Trump sugere
'postura menos escandalosa e mais focada em negociação' na América Latina, diz
analista
O segundo mandato
de Donald Trump nos Estados Unidos começou oficialmente com um discurso que,
marcado por seus conhecidos slogans e propostas, revela uma postura inclinada a
um pragmatismo mais calculista, disse à Sputnik o sociólogo e analista político
venezuelano Ángel González.
"Trump é um
mestre da mídia, um mestre
do discurso",
disse González sobre o novo presidente, que assumiu o cargo para um novo
mandato como presidente dos Estados Unidos na segunda-feira (20).
O discurso de posse
de Trump, no qual ele anunciou a declaração de emergência
nacional na
fronteira sul e sua intenção de revitalizar a indústria de hidrocarbonetos,
oferece pistas sobre as prioridades deste novo período. Para González, esse
pragmatismo também se reflete na maneira como Trump aprendeu com suas
experiências passadas.
Um dos aspectos
mais marcantes do discurso de posse foi a referência à retomada do controle
sobre recursos
essenciais e
à reafirmação da soberania norte-americana em diversas frentes. Segundo
González, esse tipo de declaração é consistente com a visão expansionista de
Trump.
"A proposta de
recuperação do canal do Panamá, assim como seus comentários sobre a Groenlândia
ou a possibilidade do Canadá se tornar o 51º estado, faz parte de uma
estratégia discursiva que busca projetar uma ascensão dos Estados Unidos. É uma
narrativa geopolítica", explicou.
Trump, diz
González, usa essas ideias para consolidar seu apoio entre seus apoiadores mais
leais, apelando
ao populismo como
uma ferramenta fundamental para manter seu apoio político.
"É uma
estratégia circular: polarizar, galvanizar suas bases e garantir seu apoio
constante. No caso do Panamá, seu objetivo final poderia ser uma renegociação
favorável das tarifas do canal. Se conseguir esse acordo, o discurso
expansionista perde
força porque alcançaria seu objetivo sem a necessidade de medidas
extremas", acrescentou.
Confronto e
pragmatismo
O especialista
também aborda a postura de Trump em relação à América Latina, região que
esteve amplamente ausente do discurso de posse, exceto por menções
indiretas.
Para o sociólogo, isso é um sintoma de uma abordagem pragmática, principalmente
em relação a Venezuela, Cuba e Nicarágua.
"Isso indica
que Trump pode optar por uma postura menos escandalosa e mais focada em
negociação. Não veremos discursos sobre invasões ou ameaças diretas, mas
sim tentativas de usar alavancas para torcer o braço do governo venezuelano e
seus aliados", afirmou o analista, ressaltando que "os republicanos
ainda não entendem a configuração do poder político e social na
Venezuela".
O relacionamento de
Trump com outros países latino-americanos também será marcado pela busca de
objetivos específicos. González destacou três eixos principais: México,
Brasil e Argentina.
No caso do México,
prevê um relacionamento
distante,
mas cortês, semelhante ao que teve com Andrés Manuel López Obrador, embora
com possíveis tensões se Claudia Sheinbaum for percebida como uma figura
mais fraca.
Quanto ao Brasil,
González espera um diálogo
diplomático com
Lula, embora sem a proximidade que Trump teve com Jair Bolsonaro. Por outro
lado, a aliança com Javier Milei na Argentina pode servir mais como um
gesto político do que como uma parceria de peso real, dada a fragilidade
econômica daquela nação.
Um dos pontos
centrais do discurso de Trump foi sua posição
sobre migração.
Embora a declaração de emergência na fronteira sul tenha sido anunciada,
González acredita que essa abordagem será principalmente para encenação.
"Trump vai
criar um espetáculo midiático com essa emergência, mas, na prática, ele
terá que negociar com o México para implementar soluções sustentáveis. O que
pode acontecer é a assinatura de ordens executivas que aumentem a perseguição
de imigrantes dentro dos Estados Unidos, criando um clima de terror e possível
convulsão social", alertou.
Ángel González
concluiu dizendo que o discurso de posse de Trump deixa claro que, embora o tom
possa parecer menos estridente, as prioridades geopolíticas e econômicas
continuarão focadas na consolidação do poder norte-americano tanto
internamente quanto no exterior. Um período de pragmatismo calculado, marcado
por sua capacidade de polarizar
e negociar a
partir de uma posição de força.
'Precisam de nós
mais do que precisamos deles', diz Trump sobre Brasil e América Latina
O presidente dos
EUA, Donald Trump, ao ser perguntado sobre como seria a relação com Brasil e
América Latina, respondeu que será positiva, mas ressaltou dependência maior
"deles".
