quinta-feira, 23 de janeiro de 2025

Frei Gilvander Luís Moreira: Nos EUA, águia ou abutre?

A história da humanidade demonstra que nenhum império é eterno e que todos eles têm uma história de nascimento, ascensão, decadência e morte. Tornando-se um longo capítulo da história da humanidade. Assim aconteceu com muitos impérios, tais como o Egípcio, o Assírio, o Babilônico, o Persa, o Grego, o Romano, o Português, o Inglês e não será diferente com o império dos Estados Unidos ou das Big techs. A águia, um belo animal, é símbolo nacional dos Estados Unidos, mas na verdade reage como um abutre posicionando-se de forma gananciosa, expansionista, separatista e belicosa, perseguindo os povos latino-americanos e outros.

A história mostra também que todo império quando está se desintegrando e apodrecendo deixa seus chefes irados e, como abutre, reage, cuspindo fogo e ameaças. Assim aconteceu com a posse do novo “imperador” dos Estados Unidos, no dia 20 de janeiro de 2025. Pelo discurso colonialista, racista, prepotente e ufanista, e também pelos decretos assinados no mesmo dia da posse, expõe a podridão de um sistema que tenta desesperadamente manter sua hegemonia. Por isso, assistimos a algo com rompantes de um imperador, usando em vão o nome de Deus, o que é idolatria (usar o nome de Deus para justificar políticas de morte), se autoapresentando como imbatível ao afirmar que “inicia agora a era de ouro da América”, “construiremos as Forças Armadas mais poderosas do mundo”, “vamos invadir o Panamá e retomar o Canal”, “vamos terminar o muro que separa os EUA do México”, “vamos cobrar impostos dos povos em outros países impondo tarifas comerciais para que nossos cidadãos paguem menos impostos e possam ter prosperidade, glória e seremos motivo de inveja em todo o mundo...”.

O continente americano inclui América do Norte, Central e do Sul, e americanos são todos os habitantes das três Américas, não apenas quem é estadunidense. E os verdadeiros cidadãos da América são os Povos Originários (Indígenas), que foram vítimas de genocídio, mas resistem em centenas de Povos.

Todavia, esse discurso proferido por Donald Trump demonstra soberba e megalomania. Trump revela não só o medo de um Chefe de Estado que sabe que nos limites do seu país o projeto capitalista de sociedade baseado no consumismo não deu certo! Porque por trás da fala belicosa e ameaçadora de invasão de outros Estados-Nação, a promessa de ruptura do Direito Internacional à autodeterminação dos povos, o rompimento do acordo ambiental assinado em Paris, que previa a desaceleração da emissão de gases poluentes responsáveis pelo aquecimento global e por sua vez provocadores da atual e gravíssima crise climática. A promessa de retirar direitos civis construídos a duras penas pela população negra, pelas mulheres e pelo Movimento LGBTQIA+ através de uma reconstrução baseada em uma nova engenharia social demonstra os traços fascistas e nazistas da cúpula retrógrada de empresários que o apoiam. Tudo isso que a grande imprensa divulgou e ao mesmo tempo disseminou expõe a fratura na coluna do gigante, como na esquizofrenia de Nabucodonosor, imperador da Babilônia na história antiga, que tão alto pensava ser, melhor que os céus, e no seu império experimentou, a comer capim como os bois e a vaguear em sua loucura de megalomania.

Após jurar obedecer à Constituição dos Estados Unidos, o discurso de Trump foi deprimente, colonialista, populista, homofóbico, xenófobo, déspota, fascista/nazista e exterminador do futuro. Deprimente porque as centenas de pessoas que o assistiam presencialmente aplaudiam quando os slogans ufanísticos e ‘estadunidensecêntricos’ eram proferidos, o que revela o apodrecimento das instituições estadunidenses e a visão tacanha do povo que o elegeu.

Como pode aplaudir uma postura homofóbica ao afirmar que “nos Estados Unidos a partir de hoje terão só dois gêneros: o masculino e o feminino”?! O direito à orientação sexual homoafetiva não pode ser abafado nem por decreto e nem por preconceito homofóbico. Como pode alguém aplaudir que “o muro que separa os Estados Unidos e o México será concluído em breve e deportaremos os imigrantes ilegais”, como se fosse possível a vida no planeta Terra sem a convivência entre os povos?!

