomoeda e o recebimento de propinas. O dólar
ameaçou disparar e passou a ser contido por intervenções do governo.
Empresas
e pessoas comuns abandonavam o peso. Milei viajou aos Estados Unidos em busca
de socorro de Trump. As ações das empresas argentinas despencavam e até os
jornalões de Buenos Aires especulavam sobre o tempo de duração do governo.
Cristina
Kirchner, em prisão domiciliar, foi para a sacada do seu apartamento no bairro
Constitución, e Axel Kicillof, governador da província de Buenos Aires, passou
a ser visto como o cara que iria enfrentar Milei em 2027, se ele resistisse até
lá.
A
eleição parlamentar de domingo arrebentou essa linha de tempo. E agora
peronistas, cientistas, jornalistas, as esquerdas brasileiras, adivinhos e
chutadores em geral voltam a especular sobre o que aconteceu e pode acontecer a
partir dessa segunda-feira.
O que
aconteceu domingo? Foi a abstenção recorde de 34%? Foi a ajuda de Trump? A
presença de banqueiros americanos em Buenos Aires às vésperas da eleição? A
arrogância peronista?
O que
aconteceu, se uma pesquisa na semana da eleição, do Instituto AtlasIntel,
mostrou que que 55,7% dos argentinos reprovam o governo? Como Milei venceu se
não ofereceu nada de concreto ao povo?
Milei
venceu porque reconquistou às pressas parte da base sustentada por
governadores, ou porque se reaproximou da velha direita de Macri? Como Milei
venceu se é sabotado até pela vice Victoria Villarruel e tem sua imagem cada
vez mais associada a vigarices?
Milei
pode ter vencido até na província de Buenos Aires por ter criado a expectativa
de que vai salvar o peso e manter a inflação mais ou menos sob controle. É o
que atormenta os argentinos há mais de 30 anos: o peso inconfiável e a inflação
alta. Milei prometeu, com o aval de Trump, que haverá dólares para todos.
Mas
todas as respostas possíveis precisam passar pelo elementar: Milei venceu
porque está no poder. Porque os argentinos, mesmo constrangidos e empobrecidos,
decidiram renovar a aposta e oferecer base parlamentar ao sujeito que elegeram
há apenas um ano e 11 meses?
Podem
dizer que as eleições parlamentares são uma coisa e a eleição para presidente é
outra e que os candidatos a deputado e senador explicam a vitória da direita
por suas virtudes políticas pessoais.
Mas os
candidatos na ponta das listas apresentadas aos eleitores são a cara de Milei,
que lidera um partido com somente quatro anos. O macrismo é apenas um apêndice
dessa estrutura assumidamente fascista, que se apresentava como anticasta e
disruptiva.
Milei
venceu porque provou que domina e ainda tem a fidelidade dessa base política de
extrema direita. E domina porque está no poder e se dedicou a todos os esforços
para mantê-lo.
Os
estagiários da Casa Rosada sabem. Tem mais chances de vencer, mesmo em
situações caóticas, quem está no poder. Como Bolsonaro quase venceu em 2022,
enquanto as pesquisas apontavam Lula com vitória folgada.
A lição
da Argentina, que Lula sabe muito antes de Cristina, de Macri e de Milei, é
essa: um governante precisa ser muito medíocre, como Macri foi em 2019, para
não conseguir vencer uma tentativa de eleição. Vale para o que aconteceu na
Argentina na eleição parlamentar de meio de mandato e vale principalmente para
uma reeleição.
A
possibilidade de vitória favorece quem está no poder. É o governante, com tudo
à sua disposição, quem está com a bola e quem bate o pênalti. A possibilidade
de reeleição é quase uma ordem: reeleja-se.
Milei,
com o socorro de Trump, virou o jogo na última hora, mas só conseguiu porque
agarrou-se ao poder, mesmo que ele e o país estejam caindo aos pedaços. Numa
eleição parlamentar, antecipou o segundo mandato e voltou a ser forte para
2027.
É uma
lição que agora vem também da 5° Série argentina. Por isso Lula será imbatível
em 2026. Como aconteceu com ele em 2006 e com Dilma em 2014.