"A relação é
excelente. Eles precisam de nós, muito mais do que nós precisamos deles. Não
precisamos deles. Eles precisam de nós. Todos precisam de nós", disse o
presidente em resposta à pergunta feita por
jornalista da TV Globo.
Trump tomou posse
como o 47º
presidente dos Estados Unidos nesta segunda-feira (20), em
cerimônia que ocorreu em Washington. No discurso, ele enfatizou que a "era
dourada começa agora" no país.
O presidente
brasileiro Luiz
Inácio Lula da Silva afirmou torcer por uma "gestão profícua" do
novo presidente dos Estados Unidos.
"Tem gente que
fala que a eleição do Trump pode causar problema na democracia mundial. O Trump
foi eleito para governar os EUA e eu, como presidente do Brasil, torço para que
ele faça uma gestão profícua para que o povo americano melhore e para que
os americanos continuem a ser o parceiro histórico que é, do Brasil, porque da
nossa parte, não queremos briga. Nem
com a Venezuela,
nem com os americanos, nem com a China, nem com a Índia e nem com a
Rússia", afirmou o presidente.
¨
Trump
pode mesmo acabar com nacionalidade americana automática para quem nasce nos
EUA?
O presidente
dos Estados Unidos, Donald Trump, disse que planeja
acabar com a "cidadania por direito de nascença" — a cidadania
americana automática concedida a qualquer pessoa nascida nos EUA.
Na
segunda-feira, minutos após sua posse como presidente, ele assinou uma ordem
executiva abordando a definição de cidadania por direito de nascença, embora os
detalhes até agora não estejam claros.
A
cidadania por direito de nascença está prevista na 14ª Emenda da Constituição
dos EUA, que afirma que "todas as pessoas
nascidas" nos Estados Unidos "são
cidadãos dos Estados Unidos".
Embora Trump tenha
prometido acabar com a prática, as tentativas enfrentariam obstáculos legais
significativos. A
entidade ativista American Civil Liberties Union e outros grupos processaram
imediatamente o governo Trump por causa da ordem executiva.
<><> O
que é 'cidadania por direito de nascença'?
A
primeira frase da 14ª Emenda à Constituição dos EUA estabelece o princípio da
"cidadania por direito de nascença":
"Todas
as pessoas nascidas ou naturalizadas nos Estados Unidos, e sujeitas à sua
jurisdição, são cidadãos dos Estados Unidos e do Estado
em que residem."
Os
críticos da imigração argumentam que a política é um "grande ímã para
imigração ilegal", e que encoraja mulheres grávidas sem documentos a
cruzar a fronteira para dar à luz, um ato que tem sido pejorativamente chamado
de "turismo de parto" ou "ter um bebê âncora".
<><>
Como o direito começou?
A
14ª Emenda foi adotada em 1868, após o fim da Guerra Civil. A 13ª Emenda aboliu
a escravidão em 1865. Já a 14ª resolveu a questão da cidadania de ex-escravos
libertos nascidos nos Estados Unidos.
Decisões
anteriores da Suprema Corte, como Dred Scott vs Sandford em 1857, decidiram que
os afro-americanos nunca poderiam ser cidadãos dos EUA. A 14ª Emenda anulou
isso.
Em
1898, a Suprema Corte dos EUA afirmou que a cidadania por direito de nascença
se aplica aos filhos de imigrantes no caso de Wong Kim Ark vs Estados Unidos.
Wong,
de 24 anos, era filho de imigrantes chineses que nasceu nos EUA, mas teve a
entrada negada no país quando retornou de uma visita à China. Wong argumentou
com sucesso que, por ter nascido nos EUA, o status de imigração de seus pais
não afetou a aplicação da 14ª Emenda.
"Wong
Kim Ark vs Estados Unidos afirmou que,
independentemente da raça ou do status de imigração dos pais, todas as pessoas
nascidas nos Estados Unidos tinham
direito a todos os direitos que a cidadania oferecia", escreve Erika Lee,
diretora do Immigration History Research Center da Universidade de Minnesota.
"O tribunal não reexaminou essa questão desde então."
<><>
Trump pode anular isso?
A
maioria dos estudiosos de direito concorda que o presidente Trump não pode
acabar com a cidadania por direito de nascença com uma ordem executiva.
"Ele
está fazendo algo que vai incomodar muitas pessoas, mas, no final das contas,
isso será decidido pelos tribunais", disse Saikrishna Prakash, especialista
constitucional e professor da Faculdade de Direito da Universidade da Virgínia.
