quarta-feira, 22 de janeiro de 2025

Climatarianismo: como a alimentação afeta o clima?

Climatarianismo é um tipo de dieta com o objetivo de minimizar os impactos ambientais provenientes da indústria alimentícia. Ela foi apresentada pela organização sem fins lucrativos Climates Network e favorece alimentos à base de plantas que possuem uma pequena pegada ambiental. 

<><> O termo foi cunhado em 2020 pela organização e possui o objetivo de: 

Encorajar o consumo de alimentos produzidos localmente para reduzir as emissões de transporte;

Eliminar carne ou escolher a carne de porco e aves como uma opção de menor emissão;

Reduzir o desperdício de alimentos usando o máximo possível de alimentos;

Dar preferência por alimentos orgânicos para limitar a poluição de pesticidas químicos;

Incentivar a biodiversidade.

A produção de comida é uma das maiores contribuintes para as emissões de gases do efeito estufa — sendo responsável por, aproximadamente, 35% das emissões. Dentre esses gases, a maioria provém da produção de produtos de origem animal — principalmente das carnes bovinas e de cordeiro.

Isso se dá por diversos motivos, mas um deles é de que mais da metade das plantações do mundo são usadas para alimentar animais. Essas plantações produzem mais óxido nitroso, um dos piores gases de efeito estufa, do que plantações para pessoas.

Pensando nisso, a organização Britânica concluiu que o climatarianismo é capaz de cortar 10% de todas as emissões de gases do efeito estufa somente da Inglaterra. Porém, esses não são os únicos dados que favorecem uma alimentação plant-based em prol ao meio ambiente. 

·        Tipos de dietas climatarianas 

O termo climatarianismo não se refere a apenas uma dieta, e sim a um conjunto de planos alimentares que podem ajudar na luta contra as mudanças climáticas. 

“Dietas que são principalmente baseadas em vegetais, minimamente processadas e contêm quantidades moderadas de carne, laticínios e ovos são geralmente favoráveis ​​ao clima”, disse Michael Clark, PhD, pesquisador de pós-doutorado na Universidade de Oxford, na Inglaterra, que estuda o impacto das escolhas alimentares na sustentabilidade ambiental e na saúde humana ao Everyday Health

Algumas das dietas que podem ser consideradas formas de climatarianismo incluem: 

Vegetariana; 

Pescetariana; 

Flexitariana; 

Alimentação vegana;

Plant-based. 

·        Benefícios do climatarianismo 

Ao longo do tempo, a dieta climatariana ganhou mais adeptos devido aos seus benefícios. Foi relatado que reduzir drasticamente o consumo de alimentos de origem animal pode causar, ao meio ambiente e na saúde, impactos positivos.

Meio ambiente

As emissões de gases com efeito de estufa atingiram um recorde de 59,1 gigatoneladas de dióxido de carbono (CO2) equivalente em 2019. O sistema alimentar global é atualmente responsável por cerca de um terço dessas emissões, segundo um relatório especial do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês). 

Dentro disso, o cultivo de gado contribui sozinho com cerca de 14,5% dessas emissões, o que significa que consumir carne pode impactar negativamente o meio ambiente. 

Animais ruminantes, como gado, ovelhas, cabras e veados possuem um impacto climático muito maior do que outros animais, de acordo com o site Climatarian.com. A comida é fermentada em seu sistema digestivo de quatro estômagos, então eles arrotam gás metano. Eles também usam mais terra, precisam de ração mais intensiva em energia e produzem mais esterco do que porcos ou galinhas. Tudo isso resulta em emissões de gases de efeito estufa muito mais intensas por kg de comida.

Felizmente, de acordo com uma pesquisa publicada em 2022 na Climate, simplesmente cortar a carne da dieta pode economizar emissões equivalentes a fazer um voo de longa distância ou dirigir 160 quilômetros por semana durante um ano.

·        Saúde

Em geral, dietas baseadas no consumo de produtos vegetais são consideradas saudáveis pois são densas em nutrientes e repleta de fibras, gorduras saudáveis, proteínas, vitaminas e minerais.

Uma pesquisa comprovou que uma dieta com baixo teor de gordura e baseada em vegetais e o consumo mínimo de produtos de origem animal pode melhorar a sensibilidade à insulina e reduzir a resistência à insulina. Adicionalmente, como a maioria das dietas à base de plantas, como a climatariana, pode diminuir os riscos de desenvolvimento de diabetes tipo 2. 

Além disso, a carne vermelha é, em geral, uma grande contribuinte para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Por isso, seguir uma dieta climatariana pode ajudar a prevenir essas condições. 

O alto consumo de alimentos de origem vegetal também pode contribuir para a saúde do coração. Um estudo publicado em 2020 comprovou que o consumo excessivo de carne e produtos de origem animal pode ser prejudicial à saúde humana, com evidências relacionadas ao câncer, doenças do coração, doenças metabólicas, obesidade, diabetes e a episódios de acidente vascular cerebral. 

Assim, a redução do consumo desses alimentos pode ser benéfico à saúde.

·        Consumo de alimentos orgânicos 

Os alimentos orgânicos também podem contribuir para outros impactos ambientais derivados da produção de alimentos. 

Isso se dá porque esses alimentos provêm de sistemas agrícolas baseados em processos naturais, como os de agricultura familiar. Diferentemente de fazendas intensivas, esses sistemas evitam agredir o solo e eliminam o uso de agrotóxicos e fertilizantes na colheita. 

As técnicas usadas para se obter os alimentos orgânicos incluem o emprego de composto orgânico para adubação e manejo de culturas – em que uma planta auxilia no desenvolvimento de outra cultura ou prepara o solo para uma safra posterior.

·        Alimentos da dieta climatariana 

Em janeiro de 2019, a Comissão EAT-Lancet divulgou um relatório descrevendo os principais elementos de uma dieta saudável e favorável ao clima. De acordo com o relatório, estes são os alimentos para comer e limitar ou evitar em uma dieta climatariana:

O que comer:

Frutas e vegetais;

Leguminosas;

Nozes e sementes;

Grãos integrais.

O que diminuir:

Carne de porco;

Aves;

Ovos;

Laticínios.

O que evitar:

Comida de restaurante;

Carne vermelha e processada;

Alimentos embalados — principalmente os de embalagens plásticas;

Açúcar.

·        Como implementar o climatarianismo no dia a dia? 

Pode parecer difícil, mas reduzir, ou eventualmente cortar os alimentos derivados de animais pode ser fácil quando se pega o jeito. Essas mudanças oferecem novas alternativas na alimentação, procurando variedade de receitas e comidas não consumidas anteriormente. 

Para iniciar a sua introdução para o climatarianismo, comece devagar. Corte a carne pelo menos uma vez na semana, optando por proteínas vegetais. Depois, com o tempo, diminua o número de porções semanais desses alimentos problemáticos. Continue gradualmente, mas tenha consciência dos nutrientes necessários para a saúde em geral. 

 

Fonte: eCycle

 

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