Forças Armadas: 641
militares foram condenados por ligação com drogas
Em 2019, um
sargento da Força Aérea Brasileira (FAB) chocou o mundo após ser preso com 39
kg de cocaína na bagagem, em um voo da comitiva da Presidência da República. O
avião tinha como destino Tóquio, no Japão, mas fez escala em Sevilla, quando a
alfândega espanhola identificou os entorpecentes. O caso chegou à última página
em setembro de 2024, depois de a maior instância da Justiça Militar manter a
condenação de Manoel Silva Rodrigues.
O agora ex-sargento
é apenas um dos 641 militares condenados nos últimos sete anos por envolvimento
com drogas. De 2018 a 2024, o Superior Tribunal Militar (STM) condenou
integrantes do Exército, da Aeronáutica e da Marinha.
Os dados das
condenações foram obtidos pelo Metrópoles por meio da Lei de Acesso à
Informação (LAI),
com o detalhamento do tipo penal e das patentes dos envolvidos.
Soldados do
Exército foram os mais condenados, somando 563 do total. Apenas em 2019, 158
militares foram condenados pelo crime, a FAB teve 6, sendo 1 cabo e 5 soldados,
e a Marinha, 1 cabo, 8 marinheiros e 2 soldados navais. No ano anterior, o
Exército teve 77 soldados condenados e 1 cabo; a Aeronáutica, 4 soldados e 1
cabo; e a Marinha, 1 cabo, 3 marinheiros e 2 soldados navais.
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Veja os dados por ano:
# Em 2018
- Aeronáutica
3 soldados
- Exército
1 cabo
77 soldados
- Marinha
1 cabo
3 marinheiros
2 soldados
fuzileiros navais
# Em 2019
- Aeronáutica
1 cabo
5 soldados
- Exército
1 sargento
1 cabo
158 soldados
- Marinha
1 cabo
8 marinheiros
2 soldados navais
# Em 2020
- Aeronáutica
5 soldados
Exército
57 soldados
- Marinha
3 cabos
4 marinheiros
2 soldados
fuzileiros navais
# Em 2021
- Aeronáutica
8 soldados
- Exército
1 cabo
57 soldados
- Marinha
3 marinheiro
1 soldado fuzileiro
naval
# Em 2022
- Aeronáutica
2 soldados
1 cabo
- Exército
75 soldados
2 cabos
- Marinha
5 marinheiros
# Em 2023
- Aeronáutica
2 soldados
Exército
66 soldados
Marinha
2 marinheiros
# 2024
- Aeronáutica
1 sargento
2 soldados
- Exército
55 soldados
- Marinha
2 marinheiros
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Relembre o caso do Sargento FAB:
Manoel Silva
Rodrigues fazia parte de uma comitiva com 21 militares que acompanhava a
viagem do presidente Jair Bolsonaro (PL) a Tóquio, no Japão, para reunião do
G20;
Antes de partir da
Base Aérea de Brasília, Manoel recebeu a droga em um motel, no Núcleo
Bandeirante;
Ele foi preso no
aeroporto de Sevilla, na Espanha, com 39 kg de cocaína na mala;
A droga foi
avaliada em 1.306.695 euros, o equivalente a R$ 6.399.083,62 na época;
Em 2022, o
ex-sargento foi condenado a 14 anos de prisão pela Justiça Militar. O sargento
recorreu;
Em 2024, o STM não
só manteve a condenação como a aumentou para 17 anos.
·
214
tabletes de cocaína
Também em 2024, o
STM manteve a condenação de dois militares do Exército que foram flagrados
transportando 230 kg de cocaína em viatura militar. A droga saiu de Corumbá
(MS), região oeste do estado, fronteira com a Bolívia, com destino a Campo
Grande (MS), capital do estado de Mato Grosso do Sul.
Informações de
inteligência indicaram que os dois militares estavam utilizando uma viatura
Toyota Hilux 4×4, do quartel, para o transporte de entorpecentes, conforme foi
divulgado pelo próprio tribunal.
Feita na rodovia
BR-262, próximo à região do Indubrasil, em Campo Grande, por uma equipe do 9º Batalhão
de Polícia do Exército (9º BPE), a abordagem possibilitou a descoberta de que a
Toyota Hilux tinha como motorista um soldado do efetivo profissional do
Exército e como chefe de viatura o sargento indiciado nos autos.
Os militares
conduziam 214 tabletes de cocaína acondicionados dentro de três caixas e três
sacolas guardadas na carroceria.