"Isso não é algo que ele pode decidir sozinho."
Prakash
disse que, embora o presidente possa ordenar que funcionários de agências
federais interpretem a cidadania de forma mais restrita — agentes do Serviço de
Imigração e Alfândega dos EUA, por exemplo — isso desencadearia contestações
legais de qualquer pessoa cuja cidadania seja negada.
¨
Na
fronteira do México, imigrantes choram após EUA cancelarem entrevistas de asilo
Nidia
Montenegro fugiu da violência e da pobreza da Venezuela, sobreviveu a um
sequestro enquanto viajava em direção ao México e chegou à cidade fronteiriça de
Tijuana no domingo (20), para uma entrevista de asilo nos Estados Unidos. Com isso, ela
finalmente se encontraria com o filho, que vive em Nova York. O agendamento, no
entanto, foi cancelado.
Enquanto
o presidente Donald Trump declarava uma emergência
nacional na fronteira sul, imigrantes que aguardavam no México verificavam,
ansiosos, o aplicativo do governo dos EUA conhecido como "CBP One" —
usado para agendar pedidos de asilo.
Ao
atualizar o aplicativo, uma mensagem apareceu: "Entrevistas existentes
agendadas pelo CBP One não são mais válidas".
Um
choque tomou conta do abrigo em Tijuana, a poucos metros da fronteira.
"Eu
não acredito", disse Nidia Montenegro, de 52 anos, com lágrimas escorrendo
pelo rosto. "Não, Deus, não."
As
autoridades de fronteira dos EUA confirmaram que haviam
desativado o aplicativo e cancelado todas as consultas existentes.
Nidia
Montenegro está entre milhares de imigrantes que tiveram suas esperanças de
chegar legalmente aos EUA destruídas de forma repentina a poucos dias de serem
entrevistadas pelas autoridades americanas.
Ao
redor dela, outros imigrantes choravam enquanto tentavam, repetidamente,
carregar o aplicativo, com o desespero aumentando. Alguns receberam e-mails
cancelando os agendamentos, outros simplesmente não conseguiram abrir o
aplicativo.
A
medida representa uma das primeiras mudanças trazidas pela administração Trump.
O presidente prometeu durante a posse que vai enviar tropas à fronteira com o
México, aumentar as deportações e designar cartéis criminosos como organizações
terroristas estrangeiras.
A
Reuters acompanhou a jornada de Nidia Montenegro por dois meses, desde a
empolgação ao conseguir um agendamento para a quarta-feira, 22 de janeiro –
apenas dois dias após Trump tomar posse – até a decepção com o cancelamento.
Em
outras partes da fronteira, houve cenas semelhantes.
Em
Ciudad Juarez, do lado oposto de El Paso, no Texas, vários migrantes com
entrevistas agendadas pelo CBP One para esta segunda-feira receberam avisos de
cancelamento.
“Acabou,
eles eliminaram isso”, disse Margelis Tinoco, da Colômbia, que viajava com seu
marido e filho. “Eles bloquearam”, disse ao filho de 13 anos. “Não há nada que
possamos fazer.”
Em
Piedras Negras, em frente a Eagle Pass, no Texas, imigrantes com agendamentos
estavam sendo barrados. Eles seguravam mochilas e cobertores enquanto
descansavam encostados em uma parede, tentando descobrir o que fazer a seguir.
Alguns enviavam mensagens de voz emocionadas para suas famílias em casa.
Para
Nidia Montenegro, é uma reviravolta devastadora. Ela chegou a Tijuana no
domingo (19) cheia de otimismo e animada para se juntar ao filho de 24 anos em
Nova York. Ela não vê o jovem há mais de um ano. “Hoje minha vida recomeça”,
disse à Reuters naquele momento, cheia de sorrisos.
No
ano passado, ela foi sequestrada junto com dois sobrinhos e dezenas de outras
pessoas, incluindo crianças, no dia em que chegou ao sul do México. Dois dias
depois, o grupo conseguiu escapar, mas ela carrega o trauma do incidente desde
então.
Agora,
ela não sabe o que fazer, presa em uma cidade estrangeira a milhares de
quilômetros de casa e a poucos metros do país onde esperava começar uma nova
vida.
Ainda
em estado de choque, ela não consegue abandonar a esperança que carregava desde
que seu agendamento foi confirmado. Mesmo ouvindo sobre outros que estão sendo
barrados na fronteira, ela insiste: “Eu vou à minha entrevista”.
¨ Novos membros e parceiros: o que pode ser destacado na
expansão do BRICS em 2025?
