Moisés
Mendes: O recado de Trump à extrema-direita moderada de Tarcísio de Freitas
A
efusiva extrema-direita moderada de Tarcísio de Freitas, que se jogou sem medo
nos braços de Trump no dia da posse, já tem um slogan para a campanha de 2026:
“A gente somos inútil”.
E toda
a velha direita absorvida pela nova extrema-direita já pode explorar, como
mensagem ao seu povo, o recado que Trump enviou aos brasileiros que o
idolatram.
Trump
disse o seguinte a Raquel Krähenbühl, da Globo, já no salão oval da Casa
Branca, quando a jornalista fez uma pergunta sobre as futuras relações com o
Brasil e a América Latina:
"Eles
precisam muito mais de nós do que nós precisamos deles. Na verdade, não
precisamos deles, e o mundo todo precisa de nós".
Trump
não estava mandando um recado a Lula, a Alexandre de Moraes ou às esquerdas.
Estava dizendo que irá impor suas vontades a países que considera subalternos:
“Não precisamos deles”.
Não
haverá mais a farsa da cooperação desigual, mas a explicitação de um domínio. É
o que Tarcísio de Freitas e todos os que colocaram o boné da América grande
terão de assimilar e passar adiante.
O
governador de São Paulo e outros do time intermediário passam a ser
subordinados ao discurso e às ações dessa imposição desqualificadora. Tarcísio
de Freitas vai se submeter, como herdeiro de Bolsonaro, ao que as lideranças da
Europa já enxergam como a maior ameaça ao mundo desde o fim do nazismo?
Os
jornalões brasileiros, que vinham cortejando essa gente, parecem meio
assustados. Porque Trump não deprecia nem tenta pisar só em governos e líderes
políticos de esquerda, mesmo que sua prioridade hoje seja atacar Lula.
Trump
desqualifica os países, em especial o Brasil, e avisa que todos os que
aspirarem chegar ao poder nessas periferias, sendo de esquerda ou de direita,
serão seus prepostos.
A
direita agora apegada à extrema-direita moderada, essa velha direita do PSD de
Kassab, a direita dos jornalões que decidiram investir pesado na sabotagem do
governo Lula, que aposta na farsa de uma alternativa de centro na
extrema-direita, essa direita pode até passar a fingir que não estava tão
próxima de Trump e de Musk.
É a
mesma direita que vem enchendo as redes sociais com antigas fotos de líderes
mundiais com o braço estendido, para tentar compará-los a Elon Musk e à sua
saudação nazista em Washington.
A
direita só meio constrangida tenta dizer: todos abrem e estendem os braços desse
jeito. Sabem que não, porque uma imagem congelada conduz ao engano, mas um
vídeo é revelador: o gesto de Musk foi, sim, uma saudação nazista.
Mas a
direita ainda encabulada finge negar-se a admitir o que vê, para dizer que o
nazismo explicitado é o seu limite. O nazismo dissimulado ainda era aceitável,
mas o teatral, não.
É com
esse incômodo que os jornalões terão de lidar a partir de agora, depois da
adesão juramentada de Tarcísio, com seu boné vermelho, à nova era Trump e a
tudo o que significa.
Tarcísio,
o candidato deles, se jogou de cabeça, na empolgação provocada pela festa em
Washington, em obediência ao que Bolsonaro mandou que fizesse, e escreveu nas
redes:
“Tá
chegando a hora! Novos ventos que apontam para o progresso, prosperidade e
liberdade. Todos atentos ao que está por vir?”
O que
está por vir poderá obrigá-lo a tirar o boné, para tentar recalibrar a retórica
do novo extremismo moderado, mas talvez seja tarde demais.
¨ Trump e a
extrema-direita jaboticaba. Por Oliveiros Marques
A
extrema-direita brasileira está em festa, radiante com a posse de Donald Trump
na presidência dos EUA. Antes agarrados a Javier Milei, presidente da
Argentina, como sua boia salva-discurso, agora voltam os olhos para o norte.
Viram o líder portenho se transformar em uma grande âncora: uma economia em
frangalhos, miséria crescente e carros circulando com placas de papelão como
símbolos do caos.