Em todos os países há cidadãos e cidadãs vivendo fora do seu país de origem e em todos os países pessoas de muitos outros países são acolhidas. O direito de ir e vir inclui também o direito de viver no país que a pessoa escolher. Impossível cercar um país e isolá-lo da convivência internacional, o que traz inúmeros benefícios para os povos como a troca de experiência cultural e, óbvio, a ajuda em força de trabalho. Imagine os Estados Unidos sem os 11 milhões de imigrantes ilegais que atualmente fazem uma série de trabalhos que os estadunidenses se recusam a fazer: serviços de limpeza, construção civil, cuidador/a de idosos/as, segurança, serviços gerais, cozinhar, servir...

Absurdo também o Trump vociferar que vai “perfurar, perfurar, todos os poços de petróleo inexplorados no país e que não estará nem aí para transição energética” e assinar decreto retirando novamente os Estados Unidos do Acordo de Paris, que exige redução das emissões de gás carbônico para reduzir o colapso ambiental e frear a ferocidade dos eventos extremos cada vez mais frequentes e letais. A promessa é de devastar o que resta do Planeta, nossa única Casa Comum, em nome de lucros imediatos.

Até a mãe natureza boicotou a posse de Trump por ter imposto à capital Washington a temperatura de 5º celsius negativos com sensação térmica de 10º negativos. Milhares de trumpistas ficaram fora da festa da posse pela severidade climática que impediu cerimônias ao ar livre. Alardear o negacionismo científico e fazer discurso populista criticando que Joe Biden não conseguiu pôr bombeiros e defesa civil para apagar o fogo apocalíptico que varreu uma região da Califórnia é lorota, pois se acelerar a indústria petrolífera nos Estados Unidos, o império será devastado com maior rapidez, pois a natureza virá rugindo como um leão na selva e devorará tudo o que encontrar pela frente. Ou seja, negar a necessidade de frear o desenvolvimentismo econômico à custa da brutal devastação dos bens naturais – terra, águas, ar – será acelerar a marcha em um desfiladeiro para o precipício e a morte final de todos e todas. Será como a anedota contada por Franz Hinkelammert, para ilustrar a irracionalidade do racionalizado sistema capitalista: dois homens que competem – com muita eficiência, cada qual com um motosserra mais poderoso – para cortar o galho em que estão sentados à beira do precipício. Assim atua o Trump, toda extrema-direita pelo mundo afora, a turma do agronegócio, do hidronegócio, das mineradoras, todos os capitalistas, fascistas ou não, e seus adeptos que estão sacrificando o planeta Terra no altar do mercado idolatrado.

Retirar os Estados Unidos da Organização Mundial da Saúde e perdoar milhares de criminosos que invadiram o Capitólio tentando impedir que Joe Biden, que havia sido eleito, tomasse posse é o absurdo dos absurdos, é insistir em voltar à idade das trevas, é sepultar de vez a hipocrisia da democracia burguesa e declarar à luz do sol o imperialismo nu e cru.

Ainda bem que a história demonstra também que não há varinha mágica que tenha o poder de transformar em políticas públicas idôneas discursos populistas que enganam os incautos. Em breve, quem elegeu Trump abrirá os olhos ao perceber que a vida real não se transformará na 8ª maravilha com “prosperidade e glória”, porque os grandes coronéis do mundo, magnatas como Elon Musk e Mark Zuckerberg sempre usaram o povo para enriquecer e nunca serão idôneos para contribuir com políticas públicas que construam relações sociais de justiça, paz, respeito e amor.

A história demonstra também que diante das opressões, a resistência cresce. Não há império que dure para sempre, e a força dos povos, unidos em luta pelo bem comum, é o motor da verdadeira transformação. A América Afro-Latina, berço de coragem e esperança, será a tumba do neofascismo/neonazismo global. Inspirados/as pela aurora austral (boreal), que são raios de luzes em noites escuras, ou descobrindo luzes no túnel e não apenas no final do túnel, construiremos a partir dos últimos um mundo com justiça, paz e amor, onde todas as fronteiras serão abertas e todos os muros derrubados. A Internacional da direita neofascista/neonazista não passará, é vencível, pois está recheada e podre de contradições! A força e a luz do justo, ético e da verdade, o que nos faz mais humanos, terão a última palavra.