·
Estelionato
O levantamento
ainda apontou casos de estelionato, em que de aspirantes a coronel foram
penalizados por esse tipo de crime. No recorte pesquisado, dois coronéis do
exército foram condenados como estelionatários. Os julgamentos ocorreram em
2018 e 2024.
·
2.140
militares condenados
A pesquisa via LAI
é a mesma que o Metrópoles fez ao apontar que o Superior Tribunal
Militar (STM) condenou 2.140
militares, de 2018 a 2024, mas poupou generais, brigadeiros e almirantes.
Pelo levantamento,
foram 1.615 militares do Exército
Brasileiro,
281 da Força Aérea
Brasileira e
244 da Marinha do Brasil condenados de
2018 a 2024;
Dezessete coronéis
formam a mais alta patente a receber condenação, sendo 15 do Exército e dois da
Aeronáutica;
Exército teve 17
tenentes-coronéis condenados, e a Marinha, 1 capitão de fragata.
Em 2024, um dos
oficiais foi considerado culpado pelo crime de favorecimento da prostituição ou
exploração sexual de vulnerável;
Um soldado e um
cabo do Exército foram condenados por estupro;
Também foram
condenados por importunação sexual ao longo dos últimos sete anos um capitão e
um 1º tenente da FAB;
Do Exército, foram
um cabo, um soldado, um 2º sargento e um 3º sargento por importunação;
A Marinha não teve
condenação pelo crime.
Por meio de nota, o
Centro de Comunicação Social do Exército destacou que os integrantes da Força
são “um estrato da sociedade brasileira e dos que fazem parte dela”; por isso,
assim como todos os cidadãos, os militares estão sujeitos ao que preveem as
leis penais civis e a legislação vigente especificamente para eles.
O Exército acrescentou
que não cabe à instituição tecer comentários a respeito de decisões judiciais.
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PMs
acusados de dirigir carro e atirar em Gritzbach trabalharam juntos
Os policiais
militares (PMs) Dênis Antonio
Martins e Fernando Genauro da
Silva,
apontados pelas investigações respectivamente como o autor dos disparos que
mataram Vinícius
Gritzbach e
o motorista do carro usado na execução, no
Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, em novembro de 2024,
trabalharam no mesmo batalhão de polícia.
A informação foi
confirmada ao Metrópoles pelo advogado do tenente Fernando Genauro da
Silva, Mauro Ribas Júnior. Segundo ele, no entanto, os dois nunca tiveram
relações próximas.
“Genauro já não
via, não trabalhava com esse Dênis, há pelo menos 10 anos”, afirmou o advogado.
“Uma coisa é trabalhar no mesmo batalhão outra é trabalhar como parceiro”,
disse Mauro. A defesa alega que o tenente é inocente, não fazia parte da
escolta de Gritzbach e não esteve no local do crime.
O tenente Fernando
Genauro da Silva foi preso nesse sábado (18/1), apontado como motorista do
carro usado para cometer o crime.
Genauro e Dênis
teriam trabalhado juntos em um batalhão que pertence ao Comando de
Policiamento de Área Metropolitana Oito (CPA-M8).
O Comando é
responsável por cidades da Grande São Paulo como Osasco, Carapicuíba e Barueri.
Além do tenente
Genauro, o irmão dele, que também é policial militar, também teria atuado com
Dênis em um outro batalhão.
A ligação entre o
tenente e o policial apontado como atirador que matou Gritzbach estaria entre
os indícios levantados pela investigação da polícia para sugerir uma
possível proximidade entre os dois suspeitos.
O caso está em
segredo de Justiça.
Na última
quinta-feira (16/1), o corregedor da Polícia Militar, Fabio Sergio Amaral,
afirmou em coletiva de imprensa que Dênis tinha um
comparsa na corporação, sem identificar quem seria.
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PMs presos
Até agora, 16
policiais militares foram presos durante as investigações sobre a morte de
Vinícius Gritzbach. Na quinta-feira foram 15 prisões, incluindo a de Dênis,
apontado como o executor do empresário delator da facção Primeiro Comando da
Capital (PCC).
Entre os detidos
estão ainda 14 policiais que prestavam escolta privada ao empresário apesar do
histórico criminal conhecido de Gritzbach. Eles também são investigados por
suspeita de ligação com o PCC, segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP).
Nesse sábado, a
Polícia prendeu o 16º agente da corporação, o tenente Fernando Genauro da
Silva, apontado como motorista do carro usado para cometer o crime.
