3 razões por que
'tarifaço' de Trump não é o único problema da China
A China divulgará em
breve os números do PIB (Produto
Interno Bruto) para
2024, que deve ter sido afetado por uma crise imobiliária, endividamento do
governo e desemprego entre jovens.
Pequim estabeleceu
uma meta de crescimento de "cerca de 5%". Em dezembro de 2024, o
presidente Xi Jinping disse que o
país — segunda maior economia do
mundo —
estava a caminho de cumprir a meta.
"Como sempre,
crescemos em meio à tempestade, e ficamos mais fortes em tempos difíceis.
Devemos ter confiança", disse ele.
Em geral, os
especialistas concordam: o Banco Mundial diz que a China pode atingir um
crescimento anual de 4,9% devido ao aumento das exportações e do baixo custo do
empréstimo no país.
Os investidores, no
entanto, estão se preparando para a ameaça de Trump de cobrar
impostos sobre os US$ 500 bilhões (R$ 3,018 trilhões) em produtos chineses
importados pelos EUA.
E esse não é o
único fator que pode impedir a China de atingir suas metas de crescimento em
2025.
A confiança dos
empresários e consumidores está baixa e a moeda chinesa (o yuan) continuará a
enfraquecer à medida que Pequim corta as taxas de juros em uma tentativa de
impulsionar o crescimento.
Entenda três razões
pelas quais a China tem desafios maiores do que as taxas de Trump.
<><> 1.
Impostos já estão afetando as exportações da China
Os alertas de que a
economia da China vai desacelerar em 2025 estão aumentando.
As exportações
foram um dos principais fatores de crescimento em 2024 e agora estão em risco.
China apostou na
indústria para tentar reverter a desaceleração - então tem exportado um número
recorde de carros, impressoras 3D e robôs industriais.
Os EUA, o Canadá e
a União Europeia acusaram a China de fabricar produtos em excesso e criaram
impostos para produtos chineses para proteger empregos e empresas locais.
Especialistas dizem
que os exportadores chineses podem agora se concentrar em outras partes do
mundo.
Mas esses países
são provavelmente mercados emergentes, que não têm os mesmos níveis de demanda
que a América do Norte e a Europa.
Isso pode impactar
os negócios chineses que esperam se expandir, o que, por sua vez, pode atingir
os fornecedores de energia e matérias-primas.
Xi quer transformar
a China de polo mundial de produtos baratos em uma potência de alta tecnologia
até 2035, mas não está claro como a indústria continuaria a ser o principal
fator de crescimento diante do aumento dos tributos.
<><> 2.
As pessoas estão gastando menos
Na China, a riqueza
das famílias está em grande parte aplicada no mercado imobiliário.
Antes da crise
imobiliária, o setor representava quase um terço da economia da China,
empregando milhões de pessoas, de construtoras e incorporadoras a produtores de
cimento e designers de interiores.
Pequim implementou
uma série de políticas para estabilizar o mercado imobiliário. E o órgão
fiscalizador do mercado financeiro do país, a Comissão Reguladora de Valores
Mobiliários da China (CSRC), disse que apoiará vigorosamente as reformas.
Mas ainda há muitas
casas e propriedades comerciais vazias, e esse excesso de oferta continua a
forçar a queda dos preços.
A baixa do mercado
imobiliário deve chegar ao fundo do poço este ano.
Mas o banco
americano Goldman Sachs diz que a crise será um entrave ao crescimento
econômico da China por "vários anos".
E a crise
imobiliária já atingiu duramente o consumo das famílias.
Nos últimos três
meses de 2024, o consumo das famílias contribuiu com apenas 29% para a
atividade econômica da China, abaixo dos 59% que representava antes da
pandemia.
Essa é uma das
razões pelas quais Pequim aumentou as exportações. O país quer compensar a
queda no consumo doméstico com exportação de carros novos, itens de luxo e
outros produtos.
O governo até
introduziu programas como trocas de eletrodomésticos, onde as pessoas podem
trocar suas máquinas de lavar, micro-ondas e panelas elétricas de arroz por
aparelhos novos.
Mas os
especialistas se perguntam se esse tipo de medida por si só é suficiente ou se
o país precisa lidar com os problemas mais profundos da economia.