O ano de 2024 foi
marcado pela adesão de novos membros do BRICS como membros plenos. Um total de
quatro países se juntaram a Rússia, Brasil, Índia, China e África do Sul, que
formaram a espinha dorsal da associação por muitos anos. O ano de 2025 começou
com uma tendência clara de continuidade do processo.
O BRICS
agora tem dez membros plenos depois que a Indonésia se
juntou oficialmente ao
grupo em 6 de janeiro de 2025.
Atualmente, os
países parceiros são Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Egito,
Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Irã e Indonésia.
<><> O
que a entrada da Indonésia traz para o BRICS?
A Indonésia é
o quarto país mais populoso do mundo (com 281.562.465 de habitantes).
É a décima
sexta maior economia do mundo em PIB nominal (produto interno bruto) e a
oitava maior em paridade de poder de compra.
O país é
um grande exportador de petróleo bruto e gás natural, bem como um grande
fornecedor de borracha, café, cacau, óleo de palma, açúcar, chá, tabaco, copra
e especiarias.
Segundo dados do
Banco Mundial, seu PIB médio deverá
crescer anualmente
em 5,1% entre 2024 e 2026.
O grupo BRICS é uma
associação interestatal criada em 2011. A Rússia assumiu
a presidência rotativa
da organização em 1º de janeiro de 2024, ano que começou com a entrada de novos
membros: Egito, Etiópia, Irã e Emirados Árabes Unidos.
A Cúpula
do BRICS de
2024, realizada na cidade russa de Kazan em outubro, definiu os critérios para
novos membros e delineou planos para expandir o papel do Banco Nacional de
Desenvolvimento do BRICS, entre outras decisões.
<><> Conheça
os novos Estados parceiros do BRICS
# Belarus: o aliado
de segurança mais próximo da Rússia, localizado no
coração da Europa.
# Bolívia: Estado
que possui as maiores reservas
de lítio do
mundo.
# Cazaquistão:
o nono
maior país do mundo,
com os portos de Aktau e Kurik no mar Cáspio.
# Cuba: um
país rico
em minerais como
níquel e cobalto com uma posição estratégica no Caribe.
# Malásia: o país
que oferece uma localização neutra e não
alinhada para
um grande centro de semicondutores por meio de sua Estratégia Nacional para os
Semicondutores.
# Tailândia: Desempenha
o papel de construir
pontes de
paz e colaboração com grupos regionais como a Associação das Nações do Sudeste
Asiático, a Cooperação Econômica Ásia-Pacífico, o Diálogo de Cooperação
Asiática e a Iniciativa da Baía de Bengala para Cooperação Técnica e Econômica
Multissetorial.
# Uganda: o Estado
que é estrategicamente
crítico para
o comércio e investimento regional na África Oriental.
# Uzbequistão:
um país
ativo em projetos como
o Corredor Internacional de Trânsito Norte-Sul, que conecta portos russos aos
iranianos.
# Nigéria: a maior
economia da África,
o PIB deve crescer 3,6% ao ano em 2025-2026, de acordo com o Banco Mundial.
¨ Sob a gestão de Trump, EUA designarão cartéis do
narcotráfico como organizações terroristas
Medida foi
anunciada por Trump em discurso de posse e confirmada em comunicado da Casa
Branca; mudança permite aos EUA usar a jurisdição extraterritorial para
processar e combater criminosos envolvidos com cartéis.
O novo presidente
dos EUA, Donald
Trump, designará
cartéis do narcotráfico como organizações criminosas, medida que inclui a
gangue venezuelana Tren de Aragua e a salvadorenha MS-13, grupos cuja presença
violenta aumentou nos EUA nos últimos anos.
A informação foi
dada pela Casa Branca nesta segunda-feira (20), data em que o republicano
tomou posse.
"O presidente
Trump iniciará o processo de designação dos cartéis, incluindo o perigoso Tren
de Aragua, como organizações terroristas estrangeiras e usará a Lei dos
Inimigos Estrangeiros para expulsá-los", afirmou o comunicado.
A medida havia sido
anunciada por Trump em seu discurso
de posse, ao
abordar a série de decretos que iria assinar.
"De acordo com
as ordens que assino hoje, os cartéis também serão designados como organizações
terroristas estrangeiras. Como comandante-chefe não tenho maior
responsabilidade do que defender o nosso país de ameaças e invasões",
disse Trump em seu discurso.
Com a mudança de
status o governo dos EUA poderá utilizar a jurisdição extraterritorial
para processar e combater criminosos envolvidos com cartéis ou atividades
relacionadas a eles.
Fonte: Sputnik
Brasil/BBC News Brasil/g1
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