Como funciona a mente humana?
Entendê-la ajuda a cuidar da saúde emocional
Agora temos um mês dedicado à saúde mental. Vários
clichês cabem aqui: “Ah, você precisa saber cuidar da sua saúde” ou “Ah, você
precisa aprender a relaxar.”
Mas, antes de qualquer coisa, para lidar com a sua
saúde mental, é fundamental entender o que é a sua mente. A mente é um
software criado pelo cérebro, cuja intenção é nos defender dos perigos da vida
e nos proporcionar perspectivas de poder e prazer.
·
Como
esse software funciona explica muitas coisas
Esse software é construído com base em “representações”
que o cérebro adquire por meio de nossas vivências, químicas e genética. Dessa
forma, ele desenvolve padrões e condicionamentos que nos ajudam a alcançar
estados de segurança, prazer, poder ou familiaridade.
A grande questão é que essa busca sustentada pelo
cérebro humano baseia-se em imagens que habitam nossa cabeça, criadas pela
mente, e não na realidade propriamente dita. Ao distorcer nossa
percepção do real, a mente comete equívocos fundamentais em sua relação com o
mundo. É desse desalinhamento que emergem os chamados transtornos
mentais.
Um bom exemplo para ilustrar essa situação é o apego
aos desejos. E o que é o desejo? É uma imagem mental representada pelo nosso
cérebro que, supostamente, nos levaria a um estado de plenitude, prazer e poder
total e completo. Evidentemente, esse estado não existe no plano da realidade.
Dessa forma, a busca e o apego ao desejo tornam-se uma grande causa de
sofrimento.
O desejo é um movimento natural da mente humana,
direcionado a buscar prazer e evitar a angústia. No entanto, ao nos apegarmos à
imagem mental criada pela mente em contraste com a realidade, podemos
desenvolver transtornos mentais: a ansiedade, fruto da pressa
em alcançar esse desejo, ou a depressão, decorrente da
frustração e da culpa por não ter conseguido realizá-lo.
·
O
que isso nos ensina sobre saúde mental?
Para alcançar uma boa saúde mental, é essencial
desenvolver a capacidade de observar, perceber e compreender os movimentos da
mente, pois, quando excessivos, eles podem levar a transtornos mentais.
Expressões como “relaxe”, “descanse” ou “não se preocupe” são frequentemente
usadas pela sociedade como clichês para lidar com algo que pouco compreendemos.
A verdadeira busca pela saúde mental exige entender
como sua mente foi construída, como ela opera e as distorções que pode
produzir. A partir dessa compreensão, torna-se possível desconstruir padrões e
condicionamentos que nos conduzem a esses transtornos.
Ter saúde mental é, fundamentalmente, entender a sua
mente e aprender a desconstruí-la onde ela for tóxica, seja nos
condicionamentos ou nos sentimentos que perpetua.
¨
4
ações simples para ter mais saúde mental em 2025
A saúde mental é considerada
a principal preocupação atual quando o assunto é saúde para a população
mundial, como mostra o relatório Ipsos Health Service 2024. Aqui no
Brasil, o cenário não é muito diferente e 54% dos brasileiros consideram esse o
maior problema de saúde atualmente.
De fato, os números justuficam tamanha aflição. Segundo
dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), o país abriga o maior número de
pessoas com ansiedade e é a quinta
nação com a maior incidência de casos de depressão.
Diante dessa perspectiva, é válido pensar em
estratégias que possam contribuir para a melhoria do bem-estar mental neste
ano.
<><> Ações para manter a saúde mental em
dia
>>>
1. Praticar exercícios físicos regularmente
A saúde mental e a física estão estritamente
conectadas. Quando uma não está bem, a outra é diretamente impactada. Por
isso, cuidar da parte física é essencial para que a mente esteja em dia, aponta
Sampaio.
Sabe-se, por exemplo, que a prática de
exercícios é capaz de reduzir em até 60% os riscos para o desenvolvimento da
ansiedade,
como aponta uma pesquisa, publicada no periódico Frontiers in
Psychiatry. Além disso, caminhar, correr, praticar yoga, tai chi, aeróbico
e treinamento de força, mostraram-se tão benéficos
quanto a terapia no tratamento da depressão, de acordo com o estudo publicado
na revista BMJ (British Medical Journal).
>>>
2. Ter momentos de lazer
De acordo com o psiquiatra, é importantíssimo dedicar
tempo para atividades prazerosas. O lazer desempenha um papel crucial na
redução dos níveis de estresse, ajudando o indivíduo a relaxar e a
desconectar-se das pressões do dia a dia.
Além disso, dedicar-se a momentos de prazer contribui
para fortalecer a percepção de autocuidado, reforçando a importância de olhar
para si mesmo e valorizar a própria saúde mental e física. Nesse sentido,
vale investir em hobbies, em passeios (com amigos, familiares ou sozinho),
pequenos momentos de descanso e demais atividades que despertem alegria e que
ajudem a relaxar a mente.
>>>
3. Treinar o foco no momento presente
O primeiro passo, talvez, seja aprender a focar no
agora e não gastar muito tempo, energia e emoções no passado ou
futuro. “Isso é conhecido como atenção plena, que aguça nosso
sentido e afasta nosso pensamento de qualquer distração não relacionada ao que
estamos executando”, diz o psiquiatra Luiz Sampaio.
Existem várias maneiras de se atingir tal atenção
plena, sendo uma delas o mindfulness – técnica de
meditação criada nos anos 1970 que permite a conexão de maneira profunda com o
aqui e agora.
Sampaio também cita outras atividades de fácil acesso,
como a pescaria. “Principalmente a com vara, por ser um exercício no qual se é
praticada a paciência e se aprende a aguardar as oportunidades e o momento
certo de agir.”
>>>
4. Manter relacionamentos saudáveis
Seja amizade, namoro ou casamento, é importante que as
relações sejam produtivas para os dois lados. Caso contrário, elas não
acrescentam nada e acabam sendo motivo de frustração – o que pode acarretar em
problemas emocionais no médio e longo prazo.
“Às vezes mantemos um relacionamento não satisfatório
por medo da solidão. Isso nos leva a manter um relacionamento que nos traz mais
sofrimento do que satisfação”, reflete Sampaio.
<><> Quando buscar ajuda profissional?
Por mais que tais atitudes possam contribuir para a
melhoria da saúde mental, o tratamento com o psiquiatra ou psicólogo não deve
ser descartado dependendo do desconforto físico ou mental. “A tristeza faz
parte do ser humano, é impossível vivermos sem ela. Porém quando esse sentimento
se instala num grau que interfere de modo acentuado ou por um prazo muito
longo, chegando a prejudicar nossa vida cotidiana, está na hora de buscar
ajuda”, sinaliza Sampaio.
O tratamento depende do conjunto de sintomas do
indivíduo e das especificidades de seu quadro clínico, podendo ser feito com
sessões de psicoterapia, uso de medicamentos e, em alguns casos, internações e
outros tipos de intervenções. Por fim, é importante lembrar que, quando
negligenciada, as doenças mentais não prejudicam apenas o bem-estar mental da
pessoa, mas todo o funcionamento do organismo.
Fonte: CNN Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário