Estudo
aponta 142 empresários do agronegócio envolvidos em tentativa de golpe
Quem é
o “pessoal do agro”? Quais os nomes dos empresários do agronegócio que
financiaram a intentona golpista liderada por Jair Bolsonaro?
Essas
perguntas pairam desde 21 de novembro de 2024, quando a Polícia Federal (PF)
indiciou o ex-presidente e outras 36 pessoas por tentativa de golpe de Estado.
O relatório publicado naquele dia revelou a existência do plano Punhal Verde e
Amarelo: uma trama de homicídio orquestrada por membros da Forças Armadas e do
alto escalão do governo. O objetivo? Decretar um regime de exceção e
assassinar o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, seu vice Geraldo
Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
A
participação do agronegócio no plano foi detalhada após a prisão do
tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. Em depoimento à
Procuradoria-Geral da República, ele afirma ter recebido cerca de R$ 100 mil em
espécie. Com notas entregues em uma sacola de vinho pelo general Walter Braga
Netto, que contou a Cid sobre a origem do valor: “O general Braga Netto
entregou e comentou que era alguém do agro que tinha dado, mas eu não sei o
nome de quem foi que passou pra ele”.
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Quem é esse “pessoal do agro” sem rosto, sem nome e impune?
Para
responder a essa pergunta, De Olho nos Ruralistas lançou nessa quarta-feira
(25) o relatório “Agrogolpistas“,
que identifica 142 empresários do setor que atuaram no suporte logístico ou
financeiro a atos golpistas entre o segundo semestre de 2022 e o fatídico 8 de
janeiro de 2023.
com
chapelão e botas, nos rincões do país. Ao longo de 89 páginas, é possível
encontrar o nome de bancos e multinacionais diretamente ligadas aos empresários
que financiaram o terror. Eles recebem financiamento de instituições como
Santander, Rabobank e John Deere. E possuem contratos de fornecimento e
parceiras com gigantes como BTG Pactual e Syngenta — esta última, parte da
cadeia de financiamento da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA).
O dado
mais alarmante diz respeito à responsabilização: salvo aqueles (poucos) que
foram flagrados nos atos terroristas de 8 de janeiro, nenhum dos nomes
respondeu juridicamente pelo fomento ao golpe de Estado.
OBSERVATÓRIO
ANALISOU 1.452 NOMES PARA TRAÇAR RELAÇÃO COM AGRONEGÓCIO
Durante
quatro meses, o núcleo de pesquisas do observatório percorreu listas de pessoas
físicas e jurídicas investigadas por contratar a infraestrutura dos
acampamentos golpistas — geradores, tendas, banheiros químicos, alimentos — e
por viabilizar o trancamento de rodovias de norte a sul do país.
A base
de dados de financiadores de atos antidemocráticos — 551 nomes, ao todo — foi
complementada pela relação dos 898 réus responsabilizados criminalmente em
inquéritos do STF relativos ao 8 de janeiro e pela lista de indiciados da
Operação Lesa Pátria, da PF. Por último, incluímos na análise os nomes de três
fazendeiros paraenses investigados por fornecer apoio aos terroristas George
Washington de Oliveira Sousa e Alan Diego dos Santos Rodrigues, responsáveis
pela tentativa de atentado à bomba no aeroporto de Brasília, na véspera do
Natal de 2022.
A
partir desses dados, nossa equipe procurou identificar relações diretas com o
agronegócio: propriedade de imóveis rurais registradas no cadastro do Instituto
Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) ou no Cadastro Ambiental
Rural (CAR); sociedade em empresas agropecuárias registradas na Receita
Federal; e o registro de beneficiários do seguro rural pelo Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento. No caso das empresas privadas
indiciadas, a pesquisa foi estendida para seus sócios.
Ao
todo, constatamos que 142 fazendeiros e empresários do agronegócio foram
implicados por sua participação em atos antidemocráticos.
Eles
correspondem a 10% de todos os nomes analisados ao longo da pesquisa. Esses
dados podem — e provavelmente estão — subestimados, uma vez que são comuns os
casos de pessoas físicas com homônimos e, devido à Lei Geral de Proteção de
Dados, tanto as bases fundiárias do Incra quanto as da Receita Federal deixaram
de exibir o número do CPF.
Só
foram listados neste relatório os casos em que houve confirmação absoluta de
relação com o agronegócio.
“ARCO
DA SOJA” CONCENTRA 71% DOS AGROGOLPISTAS
Dos 142
fazendeiros e sócios de empresas identificados no levantamento, 74 estão
baseados em Mato Grosso, 17 em Goiás e 13 na Bahia. Os três estados respondem
por 71% dos nomes consolidados pelo observatório. A relação com o agronegócio é
escancarada: juntos, eles compõem o principal corredor produtivo da soja no
país, responsável por 47% da safra nacional.
Foi
justamente desse eixo de onde saiu a maior parte dos caminhões identificados
pela Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF) entre os
veículos estacionados em frente ao Quartel General (QG) do Exército em
Brasília: 56 dos 234 caminhões enviados ao acampamento golpista tinham origem
em Sorriso (MT), o maior polo produtor de soja do mundo.
Desse
total, 28 pertencem a duas famílias que se interligam. Com dez nomes na lista,
o clã Bedin enviou quinze caminhões para a capital federal. Unidos aos Bedin
pelos negócios e pelo casamento, os Lermen enviaram treze veículos para o QG
golpista.
O grupo
é liderado pelo pioneiro Argino Bedin, o “pai da soja” de Sorriso. O mesmo
empresário que se calou diante da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito
(CPMI) do 8 de Janeiro, no Senado. Quando retornou a Sorriso, quatro dias após
seu depoimento, Argino foi ovacionado em um evento de gala organizado por
políticos e expoentes do agronegócio mato-grossense.
O
caminho que liga o Arco da Soja às movimentações golpistas passa ainda pelas
organizações de representação do agronegócio: seis empresários investigados em
processos relativos ao 8 de janeiro e aos acampamentos golpistas são dirigentes
da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja), uma das
organizações fundadoras do Instituto Pensar Agro (IPA), o braço logístico da
bancada ruralista no Congresso.
Entre
eles, Christiano da Silva Bortolotto, ex-presidente da Aprosoja de Mato Grosso
do Sul e do Sindicato Rural de Amambai (MS), onde protagoniza um conflito
histórico contra o povo Guarani-Kaiowá do Tekohá Kurusu Ambá.
TEMAS
DO RELATÓRIO SERÃO EXPLORADOS EM SÉRIE DE REPORTAGENS
Nenhum
dos fazendeiros suspeitos de financiar os atos golpistas foi preso ou condenado
por esse motivo. Os indiciados em comissões parlamentares de inquérito — tanto
do Senado quanto da Câmara Legislativa do Distrito Federal — não integram a
denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) que definiu os seis núcleos
golpistas no julgamento no STF. Também não foram processados os empresários
listados na relação de donos dos caminhões flagrados no QG do Exército,
divulgada pela SSP-DF.
Mesmo
com a declaração de Mauro Cid que apontou o “pessoal do agro” como responsável
por financiar o plano Punhal Verde e Amarelo. Mesmo que mensagens interceptadas
pela Polícia Federal comprovem que os organizadores do acampamento instavam
Jair Bolsonaro a sair das quatro linhas da Constituição.
A
impunidade é um dos fatores centrais trazidos pelo relatório “Agrogolpistas”.
O empresariado que financiou a empreitada bolsonarista saiu até agora ileso e
de imagem lavada. Aos poucos, vai ficando invisível. Como se apenas tramas
verde-oliva tivessem sido os fatores decisivos para a violência institucional.
As
digitais do agronegócio na engrenagem do golpe podiam ser observadas desde
2022. De Olho nos Ruralistas revelou a ponta do iceberg em um dossiê intitulado
“As Origens Agrárias do Terror” — publicado apenas
quatro meses após os atos terroristas de 8 de janeiro de 2023. Na época, o
levantamento identificou as conexões agrárias de 44 empresários e políticos que
atuaram na organização do quebra-quebra na Praça dos Três Poderes, em Brasília,
e nos bloqueios a rodovias em cinco estados.