Por fim, a luta, a resistência e a história continuam e é animador ter a certeza de que a humanidade aspira um projeto social pautado por relações sociais de justiça, paz e amor, cuja colaboração entre os povos prevaleça sobre a barbárie prometida com a ascensão da extrema direita internacional, engendrada como ovos de serpente no útero do capitalismo que superexplora não só a dignidade humana, mas também todos os bens da natureza.

 

¨      Se Trump quer isolar os EUA, que o faça! Por Ricardo Mezavila

O festival de horrores que foram os eventos de antes, durante e depois da posse de Donald Trump, não pode abalar a democracia brasileira. Se, por um lado, os EUA saem pela porta dos fundos do Acordo de Paris, por outro o Brasil aumenta seu protagonismo no tratado internacional sobre mudanças climáticas.

Trump partiu para o isolacionismo e isso não pode ser bom para os norte-americanos. O apoio que vem recebendo, de primeira hora, dos magnatas das big techs, será consumido pelo egocentrismo dessa aliança neofascista.

Elon Musk fez questão de demonstrar para o mundo sua origem nazista – parece que seus avós maternos apoiaram Hitler – e fez o gesto típico da saudação que os nazistas costumam fazer de bater no peito e esticar o braço.

O anúncio da saída dos EUA da OMS – Organização Mundial da Saúde, também pode refletir positivamente, assim também seria se deixassem todos os outros tratados internacionais assinados anteriormente.

Ou seja, Trump não está disposto, em seu segundo mandato, a somar com os outros países, seu objetivo é segregar, perseguir e exterminar o que não for espelho. Enquanto a nova ordem for essa, é melhor que fique distante.

O real perigo da ascensão da extrema direita neonazista nos EUA, é o salseiro que faz na nossa parte podre, aquela composta por vassalos, vira-latas e borra-botas, desde o bagrinho empoderado, passando pelos puxa-sacos que foram assistir à posse na neve, até o senhor decrépito que fez a cena bizarra do aeroporto.

O governo brasileiro e todos nós que defendemos o Estado Democrático de Direito, temos de ficar atentos porque teremos ‘chumbo grosso’ de fake news em 2026 e somente com a união pela democracia conseguiremos neutralizar a nova onda.

 

¨      Donald Trump, entre bravatas e a real correlação de forças. Por José Alvaro de Lima Cardoso

O mundo assistiu, entre curioso e temeroso, ao discurso de posse de Donald Trump, marcadamente ameaçador e triunfalista. No próprio dia 20 de janeiro, o mandatário assinou cerca de 200 ordens executivas (os números são imprecisos), incluindo medidas para eliminar a indústria de energia eólica offshore dos EUA, restrições à imigração e concessão de perdão a 1,5 mil cidadãos envolvidos na insurreição do Capitólio em 6 de janeiro de 2021. Foram revogadas várias políticas do período de Joe Biden, como ações de diversidade, equidade e inclusão e acordos ligados ao clima, como o Acordo de Paris. Entre os anúncios, o de instalação do Departamento de Eficiência Governamental, com o objetivo de reduzir gastos governamentais, comandado pelo bilionário Elon Musk.

Como já era esperado, sobraram ameaças, mais ou menos veladas, para a América Latina. No discurso de posse, Trump afirmou que os países latino-americanos, incluindo o Brasil, "precisam mais de nós do que precisamos deles", e deixou claro que nas relações bilaterais não haverá igualdade. Quem dominará a relação são os EUA. Anunciou também a declaração de emergência nacional na imensa fronteira com o México, visando intensificar as medidas de controle da imigração ilegal. Ameaçou retomar o controle do Canal do Panamá, alegando inclusive que a China atualmente o controla, impondo tarifas excessivas aos navios americanos. Assinou uma ordem executiva para renomear o Golfo do México como "Golfo da América". Trump retomou um tipo de postura imperialista feitas às claras, sem dissimulações, como era o estilo do dissimulado governo anterior, que falava das crianças assassinadas em Gaza, ao mesmo tempo que continuava autorizando o envio de dinheiro para os nazistas de Israel.