Mas,
para os oportunistas de plantão – que, como velas de barco, seguem o vento –,
Trump agora se tornou o grande farol. Até que o vento mude, e então abandonem o
barco e seus tripulantes à deriva.
Trump
é a nova inspiração da extrema-direita brasileira, mesmo que sua trajetória
como empresário e presidente não se alinhe totalmente ao discurso conservador
que tentam emular. Ele critica Israel, defende a legalização da maconha, é
contra que o governo federal proíba o aborto, e mantém diálogo com os
comunistas chineses. Seria ele, então, um comunista?
Os
ideólogos da extrema-direita brasileira certamente buscarão apoio no governo
Trump. Steve Bannon já deu o recado ao lançar a candidatura de Eduardo
Bolsonaro à Presidência. Além de possíveis ganhos financeiros para o
estrategista, essa aliança pode trazer outras consequências. Uma delas, me
parece óbvio, é o uso das redes sociais. O X (antigo Twitter), de forma
descarada, deve controlar o que circula. Já as plataformas da Meta, fingindo
defender a liberdade, podem, assim como a rede de Elon Musk, ajustar o alcance
de conteúdos para favorecer os extremistas. Prestemos atenção à foto da posse
de Trump no Capitólio. A aliança está selada.
Outra
possibilidade está na articulação de agendas econômicas que promovam ataques
especulativos contra o Brasil. Não dá para subestimar a audácia dessa gente,
que poderia até sugerir, veladamente, algo como: “Dá uma mexidinha aí pra
sacudir lá embaixo.” Com o controle do capital financeiro e das redes sociais é
claro que o estrago seria grande. Eleve a N potência o que ocorreu com a fake
news do PIX.
E não
podemos esquecer a possível atuação de órgãos de inteligência americanos. Não
nos enganemos: eles existem, vão além dos filmes de espionagem e, sim, atuam.
Se haverá intervenção no Brasil? Vigiai e orai.
Contra
a CIA e outros atores desse tipo, penso ser difícil se antecipar. No entanto,
não resta dúvida de que os órgãos de inteligência brasileiros devem estar
atentos.
Quanto
aos ataques especulativos, acredito que é necessário jogar pesado na
regulamentação, punindo com rigor os criminosos e, talvez, até considerando o
banimento de algumas redes sociais. Afinal, se os EUA podem cogitar isso com o
TikTok, por que não? Claro, tudo deve ser feito com avaliações críticas e
aprofundadas, garantindo que qualquer medida seja proporcional e eficaz.
¨ O pesadelo
mundial - Donald Trump e a promessa do inferno na Terra. Por Marcia Tiburi
O
discurso de posso de Donald Trump não deve ter espantado ninguém. O demagogo
estadunidense falou tudo o que se esperava dele nos termos da agenda
fascista.
Requintes
de confusão para os desavisados têm uma função especifica. Ao citar Martin
Luther King, ao falar em favor da população asiática e negra e, ao mesmo tempo
contra a raça, Trump segue a pauta da extrema-direita. Se fazer passar por
alguém digno, homem de bem, dono do seu mundo colonizado, inteiro em sua
braquitude, ele falou para os racializados estadunidenses que votaram nele
contra o fato de que são negros e latinos. Não devem ter entendido o que
fizeram, como uma pessoa pobre não entende que é vitima do capitalismo. Quem é
cidadão “americano” estará a salvo de uma deportação, mas os parentes ilegais
serão expulsos com a ajuda compulsória dos próprios primos. Trump também falou
que os americanos derrotaram fascistas e comunistas mostrando não saber nada do
passado, do presente e, do futuro.
A
retórica do desnorteio, certa ambiguidade na fala, a frieza e as certezas
cínicas serve para paralisar os ouvintes e impedir a contestação. Nessa linha,
Trump falou até contra o fascismo, como se ele não fosse o maior dos fascistas
nesse momento. Na linha da promoção da perturbação e do caos, usando palavras
como amor e respeito, ele conseguia ser odiento e desrespeitoso, mas usando uma
máscara. Misógino e sexista, Trump afirmou que nos EUA haverá apenas dois
gêneros de agora em diante como se alguém fosse deixar de ser gay ou lésbica a
partir de seu decreto maníaco. Gays de direita podem ter se sentido ofendidos,
mas como a submissão ao líder autoritário é uma norma no fascismo, eles apenas
abaixaram a cabeça.
