segunda-feira, 20 de janeiro de 2025

Da prosperidade do bitcoin até postura dura perante China e migrantes: o que esperar de Trump?

A economia dos EUA verá em breve o retorno do empresário Donald Trump como chefe de Estado: economistas entrevistados pela Sputnik esperam dele liberdade ilimitada para o bitcoin, até mesmo sua possível inclusão nas reservas estatais, a escalada da guerra comercial com a China, bem como a atitude em relação aos migrantes.

Trump será empossado em 20 de janeiro, se tornando o 47º presidente dos Estados Unidos e retornando à Casa Branca após quatro anos de comando do democrata Joe Biden.

A presidência de Trump começa em condições bastante problemáticas.

Assim, a participação dos Estados Unidos na economia mundial sob Biden caiu pela primeira vez abaixo de 15% e, no final de seu mandato, vai ser a mais baixa da história moderna, 14,76%, calculou a Sputnik de acordo com dados do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional.

Sob Biden, muitos países intensificaram sua luta contra o dólar para reduzir a dependência dele nas liquidações e reservas, e aceleraram o desenvolvimento de moedas digitais nacionais.

<><> Curso da política em relação à China

Os analistas entrevistados são unânimes em sua opinião de que a chegada do presidente eleito dos EUA ao poder significa o agravamento das relações econômicas do país com a China.

"Trump pode aumentar o número de barreiras comerciais para proteger a indústria nacional, o que vai levar à deterioração das relações políticas e econômicas com vários países, principalmente a China", acredita o especialista em indústria independente Leonid Khazanov.

Uma professora da Faculdade de Economia Mundial e Política Mundial da Escola Superior de Economia russa, Ksenia Bondarenko, prevê um desenvolvimento semelhante.

Segundo ela, além do aumento do protecionismo contra a China e da escalada da guerra comercial com esse país, também devemos esperar tensões nas relações econômicas com a União Europeia (UE) e lobby para aumentar os gastos com defesa na Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).

<><> Liberdade para criptomoedas

Os principais temas sob a presidência de Trump serão a crescente importância das criptomoedas, a expansão de sua distribuição e a legalização para tornar os EUA um centro global de criptohub, observa Bondarenko.

"Mas o mais importante é que o objetivo a médio prazo é criar uma reserva estratégica de bitcoin e poder usar as criptomoedas para pagar a dívida do governo dos EUA", acrescenta.

A dívida pública dos Estados Unidos é a dívida do governo federal dos EUA com seus credores. Atualmente, ela ultrapassa US$ 36 trilhões (R$ 218,8 trilhões).

Um especialista em mercado de ações da empresa russa de serviços financeiros BKS, Yevgeny Mironyuk, estima que o bitcoin e outras criptomoedas poderão até ser incluídos nas reservas estatais do país.

<><> Problemas da imigração

Os imigrantes são aqueles que vão ter grandes dificuldades com Trump, os especialistas também são unânimes nessa opinião.

Bondarenko acredita que os Estados Unidos vão ver um endurecimento da política de imigração e um declínio no apoio às minorias, inclusive uma provável revisão da legislação que fornece assistência aos imigrantes.

Khazanov acredita que esse problema vai ser um dos primeiros a ser enfrentado pelo novo presidente.

"Em um primeiro momento, Trump vai se concentrar em reduzir o número de imigrantes nos Estados Unidos, vendo-os como uma ameaça tanto para a economia quanto para a ordem interna do país", diz o analista.

<><> Criptomoeda de Trump tem alta explosiva de 574% 

O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou na madrugada deste sábado (18) a criação de uma criptomoeda com seu nome e que pode virar ativo financeiro. De acordo com a plataforma CoinGecko, a moeda de Trump estava sendo vendida por US$ 25,5 (R$ 154,5) por volta das 17h (horário de Brasília) deste sábado (18). O político da extrema-direita norte-americana é um forte aliado do mercado de criptomoedas.

O valor representou uma valorização de 494% em comparação com o preço inicial. No mesmo horário, a moeda havia atingido uma capitalização de US$ 5 bilhões. Às 12h30, a valorização chegou a 574%.

O site criado por Trump para apresentar detalhes da moeda apontou que existem 200 milhões de $TRUMP disponíveis para serem vendidos neste sábado, mas a ideia é que esse valor aumente para 1 bilhão nos próximos três anos.

Contexto

A criação de seu memecoin ajudou a impulsionar a criptomoeda americana Solana - a $TRUMP foi criada na plataforma de blockchain Solana. Segundo a CoinGecko, a Solana valorizou 13,7% nas últimas 24 horas, sendo comercializada a US$ 247 (R$ 1.497).