Passados
dois anos, pouco se avançou no sentido de responsabilizar os financiadores do
golpismo no Brasil.
¨ Empresários do
agronegócio passam impunes em inquéritos sobre golpe
Nos
dois anos que se seguiram ao 8 de janeiro, a Justiça brasileira responsabilizou
criminalmente 898 réus. Desse total, 527 foram condenados após prisão em
flagrante dentro de prédios públicos e na Praça dos Três Poderes ou nos
acampamentos ilegais em frente dos quartéis do Exército.
À
exceção dos oito militares presos no curso das operações Contragolpe e Tempus
Veritatis, os golpistas do 8 de janeiro são, em sua maioria, “peixes pequenos”.
No rol de condenados nota-se a ausência de empresários que ajudaram a financiar
não somente os acampamentos e os bloqueios rodoviários, mas também a
conspiração golpista dos generais.
A falta
de responsabilização de fazendeiros e donos de empresas agropecuárias que
forneceram apoio logístico e financeiro ao golpe é um dos pontos centrais do
relatório “Agrogolpistas“,
lançado ontem (25) pelo De Olho nos Ruralistas. O estudo identificou 142 nomes
ligados ao agronegócio entre os indiciados em comissões parlamentares de
inquérito ou na Operação Lesa Pátria, da Polícia Federal, e os investigados por
órgãos estaduais, pelas polícias civil e militar e pelos Ministérios Públicos
estaduais.
Uma
evidência dessa impunidade vem do relatório da CPMI do 8 de Janeiro, do Senado,
que destacou o papel central dos caminhões estacionados no Quartel General (QG)
do Exército, em Brasília. Os veículos serviam de palanque, auxiliavam no
trânsito de mantimentos e simbolizavam a força do movimento, que ameaçava
“parar o Brasil”.
Esses
empresários da logística são também fazendeiros, um dado crucial que passou ao
largo de boa parte das análises publicadas à época. Eles respondem por 91 das
142 entradas na lista: 64% dos nomes consolidados neste relatório. Quantos
deles foram responsabilizados criminalmente por esse motivo? A resposta
devastadora é: nenhum.
DEFENDIDO
POR MORO, FAZENDEIRO PRESO É EXCEÇÃO ENTRE AGROGOLPISTAS
Os
únicos empresários condenados presentes na lista consolidada no relatório “Agrogolpistas”
são aqueles flagrados durante os atos terroristas de 8 de janeiro de 2023, em
Brasília. É o caso do fazendeiro paranaense Jorginho Cardoso de Azevedo,
condenado a 17 anos de prisão por participar da invasão e depredação de prédios
públicos na Praça dos Três Poderes.
Azevedo
conta com o apoio de um político famoso: o senador Sérgio Moro (União-PR). Em
setembro de 2024, o ex-juiz da Lava Jato usou sua conta no Instagram para
criticar o tempo de pena concedido ao conterrâneo. Ele disse que
intercederia junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) com o objetivo de
transferi-lo ao regime semi-aberto para tratar “graves problemas de saúde”.
Na
postagem, Moro comparou a situação ao caso da esquartejadora Elize Matsunaga:
“O agricultor Jorginho de Azevedo deve ficar na cadeia por 17 anos, enquanto a
assassina do ex-dono da Yoki cumpre em liberdade uma pena de 16 anos e três
meses”. Em abril de 2025, Alexandre de Moraes autorizou a mudança para prisão
domiciliar.
O que
Sérgio Moro não diz é que Azevedo foi identificado pela CPI dos Atos
Antidemocráticos, da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), como um dos
contratantes de ônibus usados para levar manifestantes a Brasília. Não se
trata, portanto, de um simples patriota, um “vândalo de passagem”.
Os
indiciados nas comissões parlamentares — tanto do Senado quanto da CLDF — não
integram a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) que definiu os
seis núcleos golpistas no julgamento no STF. Também não foram processados os
empresários listados na lista de donos dos caminhões flagrados no QG do
Exército.
RELATÓRIO
LISTA 18 FAZENDEIROS INDICIADOS POR 8 DE JANEIRO
A lista
de 142 empresários do agronegócio consolidada no estudo “Agrogolpistas”
se baseia exclusivamente em nomes implicados legalmente nas fontes oficiais.
