Climatarianismo:
como a alimentação afeta o clima?
Climatarianismo é
um tipo de dieta com o objetivo de minimizar os impactos ambientais
provenientes da indústria alimentícia. Ela foi apresentada pela organização sem
fins lucrativos Climates Network e favorece alimentos à base de
plantas que possuem uma pequena pegada ambiental.
<><> O
termo foi cunhado em 2020 pela organização e possui o objetivo de:
Encorajar o consumo
de alimentos produzidos localmente para reduzir as emissões de transporte;
Eliminar carne ou
escolher a carne de porco e aves como uma opção de menor emissão;
Reduzir o
desperdício de alimentos usando o máximo possível de alimentos;
Dar preferência por
alimentos orgânicos para limitar a poluição de pesticidas químicos;
Incentivar a
biodiversidade.
A produção de
comida é uma das maiores contribuintes para as emissões de gases do efeito estufa — sendo
responsável por, aproximadamente, 35% das emissões. Dentre esses gases, a
maioria provém da produção de produtos de origem animal — principalmente das carnes
bovinas e de cordeiro.
Isso se dá por
diversos motivos, mas um deles é de que mais da metade das plantações do mundo
são usadas para alimentar animais. Essas plantações produzem mais óxido nitroso, um dos piores
gases de efeito estufa, do que plantações
para pessoas.
Pensando nisso, a
organização Britânica concluiu que o climatarianismo é capaz de
cortar 10% de todas as emissões de gases do efeito estufa somente da
Inglaterra. Porém, esses não são os únicos dados que favorecem uma
alimentação plant-based em prol ao meio ambiente.
·
Tipos
de dietas climatarianas
O
termo climatarianismo não se refere a apenas uma dieta, e sim a um
conjunto de planos alimentares que podem ajudar na luta contra as mudanças
climáticas.
“Dietas que são
principalmente baseadas em vegetais, minimamente processadas e contêm quantidades
moderadas de carne, laticínios e ovos são geralmente favoráveis ao clima”, disse
Michael Clark, PhD, pesquisador de pós-doutorado na Universidade de Oxford, na
Inglaterra, que estuda o impacto das escolhas alimentares na sustentabilidade
ambiental e na saúde humana ao Everyday
Health.
Algumas das dietas
que podem ser consideradas formas de climatarianismo incluem:
Vegetariana;
Pescetariana;
Flexitariana;
Alimentação vegana;
Plant-based.
·
Benefícios
do climatarianismo
Ao longo do tempo,
a dieta climatariana ganhou mais adeptos devido aos seus benefícios.
Foi relatado que reduzir drasticamente o consumo de alimentos de origem animal
pode causar, ao meio ambiente e na saúde, impactos positivos.
Meio ambiente
As emissões de
gases com efeito de estufa atingiram um recorde de 59,1 gigatoneladas de dióxido de carbono (CO2) equivalente
em 2019. O sistema alimentar global é atualmente responsável por cerca de um
terço dessas emissões, segundo um relatório especial do Painel
Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês).
Dentro disso, o
cultivo de gado contribui sozinho com cerca de 14,5% dessas emissões, o que
significa que consumir carne pode impactar negativamente o meio ambiente.
Animais ruminantes, como gado,
ovelhas, cabras e veados possuem um impacto climático muito maior do que outros
animais, de acordo com o site Climatarian.com. A comida é
fermentada em seu sistema digestivo de quatro estômagos, então eles arrotam gás
metano. Eles também usam mais terra, precisam de ração mais intensiva em
energia e produzem mais esterco do que porcos ou galinhas. Tudo isso resulta em
emissões de gases de efeito estufa muito mais intensas por kg de comida.
Felizmente, de
acordo com uma pesquisa publicada em 2022 na Climate, simplesmente
cortar a carne da dieta pode economizar emissões equivalentes a fazer um voo de
longa distância ou dirigir 160 quilômetros por semana durante um ano.
·
Saúde
Em geral, dietas
baseadas no consumo de produtos vegetais são consideradas saudáveis pois são
densas em nutrientes e repleta de fibras, gorduras saudáveis, proteínas, vitaminas
e minerais.
Uma pesquisa comprovou que uma
dieta com baixo teor de gordura e baseada em vegetais e o consumo mínimo de
produtos de origem animal pode melhorar a sensibilidade à insulina e reduzir a
resistência à insulina. Adicionalmente, como a maioria das dietas à base de
plantas, como a climatariana, pode diminuir os riscos de desenvolvimento
de diabetes tipo 2.
Além disso, a carne
vermelha é, em geral, uma grande contribuinte para o desenvolvimento de doenças
cardiovasculares. Por isso, seguir uma dieta climatariana pode ajudar
a prevenir essas condições.
O alto consumo de
alimentos de origem vegetal também pode contribuir para a saúde do coração.
Um estudo publicado em 2020
comprovou que o consumo excessivo de carne e produtos de origem animal pode ser
prejudicial à saúde humana, com evidências relacionadas ao câncer, doenças do
coração, doenças metabólicas, obesidade, diabetes e a episódios de acidente
vascular cerebral.
Assim, a redução do
consumo desses alimentos pode ser benéfico à saúde.
·
Consumo
de alimentos orgânicos
Os alimentos
orgânicos também podem contribuir para outros impactos ambientais derivados da
produção de alimentos.
Isso se dá porque
esses alimentos provêm de sistemas agrícolas baseados em processos naturais,
como os de agricultura familiar. Diferentemente de fazendas intensivas, esses
sistemas evitam agredir o solo e eliminam o uso de agrotóxicos e fertilizantes
na colheita.
As técnicas usadas
para se obter os alimentos orgânicos incluem o emprego de composto orgânico
para adubação e manejo de culturas – em que uma planta auxilia no
desenvolvimento de outra cultura ou prepara o solo para uma safra posterior.
·
Alimentos
da dieta climatariana
Em janeiro de 2019,
a Comissão EAT-Lancet divulgou um relatório descrevendo os
principais elementos de uma dieta saudável e favorável ao clima. De acordo com
o relatório, estes são os alimentos para comer e limitar ou evitar em uma
dieta climatariana:
O que comer:
Frutas e vegetais;
Leguminosas;
Nozes e sementes;
Grãos integrais.
O que diminuir:
Carne de porco;
Aves;
Ovos;
Laticínios.
O que evitar:
Comida de
restaurante;
Carne vermelha e
processada;
Alimentos embalados
— principalmente os de embalagens plásticas;
Açúcar.
·
Como
implementar o climatarianismo no dia a dia?
Pode parecer
difícil, mas reduzir, ou eventualmente cortar os alimentos derivados de animais
pode ser fácil quando se pega o jeito. Essas mudanças oferecem novas
alternativas na alimentação, procurando variedade de receitas e comidas não
consumidas anteriormente.
Para iniciar a sua
introdução para o climatarianismo, comece devagar. Corte a carne pelo
menos uma vez na semana, optando por proteínas vegetais. Depois, com o tempo,
diminua o número de porções semanais desses alimentos problemáticos. Continue
gradualmente, mas tenha consciência dos nutrientes necessários para a saúde em
geral.
Fonte: eCycle
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