O ódio
sobe um nível a partir de agora. Imigrantes e população LGBTQIA+ são os
principais inimigos declarados pelo arcaico novo presidente. Ódio ao México e
ao Panamá, bem como a China e aos países com quem os EUA tem relações
comerciais, marcaram a cena. Apitos foram acionados para que comecem os ataques
que trazem compensação emocional às massas fascistizadas. De todos os sinais do
inferno na Terra - incluso a agenda anti ecológica - e ainda que possa haver
muita falação, um deles é que, a extrema-direita raiz não tratará com amor nem
seus lambe-botas. Os bolsonaros ficaram fora da festa, como pobres coitados
barrados no baile porque Donald Hitler Trump não está pra brincadeira.
¨ Autocracia
chega à Casa Branca. Por César Fonseca
Sai
democracia, entra autocracia.
O novo
presidente americano prometeu que seu primeiro ato no cargo será anistiar os
invasores terroristas do Capitólio em 6 de janeiro de 2020.
Chute
no traseiro da democracia ou não?
O novo
panorama político mundial a ser inaugurado no império, se isso acontecer, não
deixa dúvidas.
Se o
exemplo vem de cima, é de se esperar que os de baixo seguirão, ou não?
Vão ou
não para o ralo da história americana os valores iluministas que a formaram?
Como
ficarão os ensinamentos e as práticas implementadas pelos pais da pátria
gloriosa?
Benjamin
Franklin, Jefferson, Madison etc serão exterminados com os seus pensamentos,
base da nacionalidade e da educação?
A
louvação do terrorismo contra democracia pela autocracia trumpista é a nova
experiencia histórica que se inicia?
A
proposição de Trump é ou não o ponto de partida para o novo nazifascismo
mundial?
Representa
ou não palavra de ordem para os discípulos do novo chefão troglodita espalhados
pelo mundo?
O
bolsonarismo estará ou não sendo estimulado para fazer de novo o que já tentou
em 8 de janeiro de 2023, com o quebra-quebra dos 3 poderes?
Ou a
promessa trumpista não passa de bravata?
ESTRATÉGIA
DO MEDO
As
preliminares da governabilidade trumpista evidencia o óbvio: espalhar medo e
ameaças.
O
direito da força no lugar da força do direito parece ser o modus operandi do
troglodita.
Primeiro,
ameaçou a China com a promessa de tarifa de 100% sobre importações chinesas.
Tal
ameaça apenas demonstra que os Estados Unidos não têm competitividade
suficiente para enfrentar a China de peito aberto.
1 x 0
para os chineses.
Nesta
sexta, 18, Trump, segundo Global Times, deu um alô para Xi Jinping.
Disse
que pretende ter relações amigáveis com o colega chinês.
Desfez
ou não com o contato a impressão inicial de que sairia no pau, logo na largada?
Portanto,
2 x 0 para a China, já antes da posse.
Trump
confirmou ou não a velha frase de Mao Tsé Tung de que os Estados Unidos são
tigres de papel?
Outra
controvertida posição trumpista se apresentou com o acordo de cessar fogo em
Gaza pelo genocida Netanyahu.
Biden,
às vésperas de passar o bastão, não perdeu a oportunidade histórica: anunciou a
decisão.
Vai
para a história de que não foi Trump, mas Biden que deu um basta no sionismo
genocida na faixa de Gaza.
Jogou
Israel em crise política.
Vale
dizer: se Netanyahu voltar atrás, como já ameaça, obrigará ou não Trump a
honrar a ação de Biden?
O
mundo cairia em cima de Trump, caso deixe Netanyahu fazer o que quiser.
Seria
taxado de imperador frouxo, sem autoridade.
Seu
governo seria considerado submisso às forças armamentistas, as que, realmente,
dão as ordens.
Tudo
como dantes no Quartel de Abrantes.
VALENTIA
CONTRA FRACOS
Se não
tem forças para dobrar nem a China nem Israel, o que restaria ao imperador
senão exercer sua força contra os mais fracos?