Nomes mencionados apenas em relatórios de inteligência, como o da Agência
Brasileira de Inteligência (Abin), divulgado pelo portal Congresso em Foco, não foram
incluídos. Salvo as exceções: aqueles que também foram indiciados em outros
processos relativos ao golpismo no Brasil.
É o
caso de Antônio Galvan, que presidiu a Associação Brasileira dos Produtores de
Soja (Aprosoja Brasil) durante a era Bolsonaro. Responsável pela radicalização
ideológica da organização, ele aparece junto a outros sete líderes do setor —
entre presidentes de sindicatos rurais e dirigentes das Aprosojas regionais —
que foram investigados na CPMI do 8 de Janeiro, no Senado.
Datado
de 10 de janeiro de 2023, dois dias após a tentativa de golpe, o relatório da
Abin aponta o Movimento Brasil Verde e Amarelo (MBVA) como articulador, pelo
menos desde 2021, de manifestações golpistas. O papel do MBVA e sua relação com
o general Walter Braga Netto é o tema central do terceiro capítulo do
relatório. Candidato a vice-presidente em 2022, Braga Netto é o “pai” do plano
Punhal Verde e Amarelo — que pretendia assassinar o presidente Luiz Inácio Lula
da Silva, seu vice Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo
Tribunal Federal (STF).
Além
desses dirigentes, o núcleo do 8 de janeiro conta com cinco fazendeiros que
foram alvos de busca e apreensão no inquérito na Operação Lesa Pátria. São
eles: José Ruy Garcia, vereador de Inhumas (GO); Fernando Junqueira Ferraz
Filho, primo do prefeito de Leopoldina (MG); Luciene Beatriz Ribeiro Cunha,
pecuarista de Uberaba (MG); e Geraldo Cesar Killer, de Bauru (SP), com quem
foram apreendidos US$ 142 mil em espécie.
Quem
fecha o grupo é Christiano da Silva Bortolotto, ex-presidente da Aprosoja-MS e
alvo da 26ª fase da Lesa Pátria. Ele é investigado por organizar comboios com
ônibus e caminhões rumo a Brasília, além de estimular bloqueios de rodovias na
região sul do estado. Um combo completo.
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Empresa que enviou caminhões para QG golpista recebeu prêmio de excelência da
Syngenta
O De
Olho nos Ruralistas publicou na última quarta-feira (25) o relatório “Agrogolpistas“.
Ao longo de 88 páginas, o estudo analisa a atuação econômica de 142 empresários
do agronegócio que atuaram no suporte logístico ou financeiro a atos golpistas
entre o segundo semestre de 2022 e o fatídico 8 de janeiro de 2023.
O
objetivo? Mostrar que esses fazendeiros e donos de empresas não são “peixes
pequenos”. Eles estão integrados em cadeias globais: são exportadores de soja e
possuem parcerias com multinacionais do setor. Dois desses casos envolvem
diretamente a Syngenta, a gigante dos agrotóxicos com sede em Basileia, na
Suíça — e comprada em 2017 pela estatal ChemChina.
O
primeiro envolve uma empresa de Sorriso (MT), a Agrosyn Comércio e
Representação de Insumos Agrícolas. O município mato-grossense lidera o
levantamento do observatório, com 34 nomes sob investigação ou indiciados em
processos relativos aos atos antidemocráticos instigados pelo ex-presidente
Jair Bolsonaro.
Parceira
regional da multinacional sino-suíça — com direito ao uso do “syn” como sufixo
—, a Agrosyn figura entre as empresas que tiveram as contas bancárias
bloqueadas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal
(STF), por participar de bloqueios rodoviários logo após a vitória eleitoral de
Luiz Inácio Lula da Silva.
A
decisão de 12 de novembro de 2022 determinou o bloqueio contra 33 pessoas
jurídicas — em sua maioria, do setor de transportes de carga. Isso fez boa
parte dos donos de caminhões “patriotas” enviados a Brasília ser descrita (na
Justiça e na imprensa) como uma iniciativa de empresários da logística. Mas o
levantamento do De Olho nos Ruralistas mostra que 26 empresas integram holdings
agropecuárias ou têm, como sócios, donos de fazendas.