Claro que as ações iniciais de Donald Trump foram anunciadas para causar impacto e parte do seu discurso não passa de bravatas. Mas a presença da extrema direita no principal governo imperialista do mundo é sintoma de um processo complexo e muito importante. A vitória acachapante, sob todos os ângulos, de Donald Trump nas eleições norte-americanas é uma face da gradual e contínua desagregação dos regimes imperialistas chamados “democráticos” e, por tabela, das forças ligadas a ele em todo o mundo. É inegável que a extrema direita conquistou uma parcela majoritária da opinião pública norte-americana e esse fenômeno tem impacto político no mundo todo, em função do peso político e econômico dos EUA na Terra.

A vitória de Trump nos EUA é um sintoma daquela que é, possivelmente, a maior crise política do imperialismo na história. A falência completa do Partido Democrata no processo eleitoral do ano passado representa uma crise sem precedentes na própria política de dominação do imperialismo. Reflete uma inusitada perda de controle político por parte do império, fruto da própria crise econômica vigente. Apesar da desagradável estridência de Trump, sua vitória significa para o imperialismo um contratempo em sua política, dentro e fora dos EUA.

Exemplo concreto: Joe Biden é o principal responsável pelo genocídio de quase 50 mil palestinos, boa parte mulheres e crianças, no conflito na Palestina. Donald Trump, por seu turno, antes mesmo de sua posse, desempenhou um papel significativo no acordo de cessar-fogo entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza. O seu enviado especial para a Região, Steve Witkoff, esteve no centro das discussões, e da pressão feita em cima de Benjamin Netanyahu para fazer algumas concessões, sem as quais não haveria acordo com as forças de resistência.

Outro caso revelador de que a política de Trump não é a política do chamado deep state é a política que vem anunciando em relação à guerra na Ucrânia. Os EUA precisariam desesperadamente impor uma derrota total à Rússia, militar e economicamente para, em seguida, ir para cima da China, considerado o grande inimigo econômico a ser derrotado. Porém, no seu discurso de posse, apesar de não ter mencionado a guerra na Ucrânia, Trump enfatizou a necessidade de os Estados Unidos priorizarem seus próprios interesses e evitarem envolvimentos em conflitos estrangeiros prolongados. Mais do que isso, o presidente dos EUA reafirmou que será o político que acabará com as guerras que os EUA estão provocando ao redor do mundo. Trump não quer gastar com a guerra da Ucrânia e isso vai acelerar a derrota de Zelensky. Alguns cálculos concluíram que o apoio financeiro dos EUA à Ucrânia é superior a US$ 84 bilhões, sem contar os recentes conjuntos de armamentos fornecidos ao governo da Ucrânia, que somam algo em torno de US$ 8,9 bilhões.

Donald Trump não era o candidato apoiado pelo chamado Estado profundo porque defende propostas que não são a dos grandes monopólios que dominam a economia mundial. Portanto, em boa medida, se o governo Trump conseguir cumprir boa parte de suas promessas (o que não será fácil, pois terá que combinar com os “russos”), ele tende a aprofundar enormemente a crise do imperialismo, ou seja, ameaça agravar os problemas que o imperialismo enfrenta. Mas claro, é ilusão também achar que o governo Trump terá liberdade total para exercer suas políticas, como se não tivesse adversários no mundo.

Uma coisa é a retórica triunfalista e arrogante de Trump, outra é a real correlação de forças existente no mundo. A assunção de Trump acontece em uma conjuntura na qual se agravou muito o problema da erosão da influência norte-americana no mundo e a simultânea elevação da influência global do Brics, que em Kazan, no mês de outubro, ampliou o bloco. Um dos projetos centrais dos países que constituem o Brics é substituir o dólar como moeda das transações realizadas dentro do bloco. China e Rússia já estão comercializando em suas moedas nacionais. Trump, que já classificou a política de substituição do dólar como uma guerra mundial, em seu discurso de posse ameaçou todas as nações que tentarem criar ou adotar uma moeda alternativa ao dólar, inclusive com a possibilidade concreta de aplicação de tarifas de 100% sobre as exportações desses países para os EUA.

