terça-feira, 21 de janeiro de 2025

Apendicite: quando a dor abdominal pode indicar um problema grave

Você já parou para pensar no papel do apêndice? Esse pequeno órgão, que muitos consideram desnecessário, se encontra entre o intestino delgado e o intestino grosso, especificamente na primeira porção do intestino grosso chamada de ceco. Muito semelhante a um dedo de luva com cerca de 10 centímetros, o apêndice pode ser pequeno, e embora possa parecer um órgão sem função, ele desempenha papeis importantes no nosso organismo. Mas quando há algo errado com ele, é necessário um atendimento médico urgente. 

O apêndice contém tecido linfático que ajuda na produção de anticorpos e serve de abrigo para bactérias benéficas que são importantes para o bom funcionamento do intestino. Em situações de diarreia aguda, quando há um desequilíbrio na flora bacteriana intestinal e um aumento das bactérias infecciosas, o apêndice age como um “porto seguro”. Nele, as bactérias boas se protegem e, após a resolução da infecção, rapidamente acabam repovoando o intestino. 

Assim, mesmo que o apêndice seja frequentemente removido em casos de apendicite, seu papel na manutenção da saúde intestinal não deve ser subestimado.

·        Porque a apendicite ocorre? 

A apendicite ocorre quando o apêndice é inflamado. O problema surge quando a drenagem do muco produzido pelo apêndice é obstruída. Ou seja, esse muco se acumula, dilata o apêndice e comprime os vasos sanguíneos, semelhante a um torniquete, levando à necrose das células e, assim, ao rompimento do apêndice, conhecido como apendicite supurada.

Nos jovens, a inflamação acontece por conta de uma resposta do tecido linfático do apêndice a infecções virais ou bacterianas. Já nos idosos, as causas comuns ocorrem por conta de fezes endurecidas, tumores ou até vermes intestinais. Qualquer uma dessas obstruções pode levar a uma dor intensa na região inferior do lado direito do abdômen.

·        Sintomas

O sintoma mais comum é a dor abdominal. De início, a dor pode começar ao redor do umbigo e, à medida que a inflamação avança, se desloca para o lado inferior direito do abdômen. 

Conforme a dor vai se intensificando, realizar movimentos, como andar ou tossir, pode se tornar algo desconfortável. Além desses sintomas, existem outros como, febre, perda de apetite, náuseas, endurecimento abdominal, constipação ou até mesmo diarreia frequentes.

·        Tratamento e recuperação

O tratamento mais eficaz para a apendicite é a cirurgia. Existem dois tipos principais: a apendicectomia aberta e a apendicectomia laparoscópica. A primeira envolve uma incisão maior no abdômen, ou seja, um corte maior na região do abdômen, enquanto a segunda usa pequenas incisões e uma câmera para realizar a remoção, onde são feitos três “buraquinhos” de 1 centímetro. Um no umbigo, outro ao lado esquerdo do abdômen e um na região suprapúbica, que se localiza na zona acima do púbis. O resultado da laparoscópica tem menos chances de dor e uma recuperação mais rápida.  

Após a cirurgia, a recuperação envolve descanso e uma dieta leve, com uso de antibióticos para não ocorrer nenhuma inflamação. É importante manter a área da incisão limpa e seca, seguir as orientações médicas sobre medicamentos, e evitar atividades físicas intensas até a completa recuperação, que pode durar de quatro a seis semanas. 

Embora não haja alimentos específicos que possam acelerar a recuperação, uma dieta equilibrada, como sopas, verduras, frutas, carnes magras e alimentos ricos em ferro, podem proporcionar restaurar a saúde e a cicatrização.

Portanto, na próxima vez que ouvir alguém falar sobre a remoção do apêndice, lembre-se, embora seja aparentemente inútil, este pequeno órgão tem uma função importantíssima para o funcionamento correto e essencial do nosso sistema digestivo e da nossa saúde. 

 

¨         Mulheres têm mais probabilidade de desenvolver doenças gastrointestinais

As mulheres são mais propensas a assumir a liderança em doenças gastrointestinais. Enquanto os homens dificilmente são imunes a esses problemas, essas doenças são consideravelmente mais comuns em mulheres. Além disso, as mulheres têm mais hipersensibilidade visceral, então elas podem apresentar sintomas gastrointestinais mais intensamente.

Deixando de lado a sensibilidade aos sintomas, há evidências claras de que certos distúrbios digestivos têm maior probabilidade de afetar as mulheres do que os homens. 

A síndrome do intestino irritável (SII) —um distúrbio que envolve crises repetidas de dor abdominal e com presença de diarreia, constipação ou crises alternadas dos dois —é duas a seis vezes mais comum entre as mulheres do que entre os homens. 

A doença inflamatória intestinal (DII), incluindo a doença de Crohn e a colite ulcerativa, afeta duas vezes mais mulheres do que homens, de acordo com o American College of Gastroenterology

Além disso, a doença celíaca —um distúrbio autoimune que causa inchaço, diarreia crônica, gases e outros sintomas gastrointestinais, e é desencadeada pela ingestão de glúten —é diagnosticada quase duas vezes mais frequentemente em mulheres do que em homens. 

<><> Por que as mulheres são mais suscetíveis a distúrbios gastrointestinais? 

O que há em nascer mulher que coloca em risco o sistema digestivo? A resposta é complicada, e não completamente compreendida.

O que se sabe é que os hormônios reprodutivos podem desempenhar um papel nessa maior probabilidade. O estrogênio e a progesterona têm um efeito profundo no trato gastrointestinal em termos de motilidade, sensibilização à dor e como o cérebro envia mensagens ao trato gastrointestinal. Como resultado, as mulheres podem apresentar surtos de distúrbios gastrointestinais em determinados períodos do mês (como durante a menstruação) ou durante a gravidez.

<><> Lentificação do trato gastrointestinal

O próprio trato gastrointestinal é mais longo nas mulheres, e essa diferença no comprimento pode afetar o tempo de trânsito através do trato gastrointestinal. 

Além disso, os estômagos das mulheres esvaziam ligeiramente mais lentamente do que os dos homens, o que pode explicar a maior susceptibilidade das mulheres à gastroparesia (lentificação do movimento gastrointestinal). 

A pesquisa também sugere que as células nervosas do intestino são mais lentas nas mulheres, o que pode ser o motivo pelo qual a SII e a gastroparesia são mais comuns nas mulheres.

<><> Questões psicológicas

Outro possível fator contribuinte tem a ver com questões psicológicas. A ansiedade e a depressão, que são mais comuns em mulheres do que em homens, podem piorar a gravidade dos distúrbios da função intestinal. 

<><> Buscar tratamento adequado

Já é um bom começo manter-se bem hidratado e consumir uma dieta saudável rica em alimentos vegetais (como frutas, vegetais, grãos integrais, legumes, nozes e sementes) e proteínas magras, além de evitar alimentos açucarados e altamente processados.

 Ainda, tomar medidas para controlar o estresse, dormir bem e fazer exercícios regularmente são condutas importantes. Mas se essas não ajudarem suficientemente, não há razão para sofrer sozinho. Por isso, é fundamental buscar ajuda para a coleta de exames mais específicos com o intuito de alcançar o diagnóstico exato e, assim, um tratamento que promova benefícios reais.

 

Fonte: IstoÉ Bem-estar

 

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