Na campanha presidencial, Trump afirmou que, se eleito, criaria uma reserva de bitcoins, assim como os Estados Unidos fazem com o petróleo. A ideia foi apresentada novamente no final de 2024, em entrevista à CNBC.

Mas, de acordo com reportagem do New York Post publicada na quinta-feira (16), Trump quer priorizar criptomoedas americanas no fundo de reserva a ser criado por seu governo. Se a proposta sair do papel, as criptomoedas que mais poderiam valorizar seriam a própria Solana, além de USD Coin e XRP. A publicação apontou que o republicano se encontrou com os fundadores dessas moedas nas últimas semanas e está satisfeito com a ideia.

¨      'Trump elaborou um programa assustador para o seu segundo mandato', diz ex-chanceler

O ex-chanceler brasileiro Aloysio Nunes avalia que Donald Trump elaborou um “programa assustador” para o seu segundo mandato à frente da presidência dos Estados Unidos. “A primeira eleição dele meio que caiu do céu, foi uma surpresa. Para a segunda ele se preparou, elaborou um programa, um programa assustador, com uma visão sobre o papel dos EUA no mundo. Trump não é um boboca como Bolsonaro. Ele tem um plano elaborado”, disse Nunes em entrevista ao jornal O Globo

Ainda segundo o ex-ministro, Trump deverá agir com força contra os imigrantes ilegais e o Brasil deverá estar “atento” a essa questão. “Isso vai criar muitos problemas. Não sabemos como ele vai implicar a questão da migração, terá de transformar os EUA num Estado policial para descobrir onde estão os ilegais. Vamos ter um problema grave com a comunidade brasileira, que é muito numerosa. No nosso governo, enfrentamos situações horrorosas, famílias separadas, foi um horror. O Brasil deve estar em estado de alerta em relação a isso”, disse.

Questionado sobre as questões tarifárias citadas por Trump, Aloysio Nunes observa que “as tarifas viraram uma arma de guerra para Trump. Se Trump vira e fala pra Dinamarca ‘ou vocês me dão a Groenlândia ou eu aplico 100% de tarifas às importações’, a mesma coisa com México, Canadá, não se trata mais de uma regulação do comércio, é guerra. Hoje Trump tem mais consciência do poder dos EUA para dobrar outros países em função dos interesses americanos. O que ele diz sobre o Canal do Panamá, a Groenlândia, lembra um pouco Hitler falando sobre a necessidade de conquistar o leste [europeu]”.

Para Nunes, os países não estão reagindo à altura das medidas e ameaças feitas por Trump durante sua campanha e também após as eleições estadunidenses. “A segunda vitória dele foi uma coisa avassaladora, hoje ele está muito mais no controle. Ele teve tempo de se preparar e tem alguns instrumentos na cabeça. A ideia de que os EUA podem fazer o que quiserem, e que os outros vão se dobrar ao poder econômico e militar americano. Diante de tudo o que Trump está dizendo, o que fazem os países europeus? Parecem se render. Ninguém reage com o vigor que a situação mereceria. Trump está muito mais ousado”, avaliou. 

Ainda segundo ele, em termos de relações bilaterais “é preciso ver o que interessa ao Brasil, não se pode apenas fechar a porta a qualquer tipo de negociação. Temos uma relação bilateral antiga, sólida, uma base econômica muito consistente. Um comércio, aliás, deficitário para nós. O Brasil tem atributos que interessam aos EUA, assim como eles têm atributos que nos interessam. Tem que sentar à mesa e ver como é possível compatibilizar. Trump é um homem que vem do mundo dos negócios, ele faz negócios”.

¨      Trump planeja começar campanha de desregulamentação já na próxima semana

O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, disse que planeja começar já na próxima semana, quando reassume o cargo, uma das mais abrangentes campanhas de desregulamentação na história do País. Para os republicanos, a medida terá benefícios econômicos. Já alguns grupos empresariais e de consumidores prometem reagir na Justiça.

Durante seu primeiro mandato, Trump disse que eliminaria duas regulações para cada nova. Agora, afirma que cortará 10 regulações antigas para cada nova norma. Os planos estão tomando forma no Departamento de Eficiência Governamental (Doge, na sigla em inglês), um grupo consultivo externo liderado pelo CEO da Tesla, Elon Musk, e pelo empreendedor de biotecnologia Vivek Ramaswamy.

Ambos planejam trabalhar com Russell Vought, escolhido de Trump para liderar o Escritório de Gerenciamento e Orçamento (OMB, na sigla em inglês). Vought tem dito que desmantelará o que chama de "estado administrativo". Como diretor do OMB durante o primeiro governo Trump, Vought ajudou a elaborar o Schedule F, uma ordem executiva para eliminar proteções de trabalhadores federais. A administração Biden a bloqueou, mas espera-se que a ordem seja reintroduzida.