Há uma evidente crise do imperialismo, com uma escalada da guerra ao nível internacional que tende a piorar nos próximos anos. Com ou sem Trump, os EUA são uma máquina de guerra, que somente para este ano tem um orçamento militar de US$ 895 bilhões, aumento de 10,2% em relação ao ano passado. O orçamento deste ano, prevê aquisições militares como sete navios de guerra, incluindo um porta-aviões nuclear, 200 aeronaves e 300 veículos blindados. Prevê também investimentos pesados em tecnologia, com foco em armas hipersônicas, defesa cibernética e inteligência artificial.

Para efeitos comparativos, a Rússia, que trava uma guerra aberta contra a Otan, tem um orçamento de defesa equivalente a 12,64% do orçamento dos EUA (conforme orçamentos dos dois países, do ano passado). O orçamento dos EUA para a defesa é superior ao acumulado dos dez gastos seguintes no ranking dos maiores orçamentos de defesa dos países. Se Donald Trump cumprir sua promessa de campanha e conseguir acabar com a guerra da Ucrânia, estará afetando diretamente o lucro dos monopólios envolvidos com a máquina de guerra.

O vigoroso voluntarismo de Trump terá que enfrentar a crise financeira dos EUA, que é colossal. A dívida pública dos Estados Unidos está em US$ 35 trilhões, o que corresponde a 125% do PIB norte-americano. Quase US$ 2 bilhões são gastos diariamente apenas em juros da dívida nacional. Mesmo para o país mais rico da Terra, é muito difícil pagar, infinitamente, uma dívida dessa magnitude. O país que sustenta a máquina de guerra mais cara do planeta (não necessariamente a mais eficiente) compromete mais de 30% de sua receita tributária federal com o pagamento de juros. O que permite financiar a dívida é a demanda por dólares existente no mundo. Mas essa demanda tende a diminuir, como estamos assistindo. Com a perda de influência dos EUA no mundo, tudo indica que os países não financiarão infinitamente a dívida norte-americana.

O problema da dívida pública, que está no centro dos problemas dos EUA, é extremamente complexo. Quem manda no país ganha muito dinheiro com essa roda gigante especulativa: os bancos, grandes empresas, os ricos em geral. Ou seja, 0,5% da população, em prejuízo de 99,5% dos norte-americanos (é como no Brasil). Essa elite, majoritariamente, apoiou a candidata do Partido Democrata. Trump é apoiado por setores da burguesia norte-americana que também estão sendo prejudicados pela máquina de guerra e pela dívida pública. A pobreza nos Estados Unidos atinge cerca de 12% da população. Essa mesma economia, dominada pelo capital financeiro, precisa importar trabalhadores da América Latina para operar na economia real (fábricas, serviços em geral, limpeza, construção civil).

Para o governo dos EUA conseguir rolar a dívida, a demanda global por dólares e por títulos de dívida dos EUA deve se expandir permanentemente. Resultado que tem sido conseguido, até aqui, pelo argumento da força. Esse verdadeiro castelo de cartas se mantém porque os EUA têm o poder da senhoriagem, ou seja, pode imprimir, sem custo, uma moeda com aceitação e curso internacional. Nenhum outro país no mundo tem essa possibilidade e é exatamente isso que está se esfarelando.

O maior golpe econômico desferido contra os interesses norte-americanos está na área financeira: a substituição do dólar por moedas locais nos países do Brics nas atividades financeiras internacionais. Processo que já se iniciou. Isso atingirá em cheio o poderio do império americano e mundial, em boa parte assentado na hegemonia do dólar, que fornece aos EUA um privilégio extraordinário. Os dilemas e desafios do governo norte-americano são gigantescos e não serão resolvidos apenas com a férrea vontade de enfrentá-los.

 

Fonte: Brasil 247

 

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