Entenda o caso:
Gritzbach foi
assassinado em novembro de 2024, em frente ao Aeroporto de Guarulhos, na
Grande São Paulo. O empresário de 38 anos era jurado de morte pelo PCC;
Durante uma
delação, Gritzbach detalhou como a facção lavava dinheiro, além de revelar
extorsões cometidas por policiais civis. Tanto eles quanto PMs investigados
foram afastados das funções;
Na quinta-feira
(16/1), uma operação da Corregedoria da Polícia Militar de São Paulo (PMSP) que
investiga integrantes da corporação suspeitos de terem envolvimento com o
Primeiro Comando da Capital (PCC) prendeu 15 policiais militares;
A Corregedoria da
PMSP iniciou a Operação Prodotes após receber uma denúncia anônima, em março de
2024, que mencionava supostos vazamentos de informações sigilosas que
favoreciam criminosos ligados ao PCC;
A investigação da
Polícia revelou que policiais militares prestavam escolta privada a
Gritzbach, apesar do histórico criminal dele, o que levanta a suspeita da
participação de PMs na organização criminosa;
As apurações também
demonstraram que informações estratégicas teriam sido vazadas por
policiais militares da ativa, da reserva e ex-integrantes da corporação, o que
permitia a integrantes do PCC evitarem prisões e prejuízos financeiros;
Entre os agentes
presos na quinta-feira está o policial militar da ativa Dênis Antonio
Martins, suspeito de ser o autor dos disparos que mataram o delator do
PCC;
Outro tenente foi
preso neste sábado (18/1). Fernando Genauro da Silva é suspeito de ser o
condutor do carro usado pelos criminosos na execução do empresário
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Diretora
de “ONG do PCC” foi à Câmara e recebeu passagens do governo
Diretora da ONG Pacto Social
& Carcerário,
Luciene Neves Ferreira participou de audiência na Câmara dos Deputados e
recebeu R$ 1,1 mil em passagens pagas pelo governo federal, além de R$ 4,6 mil
de auxílio emergencial. A organização não governamental presidida por ela foi
alvo da Polícia Federal, suspeita de vínculo com o Primeiro Comando da Capital (PCC).
Entenda o caso:
A PF deflagrou, na última
quarta-feira (15/1), a Operação Scream Fake e prendeu 12 pessoas
acusadas de terem associação com o PCC.
Entre os presos,
estão o presidente e o vice-presidente da ONG Pacto Social & Carcerário.
De acordo com a
Polícia Civil de São Paulo, a apuração começou com base em cartões de memórias
e manuscritos apreendidos com um visitante de um presídio.
O material apontou
que o PCC dividia sua atuação em setores como “gravatas”, “saúde”, “financeiro”
e “reivindicações”, na qual a ONG, supostamente, atua na promoção de
manifestações e denúncias para desestabilizar o sistema de justiça criminal. A
organização nega.
O pagamento das
passagens aéreas foi efetuado para arcar com a participação de Luciene Ferreira
como delegada da 4ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres, em
2016. Ela saiu de São Paulo para Brasília em 10 de maio daquele ano e voltou
para a capital paulista três dias depois. O evento teve como objetivo debater
com a sociedade civil propostas para formulação de políticas públicas.
Já os R$ 4,6 mil
pagos em auxílio emergencial foram divididos entre junho de 2020 e outubro de
2021, em 10 parcelas. Foram cinco pagamentos de R$ 600 e outros três de R$ 150.
Ela foi enquadrada como beneficiária extra CadÚnico, o Cadastro Único para
Programas Sociais, responsável por identificar as famílias de baixa renda
residentes em todo o território nacional.
Em 30 de agosto de
2023, Luciene participou de audiência pública da Comissão de Direitos Humanos,
Minorias e Igualdade Racial da Câmara. O encontro ocorreu para debate sobre
“condições dos cárceres, prevenção e combate à tortura”. Na ocasião, ela
afirmou: “Meu companheiro é graduado e pós-graduado. Eu também sou acadêmica.
Minhas filhas, que foram geradas no sistema prisional, são acadêmicas também.
Nós temos uma bandeira, nós temos uma causa”.
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ONG atuava com coletes e armas
Como revelou
a colunista
Mirelle Pinheiro,
do Metrópoles, a investigação revelou que o PCC planejou manifestações
para além de reivindicações pacíficas. A operação envolveu armas, coletes
balísticos e radiocomunicadores.
Os equipamentos
foram apreendidos pela polícia, supostamente ligados a um esquema coordenado
pela facção com a ONG Pacto Social & Carcerário, usada para promover atos
judiciais e populares com base nos interesses da organização criminosa.
Fonte: Metrópoles
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