Eles dizem que as
pessoas precisam de mais renda para que o consumo volte a ser o que era antes
da covid-19.
"A China
precisa trazer de volta o espírito de consumo da população e ainda estamos
longe disso", diz Shuang Ding, economista-chefe para a China e Norte da
Ásia no banco britânico Standard Chartered.
"Se o setor
privado começar a investir e inovar, isso pode aumentar a renda e as
perspectivas de emprego, e as pessoas terão mais confiança para consumir."
A dívida pública
alta e o desemprego também afetaram a poupança e os gastos.
Os números oficiais
sugerem que a taxa de desemprego entre os jovens continua alta em comparação
com antes da pandemia, e que os aumentos salariais estagnaram.
<><> 3.
Empresas não estão mais se mudando para a China como faziam antigamente
O presidente Xi
prometeu investir nas indústrias de ponta que o governo chama de "novas
forças produtivas".
Até agora, isso
ajudou a China a se tornar líder em produtos de energia renovável, como painéis
solares e baterias de veículos elétricos.
No ano passado, a
China também ultrapassou o Japão como o maior exportador de carros do mundo.
Mas o cenário
econômico que deixa a desejar, as dúvidas sobre tarifas e outras incertezas
geopolíticas significam que o apetite de empresas estrangeiras por
investimentos na China está contido.
"As empresas
não veem um futuro brilhante. E o que o país quer é um conjunto mais
diversificado de investidores chegando", diz Stephanie Leung, da
plataforma de gestão de patrimônio StashAway.
Por todos esses
motivos, os especialistas acreditam que as medidas para apoiar a economia
aliviarão apenas parcialmente o impacto de possíveis novas taxas dos EUA.
"Pequim deve
tomar medidas grandes e ousadas ou aceitar que a economia não vai crescer tão
rápido", escreveu em um relatório recente Hui Shan, especialista em China
do Goldman Sachs. "Esperamos que eles escolham o primeiro."
"A China
precisa estabilizar os mercados imobiliários e criar empregos suficientes para
garantir a estabilidade social", diz Ding, do banco Standard Chartered.
De acordo com o
China Dissent Monitor, iniciativa que monitora a situação sociopolítica
chinesa, houve mais de 900 protestos na China entre junho e setembro de 2024,
27% a mais do que no mesmo período do ano anterior. Eles foram liderados por
trabalhadores e proprietários de imóveis.
Esse tipo de tensão
social como resultado de insatisfações econômicas e perda de riqueza é um
problema para o Partido Comunista Chinês.
Afinal, o
crescimento explosivo transformou a China em uma potência global, e a promessa
de maior prosperidade ajudou amplamente seus líderes a manterem um controle
rígido sobre a dissidência.
¨ O que está por trás
de nova foto oficial de Donald Trump
Sério. Sinistro.
Uma "foto que carrega uma mensagem".
Essas são algumas
das descrições do novo retrato oficial de Donald Trump, capturado por seu
fotógrafo-chefe, Daniel Torok.
Na foto, o
presidente eleito, que toma posse na
segunda-feira (20/1),
encara a câmera com uma expressão séria e a sobrancelha levantada.
"O retrato oficial
do presidente é
a imagem mais impressa e mais vista do presidente", disse o ex-fotógrafo
da Casa Branca Eric Draper à BBC.
Ele trabalhou
para George W. Bush durante seus
oito anos na presidência dos Estados Unidos, e foi quem fez os retratos
oficiais dos dois mandatos.
A primeira
impressão que Draper teve da imagem de Trump foi que ela teria sido
"fortemente manipulada", tanto com iluminação de estúdio quanto com
retoques após a captura da imagem.
A foto parece usar
uma iluminação "monstruosa", disse ele, para iluminar de forma
dramática o presidente eleito por baixo e fazer seus olhos se destacarem.
A configuração da
iluminação dá à imagem uma aparência "sinistra" frequentemente vista
em filmes de terror, disse Eliska Sky, fotógrafa de retratos do Instituto de
Fotografia de Londres. Ela comparou a representação de Trump a de um boxeador
antes de uma luta.
A iluminação
"sugere seriedade e intenção", segundo Paul Duerinckx, professor
sênior de fotografia documental no Swansea College of Art, no Reino Unido.
