Estudo
comprova que usar celular demais pode causar transtorno psiquiátrico
Um
estudo comprovou o que já era suspeita: o uso excessivo do celular pode
desencadear quadros de ansiedade, principalmente entre mulheres jovens. A
pesquisa, feita pela Associação Europeia de Psiquiatria e apresentada no
Congresso Europeu de Psiquiatria em abril deste ano, revelou que o gênero está
diretamente ligado ao tempo de exposição às telas e aos impactos negativos
sobre a saúde mental.
Em um
mundo cada vez mais cheio de telas, o celular se tornou um companheiro
constante: está presente ao acordar, antes de dormir, nas refeições e até no
banheiro. Embora qualquer pessoa esteja sujeita a desenvolver ansiedade por uso
excessivo de telas, a pesquisa indica que mulheres jovens são as mais afetadas.
Segundo
a neurocientista e psicanalista Ana Chaves, o problema está ligado às pressões
sociais que recaem com mais força sobre as mulheres. “Existe um histórico em
que a expectativa é sempre colocada em cima da mulher, como se ela tivesse que
dar conta de tudo. Isso cria uma necessidade de comparação, que é ainda mais
intensificada com as redes sociais, em que as pessoas aparentam terem vidas
perfeitas”, explica Ana.
A
especialista lembra que o conteúdo publicado nas redes não representa a
totalidade da vida real. “É apenas o que as pessoas desejam mostrar.”
A
pesquisa analisou os comportamentos de 400 jovens adultos, incluindo 104
homens, 293 mulheres e três pessoas de outro gênero. O levantamento mostrou que
as mulheres são o grupo mais vulnerável aos efeitos negativos do tempo
excessivo de tela.
Entre
os motivos, os pesquisadores apontam:
-Pressões
sociais relacionadas à aparência
-Comparação
social constante
-Maior
sensibilidade emocional
-Necessidade
de conectividade digital
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Como reduzir o impacto do uso do celular
Ana
Chaves destaca que a sobrecarga de informações do dia a dia afeta diretamente a
capacidade de concentração. “Entre reuniões, mensagens instantâneas e redes
sociais, é fácil se sentir perdido. Mas a neurociência vem ganhando destaque ao
oferecer dicas eficazes para melhorar nosso foco”, afirma.
Entre
as estratégias recomendadas pela neurocientista estão:
-Praticar
atividades ao ar livre
-Socializar
presencialmente
-Fazer
intervalos durante o dia
*
Manter uma boa qualidade de sono
Também
é importante estabelecer momentos específicos para uso do celular e buscar
hobbies que não envolvam telas.
• Estudo alerta sobre riscos do excesso
digital e suicídio entre adolescentes
Um
recente relatório do grupo de defesa dos direitos da criança KidsRight revelou
recentemente que o uso excessivo das redes sociais alimenta o problema de saúde
mental entre crianças e adolescentes.
De
acordo com o estudo, publicado no dia 11 de junho, uma em cada sete crianças e
adolescentes entre 10 e 19 anos sofre com algum desafio relacionamento à saúde
mental. A pesquisa foi feita pelo grupo, com sede em Amsterdã, e pela
Universidade Erasmus de Roterdã.
Em um
comunicado, o fundador e presidente da KidsRights, Marc Dullaert, afirmou que
"o relatório deste ano é um alerta que não podemos mais ignorar".
Ainda
segundo ele, a crise de saúde mental entre crianças e adolescentes atingiu um
"ponto crítico, exacerbado pela expansão descontrolada de plataformas de
mídia social que priorizam o engajamento em detrimento da segurança
infantil".
O
estudo também analisou a correlação entre o uso excessivo das redes sociais e a
taxa de suicídios entre adolescentes de 15 a 19 anos, que é de 6 por 100.000,
citando dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).
“Estamos
testemunhando governos lutando para conter uma crise digital que está
remodelando fundamentalmente a infância”, continuou Dullaert.
Segundo
o fundador do grupo de defesa dos direitos da criança, “precisamos de ações
concretas para garantir que a revolução digital sirva para melhorar, e não
colocar em risco, o bem-estar dos 2,2 bilhões de crianças do mundo. O tempo das
meias-medidas acabou.”
• O uso excessivo de telas desenvolve
deficiências mentais e intelectuais em crianças
Um
estudo feito pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais
(UFMG) mostrou que 72% das crianças avaliadas tiveram o aumento da depressão
associado ao uso de telas. A pesquisa também apontou a diminuição do quociente
de inteligência (QI) pelo uso exagerado de telas entre as crianças. A psicóloga
Giovanna Antunes Botazzo Delbem, da Faculdade de Direito de Ribeirão Preto
(FDRP) da USP, afirma que o uso excessivo de celulares, computadores e
videogames pode causar problemas para a saúde mental e desenvolver deficiências
mentais e intelectuais em crianças: “Principalmente no desenvolvimento de
depressão, ansiedade e transtorno de déficit de atenção e hiperatividade
(TDAH)”.
“Existem estudos que começam a relacionar a
radiação do dispositivo e como influencia até mesmo durante a gravidez. Depois
que a criança nasce, nós percebemos que o uso excessivo de telas atrapalha na
interação entre as crianças e os seus cuidadores, além da hiperestimulação a
partir das luzes da tela e dos desenhos na televisão que podem comprometer
outras atividades”, diz a especialista.
Segundo
a psicóloga, o uso de tecnologias na pandemia trouxe benefícios para a
aprendizagem e educação, mas o uso exagerado das telas fez com que os
transtornos mentais aumentassem. “Na pandemia tivemos as aulas on-line e a
superexposição pode ter sido uma das causas para o desenvolvimento de
transtornos mentais. O excesso prejudica a memória, criatividade, capacidade de
resolução de problemas e o desenvolvimento da linguagem, pois há uma diminuição
da quantidade e qualidade das interações com os cuidadores. As crianças falam
menos com as pessoas e acabam demorando mais para aprender a falar, podendo
gerar déficits, deficiência mental e intelectual e transtornos mentais.”
Por
isso, Giovanna diz que existe uma recomendação do tempo ideal para o uso de
telas por dia. “A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que crianças até
2 anos de idade não tenham nenhuma exposição a telas, de 2 a 5 anos, as telas
podem ser usadas no máximo 1h por dia, de 6 a 10 anos, de 1h a 2h por dia e de
11 a 18 anos, 3h por dia. Nós pensamos, inclusive, nos adolescentes, pois
muitas das interações sociais hoje em dia acontecem através das telas.”
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Cuidados
Os pais
precisam ficar atentos pois há alguns sinais como a diminuição das práticas
físicas, obesidade, alterações no sono, isolamento social, queda de memória e
no desempenho acadêmico que podem indicar o uso em excesso dos dispositivos
eletrônicos, aponta Giovanna. “É importante estarem atentos até para o motivo
dessa utilização, será que é para escapar de alguma emoção desconfortável ou
ter uma recompensa fácil de dopamina? O uso excessivo também faz com que as
crianças sejam menos tolerantes à frustração, por isso temos que impor
limites.”
A
psicóloga diz que proibir nunca é o melhor caminho, mas é necessário criar
estratégias para limitar o uso e prevenir problemas para a saúde das crianças.
“Precisamos mostrar que dizer não também é uma forma de cuidado. Ter momentos
de socialização e brincadeiras com as crianças que não envolvam as telas é
importante. Inclusive, pensando dos dois lados, para os pais também se
desconectarem das telas e passarem mais tempo com seus filhos.”
Fonte:
Correio/CNN Brasil/Jornal da USP

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