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'Venezuela não será um Panamá', afirma professor de
Harvard
O
historiador Dennis M. Hogan, professor de Harvard, avalia em artigo publicado
no The New York Times que uma
possível intervenção norte-americana na Venezuela será desastroso para os
Estados Unidos e toda a região.
Ele
aponta que ao contrário da intervenção rápida dos Estados Unidos no Panamá, em
1989, que levou à prisão do general Manuel Noriega, acusado por Washington por
tráfico de drogas, “a situação na Venezuela é bem
diferente”.
“Buscar
uma mudança de regime pode ser desastroso para os Estados Unidos e para a
região. Também é importante reconhecer como isso se encaixaria em um padrão
mais amplo de intervenção norte-americana na América Latina”, aponta.
Na
época, o Panamá tinha três milhões de pessoas e o seu canal controlado pelos
Estados Unidos, “era sedo do Comando Sul dos EUA e de uma guarnição permanente”
do país. A Venezuela, livre de instalações militares do país, conta com uma
população de 30 milhões de pessoas.
Hogan
destaca que analistas de todos os espectros políticos apontam que o resultado
mais provável de uma invasão seria “um aumento da instabilidade regional e, de
acordo com um relatório recente do Stimson Center, um agravamento das
condições, levando ao tráfico de drogas, conflitos e migração.”
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Doutrina Monroe
O
historiador salienta que uma possível intervenção se insere no contexto mais
amplo de como os Estados Unidos têm atuado historicamente na América
Latina:
“exercendo o poder de polícia internacional do corolário de Theodore Roosevelt
à Doutrina Monroe”, pela qual Washington teria o direito de interferir nos
assuntos das nações latino-americanas.
“A
intervenção dos EUA tem sido uma constante no relacionamento dos
Estados Unidos com
a América Latina, mesmo durante períodos de suposto isolacionismo ou, para usar
termos trumpianos, ‘América em Primeiro Lugar’”, afirma.
Ele
cita, como exemplo, várias intervenções nos países da América Central e do
Caribe e detalha as consequências da invasão ocorrida no Panamá, a mando de
George H. W. Bush “para redimir os desastres no Vietnã”.
“Assim
como o Panamá em 1989, a Venezuela não representa uma ameaça iminente à
segurança dos Estados Unidos”, afirma o historiador. Em sua avaliação, um potencial ataque à Venezuela visa
“satisfazer um eleitorado interno do Partido Republicano, representado pelo
Secretário de Estado Marco Rubio, que há muito defende a mudança de regime na
Venezuela, e distrair os críticos das políticas internas de Trump”.
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Campanhas presidenciais no Chile deixam de lado revolta
social de 2019
Há
exatos seis anos, em outubro de 2019, milhões de chilenas e chilenas foram às
ruas e impulsionaram uma onda de manifestações quase diárias defendendo o fim
do sistema de previdência e a realização de uma assembleia constituinte para
substituir a atual carta magna do país, que foi imposta em 1980 pelo ditador
Augusto Pinochet.
Seis
anos depois, a lembrança das grandes manifestações de 2019 paira no ambiente do
país junto com certo sentimento de frustração, já que tanto o sistema de
previdência privada quanto a Constituição da ditadura continuam vigentes, e o
país vive uma campanha eleitoral presidencial para
escolher o sucessor de
um governo de esquerda, de Gabriel Boric, que foi eleito em 2021 prometendo dar
respostas àquelas demandas, mas sem sucesso.
Segundo
alguns analistas, esse desencanto com as demandas da revolta social que não
foram devidamente resolvidas na esfera política é um dos fatores que embala o
discurso de uma extrema direita que mantém três candidaturas entre as quatro
primeiras colocadas nas pesquisas, ainda que a candidata que apareça liderando
– com uma vantagem pequena, no entanto – seja a governista Jeannette Jara, do
Partido Comunista.
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Do ciclo de protestos ao acordão político
Para o
historiador Lucas Schiappacasse, pesquisador da Universidade do Chile e mestre
em Comunicação Política, a revolta de 2019 foi, “o culminar de um ciclo
histórico de mobilizações iniciado na transição democrática, após o fim da
ditadura (entre 1988 e 1990), mas também um umbral para novas formas de ação
política”.