Entre as políticas que também devem ser alvo de reversão estão as de energia limpa. Para além de exaltar uma maior exploração de petróleo e gás, Trump disse que declarará emergência nacional de energia em seu primeiro dia no cargo, garantindo amplos podees para avançar com os combustíveis fósseis.

A equipe de transição de Trump também considerou eliminar órgãos reguladores bancários, como a Corporação Federal de Seguro de Depósitos, o que exigiria aval do Congresso. Executivos de criptomoedas esperam ainda o fim dos esforços do atual presidente, Joe Biden, para regular a indústria através da Comissão de Valores Mobiliários (SEC, na sigla em inglês). Paul Atkins, a escolha de Trump para liderar a instituição, dirige a consultoria Patomak Global Partners, que assessora empresas de cripto.

Os republicanos também estão considerando mudanças em uma lei de 1946 que dificultou os esforços de desregulamentação de Trump em seu primeiro mandato. A lei determina que as agências federais devem avisar antes que as regulações sejam adotadas ou rescindidas. Em sua primeira passagem pela cadeira, a administração de Trump violou essa lei ao tentar remover regras sobre emissões de metano, desperdício de gás natural e pesticidas. Reveses semelhantes atingiram os esforços para enfraquecer regras sobre moradia acessível e empréstimos estudantis. 

¨      Trump promete transformar a fronteira com o México em “zona de guerra”. Por Esmael Moraes

O retorno de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos, marcado para segunda-feira, dia 20 de janeiro, já desperta temores em toda a América Latina, especialmente no México. A presidenta mexicana, Claudia Sheinbaum Pardo, declarou que espera o pior, antecipando deportações massivas e tensões na fronteira.

Os jornais mexicanos, como o La Jornada, relatam que Trump planeja militarizar a região, endurecendo o controle migratório e adotando medidas que podem transformar a fronteira em uma verdadeira “zona de guerra”.

Sheinbaum anunciou uma iniciativa conjunta com Honduras para enfrentar as possíveis deportações. Uma reunião virtual entre chanceleres da região está sendo organizada, buscando estratégias para mitigar os impactos sociais e econômicos das medidas de Trump.

A prioridade do México será proteger seus cidadãos residentes nos EUA, que desempenham papel essencial na economia americana. Além disso, Sheinbaum destacou que estados fronteiriços e outras regiões do país já estão se preparando para receber os deportados, oferecendo acesso a programas sociais e oportunidades de emprego.

Ela garantiu que seu governo já tem uma estratégia para lidar com deportações em grande escala. Entre as medidas estão a criação de abrigos na fronteira, ampliação de programas sociais e assistência para o retorno dos deportados aos seus locais de origem no México.

Segundo o Wall Street Journal, Chicago foi escolhida como alvo inicial das operações do Serviço de Imigração e Controle de Aduanas (ICE). A cidade, conhecida por ser uma “cidade santuário”, simboliza o confronto entre as políticas progressistas locais e a administração republicana de Trump.

O plano envolve centenas de agentes federais, que focarão em imigrantes com antecedentes criminais, incluindo delitos menores. Qualquer pessoa sem documentos será detida, aumentando a tensão entre as comunidades imigrantes.

Tom Homan, chefe do ICE, declarou que não tolerará obstruções das autoridades locais e ameaçou processar qualquer político que tentar interferir.

Além da crise migratória, a militarização da fronteira deve impactar outros temas sensíveis, como o tráfico de drogas e armas. Sheinbaum defende o diálogo bilateral para combater esses problemas, mas as expectativas de colaboração com Trump são baixas.

Durante um evento em Guerrero, Sheinbaum fez um apelo aos jovens para que defendam as conquistas sociais recentes e participem ativamente da transformação do país. Segundo ela, o futuro do México depende da mobilização de sua população mais jovem.

A escalada de deportações massivas e o endurecimento das políticas migratórias nos EUA poderão aumentar as tensões políticas na América Latina, colocando em xeque os direitos humanos de milhares de migrantes.

O retorno de Donald Trump à presidência promete um cenário de tensão e dificuldades para as relações entre os Estados Unidos e a América Latina. O México e seus vizinhos precisarão de estratégias eficazes para proteger seus cidadãos e responder à nova realidade imposta pela política migratória de Trump.

Essas medidas, que já despertam críticas globais, terão implicações duradouras, tanto para as comunidades imigrantes quanto para as relações diplomáticas entre os países envolvidos.