O caso
da Agrosyn é mais direto: trata-se de uma distribuidora de agrotóxicos. A
participação nos bloqueios não impediu que a empresa fosse reconhecida com
o Prêmio Raízes em 2024,
concedido pela Syngenta para os distribuidores que se destacam por sua
excelência. Os premiados receberam uma viagem para o emirado de Dubai e as
ilhas Maldivas.
SYNGENTA
DIZ NÃO COMPACTUAR COM ATOS ANTIDEMOCRÁTICOS
Procurada
pela reportagem, a Syngenta afirma não compactuar com quaisquer atos
antidemocráticos nos países em que atua. “A Syngenta está comprometida em
conduzir negócios de acordo com os mais altos padrões de integridade e
responsabilidade”, diz a nota de imprensa. A íntegra pode ser lida aqui.
— No
que se refere à premiação, a Syngenta reforça que a avaliação de seus parceiros
comerciais é contínua e leva em consideração múltiplos critérios estabelecidos
internamente. Reitera, ainda, que busca garantir que suas relações comerciais
estejam sempre alinhadas a princípios de responsabilidade social, ética e
governança corporativa.
A
Syngenta não é um ator qualquer no agronegócio brasileiro. Em 2022, De Olho nos
Ruralistas mostrou no relatório “Os Financiadores da Boiada” que a fabricante de
pesticidas despontava como campeã em número de reuniões com integrantes do alto
escalão do governo Bolsonaro: 81. A empresa está plenamente integrada ao
ecossistema de financiamento do Instituto Pensar Agro, o braço logístico da Frente
Parlamentar da Agropecuária. Na época da publicação do relatório, ela
participava diretamente de três associações mantenedoras da bancada ruralista.
A
multinacional aparece no relatório “Agrogolpistas”
em um segundo caso. Ela é parceira da AvantiAgro, uma empresa de sementes e
insumos com sede em Luís Eduardo Magalhães (BA) e fundada pelos irmãos Vilson e
Marcelino Walker. Os dois atuam há três décadas na produção de soja e algodão
no oeste baiano.
Vilson
é um dos proprietários de caminhões fichados pela Secretaria de Segurança
Pública do Distrito Federal (SSP-DF) dentro do acampamento golpista montado em
frente ao Quartel General do Exército, em Brasília. Junto com os irmãos Luiz e
Elton Walker — este último através da empresa Agrowalker Serviços e Transportes
—, o clã enviou cinco veículos para a capital federal. Nenhum deles foi
responsabilizado legalmente.
DONO
DA AGROSYN FOI SÓCIO DE PREFEITO BOLSONARISTA
Além de
destinar caminhões para os bloqueios rodoviários que tentavam estrangular a
economia em protesto contra a vitória de Lula, a Agrosyn se relaciona com
outros personagens descritos no relatório “Agrogolpistas“.
O dono da empresa, Sérgio Adão Esteves, foi sócio da sojeira RD Rossato. Essa,
por sua vez, tem como sócio Dilceu Rossato (Republicanos), prefeito de
Sorriso por dois mandatos não consecutivos: de 2005 a 2008 e de 2013 a 2016.
Rossato
não enviou caminhões e não consta entre os investigados por atos
antidemocráticos, mas é um importante ponto de interseção entre alguns
envolvidos. Ele é sócio da concessionária Apasi, que controla trechos das
rodovias estaduais MT-242 e da MT-491. Dois de seus sócios enviaram caminhões
aos atos antidemocráticos: Ilo Pozzobon, dois veículos, e Elio Schiefelbein,
um.
Bolsonarista
declarado, Dilceu foi atuante durante a campanha presidencial de 2022, sempre
trajado de verde e amarelo. Afirmava que aquelas eleições significavam a “luta
do bem contra o mal”.
Ele
também já foi sócio de Argino Bedin, o “pai da soja” de Sorriso e uma das
figuras centrais do estudo.
Fonte:
Por Alceu Luís Castilho e Bruno Stankevicius Bassi, em De Olho nos Ruralistas