Em
exclusiva a Opera Mundi, o investigador disse que os protestos não devem
ser lidos como um processo que levou a uma ruptura total do ordenamento
político e institucional do Chile, mas sim como “uma mutação nas formas de
reivindicação, adaptada a um Estado que não responde às dinâmicas tecnológicas
e culturais da sociedade contemporânea”.
Ademais,
o acadêmico critica a maneira como o governo do presidente Gabriel Boric e seu
conglomerado institucionalizaram esse impulso.
“O
progressismo e a revolta foram movimentos opostos. A política institucional
tentou domesticar o conflito social e terminou aprovando leis repressivas,
acabou reproduzindo a lógica da ‘democracia protegida’, que foi instalada no
país, por Jaime Guzmán, principal ideólogo da ditadura, e parece que essa é o
único tipo de democracia que os partidos de hoje em dia conhecem, até mesmo os
de esquerda”, analisou.
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Uma Constituição mais frágil que nunca
Entre
2020 e 2025, mesmo com uma pandemia no meio do caminho, o Chile promoveu dois
processos constitucionais, ambos com formação de assembleias constituintes,
algo que nunca havia acontecido antes na história do país. Porém, ambos
produziram textos que foram rejeitados pela população em seus plebiscitos
finais.
O
fracasso dos dois processos constituintes deixou o país na mesma situação de
2019, regido pela Constituição herdada da ditadura. Para Schiappacasse, o
cenário é contraditório, porque a carta magna ainda vigente acabou sendo
legitimada indiretamente, ao mesmo tempo em que foi enfraquecida por pequenas
reformas aprovadas no Congresso nos últimos anos.
Uma
dessas mudanças é o fim do quórum mínimo de dois terços para reformas
constitucionais, mecanismo que impediu boa parte das transformações propostas
pelos seis governos de centro-esquerda que o país teve desde 1990 até hoje.
Porém,
daí surge outra contradição: o que se pretendia uma abertura para mudanças mais
progressistas pode acabar favorecendo a direita ou a extrema direita, caso o setor eleja
uma maioria nas eleições deste ano, que também renovará toda a Câmara dos
Deputados e metade do Senado.
“O
duplo fracasso constitucional foi uma derrota para os movimentos sociais e para
qualquer imaginação política fora da democracia protegida. O progressismo
acreditou que poderia administrar a agitação, mas acabou desativando seu
potencial transformador”, comentou o historiador.
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Juventude sem epopeia, política sem narrativa
Vale
lembrar que o movimento que deu início à revolta social de 2019 foi o dos
estudantes secundaristas, razão pela qual grande parte dos jovens que iniciaram
os protestos configura, atualmente, uma geração cujas idades variam entre 23 e
28 anos.
O
pesquisador Lucas Schiappacasse alerta para a frustração gerada pela esquerda
especialmente nessa faixa etária, e em como os setores progressistas não foram
capazes de manter as esperanças dessa juventude de que uma mudança radical no
país poderia ser possível.
“As
revoltas não morrem, elas se transformam. O que vemos hoje é sua derrota
temporária, e o curioso é que ela é produto de uma legislação antiprotesto que
foi criada por um governo progressista que, uma vez no poder, passou a tentar
neutralizar os anseios da população”, frisou o acadêmico.
Schiappacasse
conclui sua análise do cenário com uma leitura ampla do contexto
latino-americano, e afirmando que “as revoltas latino-americanas respondem às
crises cíclicas do neoliberalismo. Se a esquerda confunde governabilidade com
transformação, repete o erro de acreditar que administrar o sistema é
suficiente”.
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Candidata de esquerda à Presidência de Honduras denuncia
plano golpista nas eleições
A
candidata à Presidência de Honduras Rixi Moncada (Partido Liberdade e
Refundação (Libre) denunciou um plano golpista da direita para
alterar os resultados das eleições que serão realizadas em 30 de novembro.
De
acordo com um relato em seu perfil na rede social X, Moncada “expôs o complô de
fraude eleitoral” feito pela “elite sanguinária e corrupta do sistema
bipartidário [referindo-se à coalizão dos partidos Nacional (PN) e Liberal
(PL)]”.