Esta imagem é
impressionante, acrescentou, porque a fonte de luz na maioria das fotos vem de
cima, como do sol ou das luzes do teto, e inverter a fonte nesta foto
"tende realmente a ter um efeito sobre nós".
Nas redes sociais,
muitas pessoas compararam a imagem oficial do novo mandato à "foto
policial" de Donald Trump, tirada no condado de Fulton, na Geórgia, depois
de ele ter sido acusado de
tentar anular a derrota nas eleições de 2020 – uma acusação que Trump nega.
O YouTuber de
fotografia Jared Polin disse que discutiu o retrato com Torok e foi informado
de que a foto forneceu inspiração.
"A foto
policial foi uma das imagens mais pesquisadas, talvez de todos os tempos",
afirma Polin, disse Torok.
Torok não respondeu
ao pedido de comentários da BBC.
A foto policial, tirada
em 2023, passou a fazer parte da cultura norte-americana, enfeitando de canecas
de café a camisetas.
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Sorriso
O estilo do novo
retrato de Trump difere da aparência de sua imagem de 2017, e também de
presidentes anteriores, incluindo George W. Bush.
"Você
definitivamente tira fotos para agradar o cliente e, neste caso, acho que esse
é o tipo de imagem que eles queriam retratar", disse Draper à BBC.
Ele se lembra de
ter conversado com o então presidente Bush e a primeira-dama Laura Bush para
examinar uma seleção de imagens antes de escolherem a favorita deles.
"A ideia era
fazer com que parecesse uma iluminação bonita e agradável, parecesse um retrato
profissional, com uma expressão bonita, porque essas fotos vão dar as
boas-vindas às pessoas quando elas entrarem nos correios", disse ele, em
referência aos usos das fotografias oficiais.
Andrew Parsons, um
fotógrafo político que trabalhou para quatro primeiros-ministros britânicos
durante 13 anos, disse sobre a foto de Trump: "É uma imagem de mensagem, estou
entregando uma mensagem a você".
"Não é como um
sorriso sincero, é um olhar severo e duro, direto para a lente."
Em comparação,
Parsons disse que a imagem do mandato que se iniciou em 2017 foi uma
"imagem do empresário Donald Trump".
É difícil ampliar a
importância de imagens políticas como a de Trump, disse ele. "Uma imagem
pode fazer ou quebrar uma campanha política."
¨ Como será a
cerimônia de posse que levará Trump de volta à Casa Branca
Donald Trump, presidente eleito
dos Estados Unidos, voltará para a Casa Branca nesta
segunda-feira (20/1), após ser oficialmente empossado como o 47º presidente do
país.
O dia da posse
incluirá uma cerimônia formal de juramento, além de apresentações musicais, um
desfile comemorativo e bailes formais à noite.
Algumas mudanças na
programação foram feitas dias antes devido à previsão de forte frio em
Washington — com parte da agenda prevista para ser realizada em áreas internas.
O vice-presidente
eleito, J.D. Vance, também prestará o
juramento na segunda-feira, juntando-se a Trump no palco para dar início ao
novo governo.
A seguir, veja o
que você precisa saber sobre o dia que marcará o retorno de Trump ao governo
dos Estados Unidos.
O que é a posse?
A posse é a
cerimônia formal que marca o fim do mandato de um presidente e o início da
administração de um novo presidente.
É a parte mais
visível da transição de poder entre os líderes do governo em Washington,
capital dos EUA.
Uma parte essencial
da cerimônia inclui o presidente eleito fazendo o juramento de posse: "Eu
juro solenemente que executarei fielmente o cargo de presidente dos Estados
Unidos, e farei, ao melhor da minha capacidade, preservar, proteger e defender
a Constituição dos Estados Unidos."
Embora tenha vencido a eleição
em novembro,
Trump se tornará oficialmente o 47º presidente assim que proferir essas
palavras.
Ele também deverá
discursar, apresentando seus objetivos para os próximos quatro anos.
Vance também fará o
juramento antes de assumir formalmente o cargo de vice-presidente.
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Quando será a posse de Trump?