<><> Dívida dos EUA aproxima-se dos níveis da 2ª Guerra Mundial e deve atingir 118% do PIB até 2035

A dívida pública dos EUA deverá aumentar para 118% do PIB em 2035, enquanto o déficit orçamentário deverá aumentar para US$ 1,9 trilhão (R$ 11,5 trilhões), ou 6,2% do PIB, já neste ano em meio a gastos amplos, informou nesta sexta-feira (17) o Departamento de Orçamento do Congresso (CBO).

"De 2025 a 2035, a dívida aumentará à medida que os aumentos dos gastos obrigatórios e dos custos com juros ultrapassam o crescimento das receitas. A dívida federal detida pelo público subirá de 100% do PIB este ano para 118% em 2035, superando o seu anterior máximo de 106% do PIB em 1946", aponta CBO em seu relatório Orçamento e Perspectivas Econômicas para 2025 a 2035.

déficit orçamentário federal deverá aumentar de US$ 1,9 trilhão (R$ 11,5 trilhões) em 2025 para US$ 2,7 trilhões (R$ 16,3 trilhões) até 2035, avança o CBO, adicionando que "em 2035, o déficit ajustado será igual a 6,1 por cento do PIB – significativamente mais do que os 3,8 por cento que os déficits têm sido em média nos últimos 50 anos".

"Nas projeções do CBO, o crescimento econômico desacelerará de 2,3 por cento no ano civil de 2024 para 1,9 por cento em 2025 e 1,8 por cento em 2026 em meio ao maior desemprego e menor inflação", lê-se no relatório.

¨      Resultados da presidência de Biden: o pior presidente na história dos EUA?

O presidente Joe Biden esteve muitas vezes em situações estranhas e até ridículas durante seu mandato, tropeçando e caindo, não encontrando o caminho, admitindo rudeza, cometendo erros e quebrando promessas, e houve questões controversas dentro da administração.

O presidente eleito dos EUA, Donald Trump, chamou Biden de pior líder americano da história desde o início de sua campanha. Até esse nível, segundo Trump, não poderiam ter baixado os cinco piores presidentes combinados, mais perto da eleição, o republicano acreditava que até mesmo os dez piores presidentes não seriam tão ruins quanto Biden, que "destruiu o sonho americano" e "levou o país ao inferno".

<><> Dívida pública, discursos presidenciais e economia dos EUA

Sob o governo de Joe Biden, a dívida pública dos EUA subiu mais de 8 trilhões de dólares, um recorde inigualável para os líderes americanos. Além disso, ele é culpado pela alta inflação e por não cumprir as promessas de alívio da dívida para educação.

Seus discursos também foram acompanhados de confusão, incluindo confusões com nomes e referências a pessoas falecidas. Por exemplo, ele disse que é necessário "manter o bom nome do Holocausto".

<><> Política externa e interna de Biden

Biden começou seu mandato com a retirada caótica do Afeganistão, que minou a confiança nos EUA e provocou uma crise na região. O apoio da Ucrânia foi inútil, prolongando o conflito, e o incidente com o balão chinês levantou questões sobre a segurança nacional. Enquanto isso, o governo de Biden tem sido criticado por se concentrar demais em Israel às custas de outras prioridades.

Na política interna, Biden enfrentou um aumento recorde no número de imigrantes ilegais, inflação e desaceleração econômica. Os problemas no mercado hipotecário e as falências bancárias agravaram a situação. O aumento do crime e do caos nas grandes cidades também tem sido criticado, o que teve um impacto negativo sobre as classificações dos democratas.

Esses fracassos foram acompanhados por acusações de política externa fraca e processos politicamente motivados contra opositores. Por exemplo, o Departamento de Justiça gastou cerca de US$ 50 milhões (R$ 300 milhões) em processos criminais contra Trump.

<><> Embaraços e escândalos de Biden

Suas quedas, reservas e comentários rudes a jornalistas e opositores atraíram a atenção da mídia. Biden prometeu punir com toda a extensão da lei seu filho Hunter, acusado em casos criminais, mas no final do mandato mudou sua posição, garantindo-lhe proteção.

Além disso, o escândalo da cocaína na Casa Branca causou uma agitação pública, mas ninguém é considerado responsável. A administração Biden também enfrentou críticas por pressionar as mídias sociais no caso do laptop de Hunter e pelo incidente com uma suástica que alguém desenhou em um elevador em Gospit, cujo autor não pôde ser identificado.

Biden foi criticado por amar demais o lazer, por esse indicador ele superou todos os antecessores: fora da cidade ou na praia o presidente passou até 40% do tempo no cargo. Os jornalistas publicaram detalhes do gráfico de Biden – ele era "eficaz" apenas das 10h00 às 16h00, depois das 20h00 da noite ele parava de lidar com questões sérias. Também se queixou de privação crônica do sono.

 

Fonte: Sputnik Brasil/Brasil 247/O Dia

 

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