Moncada
apresentou “áudios que confirmam como políticos, militares e empresários
conspiram para alterar a vontade do povo”.
A
candidata denunciou o esquema, que já está sendo investigado pela
Procuradoria-Geral do país, em Barrio Cabañas, na cidade de San Pedro Sula —
local que chamou de “berço da resistência popular da classe trabalhadora”.
Deste
modo, afirmou que as forças econômicas do país estão tentando impedir sua
campanha política. “A liderança do Partido Liberal, os banqueiros hondurenhos e
o poder econômico de Honduras querem me impedir porque eu represento o povo”,
enfatizou, reafirmando seu compromisso com a “refundação da nação”.
“Declaramo-nos
prontos para lutar em todo o país para derrotar a corrupção no Conselho
Nacional Eleitoral (CNE)”, afirmou Moncada em um evento do Libre.
A
candidata ainda relembrou a fraude eleitoral de 2017, quando “derrubaram o
sistema de transmissão por mais de 72 horas e roubaram os resultados de cinco
mil mesas eleitorais”.
Diante
das ameaças, o ex-presidente hondurenho Manuel Zelaya (2006-2009) convocou uma
reunião urgente do partido Libre para tratar sobre a denúncia na próxima
sexta-feira (31/10).
“Diante
da ameaça de destruição das eleições e de perturbação da paz, orquestrada pelo
próprio CNE em associação com figuras políticas e militares corruptas do
sistema bipartidário, o partido Libre convoca urgentemente a Coordenação
Nacional”, anunciou o líder do partido Libre em sua rede social X.
A presidente de Honduras, Xiomara
Castro, também
denunciou o plano: “condeno nos termos mais veementes possíveis esta
conspiração criminosa que visa a um golpe eleitoral”.
A líder hondurenha associou os
responsáveis pelo plano aos atores do golpe
de 2009 e das fraudes eleitorais de 2013 e 2017. “Eles pretendem, mais
uma vez, suplantar a vontade do povo, gerar caos e sequestrar a soberania
popular”, declarou.
Em
resposta, a mandatária instruiu as Forças Armadas a investigar o envolvimento
de militares da ativa e o secretário para Assuntos Externos e Relações
Internacionais, Javier Efraín Busoto, a relatar o caso à comunidade
internacional.
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O golpe denunciado
A
acusação de Moncada está em consonância com o anúncio do Procurador-Geral Johel
Zelaya, que confirmou possuir provas da conspiração, entregues há uma semana
pelo representante do Libre no CNE, Marlon Ochoa.
“As
gravações demonstram plenamente a existência de uma associação ilícita entre um
membro do CNE, um membro do Congresso Nacional e um oficial militar da ativa”,
afirmou Zelaya.
A
autoridade ainda lembrou que o CNE “é uma instituição de segurança nacional” e
que “qualquer tentativa deliberada de alterar, obstruir ou manipular os
resultados eleitorais constitui um ataque direto à democracia, um crime de
traição à pátria, punível com pena de prisão de 15 a 20 anos”.
O
Ministério Público (MP) informou que a investigação teve início após o
recebimento de 24 gravações de áudio entregues por Ochoa. A imprensa local
identificou os envolvidos como a vereadora Cossette López e o deputado Tomás
Zambrano, ambos do PN, que faz oposição ao governo da atual presidente Xiomara
Castro.
As
gravações detalham uma estratégia para “atrasar, enfraquecer e agravar o
processo eleitoral”, com o objetivo de declarar o candidato do Partido Liberal,
Salvador Nasralla, como vencedor.
Em
outra gravação de áudio, a voz menciona o uso de “ferramentas fornecidas por
funcionários da embaixada e organizações internacionais” para denunciar
supostas irregularidades. Zelaya anunciou que unidades especializadas já estão
realizando perícias e analisando as evidências.
As eleições presidenciais estão
marcadas para 30 de novembro. De acordo com dados do CNE, o cadastro
eleitoral inclui 6.522.577 pessoas, e os cargos em disputa são o de presidente
e três vice-presidentes, os 128 membros do Congresso e as autoridades dos 298
municípios de Honduras.
Fonte:
Brasil 247/Opera Mundi

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