Na manhã de
segunda-feira, o dia da segunda posse de Trump começará com uma cerimônia na
Igreja de São João, uma igreja histórica na praça Lafayette, em Washington,
seguido de um chá na Casa Branca.
As apresentações
musicais e os discursos de abertura estão programados para começar no palco
principal do evento, às 9h30 no horário local (11h30 no horário de Brasília).
Em seguida,
ocorrerá o juramento de Trump e Vance, seguido pelo discurso inaugural.
Os discursos serão
realizados em área interna, dentro da rotunda do Capitólio, devido à previsão
de frio em Washington. Antes, essa parte da cerimônia ia ser realizada no
gramado oeste do Capitólio.
O último presidente
a ser empossado em ambientes fechados foi Ronald Reagan em 1985, quando o clima
frio também se impôs em Washington.
Trump então se
dirigirá à Sala do Presidente, perto da câmara do Senado, para assinar
documentos-chave e iniciar seu novo mandato.
Depois, o Comitê
Conjunto do Congresso para as Cerimônias Inaugurais organizará um almoço no
qual ele participará.
O desfile inaugural
também será realizado em ambiente fechado, na arena Capital On, no centro de
Washington, com os três bailes inaugurais à noite — o Commander in Chief, o
Liberty Inaugural e o Starlight. A previsão é que ele fale nos três.
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Como assistir?
Normalmente, há uma
grande demanda para assistir à posse pessoalmente, e os ingressos são muito
procurados.
Membros do
Congresso recebem um número determinado de ingressos para a cerimônia, que
podem distribuir para seus eleitores.
Esses ingressos são
gratuitos, mas muitas vezes difíceis de conseguir.
Os americanos podem
entrar em contato diretamente com parlamentares para obter ingressos.
Também há várias
maneiras de assistir remotamente. A Casa Branca transmitirá a posse ao vivo. A
BBC News também transmitirá a cobertura ao vivo da posse em seu site em inglês.
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Quem participa da cerimônia?
Autoridades locais
e federais esperam que cerca de 200 mil pessoas compareçam a Washington,
incluindo apoiadores entusiastas e manifestantes contrários a Trump.
Muitos senadores e
membros do Congresso dos EUA também estarão presentes, assim como convidados do
novo governo.
Após Trump, Vance e
suas famílias, os próximos convidados mais importantes são o presidente e a
vice-presidente em exercício.
Isso significa que
veremos o presidente Joe Biden e a vice-presidente Kamala Harris — que perdeu
as eleições de novembro para Trump — acompanhados de seus cônjuges Jill Biden e
Doug Emhoff.
Ex-presidentes e
ex-primeiras-damas também costumam comparecer à posse.
Este ano, espera-se
que isso inclua George e Laura Bush e Barack Obama, embora Michelle Obama não
vá comparecer, segundo relatos.
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Quem vai se apresentar?
A cantora country
Carrie Underwood, ex-estrela do popular programa de talentos American
Idol, está escalada para interpretar a canção America the
Beautiful durante a posse.
A canção histórica
patriótica já foi gravada por nomes como Ray Charles e Frank Sinatra.
"Eu amo nosso
país e estou honrada por ter sido convidada a cantar na posse e ser uma pequena
parte deste evento histórico", disse Underwood em um comunicado.
"Estou
humildemente respondendo ao chamado em um momento em que todos devemos nos unir
no espírito de unidade e olhar para o futuro."
O grupo The Village
People, uma banda pop que fez muito sucesso no fim dos anos 1970, também se
apresentará em um dos bailes inaugurais de Trump, como anunciado pelo grupo.
Durante a campanha,
Trump tocou frequentemente as músicas do grupo — como Y.M.C.A. e Macho
Man — em seus comícios.
"Sabemos que
isso pode não agradar a alguns de vocês, mas acreditamos que a música deve ser
apresentada sem levar em conta a política", disse a banda em uma postagem
no Facebook.
"Nossa
música Y.M.C.A. é um hino global que, esperamos, ajude a unir o país após
uma campanha tumultuada e dividida, na qual nosso candidato preferido
perdeu."
O cantor country
Lee Greenwood — um amigo de longa data e colaborador de Trump — e o cantor de
ópera Christopher Macchio também se apresentarão.
Fonte: BBC News
Mundo
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