Não é
o que deixou claro nas últimas semanas, fazendo ameaças ao México, Canadá,
Groenlândia, Panamá e, também, imigrantes?
A
presidente mexicana, Cláudia Scheinbaum, disse altivamente que não tem medo
dele.
À
ameaça trumpista de que mudará o nome do Golfo do México para Golfo da América
(note, não é "Golfo das Américas", mas da América), Sheinbaum
provocou: chamaria os Estados Unidos de América Espanhola.
Afinal,
os Estados Unidos tomaram na marra mais da metade do México para si, no século
19!
Já em
relação às ameaças de sobretaxar importações mexicanas em 25%, Sheinbaum
retrucou que faria o mesmo com as importações americanas.
O
primeiro-ministro Justin Trudeau, do Canadá, igualmente, ameaçado por Trump com
tarifas de importação de 25%, disse que reagiria com a mesma moeda.
Quanto
à ameaça de transformar o Canadá no estado americano número 51, anexando-o, tal
bravata pode ficar somente nas palavras, se os canadenses resistirem
politicamente a essa agressão imperialista.
Emergiria
ou não tensão revolucionária?
E o
canal do Panamá, o valentão vai invadir o pequeno país para exercitar sua força
de modo a impor a Doutrina Monroe, no peito e na raça?
São
muitos contenciosos explosivos abertos ao mesmo tempo.
Quem
tudo quer, como diz o ditado, tudo perde.
Verifica-se,
dessa forma, que Trump não está nem aí para a autodeterminação dos povos, pelo
menos os dos países mais fracos, vulneráveis.
O
mesmo não aconteceria em relação aos mais fortes como Rússia e China.
Com Xi
Jinping, Trump se apressou em levantar bandeira branca.
Quanto
a Putin, também, antecipou declarações de que quer paz, propondo encerrar a
guerra na Ucrânia.
Disse
que ela não deveria nem ter sido iniciada.
Denota
propensão à paz, não à guerra.
O que
dirá o Deep State todo poderoso?
O que
Trump quer é petróleo.
Venezuela
e Brasil, grandes reservatórios de óleo, que se cuidem: pode vir turbulências
por aí.
CONFLITO
INTERNO
Prenuncia-se
que a batalha que enfrentará será a de expulsar imigrantes.
A
maioria dos americanos, segundo pesquisas, apoiaria a expulsão.
Muita
agitação política desde já vai acontecer, para encher o mundo midiático de
notícias, colocando o imperador em evidência.
Mas,
seriam, mesmo, os imigrantes o real problema que enfrenta o capitalismo
americano?
Ou se
trata de cortina de fumaça para desviar assunto, tal como o perigo da
desdolarização em decorrência do excesso de dívida pública que implodiria o
sistema capitalista, se a moeda perder força para continuar bancando a
financeirização especulativa?
O
telefonema de Trump para Jinping não denunciaria o medo dele de o chefe chinês
utilizar as trilionárias reservas em dólar chinesas, estimadas em mais de 4
trilhões de dólares, como arma monetária?
Afinal,
se essas reservas forem jogadas na circulação capitalista global, adeus dólar!
Trump
seria obrigado a enxugar a liquidez global, para evitar hiperinflação.
Ou
não, de acordo com a lei da oferta e da procura?
A
instabilidade monetária americana em face do elevado endividamento interno,
algo em torno de 1,9 trilhão de dólares, 118% do PIB, seria ou não o calcanhar
de Aquiles de Trump, se a desdolarização desandar?
A
valentia trumpista estaria ou não revelando mera aparência de força frente à
realidade oculta de vulnerabilidade do império?
Daria
ou não razão a Mao Tsé Tung de que Tio Sam é tigre de papel, por não dispor
mais da hegemonia atômica, enquanto balança, também, a hegemonia monetária, já
que perdeu para a China a hegemonia comercial e financeira?
A
realidade trumpista, enfim, é a representação da força ou da debilidade do
unilateralismo imperialista?
A
democracia americana, nesse cenário, corre ou não perigo com a subida ao poder
do autocrata?
Fonte: Brasil 247
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